Desilusão
Ivete Rosa de Souza: Poema ‘Desilusão’
Sou ser que se aborrece com a hipocrisia
Sou ave sem rumo voando na bruma fria
Sou vento que venta tristeza e engano
Sou grão de areia enfrentando o oceano
Fui brisa suave no amor que me roubou
Da vida a verdade do sonho a magia
Fui calma e serena fui poesia
Agora sou pedra solta rolando na ladeira
Passando na vida sem eira nem beira
Sou agora poeira que incomoda o dia
Fui amante amada e por fim vazia
Fui vertente fui semente em alguém germinada
Fui de colo, de berço, vivi muitos anos
De perto e de longe vieram engano
Sou como isca lançada
Nas águas rolando desperdiçada
Já fui primeira inteira, depois esquecida
Nas horas desenhadas fui chegada e partida
Hoje triste reconheço chorando
Que entre os dedos passaram sonhos
E com medo me deixei pelos caminhos.
Se fui par de outra alma hoje sou espinho
Não mais amo nem me chamo para amar
Não sei ser o fim nem vou recomeçar.
Ivete Rosa de Souza