‘Dom Pedro II: O Imperador Erudito que transformou o Brasil pela Ciência, pela Cultura e pela Educação’
Dom Alexandre Rurikovich CarvalhoArte em estilo vintage criada por IA do ChatGPT, apresentando curiosidades sobre Dom Pedro II, com fundo em tom sépia, tipografia clássica e um retrato central do imperador. Ao redor da imagem, dez curiosidades destacam seu conhecimento, paixão pela ciência, tecnologia, educação, artes e simplicidade pessoal.
Matéria Especial Bicentenário de Dom Pedro II
INTRODUÇÃO – UM GOVERNANTE FORJADO PELO SABER
No cenário político e cultural do século XIX, poucas figuras tiveram impacto tão profundo e duradouro quanto Dom Pedro II, o último imperador do Brasil. Educado desde a infância para governar, tornou-se um símbolo singular da monarquia tropical: um soberano que fez da inteligência, da moderação e da cultura as bases de seu reinado.
Durante quase meio século, guiou o país por caminhos de estabilidade, modernização e abertura intelectual. O Brasil Imperial tornou-se, nas palavras de muitos historiadores, um “país de ideias”, movido por um líder que colocava livros acima de cerimônias e professores acima de nobres.
I. O IMPERADOR ERUDITO
Um Estudante Infatigável em um Trono de Livros
Dom Pedro II teve uma formação acadêmica sem precedentes na história brasileira. Aos 5 anos, iniciou uma rotina de estudos que duraria a vida inteira: despertava às 6h, estudava diversas disciplinas até a noite e tinha pouco tempo para descanso ou lazer.
• Um Poliglota Excepcional
A lista de idiomas que dominava inclui:
Francês, inglês, alemão, italiano e espanhol (línguas modernas),
Latim, grego antigo, hebraico e árabe (línguas clássicas e orientais),
Tupi, provençal, russo e sânscrito, entre outros.
Ele lia jornais estrangeiros diariamente, sem tradutores, e mantinha correspondência com intelectuais de vários países.
• Cadernos, Diários e a Disciplina do Saber
Seus cadernos pessoais registram as mais diversas leituras: poesia, filosofia, química, matemática, história natural, política e até manuais astronômicos. Documentos mostram que chegava a ler mais de 200 páginas por dia.
II. O SOBERANO DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA
Um Monarca Cientista em Pleno Século XIX
Dom Pedro II foi um dos governantes mais abertos à tecnologia de seu tempo. Ele não apenas conhecia invenções modernas – frequentava laboratórios, patrocinava pesquisas e buscava aplicar novidades no Brasil.
• O Encontro Histórico com Thomas Edison
Durante viagem aos Estados Unidos, visitou pessoalmente o laboratório de Thomas Edison. Ao testar o fonógrafo, encantou-se imediatamente. A imprensa americana relatou o assombro do imperador e destacou sua capacidade de compreender detalhes técnicos da máquina.
• Fotografia e Documentação
Foi um dos primeiros monarcas do mundo a ser fotografado, mas não se limitou a posar:
Fotografava pessoalmente,
Desenvolvia imagens em laboratório próprio,
Incentivava fotógrafos profissionais,
Registrava expedições científicas e eventos nacionais.
Seu apoio à fotografia ajudou a consolidar o Brasil como um dos primeiros países do mundo a possuir documentação fotográfica sistemática.
• Instituições Científicas e Pesquisadores
Sob seu patrocínio avançaram projetos como:
Observatório Nacional
Museu Nacional
Comissão Geológica do Império
Expedições naturalistas estrangeiras
Estudos sobre astronomia, meteorologia e geografia física
Seu nome figurou em mais de 50 academias científicas internacionais, incluindo prestigiadas sociedades europeias.
III. O MECENAS DAS ARTES E DAS LETRAS
O Imperador que Conversava com Gênios
A cultura foi um dos eixos centrais do reinado de Dom Pedro II. Ele acreditava que a arte civilizava e que o conhecimento preenchia o espírito humano.
• Relações com Personalidades Globais
Trocou cartas e visitas com grandes nomes da literatura e da música:
Victor Hugo admirava sua postura humanitária,
Richard Wagner agradecia seu incentivo às artes,
Franz Liszt o recebeu em recitais privados,
Ernest Renan e Camille Flammarion discutiam ciência e filosofia com o Imperador.
Ele também apoiou artistas brasileiros como Pedro Américo, Vítor Meireles, Rodolfo Amoedo, Porto-Alegre e muitos outros.
• Instituições de Cultura
Durante seu reinado, fortalecem-se e modernizam-se:
Biblioteca Nacional (o maior acervo das Américas no século XIX),
Museu Nacional,
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro,
Academia Imperial de Belas Artes,
Escolas de música, teatro e pintura.
IV. EDUCAÇÃO COMO PILAR DO FUTURO
A Obra de um Imperador Professor
Dom Pedro II percebia a educação como a verdadeira força da modernidade. Era defensor de escolas públicas, incentivo aos professores e pesquisa científica.
• Reformas e Ações Estruturais
• Reformas e Ações Estruturais
Entre suas contribuições:
Ampliação da instrução básica,
Envio de estudantes brasileiros para Europa,
Modernização de colégios e liceus,
Financiamento pessoal para professores e pesquisadores.
Ele dizia: “A instrução é a base da liberdade. Sem educação, o Brasil não poderá ser grande.”
V. O IMPERADOR HUMANISTA E A ABOLIÇÃO
A Consciência Moral de um Líder
Dom Pedro II era abertamente contrário à escravidão desde a juventude. Considerava o sistema “degradante” e contrário aos princípios cristãos e civilizatórios.
• Atuação e Influências
Embora não pudesse abolir por decreto, apoiou medidas gradualistas, como:
Lei do Ventre Livre (1871),
Lei dos Sexagenários (1885),
Incentivo à libertação voluntária,
Participação indireta no movimento abolicionista.
