Mestra régia

Ceiça Rocha Cruz: Poema ‘Mestra régia’

(Tributo à negra Úrsula, Maria Firmina dos Reis)

Ceiça Rocha Cruz
Ceiça Rocha Cruz
Imagem gerada com IA do Bing∙ 27 de novembro de 2024
 às 12:17 PM
Imagem gerada com IA do Bing∙ 27 de novembro de 2024
às 12:17 PM

Amanhece…
e sob um sol despido e límpido,
pelas janelas do vento,
da cidade ilha do amor, São Luís,
cantava em versos a poeta,
numa intrepidez
no combate escravagista,
pertinaz à liberdade.

Debruçada na sacada dos sonhos
de um passado de lutas e conquistas
detentora de dons artísticos,
poetisa,
escritora,
compositora
e colaboradora da imprensa maranhense,
publicou ficção, crônica,
enigmas e charadas.

Entretanto, difundida entre literatos,
a primeira romancista brasileira,
versou com destreza
quebrando paradigmas e preconceitos,
destacando-se com mérito e louvor.

No silêncio sombrio, a educadora,
descreveu em plena atuação do magistério,
na doçura dos vocábulos,
sua primeira obra o romance “Úrsula
e com destaque, a voz negra,
ressaltou a escravatura,
a injustiça e a dor sofridas – cruéis agruras,
de forma atroz.

Assim, em atuação,
sua história foi marcada
a exemplos de ousadia,
coragem e superação,
enfrentando as forças machistas
na sociedade
fundou uma escola mista
sem distinção por gênero.

Desse modo, a defensora da Abolição
publicou o conto “A Escrava”,
abordando a problemática
da discriminação racial brasileira,
e como precursora causa abolicionista,
com hombridade,
a era escravagista numa luta incansável!

O teu legado ampliou horizontes
construindo pontes
para desbravar o mundo poético
e com tenacidade,
conquistar o caminho da liberdade.

Enfim, na tarde solitária
pelas vidraças das cortinas
do ocaso,
o sol deleitava-se
e o crepúsculo adormecia
ao acordar da lua
no anoitecer da Úrsula, Mestra Régia.

Ceiça Rocha Cruz

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