Este texto vem com uma semana de atraso. As ‘moiras‘, figuras mitológicas da Grécia antiga destinadas a ‘tecer o destino’, atrapalharam-me de enviar a minha coluna na semana passada.
Na verdade, a referência às moiras é apenas um eufemismo para afiançar que a idade avançou e, com ela, os problemas de saúde: sobreviverei.
Ainda no ensino médio, olhava para a minha professora de português e pensava: “Será que eu quero fazer isso?” As moiras decidiram que eu precisava inserir-me no mercado de trabalho e assim o fiz. Acabei cursando, pela metade, Ciências Econômicas, mas, para mim, dois e dois sempre será vinte e dois, desisti do curso por causa da Matemática Financeira.
Quando regressei à universidade, optei por Letras e não poderia ter feito escolha melhor. Eu já trabalhava em escola, no serviço administrativo, quando fiz essa escolha e conhecia o universo estudantil, que era muito instigante (creio que sempre o será, apesar das dificuldades inerentes à cada geração).
O dia 15 de outubro é consagrado ao professor. Trata-se de uma pessoa que escolheu ensinar e isso, para mim, é um grande diferencial. É um ser humano que decidiu colocar o seu conhecimento a serviço do aluno, da sociedade, da humanidade. São quatro ou cinco anos frequentando um curso de graduação para aprender, além dos conteúdos característicos desse curso, como lecionar/ como ensinar.
Tinha uma companheira de viagem para a faculdade que estudava Física, certa vez, ela disse-nos que estava prestes a desistir: havia resolvido um problema qualquer, usara cinco folhas de caderno (frente e verso) e o resultado final fora zero. Se a sociedade imaginasse os conteúdos que conhecemos e não são empregados em sala de aula, mas são necessários para compreender todo o arcabouço teórico que compõe cada área…ah, o tratamento seria outro!
Eu trabalhei com alunos do curso superior – diurno e noturno -, trata-se de um público completamente diferente daquele que se atende no ensino médio, ainda que, em alguns casos, eles tenham quase a mesma idade e as mesmas angústias.
Além disso, fui coordenadora de curso da graduação em Letras, função administrativa, pedagógica, psicológica, materna (e eu confesso: nunca tive vocação para a maternidade, mas a minha professora de Literatura Portuguesa dizia que eu sou a clássica ‘pata choca’, que coloca todos embaixo das asas e protege, sejam seus patinhos ou não).
Há um processo em curso que menospreza a docência: escolas sucateadas; uma legislação que engessa o ensino; baixos salários se comparados aos profissionais com o mesmo nível de formação; ainda assim, a sociedade passa pela sala de aula, passa pelo professor que se dedica ao aprendizado do seu aluno, que o recebe com a disposição de levá-lo, nem que seja pela mão, a construir-se como cidadão.
Aliás, a cidadania talvez seja o grande desafio, que extrapola a função das ‘moiras’: é um trabalho contínuo, feito de esclarecimento, de criticidade em uma sociedade que exclui, que reprime, que segrega.
Encontramo-nos diante da mistanásia, quando o paciente morre à espera de consulta, de exames, de cirurgia, o que seria um dos direitos inerentes à nossa condição humana. A insegurança nossa de cada dia tornou-nos prisioneiros em nossos lares (quando a condição financeira assim o permite), com câmeras, alarmes e todos os dispositivos anti-gente estranha.
Tornamo-nos prisioneiros da corrupção – e se há um corruptor é porque alguém aceitou ser corrompido: dizer a verdade tornou-se um ato obsceno; confundiram ensinar com doutrinar; não sabem discernir entre questionar e afirmar e a mentira grassa solta, impávida com se fosse senhora de todo o saber.
É preciso dizer: haja coragem para ser professor, haja coragem para professar a fé no ser humano, haja coragem para seguir preparando aulas, partilhando conhecimento, ouvindo alunos, amparando alunos (disse-me uma ex-aluna que é professora na atualidade: “Professora, eles sequer têm portas em casa, vivem em lugares com apenas um cômodo!”).