Sua filha, Princesa Isabel, recebeu forte influência de sua postura, culminando na Lei Áurea (1888).
VI. EXÍLIO, SOLIDÃO E UM AMOR QUE NÃO SE APAGOU
O Fim de Um Reinado e a Memória do Brasil
Derrubado pelo golpe militar de 1889, Dom Pedro II embarcou para a Europa sem resistir. Levou consigo poucos pertences: essencialmente livros, cadernos e memórias.
• Uma Vida Modesta em Paris
Recusou pensão do governo republicano e viveu de forma simples em hotéis europeus. Sua rotina no exílio era marcada por leituras, passeios discretos e saudades profundas do Brasil.
• A Morte e o Regresso
Faleceu em 1891, aos 66 anos. Ao seu lado, havia um saco com terra brasileira, que foi depositado sob sua cabeça no caixão – símbolo comovente de sua conexão eterna com o país.
Seu corpo retornou ao Brasil apenas em 1921, já em tempos republicanos.
CONCLUSÃO – UM IMPERADOR PARA ALÉM DA MONARQUIA
Dom Pedro II permanece como uma das figuras mais admiradas da história nacional. Seu reinado deixou marcas profundas na ciência, na cultura, na literatura, na educação e na identidade do Brasil. Em um período em que muitos monarcas europeus viviam para o luxo e a pompa, o soberano brasileiro vivia para estudar, estimular e construir.
Um intelectual no trono. Um mecenas em meio à política. Um homem simples que carregou um império. E um brasileiro cuja grandeza continua a inspirar gerações.
REFERÊNCIAS
Obras clássicas e biografias:
CALMON, Pedro. História de Dom Pedro II. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975.
CARVALHO, José Murilo de. Dom Pedro II: Ser ou Não Ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. As Barbas do Imperador. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
BARMAN, Roderick. Citizen Emperor: Pedro II and the Making of Brazil, 1825–1891. Stanford: Stanford University Press, 1999.
Documentos e fontes primárias:
Diários de D. Pedro II – Arquivo Nacional / IHGB.
Correspondências Epistolares – Coleções da Biblioteca Nacional.
Acervo Fotográfico Imperial – Museu Imperial de Petrópolis.
Estudos complementares:
COSTA, Emília Viotti da. Da Monarquia à República. São Paulo: UNESP, 1999.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 1994.
HILSDORF, Maria Lúcia. História da Educação no Brasil. São Paulo: Global, 2004.
Findo o ano de 2025 aposentada na matrícula mais antiga da Rede Estadual do Rio de Janeiro. Formei-me em 1996 em Português/Francês. São quase trinta anos de ensino de língua materna e estrangeira. Quando iniciei a docência, ministrava aulas em cursos de línguas no município do RJ e, na baixada, especificamente, no Sargento Roncalli. De lá, tenho ótimas recordações de alunos e fiz amigos. Nesse período, dediquei-me a pesquisas. Fui do curso de extensão ao doutorado. Minha prática pedagógica foi sendo aprimorada à medida que eu ia desenvolvendo pesquisas.
Como a palavra “educação” tem origem no latim e se conecta a duas raízes: educare (“criar”, “nutrir”, “alimentar”) e educere (“conduzir para fora”), a etimologia sugere a ideia de guiar o indivíduo para fora de si mesmo, desenvolvendo seu potencial e preparando-o para o mundo. Essa concepção norteou minha prática pedagógica até hoje.
Entretanto, chegar à aposentadoria e ao fim deste ano letivo e constatar o desmonte da EDUCAÇÃO é lamentável. Anos de dedicação, estudo, de práticas inovadoras, matérias, artigos, livros e ebooks publicados para me encontrar em um CAOS: professores doentes, alunos desinteressados, carga horária excessiva, má formação e infraestrutura, assédio moral…
Especialistas alertam que a romantização da docência e a ausência de legislação federal específica criam um cenário de “violência invisível” e impunidade. Isso acarreta o padecimento em massa nas escolas (de todos os envolvidos: do aluno à direção). Na sala de aula, professor se depara com falta de material, desrespeito, muitas vezes, Bullying, a desordem impera. E todos adoecem. Há relato de que o professor passou mal em sala no fim do turno e levou falta por ter saído umas horas antes de findar o horário. Muitas denúncias de assédio moral. A prática vem atingindo “níveis alarmantes”, onde o ambiente escolar TÓXICO está se transformando em um local de adoecimento físico e/ou psíquico.
A sala de aula se tornou um ringue. Vence quem é o mais astuto. Nós, professores, entramos em um campo de batalha, minado. Por mais que organizemos as atividades, jamais poderemos imaginar o que nos acontecerá. Os nervos vivem à flor da pele. Qualquer barulho abala nosso sistema nervoso. Constantemente, estamos “no limite”.
Vale ressaltar que o professor não é um missionário. Somos profissionais! Porém, muitas vezes, ainda a sociedade nos vê como “segunda família”. Impera uma visão romantizada da docência. Isso acarreta um mecanismo de silenciamento. Porque somos “SUPER HERÓIS”. Há uma cultura de que a culpa da violência institucional é nossa. Por quê? A que ouvimos e lemos constantemente: não somos competentes, não temos domínio de turma, não organizamos uma aula motivadora, não construímos o conhecimento, não temos capacitação para lidar com as múltiplas deficiências… Triste realidade! Estamos exaustos! Desmotivados! Abalados!
O Brasil lidera rankings internacionais de violência contra professores (OCDE). O resultado prático é o esvaziamento das licenciaturas (ainda mais com a reforma da previdência) e o aumento exponencial da Síndrome de Burnout. A escola é uma instituição de construção de conhecimento. Não triturador de sonhos. Este local precisa ser frutífero: disseminador de conhecimentos, realização de descobertas…. Um local de satisfação, contemplação… Jamais de destruição de corpo e alma.
