Seres secos
Ella Dominici: Poema ‘Seres secos’
cada vez me encontro menos
com secos desencontros
sem virtuosidade de videiras
cada vez escrevo menos
ao desinteresse
e me desinteresso destes
o amor é o tema dos felizes
dos aprendizes
dos mal sucedidos arrependizes
não dá oportunidades
aos secos
que nunca se deparam com lagunas
na volta das campinas
que não sonham flores, novas
primaveras
em seus Jardins não há frutos
vermelhos
ideias secas não atravessam outono
são como trovões sem chuvas
o espírito, golfo amargo
mar não lhe é espelho d’água
sóis não alumiam mais
almas profundas abissais
E por conta disto solidão
Cada vez me encontro menos
com secos desencontros sem virtuosidade de videiras
cada vez escrevo menos ao desinteresse
e me desinteresso
destes
São sem seiva
e mesmo inseridos
dela não se servem
não são sedentos de nada
se soltam do caule do caule se soltam
sozinhos tem por escolha,
a escolha
Tristemente somos água
que nutre e irriga,
molha o seco sem cura
vez, converso no menos
com seca história e vida
de pífias folhas
Ella Dominici