A minha profissão de fé segue sendo a favor do conhecimento, creio sempre que o conhecimento liberta (e, como falava a minha falecida mãe: “Ninguém te rouba, te sonega o conhecimento. Com ele, a gente recomeça do zero”), o conhecimento empodera e, mais que isso, apavora os tiranetes de plantão.
Obrigada, senhores professores: um mundo minimamente digno ainda passa pelas vossas mãos. Em nossas salas de aula, existem seres humanos carentes de atenção, que a sociedade capitalista compreende como objetos, mão de obra barata.
Gerir a comunicação, competentemente, é uma tarefa de todos, nas suas relações interpessoais e intergrupais e, mais exigentemente, naqueles que exercem atividades de alguma ascendência sobre todos os outros, sejam subordinados e/ou dependentes. Aqueles que têm a obrigação de comunicar correta e educadamente.
De uma gestão competente da comunicação, podem resultar situações favoráveis para as pessoas abrangidas pela comunicação, desenvolvida no seio de uma organização, qualquer que seja a sua natureza: política, religiosa, social, empresarial, pública ou privada, nacional ou internacional.
Gerir a comunicação é uma condição para o sucesso individual e coletivo, na perspectiva da obtenção de resultados que, na circunstância, equivale, também, a resolver problemas que afetam as pessoas, individualmente consideradas, e as próprias comunidades onde elas se inserem.
Cada pessoa é gestora de si própria, de tudo quanto idealiza, planifica executa, valida pelos objetivos fixados e atingidos e, correlativamente, responsável pelos sucessos e pelos fracassos. Quanto melhor preparada a pessoa estiver, tanto mais e excelentes serão as probabilidades de êxito. Quanto melhor souber aplicar os seus conhecimentos, experiências e emoções, tanto melhor conseguirá integrar-se num determinado contexto sociocultural, político-institucional e técnico-profissional.
Os princípios gerais que se aplicam à gestão empresarial, em geral, podem adaptar-se à gestão da comunicação, em particular. Saber gerir a comunicação, no tempo, no espaço e numa dada situação concreta é, de facto, uma ciência, muito importante nos dias conturbados que as sociedades atravessam, e as pessoas sofrem, sem culpa, quantas vezes, sem saberem porquê.
Gerir a comunicação significa: utilizar bem os recursos linguísticos em ambientes de transparência recíproca, isto é: emissores e recetores da comunicação, devem utilizar os mesmos códigos, canais iguais, semânticas idênticas, em contextos reais de relacionamento interpessoal assertivo no ato comunicacional, para se chegar a resultados satisfatórios para os interlocutores.
Num tempo, e num espaço, que se desejam de profunda harmonia, compreensão, tolerância, solidariedade e paz, desenvolver estratégias que visem resultados do tipo “ganha/perde”, em que uma das partes ganha tudo e a outra perde tudo, poderá não ser a melhor gestão da comunicação, porque o adágio, segundo o qual: “Vencido mas não convencido”, a médio prazo, pode trazer retornos de consequências imprevisíveis.
Vencer o interlocutor com base em argumentos: falaciosos, porque falsificados; agressivos, porque intimidatórios; manipuladores, porque hipócritas; passivos, porque, comodamente, indiferentes e, aparentemente, inofensivos, vão criar novas situações, mais complexas, porque suscita a dúvida, a incerteza, a desconfiança e o sentimento de desforra.
Parte relevante da conflitualidade, hoje existente um pouco por todo o mundo, deve-se ao uso, e abuso, de uma comunicação agressiva, demagógica e descontextualizada. Entre outras situações, possíveis de serem identificadas, quer ao nível particular, quer no domínio público, verifica-se, em certas atividades, objetivamente na política, que a comunicação pretende e, em muitos casos, consegue, influenciar os cidadãos para a tomada de posições num determinado sentido, favorável ao grupo e/ou candidato que usa a comunicação ambígua e desfasada das realidades: sociocultural, económica e profissional, em que é transmitida.