Para quem veste a camisa da Educação, diariamente, é desolador, aterrorizante ler notícias de ataques (seja lá qual for a natureza da violência) nas escolas. Passei minha vida em sala de aula (ora como aluna ora como professora) e jamais poderia imaginar que viveria uma total desordem neste ambiente de construção de conhecimento. Como professora de literaturas, na atualidade, raramente, um aluno lê o texto sugerido. Aliás, até mesmo professor pouco lê muitas vezes. Estamos na Era do Imediatismo, de consulta à IA… Quem “gasta” seu “HD” refletindo…?
Devemos entender que a vida é um grande palco, interpretamos a todo momento. Mas no palco da sala de aula, ninguém quer ser o “palhaço”. O aluno precisa ser orientado de que estudar é um ato solitário. Precisamos de silêncio para refletir, estabelecer relações. A vida não é uma grande festa 24 horas.
E, no “apagar das luzes” de 2025, a rede Estadual de Educação do Rio de Janeiro está divulgando uma mudança feita por meio do decreto nº 49.994/2025 decreto assinado pelo governador do estado, Cláudio Castro. Este com o objetivo de reduzir a evasão escolar, o governo do Rio de Janeiro autorizou que “alunos do ensino médio reprovados em até seis disciplinas possam avançar para a série seguinte. Esses deverão cumprir um regime especial de recuperação no ano seguinte, no qual deverá ser concluído até o fim do primeiro trimestre”.
No caso dos alunos do 3º ano do Ensino Médio, o limite de reprovações reduziu para três disciplinas. Se aprovados na recuperação, poderão receber o certificado de conclusão do Ensino Médio. Concorda?
A questão é: para esta Geração Alpha (2010-2025 – os mais jovens, nascidos em um ambiente digital e imersos em tecnologia), há sentido em estudar? Quem estudará? Alguém prestará atenção no professor? Como preparar os alunos para ENEM, UERJ, PUC RJ com esta alteração? Há 30 anos preparo para exames externos (esses e para ingresso na carreira militar), especificamente os alunos da rede Estadual do RJ, nunca vi tamanho desinteresse já neste ano de 2025. Estou imaginando a partir de 2026 como será.
Quanto às leis nº 10.639/2003 (estabeleceu o ensino da cultura afro-brasileira) e 1.645/2008 (ampliou essa obrigatoriedade ao incluir a cultura e história dos povos indígenas), urge apresentar escritores, escola literária a qual pertence e seu estilo. Fica a dica para conhecerem outros autores contemporâneos no ebookNavegando nas Literaturas afro-brasileiras e indígenas.
Por uma educação de qualidade!!! Os alunos da Rede Estadual do Rio de Janeiro merecem ser bem preparados!!! Abaixo o decreto nº 49.994/2025 !!!!
Dom Alexandre Rurikovich CarvalhoDom Pedro II – Imagem criada por IAdo ChatGPT
À Augusta Memória de Sua Majestade Imperial, Dom Pedro II, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil (in memoriam):
Não me dirijo apenas ao soberano coroado que a História consagrou, mas ao homem cuja maior riqueza foi a simplicidade do espírito e a nobreza silenciosa de um coração devotado ao bem.
Recordo, com reverente gratidão, aquele que, mesmo assentado no trono, preferia habitar entre livros, manuscritos, instrumentos científicos e obras de arte, como um eterno discípulo diante da vastidão do conhecimento humano. Vossa Majestade, que fez da curiosidade um farol e da sabedoria um princípio de Estado, ensinou-nos que o poder sem cultura é cego, e que a autoridade sem virtude é vazia.
Não governastes somente por decretos e instituições, mas, sobretudo, pela força moral que emanava de vosso exemplo. Soubestes ouvir o povo, compreender-lhe as dores e abraçar, com serena humildade, os desafios de um país jovem que buscava sua identidade entre as nações civilizadas.
Mostrastes que a grandeza de um monarca não reside na pompa dos palácios, mas na firmeza de caráter, na doçura do trato e na capacidade de servir com dedicação aquele mesmo povo que vos confiou o destino da Pátria.
Vosso amor pela educação abriu horizontes luminosos às gerações vindouras; vosso apreço pela ciência impulsionou descobertas, debates e instituições que moldaram o pensamento brasileiro; vossa paixão pela cultura fez resplandecer a alma deste vasto Império, conferindo-lhe dignidade, reconhecimento e estima além de suas fronteiras. Fostes, para o Brasil, não apenas o Imperador, mas o patrono das luzes, o incentivador dos talentos e o guardião de um ideal de civilização.
Ao recordar-vos neste solene Bicentenário de vosso nascimento, não enxergo apenas o chefe de Estado cuja biografia habita os anais da História, mas o amigo da sabedoria, o espírito magnânimo que acreditava no progresso humano e o homem de alma serena que, mesmo no exílio, jamais deixou de amar a Terra de Santa Cruz.
Vossa vida – marcada pela dignidade nos dias de glória e pela grandeza nos dias de dor – permanece como uma das mais puras expressões do dever e do patriotismo.
É, pois, com devoção, orgulho e profundo respeito, que dedico à Vossa Augusta Memória esta singela e sincera homenagem.
Verônica MoreiraConto infantil ‘O Natal iluminado da Vekinha’
Era uma vez, na amada Rua do Sapo — cercada por cafezais, mangueirais e um perfume doce de terra molhada — que a pequena Vekinha aguardava ansiosa pela noite de Natal.
Ela sabia que aquela data celebrava o nascimento do Menino Jesus, e seu coração se enchia de ternura cada vez que ouvia a história da estrela que guiou os três reis magos até a manjedoura. Para Vekinha, o Natal era mais do que presentes: era o momento mágico em que a família se aproximava um pouco mais, depois de um ano inteiro de muito trabalho.
Quando dezembro chegava, tios, primos, avós e vizinhos passavam a andar mais devagar, como se o espírito natalino soprado pelo vento lembrasse a todos que nascer — assim como Jesus nasceu — é sempre motivo para comemorar.
