Um breve ensaio poético: ‘Solitude em paz’

Ella Dominici:

Um breve ensaio poético: Solitude em paz’

Ella Dominici
Ella Dominici
Imagem gerada por IA do Bing - 19 de outubro de 2024 às 9:47 AM
Imagem gerada por IA do Bing – 19 de outubro de 2024 às 9:47 AM

vamos conversar a solidão:
mesmo sem tudo
mesmo com todos e junto com amigos

sendo única num quarto
num encontro com família e contigo

mesmo que minhas ideias não sejam compartilhadas
que todos pertençam a outro domínio de inteligências
e que meu saber seja só meu, que minhas aliterações
pareçam a todos presunções, minhas rimas sejam
minha sina e rimem comigo…

busco rimar para um todo mesmo que não me conheça
mas que ferva e se aqueça com meus nomes

meu singelo desejo de amolecer pedra dura
apaixonar resistentes
trazer à memória, pendentes
amores engavetados em lacunas da vida

queria te deixar com saudades de me ler e me ouvir
para, em paz, dormir como se minha poesia fosse
cantiga de ninar ou excitar sonhos
partitura para se executar
uma sonata de amor,
de reconquista
e vontade de viver a vida

se o poema te transforma e tua rotina pede mais, ah!
Então
serei complacente em te retribuir
com lágrimas para teu choro, beijos para teu encontro
abraços para tua carência, reprimendas para tua consciência

fé para andar firme
pimenta para teu ardor
tão necessário para sobreviver a isolamentos,
lamentos desencantos de nossos dias

que meu poema seja canto incontinente, sem moderação
a contento de tua alma, bálsamo de alegria e emoção
ao teu lado hoje e teu anel de sempre

Só, em silêncio:

‘Deshasbilles-toi de tout’

Ella Dominici




O Sistema Reprodutor: Uma perspectiva integrada

COLUNA SAÚDE INTEGRAL

Joelson Mora:

‘O Sistema Reprodutor: Uma perspectiva integrada’

Joelson Mora
Joelson Mora

O sistema reprodutor humano desempenha um papel vital na perpetuação da espécie, sendo responsável pela produção de células sexuais e pelos processos necessários para a reprodução. Ele é composto por órgãos especializados que variam entre homens e mulheres, mas que compartilham funções essenciais. Além disso, sua relação com o desempenho físico e os impactos de doenças relacionadas destacam a importância de uma abordagem à saúde integral.

Nos homens, o sistema reprodutor inclui os testículos, epidídimo, ductos deferentes, vesículas seminais, próstata e pênis. Os testículos são responsáveis pela produção de espermatozoides e do hormônio testosterona. Nas mulheres, o sistema é composto pelos ovários, tubas uterinas, útero, vagina e vulva. Os ovários produzem os óvulos e liberam hormônios como estrogênio e progesterona.

Os espermatozoides, nos homens, são células altamente especializadas com uma estrutura composta por cabeça, peça intermediária e cauda. Nos ovários femininos, os óvulos são as maiores células do corpo humano, contendo nutrientes essenciais para o desenvolvimento inicial do embrião.

A morfologia dos órgãos reprodutores é evidente entre os sexos, e os hormônios exercem influência direta nas características sexuais secundárias. Nos homens, a testosterona não apenas regula a produção de espermatozoides, mas também desempenha um papel fundamental no desenvolvimento muscular e na redução da gordura corporal, especialmente quando associada ao treinamento físico. Já nas mulheres, o estrogênio e a progesterona estão ligados à regulação do ciclo menstrual e à preparação do corpo para a gravidez.

Homens e mulheres têm respostas hormonais diferentes ao treinamento físico. A testosterona, predominante nos homens, promove o crescimento muscular e a melhora da força, enquanto, nas mulheres, o estrogênio contribui para a manutenção óssea e a recuperação muscular. Embora as mulheres tenham menores níveis de testosterona, elas ainda podem desenvolver força e resistência de forma eficaz com uma rotina adequada de exercícios.

Doenças Relacionadas e DSTs

Entre as doenças que afetam o sistema reprodutor, as DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) são uma preocupação global. Infecções como HIV/AIDS, sífilis, gonorreia e clamídia continuam a ser prevalentes, com dados alarmantes. No Brasil, por exemplo, a taxa de infecções por HIV apresentou um aumento de 21% entre 2010 e 2020, segundo o Ministério da Saúde.