Resultados idênticos acontecem quando a comunicação e o relacionamento interpessoal, deles resultantes, assumem aspetos conflituosos, no sentido mais negativo do termo conflito, dando origem a desentendimentos, a maior confusão e ao sentimento de vingança.
O conflito civilizado é necessário quando ajuda a esclarecer, quando encontra soluções favoráveis ao todo, no respeito pelas diversas partes. A comunicação conflituosa, desde que assertiva, constitui um caminho possível, quando ela resulta, apenas, de pontos de vista divergentes que urge aproximar de uma nova posição consensual, entre as partes em desacordo, o que se consegue democrática, tolerante e compreensivamente.
O princípio da comunicação esclarecedora, formativa, pedagógica e inclusiva dos pontos de vistas consensuais, dos diversos interlocutores, constitui um bom método para a resolução de conflitos, para solucionar problemas que, inicialmente, se apresentavam insolúveis, bem como para obtenção de resultados que favorecem a compreensão e o respeito entre os cidadãos, os quais têm que ser competentes, no relacionamento interpessoal, através da comunicação verbal e não-verbal, para que o resultado final “ganha/ganha” seja alcançado.
Também aqui se exige competência no Saber-ser e no Saber-estar, simultaneamente com este Saber-fazer a comunicação, justamente, no respeito pelas regras que estabelecem o uso da língua, que orientam para os valores essenciais da sociedade democrática, solidária e culta, entendendo-se aqui a cultura no seu sentido antropológico, no respeito pela diversidade das demais culturas.
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
No processo de ensino, uma verdade inquestionável é citada pelo educador Ignacio Estrada: “Se um aluno não aprende do jeito que ensinamos, temos que ensinar a ele do jeito que ele aprende”.
A sala de aula, lugar de diversidade e pluralidade, reflecte em si a complexidade dos seres humanos. Os alunos que a ocupam são heterogêneos, não apenas em atitudes e comportamentos, mas, principalmente, nas suas formas de aprender.
É nesse contexto que o professor deve reconhecer a riqueza das diferenças e a importância de diversificar suas práticas pedagógicas. Muitas vezes, as metodologias tradicionais podem não alcançar todos os alunos, mas há alternativas que podem ser muito eficazes. Em algumas turmas, vemos o maior engajamento dos alunos quando as tarefas, sejam iguais ou diferentes, são orientadas em pequenos grupos, nos quais cada membro contribui com suas habilidades para, depois, compartilharem seus resultados em plenário. Outras turmas, por sua vez, respondem melhor quando o professor associa o tema da aula a jogos didácticos ou dinâmicas de grupo, criando um ambiente de aprendizado mais leve e participativo.
Essas práticas não são um convite ao ‘obá-obá’, como alguns poderiam afirmar, mas, sim, uma estratégia sólida e fundamentada na ideia de que o aluno deve ser o centro do processo de ensino. Ao dar voz aos alunos e permitir que eles participem activamente das aulas, não estamos apenas a diversificar o aprendizado, mas também a evidenciar seu papel activo e protagonista na construção do conhecimento.
Um exemplo claro dessa abordagem é encontrado na obra ‘Mayombe’, de autoria de Pepetela, que, quando explorada de maneira lúdica, pode transformar o ambiente de aprendizagem. A obra, com sua narrativa polifónica, repleta de personagens marcantes, retratando a luta de guerrilheiros angolanos para tornar o país independente, pode ser utilizada em actividades que incentivem a criatividade, como encenações, debate ou a criação de novas narrativas em grupo. Ainda, pode ser um óptimo ponto de partida para motivar os alunos a expressarem suas emoções e interpretações sobre questões discutidas na obra, tais como: socialismo, tribalismo, condição da mulher, representada por Ondina, uma das três personagens femininas, o que não só estimula o engajamento, como também torna as aulas memoráveis.
