No barraco
Ceiça Rocha Cruz: Poema ‘No barraco’


O pôr do Sol surge
atrás da montanha silenciosa
e a favela
vê a vida passar,
debruçada na janela do poente.
O crepúsculo despede-se
e a noite pelo sono decadente
do entardecer,
no deserto da vida
e do barraco.
O tempo não tem pressa
e no coração
a dor dilacerada
pela saudade.
Na casa de madeira
sem pintura,
lá da colina,
lembranças insepultas
onde tudo se mistura:
amores e desamores,
encontros e desencontros,
sonhos naufragados.
No silêncio da noite escura
entre a favela e a montanha
dos sonhos,
dos mistérios,
das saudades eis
a solidão no barraco.
Ceiça Rocha Cruz