E Vekinha amava comemorar. Amava ainda mais fazer as pessoas sorrirem.
Por isso, naquela tarde serena, ela escreveu uma carta para o Papai Noel. Acreditava, do fundo do coração, que o bom velhinho era uma forma carinhosa do Papai do Céu visitar as crianças. E por isso fez seus pedidos com toda a pureza do mundo.
A carta de Vekinha
“Querido Papai Noel,
Nesta véspera de Natal, eu gostaria de pedir um presente especial. Mas não quero escolher — quero surpresa! Um presente que me faça muito feliz.
Não tenho lista… Na verdade, só preciso que o senhor traga minha família inteira para alegrar o meu Natal. Que meus tios, priminhos e meus irmãos estejam todos comigo.
Queria que a vovó Cirene trouxesse doce de leite, cocada e pé de moleque. Que a tia Tonha trouxesse rapadura e fizesse puxa-puxa para todos nós.
Queria também que a mamãe preparasse quibe cru, porque nunca pode faltar, já que não temos dinheiro para comprar peru.
Ah, e eu queria tanto tomar Guaraná Antarctica… o senhor sabe o quanto eu amo Guaraná. Acho que pedi tudo. Mas, se eu tiver esquecido de alguma coisa, sei que o senhor conhece meu coração. Ah, Papai Noel, preciso lhe contar uma coisa incrível…
Este ano nossa cidade recebeu um presente especial! Nosso prefeito, Dr. Giovanni, buscou recursos e, com a ajuda dos artistas e moradores, deixou a cidade inteira iluminada. A mamãe e o papai prometeram nos levar para conhecer sua casinha de Noel.
Dizem que o coreto tem um trenó enorme e que o senhor está lá, esperando o momento certo de espalhar presentes e amor por toda a cidade!
Meu tio Jadir comprou alguns presentes para nós, e sei que será algo muito especial. Ele sempre acerta. Termino pedindo que todas as crianças da nossa cidade — e do mundo — sejam muito amadas. Até o Natal, espero tirar uma foto no seu trenó.
Abraço da Vekinha.”
Ao terminar a carta, Vekinha correu para a sala, radiante. Já imaginava como seria a praça iluminada. Mal podia esperar para ver tudo de perto!
— Mamãe, vamos agora? Eu tô tão ansiosa! — disse, quase pulando.
A mãe sorriu e perguntou:
— Filha, o que você gostaria de ganhar neste Natal?
— Ah, mamãe… é segredo! Já contei tudo para o Papai Noel. Deixei a carta no meu sapatinho, na janela, como o papai ensinou.
Dona Conceição ficou curiosa, mas respeitou o mistério, sabendo que o papai também esperava o momento certo para espiar aquela cartinha cheia de amor.
Naquela noite, a família inteira saiu para ver a cidade iluminada. A praça estava mágica, brilhante como nunca antes. Havia renas, bonecos de neve, carinhas simpáticas, um balão para fotos e o grande presépio, onde Vekinha fez uma pequena oração ao ver José, Maria e o Menino Jesus na manjedoura.
O trenó no coreto parecia ter vindo diretamente do Polo Norte. Fotógrafos ajudavam as famílias a registrarem a magia para sempre. Caratinga estava tão linda que até turistas vieram de longe para ver o brilho daquele Natal.
Depois de caminhar encantada, a família tomou um lanche no Bob’s e voltou para casa, com o coração feliz e a alma leve.
A véspera encantada
Todos colocaram seus sapatinhos com cartinhas na janela. E, quando dormiram, Papai Noel — silencioso como o vento — leu cada pedido com carinho.
Na manhã seguinte, as cartas haviam sumido. Os sapatinhos continuavam lá, mas agora a magia tinha começado. Faltavam apenas algumas horas para o presente chegar.
À noite, a casa se encheu: tio Jadir, vovó com seus doces, vovô com sua bengala de martelo, tia Tonha com o puxa-puxa e tantos outros amigos. O Natal brilhou em cada sorriso.
Depois da ceia, todos foram dormir ansiosos.
Vekinha adormeceu abraçada à boneca Papinha que ganhou do tio Jadir. Sonhou com estrelas, trenós e risadas suaves de anjos.
Até que…
O galo cantou. Quatro horas da manhã.
Vekinha saltou da cama, correu à janela e lá estavam: seus presentes e os dos irmãos, todos no lugar dos sapatinhos.
Ela abriu o dela e encontrou uma boneca igualzinha a ela — até o nome era Vekinha! Feita com tanto carinho que parecia ter sido moldada pelo próprio espírito do Natal.
Vekinha cantou feliz:
“Deixei meu sapatinho na janela do quintal… Papai Noel deixou meu presente de Natal…”
Os irmãos acordaram com o canto e correram para ver os próprios presentes. Cada um recebeu exatamente o que havia pedido.
E assim, entre abraços, risos e cantorias, nasceu o Natal mais iluminado da vida de Vekinha.
Há mundos que só se visitam quando o corpo dorme e a alma desperta. A Colônia dos Abacateiros é o relato luminoso dessas travessias
Capa do livro ‘A Colônia dos Abacateiros’, de Suziene Cavalcante
Suziene Cavalcante é uma multifacetada escritora brasileira contemporânea. Após lançar obras dos segmentos jurídico, poético-literário, ficção-romance, biográfico, histórico, contos e prosa, lança A Colônia dos Abacateiros, um livro que revela a espiritualidade da autora.
Sinopse
Há mundos que só se visitam quando o corpo dorme e a alma desperta. A Colônia dos Abacateiros é o relato luminoso dessas travessias: uma obra inspirada nas experiências espirituais, projeções astrais e encontros sutis vividos pela autora, que recebeu a missão de traduzir em palavras o que viu nos planos da luz.