O desafio de ensinar, portanto, é estar sempre disposto a aprender e adaptar-se. Como bem destaca o educador Paulo Freire, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. Assim, cabe a nós, professores, encontrar as melhores formas de ensinar a cada aluno, respeitando suas individualidades e necessidades, para que o aprendizado se perpetue e, realmente, faça sentido em suas vidas. Afinal, um ensino eficaz é aquele que deixa marcas, que permanecem. E isso só acontece quando colocamos o aluno no centro, diversificando as estratégias e dando a ele a oportunidade de se engajar e aprender de forma activa.
Bianca Agnelli: ‘Ecos de loucura: Mergulhando na fragilidade humana em Joker: Folie à Deux’
Bianca Agnelli: ‘Note di Follia: Esplorando la Fragilità Umana in Joker: Folie à Deux’
O filme mais comentado, odiado, desvalorizado e subestimado do momento: Joker: Folie à Deux. Dirigido por Todd Phillips, é a tão aguardada sequência do universo cinematográfico, com Lady Gaga no papel de Harley Quinn e um Joker, interpretado por Joaquin Phoenix , que aparece realmente massacrado e maltratado.
Podemos falar sobre os problemas de roteiro que esta película evidentemente tem – especialmente em relação ao personagem de Harley Quinn – mas isso não é suficiente para tornar o filme ‘decepcionante’. Fui ao cinema no último sábado e deixei minhas emoções decantarem, para que a parte racional do meu cérebro não fosse muito influenciada pelo fato de que, sim, este filme realmente me agradou. Tentarei, portanto, falar sobre ele de maneira equilibrada e sincera.
A cena inicial apresenta um pequeno curta-metragem animado, com um estilo retrô e deliciosamente agradável. What the World Needs Now Is Love, o que o mundo precisa agora é amor. É assim que o filme começa, e o amor, com sua aceitação e seu tormento, é um tema pulsante ao longo de toda a narrativa.
A primeira coisa que notei assim que o filme começou foi a extrema degradação e o mal-estar que pesam sobre o personagem principal. Este não é um filme celebrativo. É um filme que quem nunca enfrentou ou quis enfrentar a miséria humana – aquela que, em partes, toca cada um de nós – não conseguirá apreciar. Empatizar com um perdedor sem redenção, abatido pelos eventos e pelas pessoas, exige esforço. Assim como exige esforço olhar de frente para a dureza da realidade sem esperar qualquer prêmio ou compensação.
A narrativa é intencionalmente fragmentada, um reflexo do protagonista. A escolha de Phillips de abandonar a estrutura tradicional do gênero de super-heróis em favor de uma trama mais intimista e reflexiva é arriscada, mas necessária. Aqui, a história não segue o herói em ascensão ou o vilão em busca de vingança: Folie à Deux explora a ideia do colapso da identidade, da fragilidade humana e do fracasso como condição permanente, quase impossível de redimir.
As performances dos atores são o coração pulsante do filme. Joaquin Phoenix, com sua intensidade habitual, não interpreta apenas o Joker: ele molda um Arthur Fleck esvaziado, sem esperança, e, ainda assim, surpreendentemente capaz de sentir um amor desesperado. Lady Gaga, no papel de Harley Quinn, acrescenta uma dinâmica singular: seu personagem é um contraste de ternura e manipulação, uma figura complexa e multifacetada que se afunda em um amor doentio e obsessivo.
O filme estará disponível em streaming em breve, e gostaria de avisar aos leitores do Jornal ROL que, se decidirem assisti-lo, não devem esperar o anti-herói rebelde e icônico do primeiro filme. A escolha aqui foi contar a história sem grandes sensacionalismos. Estamos diante de um ser humano totalmente despedaçado, que conhece de repente um sentimento salvador: o amor. Que o amor, sentido por uma pessoa com evidentes distúrbios mentais, seja algo bizarro, descontrolado e sem lógica é, no fundo, compreensível.
O enamoramento rápido, ou melhor, o incêndio repentino desse sentimento, é narrado com uma fotografia extremamente poética e músicas icônicas, entre as quais se destaca For Once in My Life), cuja letra ressoa em sintonia com o que o Joker sente: “Por uma vez, eu tenho algo que sei que não vai me abandonar, não estou mais sozinho. Por uma vez posso dizer: ‘Isto é meu, você não pode tirar.’”
