Garça solitária
Ceiça Rocha Cruz: Poema ‘Garça solitária’
Em pleno Sol de primavera,
em abstrata candura,
o tempo passa imóvel e terno.
Na obscura solidão,
a garça,
linda plumagem,
desfila nas pedras da praia
a correr das altas ondas
que resvalam em leques
e debruçam-se em véus
de cascatas.
Pensativa que de longe veio
a pávida garça que o Sol fustiga,
solitária,
misteriosa,
espreita as ondas,
e alça o voo inefável
ao látego do vento.
Trajeto rasteiro
entremeia caminhos
na surdina da tarde,
ao Sol que morre lento.
Sob o olhar do crepúsculo,
o véu da sombra.
Viestes dos cerros pousar,
sobre o tapete de pedras da praia,
ou no verde-esmeralda
das águas da paisagem,
garça solitária?
Ceiça Rocha Cruz