Coreografia em solo cisne
Ella Dominici: Poema ‘Coreografia em solo cisne’


às 10:22 PM
Cisne é solitário, em colo claro
deslizando íntimo, sobre si sobram- lhe penas
oleaginosas vertiginosas, apenas elas
escorregadas, noturnas, desamadas
Alma de cisne em transcendência retratando feminina lenda despida
de terra, água, concubina das essências.
Caçada pela dramaturga vida
que envenena a platônica expectativa
anunciando última cena,
na dança dos aplausos ao solo em poesia:
Coreografia do cisne e flor.
Se pudesse trincar o espelho do lago
todas as gotículas seriam minhas
círculos que se formam fora do itinerário
natural quando se vibra e gutural
quando se cria no gosto aveludado,
em som de salmonella e cor vanilla.
Se pudesse pacificada como andorinhas
a dor nadaria sem oriente nem para trás
nem para frente…sumida
Tateando doce de lagos gelados
no fremir sentidos quando se dança
uma valsa leve que balança
Jogue uma flor carmim sobre mim
ela comigo baila como cisne
desmaiados de tantos círculos assim
que deixam as fadigas e cismas
nesses beijos longos, vida e consciência
na coreografia sonhadora da existência
Sophie Poët