Das terras da Mãe-África para o Jornal ROL, Ismaél Wandalika!
Literato e artista multifacetado, Ismaél Wandalika traz para o Jornal Cultural ROL o calor do talento angolano
Ismael Wandalika, conhecido no meio artístico como Soldado Wandalika, natural de Luanda (Angola), é Gestor Administrativo, poeta, escritor, declamador, músico, compositor e agente cultural.
Iniciou sua carreira literária como poeta declamador em 2006. Em 2020 lançou o primeiro EP, intitulado General de Guerra, composto por duas músicas e quatro poemas. Tem três músicas e um videoclipe disponibilizado nas plataformas digitais e no YouTube.
Participou da Antologia Poema Sem Vogal, no Brasil.
É colaborador da Rádio Cultura Angola no programa Manhã De Prosa e trabalhou na Rádio Cazenga, como agente cultural.
Como poeta, colaborou com a Rádio Eclésia, dando voz ao espaço Palco das Artes.
Tem colaborações artísticas com artistas do México, Moçambique, e do Brasil.
Autor do livro Kuduro Poético. (Kuduro)
É CEO do projeto internacional Poetas Da Ilusão, composto por brasileiros, moçambicanos e angolanos e mentor do projeto comunitário Meu Bairro Meu Centro Cultural.
Saiba Mais sobre Ismaél Wandalika.
Ismael Wandalika se apresenta aos leitores do Jornal ROL com o poema ‘Vedetas’.
Vedetas
Por de trás das cortinas
A Lua nasce sorrindo para o palco morto
No cênico do lunar!
Contracenam-se esperança
Guardando as lágrimas nas resiliências
Entre os sorrisos iluminados para vitória.
Exploram as técnicas, expressões corporais e faciais no foco
Exteriorizando o íntimo com excelência e afinco
Num casting que reanima o compasso rítmico da fé
Na porta da encenação.
O texto gruda na memória de quem o lê
Para que a garganta solte com coerência as memorizadas palavras
Que na fila escrevem caminhos traçados pelo destino em cada representação
Falar é uma arte que atravessa o cérebro
De quem negligencia a caneta de um livro
Com amor alimentam sonhos de quem sonhou com o palco
Falam com a Vida dedilhando melódicas mensagens pra almas conectadas ao universo
Somos Vedetas*
Sonhando com grandes personagens, mas, a cultura é tímida
Então, controlamos a ânsia artística
Na Mulemba** criamos o palco
Para exibição do nosso teatro
No nosso contexto
Felizes porque amamos a nossa arte cênica
Magnatas de seu tempo
Super-herói e heroína deixaram sua marca em nosso peito
Vedeta reis e rainhas iluminando o bairro, brilho nostálgico
Espetáculo surreal, dinamismo inovador, ouviu-se na muxima*** da mulemba, vida representada na mesa redonda, pois representatividade é a vida
Num Horizonte de Esperança
Iluminam corações com sorrisos nostálgicos
O palco rende-se ao roteiro
A plateia reage com adoro
O produtor engole cada palavra
Fica maravilhado com o brilho do espetáculo
A luz clareia a sala
É visível a alegria nos olhos de todos
Em pé celebram-se as honras entre gritos, assobios e infinitos aplausos
…E Termina Mais Um Espetáculo…
* Vedeta: Em angola e Portugal, o mesmo que vedete. É a principal artista feminina de um espetáculo derivado do cabaré e suas subcategorias de teatro de revista, vaudeville, music hall ou burlesco. No poema, o belo trabalho feito por atrizes e atores de teatro.
** Mulemba. Árvore real Angolana, servindo de sombra onde se reuniam os chefes e reis. Pelo tamanho de sua copa, é utilizada para vários fins, tais como reuniões, ensaios teatrais, convívios etc. No poema, também usado para destacar e homenagear um grupo teatral de amigos angolanos muito conhecido: Os Jovens Da Mulemba.
*** Muxima. Palavra na língua kimbundo do norte de Angola que significa coração, mas não se refere ao coração físico humano, e sim a uma “riqueza do universo pessoal humano”, isto é, ao conjunto das emoções e dos afectos sensíveis, ao motor da vontade, a fonte do pensamento e a originalidade individual, representando a hospitalidade, o calor humano, a solidariedade, o agradecimento e a cortesia
Ismaél Wandalika
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