Nesse livro, o leitor adentra uma colônia espiritual em pleno nascimento—uma morada de cura, estudo, poesia e recomeço, onde pedreiros celestes erguem casas com preces, poetas desencarnados inspiram encarnados em sonho e mestres de luz orientam espíritos em transição. Entre jardins perfumados, pavilhões de sabedoria, hospitais vibracionais e templos de arte, revelam-se reencontros com entes queridos, congressos de poetas universais, tecnologias sutis e processos de reencarnação guiados por equipes espirituais.
A Colônia dos Abacateiros surge como um cinturão de amparo entre Goiás e Mato Grosso, irradiando cura especialmente aos que carregam dores profundas no corpo espiritual. Em suas alamedas, Cora Coralina, Manoel de Barros, Mário Quintana e outros espíritos ilustres ensinam que a poesia é ponte entre mundos, e que o amor é, acima de tudo, a verdadeira arquitetura do universo.
Mais do que um livro, esta é uma obra de consolo e esperança. Um convite para lembrar: a morte não é fim, mas retorno; a vida se estende em dimensões invisíveis; e cada gesto de amor que praticamos na Terra ergue, no Céu, uma nova morada.
Uma leitura para quem sente, pressente e deseja recordar de onde veio. Um cântico espiritual que acolhe, cura e ilumina.
Natural de Rondonópolis (MT), é bacharel em Direito, Letras e Teologia, policial estadual em Mato Grosso, poetisa, escritora de contos revolucionários, compositora e cantora cívica, com livros publicados em diversos segmentos: jurídico, poético-literário, ficção-romance, biográfico, contos, prosa etc. Autora do livro ‘A História de Cuiabá em Poesia – 300 anos’.
É Embaixadora Cultural da AIAP – Academia Intercontinental de Artistas e Poetas e coordenadora do Projeto Arte Jurídica/2° Juizado TJ-MT.
Autora de hinos de várias entidades, dentre as quais, ONU; Universidade de Sorbonne, OAB Nacional, Magistratura Federal; UFR- Universidade Federal de Rondonópolis e ABL- Academia Brasileira de Letras.
É biógrafa museal de personalidades pátrias célebres, dentre as quais Cora Coralina, Carlos Drummond de Andrade, Oscar Niemeyer e Dom Aquino Correia, biografias escritas no formato poético-literário-histórico.
Na senda biográfica-poética, escreveu sobre Fernando Pessoa; Juscelino Kubitschek; Cecília Meireles e a História de Rondonópolis.
Nadia Bussacchini na XV Florence Biennale: uma poética de luz e sombra
Logo da seção Entrevistas ROLianasNadia Bussacchini. Foto por Bianca Agnelli
Firenze, 21 de outubro de 2025. Conheci Nadia Bussacchini por acaso, em um daqueles intervalos sutis que precedem os eventos destinados a se transformar em lembrança coletiva. Na área teatro do Pavilhão Spadolini, na Florence Biennale, uma expectativa crescente tomava o ambiente: fileiras de cadeiras já estavam ocupadas, alguns técnicos davam os últimos retoques com a iluminação, e o murmúrio distante da Fortezza da Basso se preparando para receber Tim Burton – aguardado por todos nós com seis horas de antecedência – para receber o prêmio Lorenzo il Magnifico pela carreira.
Nadia Bussacchini e Bianca Agnelli
Ela estava a poucos metros de distância, com um crachá que parecia pertencer à equipe. Perguntei-lhe uma informação qualquer, um gesto distraído para preencher a espera. Mas, em vez de uma resposta formal, recebi um sorriso e uma frase simples: “Sou artista.”
A partir daí, a conversa se abriu naturalmente. Ela me contou sobre suas obras, sobre o seu espaço expositivo em outro pavilhão, e me pediu – quase como uma brincadeira – para guardar o lugar dela. Mais tarde, quando a sala já estava cheia e o ar carregado de expectativa, ela voltou. Compartilhamos aquelas horas juntas, e formou-se uma conexão especial.
Após a cerimônia, fui ver seus quadros. Três telas, dispostas como um pequeno conto visual sobre maternidade, expectativas, realidade – e, sobretudo, sobre ser mulher.
Os títulos: Revelation, The Light Within, Contemplation.
Tela Revelation. Foto por Bianca Agnelli
Em Revelation, uma concha de náutilo emerge de um fundo escuro. É um objeto antigo, quase sagrado, uma espiral perfeita que guarda o mistério do crescimento e da proteção.
Em The Light Within, o náutilo retorna, desta vez ao lado do seio de uma mulher, como se a ideia de “casco” e a de “corpo” se fundissem em um único gesto de cuidado.
Por fim, em Contemplation, uma figura feminina deixa-se envolver por elementos aquáticos e naturais – um polvo, peixes, uma mariposa luminosa – como se a natureza reclamasse os contornos do humano.
Nadia Bussacchini nasceu em Brescia, Itália e vive nos Estados Unidos, mas a sua pintura surge de um lugar que existe além da geografia. Após uma formação clássica, enriquecida por estudos de história da arte e pintura no exterior, encontrou o mestre Manuel Piña, com quem aprimorou seus conhecimentos sobre luz e sombra, seguindo a tradição da “scuola bottega”.
Tela The Light Within. Foto por Bianca Agnelli
Desde então, seu percurso entrelaça culturas, países e linguagens, mantendo no centro uma constante: a exploração da luz como lugar interior, como revelação silenciosa.
Suas obras, suspensas entre realismo e sonho, entre matéria e símbolo, falam com uma voz suave, porém poderosa. A concha, a mulher, a água, a luz: cada elemento se repete como uma oração laica. Olhá-las é como inclinar-se sobre um limiar – aquele entre o corpo e o espírito, entre o que se mostra e o que permanece invisível.
E é justamente nesse limiar que se move o tema da XV Florence Biennale, The Sublime Essence of Light and Darkness: Concepts of Dualism and Unity.
Nas obras de Bussacchini, a luz nunca é apenas luminosa, e a sombra nunca é apenas ausência. Trata-se de um diálogo contínuo entre revelação e mistério – um léxico que pertence tanto à matéria pictórica quanto à condição humana.