E ainda assim, mais adiante no filme, veremos o quanto o amor pode elevar a alma humana, mas também quanto Joker se tornou vítima desse sentimento. O amor de Harley não é sincero. Como muitos de nós, ela se apaixonou por uma imagem, por um ícone, não pelo homem real, imperfeito e frágil que se esconde por trás da maquiagem de palhaço.
A complexidade emocional desse Joker reside exatamente em sua ambivalência: queremos amá-lo como ícone, mas temos dificuldade em ver Arthur pelo que ele realmente é. Não há redenção, não há salvação. Apenas uma tentativa de coexistir entre o caos de uma identidade destruída e um amor igualmente destrutivo.
A nível técnico, Phillips brinca bem com as luzes e sombras, ampliando as dualidades do protagonista. A montagem, deliberadamente fragmentada, reflete a instabilidade psicológica de Arthur, e a trilha sonora – que oscila entre tons melancólicos e explosões de alegria enganosa – sublinha magistralmente esse contraste. Mas o ritmo, em certos momentos lento, pode desorientar quem busca uma narrativa mais adrenalínica ou linear.
O filme não é para todos. Não busca entreter, mas refletir a condição humana arruinada, e é aqui que se cria um distanciamento entre o público que esperava por vingança e quem, em vez disso, está pronto para enfrentar a crua fragilidade do ser humano. Não haverá tiroteios insanos, nem uma glorificação do anti-herói. Este Joker é um homem cansado, esvaziado pela vida e pelo sistema que o jogou por terra. E, ainda assim, nessa obscuridade, há uma beleza rarefeita, uma estética sutil que pulsa nos detalhes e nas pequenas evasões oníricas que o filme oferece.
O final, assim como as reviravoltas, não vou contar, porque acredito que devem ser vistos e vividos com os próprios olhos, no silêncio denso das suas emoções. Este filme não precisa de um guia ou de um manual para ser compreendido. É preciso apenas se deixar cair, sem rede, naquela escuridão emocional que nos deixa desconfortáveis, mas que, justamente por isso, tem o poder de nos transformar.
Em um mundo que nos empurra continuamente para as aparências, Joker nos convida a sentar com nossa dor, a olhá-la nos olhos, sem filtros, sem piedade. Não há nada de reconfortante nesta história, mas é exatamente ali, na crua e devastadora vulnerabilidade de Arthur, que emerge uma beleza que não pode ser explicada. Não é uma beleza feita para ser compreendida ou agarrada; é um sopro que escapa, uma centelha que se apaga na escuridão, mas que por um breve instante ilumina tudo o que somos.
E, talvez, no final, a verdade seja esta: nem sempre somos feitos para a vitória, para a glória ou para a redenção. Somos feitos para ser humanos, em nosso caos e em nossa graça, em nosso amor que queima e nos consome, mas que, de algum modo, nos torna vivos.
Não esperem respostas fáceis, nem um senso de completude. Joker: Folie à Deux é como a própria vida: maravilhosa e dolorosa em igual medida. Nem todos estarão prontos para vê-lo, mas quem estiver, sairá diferente, com o coração um pouco mais pesado e o olhar um pouco mais lúcido. E isso, meus caros leitores, já é algo extraordinário.
Bianca Agnelli
Note di Follia: Esplorando la Fragilità Umana in Joker: Folie à Deux
Il film più chiacchierato, odiato, svalutato e sottovalutato del momento: Joker: Folie à Deux. Diretto da Todd Phillips, è l’attesissimo sequel dell’universo cinecomico, con Lady Gaga nel ruolo di Harley Quinn e un Joker, interpretato da Joaquin Phoenix, che appare veramente massacrato e malconcio.
Potremmo parlare dei problemi di sceneggiatura che questa pellicola evidentemente ha – soprattutto riguardo al personaggio di Harley Quinn – ma ciò non è abbastanza per rendere il film “deludente”. Sono andata in sala sabato scorso e ho lasciato decantare le mie emozioni, in modo che la parte razionale del mio cervello non fosse troppo condizionata dal fatto che, sì, questo film mi è davvero piaciuto. Cercherò quindi di parlarne in maniera equilibrata e sincera.