A circuncisão masculina (postectomia) tem sido amplamente estudada como uma estratégia preventiva contra o HIV/AIDS. Estudos mostram que homens circuncidados têm um risco 60% menor de contrair HIV durante relações heterossexuais. Esse procedimento, portanto, tem sido adotado em campanhas de saúde pública como uma medida de redução de riscos.

A testosterona, além de sua função reprodutiva, é crucial para o desenvolvimento muscular. Ela promove a síntese de proteínas e o aumento da massa magra, ao mesmo tempo que ajuda a reduzir os níveis de gordura corporal. Com o envelhecimento, os níveis de testosterona tendem a diminuir, o que pode levar a uma perda de massa muscular, aumento de gordura e diminuição da libido. Exercícios regulares, especialmente os de resistência, são eficazes em manter e aumentar os níveis de testosterona naturalmente.

Uma rotina diária de exercícios traz inúmeros benefícios para a saúde reprodutiva de ambos os sexos. Nos homens, o exercício físico regular pode melhorar a qualidade do esperma e aumentar os níveis de testosterona. Para as mulheres, os exercícios ajudam a regular os ciclos menstruais, melhorar a função ovariana e reduzir os sintomas da menopausa. Além disso, uma vida fisicamente ativa diminui o risco de doenças crônicas, como diabetes e doenças cardiovasculares, que podem afetar negativamente a fertilidade.

Manter uma rotina diária de exercícios físicos é fundamental para o bom funcionamento do sistema reprodutor, tanto masculino quanto feminino. Além de promover a saúde geral, os exercícios auxiliam no equilíbrio hormonal e na prevenção de doenças, incluindo as DSTs. A circuncisão masculina surge como uma importante medida preventiva contra o HIV/AIDS, e a testosterona, por sua vez, mostra-se vital no contexto do desenvolvimento muscular e controle da gordura corporal.

Joelson Mora

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Folheando o meu diário

Sandra Albuquerque: ‘Folheando o meu diário’

Sandra Albuquerque
Sandra Albuquerque
Imagem gerada por IA do Bing –  20 de outubro de 2024 às 1:43 PM

Faço hoje, ao completar 66 anos, uma viagem no tempo. Voltei à infância e lembrei que fui criada na roça e era filha de avó.

O relevo era diferente de hoje:

As estradas eram de terra, havia muito verde, as cigarras faziam festa e pássaros de todas as cores.

As casas eram um pouco distantes uma das outras. Corria em volta da casa, enquanto passava as mãos nas flores; brincava com os capins de fazer colchões e a goiabeira era a minha visita predileta, apesar de ter mamoeiro, limoeiro, laranjeira, abacateiro, bananeira e mangueira.

Eu acordava com o canto do galo, o glu-glu-glu do Peru e corria para ver o pavão fazer pose.

Eu tinha um porquinho rosa, o Roque, que não gostava de lama, seu chiqueiro era de cimento e tomava banho com sabonete. Mas ficou tão gordo que meu avô teve que matar e eu não quis comer-lhe a carne.

Também tinha gatos e cachorros.

Eu adorava ver o pé de pimenta-do -reino subindo pelo abacateiro, deixando o tronco cheio de bolinhas verdes que ficavam vermelhas e no ponto da colheita ficavam pretinhas. E o pé de urucum, que lindo! E isto, sem falar no algodoeiro e na amoreira.

Eita vida boa, diferente de hoje! Não precisava de muito pra ser feliz.

O leite? De cabras e de vaca e eram entregues em garrafas de vidro. Da nata fazia a manteiga.

A coalhada e o queijo eram de primeira qualidade e era uma delícia comer com mel ou com doce de banana feito no tacho e na lenha.

Pão era o padeiro que entregava amigavelmente.

O fogão era à lenha, feito de tabatinga. Minha mãe-avó fazia um feijão como ninguém. As panelas que iam no fogão à lenha eram ariadas com sebo de boi e areia e ficavam um brilho.

A carne de porco era conservada depois de assada, dentro da lata de banha do próprio porco

A mesa era farta no café da manhã: macaxeira, batata doce, banana cozida ou um bom pedaço de angu, canjiquinha e era festa, com café coado no coador de pano. Pegávamos a caneca de ágata e soprava com cuidado pra não queimar a língua.

