Tarde de inverno
Ceiça Rocha Cruz: Poema ‘Tarde de inverno’
Na tarde fria
a chuva fina de mansinho.
Dos seus dedos pálidos,
uma canção, o palpite sonoro.
Nos caminhos desolados,
a brisa suave, céu escuro
nuvens desiguais.
Chove – o céu dorme.
A chuva cai solta,
parece um sussurrar.
No seu abraço, abraço:
o tempo, o vento,
a saudade, a solidão.
Desfolhei sob a chuva a rosa,
enquanto molhava o rosto,
escondo a lágrima que insistia em cair.
Criei todas as palavras, ao vento,
que ecoam no vale.
Chove,
a rua se afoga,
tudo está escuro…
Há um vazio dentro de mim,
choro e molho o jardim da vida.
As lágrimas que caem mesclam-se
à água da chuva,
do medo da saudade, da partida,
dos momentos vividos,
de tudo que se foi.
Numa tarde solitária de inverno,
você surgiu tão de repente
e num doce abraço,
sussurrou aos meus ouvidos
infinitos versos,
cantou o amor que me fez delirar.
E, na penumbra chuvosa,
na canção da vinda,
o amor novamente.
Ceiça Rocha Cruz