Para compreender mais profundamente a poética e o percurso de Nadia Bussacchini, fiz algumas perguntas sobre os temas e as imagens que habitam suas obras.
Tela Contemplation. Foto por Bianca Agnelli
Luz e escuridão, dualismo e unidade: conceitos profundamente entrelaçados ao seu vocabulário visual.
Como você interpretou essas ideias na série exposta, e o que a levou a explorá-las neste momento da sua carreira?
A luz e a escuridão sempre foram, para mim, duas presenças que convivem, como duas vozes que não se anulam, mas se completam. Na série que apresentei, quis aprofundar esse diálogo porque me encontro em um momento da carreira em que sinto a necessidade de compreender as origens das minhas emoções. A escuridão, para mim, não é um abismo, mas um ventre; e a luz não é uma resposta, mas uma passagem. Trabalhei buscando um equilíbrio entre essas duas forças, deixando que fossem elas a guiar o ritmo das imagens. Foi um processo de escuta profunda, quase meditativo, que acredito refletir perfeitamente meu estado interior.
O náutilo aparece em duas das suas obras – como concha em Revelation e junto ao corpo feminino em The Light Within.
Que significado esse símbolo tem para você? É um refúgio interior ou uma metáfora mais universal do nascimento e do acolher?
O náutilo é, para mim, um símbolo antigo, meditativo. Vejo-o como uma estrutura perfeita, uma espiral que cresce mantendo a memória de cada fase da sua existência. Em Revelation, representa o chamado para uma verdade interior, enquanto em The Light Within torna-se uma extensão do corpo feminino, um refúgio que guarda, mas que ao mesmo tempo convida a se abrir. O náutilo é, para mim, uma metáfora da viagem em direção a si mesma: conter, proteger, mas também renascer continuamente. É um símbolo que carrega delicadeza e força, assim como as mulheres que aparecem nos meus discursos visuais.
Nos seus quadros, maternidade, feminilidade e expectativas sociais se entrelaçam com a realidade.
Como você vive essa tensão na prática artística e na vida cotidiana, e como ela influencia a forma como você conta histórias através da pintura?
Ser mulher em um mundo cheio de expectativas é uma dança complexa. A maternidade – real ou simbólica – carrega um peso e uma luz que inevitavelmente infiltram-se no meu trabalho. Na minha prática artística, vivo essa tensão quase diariamente: o desejo de liberdade absoluta e, ao mesmo tempo, o chamado constante aos papéis que a sociedade nos impõe. Pintar torna-se então uma forma de renegociar esses limites, de contar não apenas o que vivo, mas o que muitas mulheres sentem e nem sempre conseguem expressar. Minha pintura, nesse sentido, é um lugar de libertação.
Antes da Florence Biennale, você expôs no Texas, no Marrocos e na Suíça, em contextos muito distintos.
Que herança você traz dessas experiências internacionais? Existe um fio invisível que liga todas as suas obras, ou cada exposição conta um capítulo separado?
Texas, Marrocos, Suíça… cada lugar me ensinou algo diferente, não apenas como artista, mas como ser humano. No Texas, percebi a força da multiculturalidade; no Marrocos, a poesia do silêncio e do deserto; na Suíça, a precisão e a calma. Acredito que exista um fio invisível que liga todas as minhas obras, mas não como uma linha reta… mais como um batimento, uma respiração que se repete de formas diferentes. Cada exposição é um capítulo, sim, mas pertencem todas ao mesmo livro emocional.
Você estudou com Manuel Piña, artista de forte matriz latino-americana.
Como a visão dele enriqueceu ou desafiou sua formação europeia? Você se sente artista entre dois mundos ou livre de fronteiras geográficas e estilísticas?
Estudar com Manuel Piña representou uma ponte entre mundos. Sua perspectiva latino-americana, tão potente e profundamente ligada à memória coletiva, abriu fendas na minha formação europeia, convidando-me a explorar a vulnerabilidade como força. Sinto-me uma artista entre dois mundos, mas também livre deles: minha identidade visual nasce dessa fusão, desse diálogo constante entre raízes e movimento.
Muitos dos seus trabalhos jogam com a luz, o corpo e a natureza de modos poéticos e suspensos.
Como você definiria o “lugar interno” onde nascem suas imagens? É um espaço de reflexão, memória, sonho… ou um entrelaçamento de tudo isso?
Minhas imagens nascem em um lugar que não saberia definir com uma única palavra. É memória, sim, mas também sonho; é reflexão, mas também intuição espontânea. É um espaço onde a lógica não domina: é mais parecido com um mar interno, no qual as ideias chegam como ondas. Algumas suaves, outras mais fortes, mas todas necessárias.
A Florence Biennale reúne artistas do mundo todo, e ainda assim suas obras parecem criar um diálogo íntimo com quem as observa.
Quando você pinta, o quanto pensa em quem verá o quadro, e o quanto deixa a obra falar sozinha?
Quando pinto, não penso em um público específico. Deixo que a obra nasça por si mesma, com seu ritmo e sua voz. Só depois, quando a exponho, percebo que a pintura sempre encontra um jeito de falar com quem a observa. Acredito que a magia esteja justamente aí: no fato de que cada espectador se torna coautor do significado.
Olhando sua trajetória artística, percebe-se uma continuidade sutil entre suas obras mais recentes e as mais antigas.
Se você tivesse que descrever esse fio invisível, como definiria a essência da sua pesquisa artística?
Se tivesse que descrever a essência da minha pesquisa artística, diria que nasce do desejo de compreender o ser humano por meio de símbolos que nos pertencem desde sempre – a luz, o corpo, a natureza, o rito. Meu fio invisível é a busca por um equilíbrio entre fragilidade e força, entre sombra e revelação. Todas as minhas obras, até as mais distantes no tempo, falam disso.
Em um mundo que muda tão rapidamente, como você acha que sua pintura, que entrelaça feminilidade, natureza e símbolo, pode dialogar com as transformações da nossa sociedade?