A escola se chamava Grupo Escolar e era tão longe que eu ia de kombi escolar. Os trabalhos de casa tinham que ser feitos antes do escurecer, pois a energia era solar e, à noite, acendíamos a lamparina. Geladeira era à querosene.

Sou de uma geração que brincava com as crianças da vizinhança: amarelinha, passa anel, escravos de Jó, bambolês, detetive, pique tá, pique ajuda, pique lata, pular corda etc.

Os meninos soltavam pipas, jogavam bolas de gude, lançavam ferraduras de cavalo longe, quedas de braços etc. Ainda tinha andar na corda bamba, balanços, queda de braço, queimada. Ah, que coisa boa!

Telefone eu nem conhecia. A gente tinha o prazer em escrever cartas e tinha até umas que a gente perfumava.

Era tudo diferente. Era tudo melhor do que hoje. Era o tempo de bênção pai, mãe, tio e avós.

As crianças entendiam, apenas pelo olhar.

Se eu pudesse voltar no tempo… Voltaria à minha infância.

Todas as tardes eu ia na lagoa. E ia ao mar de Saquarema. Adorava comer siri, caranguejo, camarão e peixe. Lagosta, somente conheci já adulta

Como todo mundo cresce, cheguei à fase do trabalho e dediquei-me 30 anos à Educação.

No começo era no interior mesmo e ia de bicicleta ou de carona no carro do leite.

A distância era cruel: 45 minutos a pé pra dar aulas e amava o que fazia.

Saí do interior para a cidade grande e vi outro público diferente. Não aquele que você passava e era bom dia! boa tarde! ou boa noite! E sim cada um por si e Deus que proteja a todos.

Nunca vou me esquecer do medo que senti em atravessar dentro de uma rural em cima de uma balsa de Niterói para a cidade do Rio de Janeiro…

Hoje eu poderia estar falando de outro tema. Mas eu não me envergonho de ter nascido pobre  e chegar onde cheguei e sei que o futuro ainda me reserva muito mais.

Agradeço aos meus avós e meus tios que, mesmo como pobres, me deram ensinamentos e nunca me deixaram faltar nada.

E enquanto isso, vou folheando o meu diário e acrescentando todos os dias, nas entrelinhas do tempo, o que se passa na minha história de vida: de uma menina do interior a uma Acadêmica Benemérita, Comendadora  e Embaixadora Guanabara Poetisa Sandra Albuquerque pela Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências Letras e Artes – FEBACLA, além de Editora Setorial Social e colunista do Jornal Cultural ROL, com várias agremiações e coautora de várias antologias e pertencente a outras academias literárias que me dão muita honra por delas ser acadêmica: Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB e Academia de Letras, Ciências e Artes da Amazônia Brasileira – ALCAAB.


Sandra Albuquerque

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Fuga

Sergio Diniz da Costa: Poema ‘Fuga’

Sergio Diniz
Sergio Diniz
Imagem gerada com IA do Bing - 19 de outubro de 2024
 às 11:37 AM
Imagem gerada com IA do Bing – 19 de outubro de 2024
às 11:37 AM

Quisera, ao sol do dia,
Esconder minha presença
Em profundo poço.
Dormir o sono longo
Dos justos, dos cansados.

Quisera, ao sol do dia,
Ser apenas uma pedra
Numa gruta distante.

Quisera, ao sol do dia,
Ser apenas uma folha
Num livro com folhas
Sem fim.

Quisera viver somente à noite:
Hora mágica do dia!
Que ventura ao espírito!
Quão liberta e suave
A vida noturna,
Em que a alma se despoja
Dos grilhões da rotina diária
Em que nossos sentimentos se abrandam
Ao contato de outros seres.

Hora mágica,
Dos cantores de poesia
Dos suspiros românticos
Dos aromas de mel
Da lua irradiando saudades!

Triste dia que chega
Ao canto do arauto emplumado!
Triste vida luminosa
E, também, escura
Que clareia o inimigo
Que, à noite, era irmão!

