Sou sombra
Irene da Rocha: Poema ‘Sou sombra’
Sou sombra do que era; nem a memória resistiu,
pedaços do meu passado que o tempo de novo esculpiu.
As marcas no rosto contam histórias que o ontem teceu,
no meu coração, sem mágoas, que o tempo não desfez nem esqueceu.
Sou o reflexo de ontens que nas sombras se dividiram,
mas também o desconhecido, por caminhos que sempre surgiram.
Um eco de possibilidades que o futuro há de transformar,
sou a passagem dos dias, que lentamente volta a girar.
No espelho, a verdade se esconde, o momento se dilui,
um rosto que segue em frente, ousando ser o que sempre fui.
Um retrato da eternidade, que avança sem hesitar,
mesmo na dança do tempo, sempre hei de continuar.
Irene da Rocha