La scena iniziale introduce un piccolo cortometraggio animato, dallo stile retrò e deliziosamente godibile. “What the World Needs Now Is Love”, ciò di cui il mondo ha bisogno ora è l’amore. È così che il film prende il via, e l’amore, con la sua accettazione e il suo tormento, è un tema pulsante lungo tutta la narrazione.
La prima cosa che ho notato appena il film è iniziato è l’estremo degrado e il malessere che gravano sul personaggio principale. Questo non è un film celebrativo. È un film che chi non ha mai affrontato o voluto affrontare la miseria umana – quella che, a tratti, tocca ognuno di noi – non riuscirà ad apprezzare. Empatizzare con un perdente senza riscatto, schiacciato dagli eventi e dalle persone, richiede impegno. Così come richiede impegno guardare in faccia la bruttezza della realtà senza aspettarsi alcun premio o contentino.
La narrazione è volutamente frammentata, specchio del protagonista. La scelta di Phillips di abbandonare la struttura tradizionale del genere cinecomico a favore di una trama più intimista e riflessiva è rischiosa, ma necessaria. Qui, la storia non segue l’eroe in ascesa o il villain in cerca di vendetta: Folie à Deux esplora l’idea del collasso dell’identità, della fragilità umana e del fallimento come condizione permanente, quasi impossibile da redimere.
Le performance degli attori sono il cuore pulsante del film. Joaquin Phoenix, con la sua consueta intensità, non interpreta solo Joker: plasma un Arthur Fleck svuotato, privo di speranza, eppure sorprendentemente capace di provare un amore disperato. Lady Gaga, nel ruolo di Harley Quinn, aggiunge una dinamica singolare: il suo personaggio è un contrasto di tenerezza e manipolazione, una figura complessa e sfaccettata che affonda in un amore malato e ossessivo.
Il film sarà presto disponibile in streaming, e vorrei avvisare i lettori del Jornal Rol che, se decideranno di guardarlo, non dovranno aspettarsi l’antieroe ribelle e iconico del primo film. La scelta qui è stata quella di raccontare la storia senza grandi sensazionalismi. Ci troviamo davanti a un essere umano del tutto spezzato, che conosce improvvisamente un sentimento salvifico: l’amore. Che l’amore, provato da una persona con evidenti disturbi mentali, sia qualcosa di bizzarro, sregolato e privo di logica è, in fondo, comprensibile.
L’innamoramento rapido, anzi, l’incendio improvviso di questo sentimento, ci viene raccontato con una fotografia estremamente poetica e brani iconici, tra cui spicca “For Once in My Life”, il cui testo risuona in perfetta sintonia con ciò che Joker prova: “For once, I have something I know won’t desert me, I’m not alone anymore. For once I can say, ‘This is mine, you can’t take it.’”
Eppure, più avanti nel film, vedremo quanto l’amore possa sollevare un animo umano, ma allo stesso tempo, quanto Joker sia divenuto vittima anche di questo sentimento. L’amore di Harley non è sincero. Come molti di noi, si è innamorata di un’immagine, di un’icona, non dell’uomo reale, imperfetto e fragile che si cela dietro il trucco da clown.
La complessità emotiva di questo Joker risiede proprio nella sua ambivalenza: vogliamo amarlo come icona, ma fatichiamo a vedere Arthur per ciò che è davvero. Non c’è riscatto, non c’è redenzione. Solo un tentativo di coesistere tra il caos di un’identità spezzata e un amore altrettanto distruttivo.
A livello tecnico, Phillips gioca bene con le luci e le ombre, amplificando le dualità del protagonista. Il montaggio, volutamente frammentario, riflette l’instabilità psicologica di Arthur e la colonna sonora – che si sposta da toni melanconici a esplosioni di gioia ingannevole – sottolinea magistralmente questo contrasto. Ma il ritmo, a tratti lento, potrebbe disorientare chi cerca una narrazione più adrenalinica o lineare.