Vivemos em um mundo que muda em um ritmo vertiginoso. Acredito que minha pintura pode dialogar com essa mudança justamente porque busca a essência, não a superfície. Feminilidade, natureza e símbolo não são conceitos estáticos: são portas pelas quais observar o que está acontecendo. A arte pode ser um lugar de pausa, de consciência, de escuta. E é isso que busco oferecer.
Se pudesse escolher o próximo lugar para onde sua arte encontraria novos olhos e novos espaços, onde gostaria de levá-la? Existe o sonho especial de fazê-la chegar ao Brasil, permitindo que sua luz e suas histórias toquem terras distantes e novos públicos?
Gostaria de levar minha arte a muitos lugares, mas o Brasil ocupa um lugar especial no meu imaginário. Talvez por sua energia, talvez pela forma como celebra a vida e a espiritualidade. Seria uma honra compartilhar minhas histórias em um contexto tão vibrante. Cada nova terra é um novo diálogo, e sinto que o Brasil seria um encontro profundamente luminoso.
Agradeço a Nadia Bussacchini por nos conceder um olhar sobre seu mundo visual, onde a luz brinca com a sombra e a natureza conversa com o corpo humano. Suas obras não são apenas observadas: são escutadas, respiradas, levadas consigo. Percebe-se a delicadeza dos gestos, a força dos símbolos, a leveza com que o tempo se detém diante de uma concha, de uma mariposa, de um polvo que dança entre as cores.
Que essas imagens continuem a mover-se, a despertar curiosidade, a dialogar com novos olhos e culturas distantes; que encontrem quem as observe e o surpreendam, o toquem, o acompanhem por um instante fora do tempo cotidiano. Em um mundo que corre, a arte de Bussacchini é um suspiro profundo: silenciosa, potente, necessária.
Nadia Bussacchini alla XV Florence Biennale: una poetica della luce e dell’ombra
Firenze, 21 ottobre 2025
Ho conosciuto Nadia Bussacchini per caso, in uno di quei tempi sospesi che precedono gli eventi destinati a trasformarsi in ricordo collettivo. Nell’area teatro del Padiglione Spadolini, alla Florence Biennale, c’era un’energia di vibrante attesa: file di sedie occupate, qualche tecnico che sistemava le luci, e il brusio lontano della Fortezza da Basso che si preparava ad accogliere Tim Burton, atteso da noi tutti con sei ore d’anticipo per ricevere il premio Lorenzo il Magnifico alla carriera.
Lei era qualche metro distante, con un badge che sembrava appartenere allo staff. Le ho chiesto un’informazione, un gesto distratto per riempire l’attesa. Ma invece di una risposta formale, ho ricevuto un sorriso e una frase semplice: “Sono un’artista.”
Da lì, la conversazione si è aperta naturalmente. Mi ha raccontato delle sue opere, del suo spazio espositivo in un altro padiglione, e mi ha chiesto – quasi per gioco – di tenerle il posto. Più tardi, quando la sala si è riempita e l’aria era carica di aspettativa, è tornata. Abbiamo condiviso quelle ore insieme, e si è creata una connessione speciale.
Dopo la cerimonia, sono andata a vedere i suoi quadri. Tre tele, disposte come un piccolo racconto visivo sulla maternità, le aspettative, la realtà – e, soprattutto, sull’essere donna.
I titoli: Revelation, The Light Within, Contemplation.
In Revelation, una conchiglia di nautilus emerge da uno sfondo scuro. È un oggetto antico, quasi sacro, una spirale perfetta che racchiude il mistero della crescita e della protezione.
In The Light Within, il nautilus ritorna, questa volta accostato al seno di una donna, come se l’idea di “guscio” e quella di “corpo” si fondessero in un unico gesto di cura.
Infine, in Contemplation, una figura femminile si lascia avvolgere da elementi acquatici e naturali – un polpo, dei pesci, una falena luminosa – come se la natura reclamasse i contorni dell’umano.
Nadia Bussacchini è nata a Brescia e vive negli Stati Uniti, ma la sua pittura appartiene a un altrove. Dopo una formazione classica, arricchita da studi di storia dell’arte e pittura all’estero, ha incontrato il maestro Manuel Piña, con cui ha perfezionato la sua conoscenza della luce e dell’ombra, seguendo la tradizione della “scuola bottega”.
Da allora, il suo percorso ha intrecciato culture, paesi e linguaggi, mantenendo al centro una costante: l’esplorazione della luce come luogo interiore, come rivelazione silenziosa.
Le sue opere, sospese tra realismo e sogno, tra materia e simbolo, parlano con voce quieta ma potente. La conchiglia, la donna, l’acqua, la luce: ogni elemento si ripete come una preghiera laica. Guardarle è come sporgersi su una soglia – quella tra il corpo e lo spirito, tra ciò che si mostra e ciò che rimane invisibile.
Ed è proprio su questa soglia che si muove il tema della XV Florence Biennale, The Sublime Essence of Light and Darkness: Concepts of Dualism and Unity.
Nelle opere di Bussacchini, la luce non è mai solo luminosa e l’ombra non è mai soltanto assenza. È un dialogo continuo tra rivelazione e mistero – un lessico che appartiene tanto alla materia pittorica quanto alla condizione umana.
Per comprendere più a fondo la poetica e il percorso di Nadia Bussacchini, le ho rivolto alcune domande sui temi e sulle immagini che abitano le sue opere.
Luce e oscurità, dualismo e unità: sembrano concetti profondamente intrecciati al tuo linguaggio visivo.
Come hai interpretato queste idee nella serie che hai esposto, e cosa ti ha spinto a esplorarle in questo momento della tua carriera?