Sergio Diniz da Costa

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No meio do caminho

Evani Rocha: Poema ‘No meio do caminho’

Evani Rocha
Evani Rocha
Imagem criada por IA do Bing
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No meio do caminho

Tinha uma flor

Tinha espinhos à margem do caminho

No fim do caminho tinha uma dor

Tinha saudade na brisa do mar

Tinha rastros fundos marcando o chão

Tinha maresia inundando o peito

E um jeito único de ser solidão

Tinha areia nas ruas desertas

E maré alta lavando a praia

Tinha deserto na alma da gente

E muita gente em procissão

Tinha uma flor na mão do jardineiro

E um murmúrio a reverberar

Tinha uma fala ainda ausente

E muitos lenços a tremular

Tinha abraços e laços refeitos

Tinha olhos fundos a marejar

Tinha mãos dadas em silêncio

E um barco de sonhos a naufragar.

Evani Rocha

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Deixe-me sangrar

Ivete Rosa de Souza: Poema ‘Deixe-me sangrar’

Ivete Rosa de Souza
Ivete Rosa de Souza
Imagem gerada por IA do Bing - 17 de outubro de 2024
às 1:31 PM
Imagem gerada por IA do Bing – 17 de outubro de 2024 às 1:31 PM

Não diga nada enquanto eu estiver sangrando

Enquanto meu corpo desfalece, minha alma vive

Deixe-me sangrar, todas as feridas do tempo que não  amei

O sangue da insensatez, da fúria, do ciúme

Que nada me deram somente desilusão

Deixe-me sangrar os sonhos perdidos,

Por entre os dedos esquecidos em minhas mãos

Se sou louca por deixar fluir, o sangue derradeiro

Não sabe dos pesadelos, das incertezas

Nem mesmo das dores e das injustiças

Deixe-me sangrar o tempo perdido,  esquecido, descabido

Que a sua presença levou, e sua ausência secou

Que se torne apenas poças de lágrimas e sangue

Que me deram por escolha sangrar até o  fim.

Ivete Rosa de Souza

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Os bichos que destruíram o reino

Osvaldo Manuel Alberto:

‘Os bichos que destruíram o reino’

Osvaldo Manuel Alberto
Osvaldo Manuel Alberto
Imagens gerada por IA do Bing - 17 de outubro de 2024 às 11:07 AM
Imagem gerada por IA do Bing – 17 de outubro de 2024 às 11:07 AM

Havia um reino onde todos eram poderosos e a sobrevivência de um estava implicitamente ligada ao infortúnio de outro. As acções ou omissões dos bichos contribuíram grandemente para o desequilíbrio do ecossistema.

O mosquito, o lagarto, o papagaio, o cabrito, o camaleão, o marimbondo, o cágado e a mosca destruíram o reino sob o silêncio tumular do bicho grande, mas no final o salalé, sem sal, tomou conta deles.

O mosquito, parecendo inofensivo, fazia perecer muita gente. Ele era o responsável pela mortandade gritante, enquanto GPP (Grande Produtor de Paludismo). As quantidades enormíssimas desta produção eram exportadas em forma de malária, zica e xikungunya, também conhecida por katolotolo, e em grande escala consumida internamente. Este consumo contribuiu para a piora das condições de vida daquela população, pois muitos nem aos cinco anos chegavam.

O lagarto, que andava de parede em parede, de meio em meio metro acenava positivamente com a cabeça a tudo quanto lhe chegava aos ouvidos, mesmo àquilo que não lhe chegava. Era o yes man.

O papagaio só reproduzia teorias, mesmo aquelas cujo domínio era inferior a medíocre. Ele estava pouco se borrifando pela compreensão do que falava, para além de nunca dizer nada. Os seus discursos eram eloquentes, cozinhados à luz dos mais modernos dicionários que dariam inveja ao Camões. Este, se estivesse vivo, duvidaria das suas capacidades.

Por distracção do pastor, que sempre pensou que “o cabrito come onde está amarrado”, o cabrito comeu todo o pasto dele e dos outros, pois a corda era tão grande. Daí, o cabrito passou a comer em função do tamanho da sua corda.

O camaleão se tornava leão sempre que visse uma cama.

O marimbondo fez das suas e aliou-se ao cágado que só fazia cagada. As cagadas eram enormes, porque o cágado estava mais preocupado com quem o colocou no topo da árvore do que com a árvore em si.

A mosca perdeu toda a honra e dignidade, porque pousava, publicamente, no excreto, fingindo ser agradável.

Os mais curiosos aperceberam-se que todos passarão pelo salalé. O salalé trabalha no silêncio e fora dos holofotes!

Osvaldo Manuel Alberto

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