Il film non è per tutti. Non cerca di intrattenere, ma di riflettere la condizione umana spezzata, e proprio qui si crea un distacco tra il pubblico che aspettava vendetta e chi, invece, è pronto a confrontarsi con la cruda fragilità dell’essere umano. Non troverete sparatorie folli, né una glorificazione dell’antieroe. Questo Joker è un uomo stanco, svuotato dalla vita e dal sistema che lo ha piegato. Eppure, in questo buio, c’è una bellezza rarefatta, un’estetica sottile che pulsa nei dettagli e nelle piccole evasioni oniriche che il film regala.
Il finale, così come i colpi di scena, non ve li racconto, perché credo debbano essere visti e vissuti con i propri occhi, nel silenzio denso delle vostre emozioni. Questo film non ha bisogno di una guida o di un manuale per essere compreso. Bisogna solo lasciarsi cadere, senza rete, in quell’oscurità emotiva che ci mette a disagio, ma che, proprio per questo, ha il potere di trasformarci.
In un mondo che ci spinge continuamente verso l’apparenza, Joker ci invita a sedere con il nostro dolore, a guardarlo dritto negli occhi, senza filtri, senza pietà. Non c’è nulla di rassicurante in questa storia, ma proprio lì, nella cruda e devastante vulnerabilità di Arthur, emerge una bellezza che non si può spiegare. Non è una bellezza fatta per essere compresa o afferrata; è un soffio che sfugge, una scintilla che si spegne nel buio, ma che per un breve istante illumina tutto ciò che siamo.
E forse, alla fine, la verità è proprio questa: non sempre siamo fatti per la vittoria, per la gloria o per il riscatto. Siamo fatti per essere umani, nel nostro caos e nella nostra grazia, nel nostro amore che brucia e ci consuma, ma che, in qualche modo, ci rende vivi.
Non aspettatevi risposte facili, né un senso di compiutezza. Joker: Folie à Deux è come la vita stessa: meravigliosa e dolorosa in egual misura. Non tutti saranno pronti a vederlo, ma chi lo sarà, ne uscirà diverso, con il cuore un po’ più pesante e lo sguardo un po’ più lucido. E questo, miei cari lettori, è già qualcosa di straordinario.
vamos conversar a solidão: mesmo sem tudo mesmo com todos e junto com amigos
sendo única num quarto num encontro com família e contigo
mesmo que minhas ideias não sejam compartilhadas que todos pertençam a outro domínio de inteligências e que meu saber seja só meu, que minhas aliterações pareçam a todos presunções, minhas rimas sejam minha sina e rimem comigo…
busco rimar para um todo mesmo que não me conheça mas que ferva e se aqueça com meus nomes
meu singelo desejo de amolecer pedra dura apaixonar resistentes trazer à memória, pendentes amores engavetados em lacunas da vida
queria te deixar com saudades de me ler e me ouvir para, em paz, dormir como se minha poesia fosse cantiga de ninar ou excitar sonhos partitura para se executar uma sonata de amor, de reconquista e vontade de viver a vida
se o poema te transforma e tua rotina pede mais, ah! Então serei complacente em te retribuir com lágrimas para teu choro, beijos para teu encontro abraços para tua carência, reprimendas para tua consciência
fé para andar firme pimenta para teu ardor tão necessário para sobreviver a isolamentos, lamentos desencantos de nossos dias
que meu poema seja canto incontinente, sem moderação a contento de tua alma, bálsamo de alegria e emoção ao teu lado hoje e teu anel de sempre
Só, em silêncio:
‘Deshasbilles-toi de tout’
Ella Dominici
O Sistema Reprodutor: Uma perspectiva integrada
COLUNA SAÚDE INTEGRAL
Joelson Mora:
‘O Sistema Reprodutor: Uma perspectiva integrada’
O sistema reprodutor humano desempenha um papel vital na perpetuação da espécie, sendo responsável pela produção de células sexuais e pelos processos necessários para a reprodução. Ele é composto por órgãos especializados que variam entre homens e mulheres, mas que compartilham funções essenciais. Além disso, sua relação com o desempenho físico e os impactos de doenças relacionadas destacam a importância de uma abordagem à saúde integral.
