Para onde vamos? Como vamos?

Elaine dos Santos: ‘Para onde vamos? Como vamos?

Elaine dos Santos
Elaine dos Santos
Imagem gerada pela IA do Bing - 11 de setembro de 2024
 às 9:00 PM
Imagem gerada pela IA do Bing – 11 de setembro de 2024
às 9:00 PM

Eu li, recentemente, um desses textos curtos e sem autoria publicados em redes sociais sobre a situação que o mundo vive atualmente. Era uma reflexão bastante interessante sobre essa barafunda diária que nos assola.

De imediato, a minha memória evocou uma cena antológica do cinema. Charlton Heston, interpretando o astronauta George Taylor, chega a uma praia deserta e encontra a Estátua da Liberdade enterrada pela metade na areia, ele ajoelha-se e diz algo como “Eles conseguiram” (os homens destruíram o planeta).

Refiro-me ao filme ‘O planeta dos macacos’, de 1968.

Claro, em 1968, vivíamos os tempos de Guerra Fria, a disputa pelo espaço (em 1969, a Apollo 11 teria chegado à Lua) e os filmes de ficção científica eram comuns.

O personagem George (de Heston) descobre-se no futuro, porque a sua espaçonave teria ultrapassado o que se denomina como ‘dobra do tempo’, inserida naquela ideia de que todos convivemos em tempos distintos no mesmo planeta (essa teoria, segundo sei, suscita discussões, mas não tenho conhecimento que tenha sido comprovada).

Ao deparar-se com a Estátua da Liberdade, ele entende que o planeta era a Terra, mas, no futuro, dominada com ‘mãos de ferro’ por macacos, que falam, comandam o planeta (usando armas, como rifles e assemelhados) e escravizam os seres humanos, que são mudos.

Os três companheiros de George morreram de causas diversas e ele foi levado para o laboratório da Dra. Zira, uma símia, noiva de Cornélius, um arqueólogo fascinado pela possibilidade de os humanos já terem sido inteligentes (o que, claro, é uma teoria negada pelos grandes mentores do planeta). Pareceria desnecessário dizer, mas a Dra. Zira estava interessada em entender como aquele ser de ‘segunda categoria’ conseguia falar.

Fui, a partir daí, fazendo algumas elocubrações com base no texto lido e nas lembranças que o filme trouxe à tona:

  1. vivemos um tempo de negacionismos, com pessoas reagindo, inclusive, com força (a peso de armas de todo tipo) ao pensamento que diverge das suas ideias;
  2.  a fala, a interação social, diminui significativamente (a geração Z e a geração Y ) já não têm mais paciência para ouvir áudios enviados por aplicativos. Confesso que eu nunca tive muita paciência com os próprios aplicativos de mensagens);
  3.  comunicamo-nos cada vez menos e escrevemos cada vez pior, estamos desaprendendo os signos linguísticos;
  4. para ficar em dois exemplos mais ‘vistosos’, ou seja, que a televisão mostra mais: os embates na Faixa de Gaza e a Guerra da Rússia contra a Ucrânia – em suas imagens de bombardeios, além de matar centenas de pessoas, fazem-me pensar sobre o solo que sobrará ali;
  5. Claro, a cereja do bolo é o ódio que o conhecimento desperta entre aqueles que não querem sair da sua zona de conforto e aprender.

Não estou, evidentemente, levantando uma teoria conspiratória, apenas fazendo uma reflexão (note bem: uma reflexão) sobre o mundo que os seres humanos estão construindo para as futuras gerações.

No meu ponto de vista, duas coisas horríveis afloraram nos últimos anos: o ódio expresso em redes sociais, que não conhece limites; e a soberba/arrogante ignorância (entenda que ignorância não é burrice, mas falta de conhecimento sobre assuntos que as pessoas se acham no direito de ‘achar’ algo), expressa de todas as formas, em todos os lugares.

Não creio que caminhemos para uma hecatombe, a nossa extinção, mas a destruição nossa de cada dia (queimadas, guerras, drogas), convenhamos, assusta. Que planeta estamos deixando para os nossos pósteros?

Prof. Dra. Elaine dos Santos

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