Desenterrar o poético

Julián Alberto Guillén López: Poema ‘Desenterrar o poético’

 J.  A. Guillén Gonzalez - Rino Specchio
J. A. Guillén Lópes – Rino Specchio
Imagem criada por IA no Bing - 17 de março de 2025, 
às 12:38 PM
Imagem criada por IA no Bing – 17 de março de 2025,
às 12:38 PM

Desenterrar
o poético das minhas entranhas,
sentir que conflui
pela estrada
das minhas veias,
que se faça
para mim todos os dias
semelhante ao néctar
que me injeta
da juventude,
parir feitiços
palavras sagradas,
explosões de eternidade
que me aproximam
tateando para o real.
Um encontro
que me prevê
estar chegando
ao significado primário
das palavras. Desenterrar
o poético das minhas entranhas,
adicionar um pouco
levedura para a massa.
Compreender o significado
de uma rosa,
não como se o etéreo tivesse apenas uma forma.
Mas como uma metáfora palpável
que bate e muda
de corpos.
Encontrar-se
diante do tipo
maior prazer
e agarrar-se a ele
para achar sentido
a uma vida que é cruenta quando se despe
com os olhos humanos.
A poesia é um passo além
do divino.
Aproximando-se do sangue,
aquilo que nos mantém vivos.
Desenterrar o poético
e encontrar o remanso
onde você pode descansar
a alma sentindo-se viva, enxugar
suas lágrimas
e erguer-se de pé contra toda tempestade.
Desenterrar o poético,
ser vidente e ter consciência
que apenas
abrimos os olhos
diante da maioria
de intuições,
encontrar-lhe fio
ao estame em que estamos envolvidos.
Resolver através
do silêncio do tempo
o enigma que chamamos de ser cheio,
se isso fosse suficiente
para nos entendermos.
Desenterrar o poético,
ficar de frente
no limiar dos mistérios
e exalar: “Vida, nada me deves”. Sair com roupas novas da lavanderia
de mortes.
Cândido e vitorioso.
Abrindo as asas
como um pintassilgo.
Escrever um poema
que cure
a doença da terra.

Rino Specchio
16/03/25 – México

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