Nos homens, o sistema reprodutor inclui os testículos, epidídimo, ductos deferentes, vesículas seminais, próstata e pênis. Os testículos são responsáveis pela produção de espermatozoides e do hormônio testosterona. Nas mulheres, o sistema é composto pelos ovários, tubas uterinas, útero, vagina e vulva. Os ovários produzem os óvulos e liberam hormônios como estrogênio e progesterona.
Os espermatozoides, nos homens, são células altamente especializadas com uma estrutura composta por cabeça, peça intermediária e cauda. Nos ovários femininos, os óvulos são as maiores células do corpo humano, contendo nutrientes essenciais para o desenvolvimento inicial do embrião.
A morfologia dos órgãos reprodutores é evidente entre os sexos, e os hormônios exercem influência direta nas características sexuais secundárias. Nos homens, a testosterona não apenas regula a produção de espermatozoides, mas também desempenha um papel fundamental no desenvolvimento muscular e na redução da gordura corporal, especialmente quando associada ao treinamento físico. Já nas mulheres, o estrogênio e a progesterona estão ligados à regulação do ciclo menstrual e à preparação do corpo para a gravidez.
Homens e mulheres têm respostas hormonais diferentes ao treinamento físico. A testosterona, predominante nos homens, promove o crescimento muscular e a melhora da força, enquanto, nas mulheres, o estrogênio contribui para a manutenção óssea e a recuperação muscular. Embora as mulheres tenham menores níveis de testosterona, elas ainda podem desenvolver força e resistência de forma eficaz com uma rotina adequada de exercícios.
Doenças Relacionadas e DSTs
Entre as doenças que afetam o sistema reprodutor, as DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) são uma preocupação global. Infecções como HIV/AIDS, sífilis, gonorreia e clamídia continuam a ser prevalentes, com dados alarmantes. No Brasil, por exemplo, a taxa de infecções por HIV apresentou um aumento de 21% entre 2010 e 2020, segundo o Ministério da Saúde.
A circuncisão masculina (postectomia) tem sido amplamente estudada como uma estratégia preventiva contra o HIV/AIDS. Estudos mostram que homens circuncidados têm um risco 60% menor de contrair HIV durante relações heterossexuais. Esse procedimento, portanto, tem sido adotado em campanhas de saúde pública como uma medida de redução de riscos.
A testosterona, além de sua função reprodutiva, é crucial para o desenvolvimento muscular. Ela promove a síntese de proteínas e o aumento da massa magra, ao mesmo tempo que ajuda a reduzir os níveis de gordura corporal. Com o envelhecimento, os níveis de testosterona tendem a diminuir, o que pode levar a uma perda de massa muscular, aumento de gordura e diminuição da libido. Exercícios regulares, especialmente os de resistência, são eficazes em manter e aumentar os níveis de testosterona naturalmente.
Uma rotina diária de exercícios traz inúmeros benefícios para a saúde reprodutiva de ambos os sexos. Nos homens, o exercício físico regular pode melhorar a qualidade do esperma e aumentar os níveis de testosterona. Para as mulheres, os exercícios ajudam a regular os ciclos menstruais, melhorar a função ovariana e reduzir os sintomas da menopausa. Além disso, uma vida fisicamente ativa diminui o risco de doenças crônicas, como diabetes e doenças cardiovasculares, que podem afetar negativamente a fertilidade.
Manter uma rotina diária de exercícios físicos é fundamental para o bom funcionamento do sistema reprodutor, tanto masculino quanto feminino. Além de promover a saúde geral, os exercícios auxiliam no equilíbrio hormonal e na prevenção de doenças, incluindo as DSTs. A circuncisão masculina surge como uma importante medida preventiva contra o HIV/AIDS, e a testosterona, por sua vez, mostra-se vital no contexto do desenvolvimento muscular e controle da gordura corporal.