La luce e l’oscurità sono sempre state per me due presenze che convivono, come due voci che non si annullano ma si completano. Nella serie che ho presentato, ho voluto approfondire questo dialogo perché mi trovo in un momento della mia carriera in cui sento la necessità di comprendere le origini delle mie emozioni. L’oscurità, per me, non è un abisso, ma un grembo; e la luce non è una risposta, ma un passaggio. Ho lavorato cercando un equilibrio tra queste due forze, lasciando che fossero loro a guidare il ritmo delle immagini. È stato un processo di ascolto profondo, quasi meditativo, che credo rifletta perfettamente il mio stato interiore.
Il nautilus ricorre in due delle tue opere – come conchiglia in Revelation e accanto al corpo femminile in The Light Within.
Che significato ha per te questo simbolo? È un rifugio interiore o una metafora più universale della nascita e del contenere?
Il nautilus è per me un simbolo antico, meditativo. Lo vedo come una struttura perfetta, una spirale che cresce mantenendo memoria di ogni fase della sua esistenza. In Revelation rappresenta il richiamo a una verità interiore, mentre in The Light Within diventa un’estensione del corpo femminile, un rifugio che custodisce ma che allo stesso tempo invita ad aprirsi. Il nautilus è per me una metafora del viaggio verso sé stessi: contenere, proteggere, ma anche rinascere in modo continuo. È un simbolo che porta con sé delicatezza e forza, proprio come le donne che appaiono nei miei discorsi visuali.
Nei tuoi quadri, maternità, femminilità e aspettative sociali si intrecciano con la realtà.
Come vivi questa tensione nella tua pratica artistica e nella vita quotidiana, e come influenza il modo in cui racconti storie attraverso la pittura?
Essere donna in un mondo pieno di aspettative è una danza complessa. La maternità —reale o simbolica— porta con sé un peso e una luce che inevitabilmente si infiltrano nel mio lavoro. Nella mia pratica artistica vivo questa tensione quasi quotidianamente: il desiderio di libertà assoluta e, allo stesso tempo, il richiamo costante ai ruoli che la società ci impone. Dipingere diventa allora un modo per rinegoziare questi limiti, per raccontare non solo ciò che vivo, ma ciò che molte donne sentono e non sempre riescono a esprimere. La mia pittura, in questo senso, è un luogo di liberazione.
Prima della Florence Biennale, hai esposto in Texas, Marocco e Svizzera, in contesti molto diversi tra loro.
Quale eredità porti da queste esperienze internazionali? Esiste un filo invisibile che collega tutte le tue opere, o ogni esposizione racconta un capitolo a sé stante del tuo percorso creativo?
Texas, Marocco, Svizzera… ogni luogo mi ha insegnato qualcosa di diverso, non solo come artista ma come essere umano. In Texas ho percepito la forza della multiculturalità; in Marocco, la poesia del silenzio e del deserto; in Svizzera, la precisione e la calma. Credo che esista un filo invisibile che lega tutte le mie opere, ma non come una linea retta… più come un battito, un respiro che si ripete in modi diversi. Ogni esposizione è un capitolo, sì, ma appartengono tutti allo stesso libro emotivo.
Hai studiato con Manuel Piña, artista dalla forte impronta latinoamericana.
In che modo la sua visione ha arricchito o sfidato la tua formazione europea? Ti senti più artista tra due mondi o libera dai confini geografici e stilistici?
Studiare con Manuel Piña ha rappresentato un ponte tra mondi. La sua prospettiva latinoamericana, così potente e profondamente legata alla memoria collettiva, ha aperto crepe nella mia formazione europea, invitandomi a esplorare la vulnerabilità come forza. Mi sento un’artista tra due mondi, ma anche libera dagli stessi: la mia identità visiva nasce proprio da questa fusione, da questo dialogo costante tra radici e movimento.
Molti dei tuoi lavori giocano con la luce, il corpo e la natura in modi poetici e sospesi.
Come definiresti il “luogo interno” in cui nascono le tue immagini? È uno spazio di riflessione, di memoria, di sogno… o un intreccio di tutto questo?
Le mie immagini nascono in un luogo che non saprei definire con una sola parola. È memoria, sì, ma anche sogno; è riflessione, ma anche intuizione spontanea. È uno spazio dove la logica non domina: è più simile a un mare interno, in cui le idee arrivano come onde. Alcune dolci, altre più forti, ma tutte necessarie.
La Florence Biennale raccoglie artisti da tutto il mondo, eppure le tue opere sembrano creare un dialogo intimo con chi le osserva.
Quando dipingi, quanto pensi a chi guarderà il quadro, e quanto lasci parlare l’opera da sola?
Quando dipingo, non penso a un pubblico specifico. Lascio che l’opera nasca per sé stessa, con il suo ritmo e la sua voce. Solo dopo, quando la espongo, capisco che la pittura trova sempre un modo per parlare a chi la osserva. Credo che la magia stia proprio lì: nel fatto che ogni spettatore diventa co-creatore del significato.
Guardando la tua traiettoria artistica, si percepisce una continuità sottile che attraversa le tue opere più recenti e quelle del passato.
Se dovessi raccontare questo filo invisibile, come descriveresti il cuore della tua ricerca artistica?
Se dovessi descrivere il cuore della mia ricerca artistica, direi che nasce dal desiderio di comprendere l’essere umano attraverso simboli che ci appartengono da sempre —la luce, il corpo, la natura, il rito. Il mio filo invisibile è la ricerca di un equilibrio tra fragilità e forza, tra ombra e rivelazione. Tutte le mie opere, anche quelle più lontane nel tempo, parlano di questo.
In un mondo che cambia così rapidamente, come pensi che la tua pittura, che intreccia femminilità, natura e simbolo, possa dialogare con le trasformazioni della nostra società?
Viviamo in un mondo che cambia a un ritmo vertiginoso. Credo che la mia pittura possa dialogare con questo cambiamento proprio perché cerca l’essenza, non la superficie. Femminilità, natura e simbolo non sono concetti statici: sono porte attraverso cui osservare ciò che sta accadendo. L’arte può essere un luogo di pausa, di consapevolezza, di ascolto. Ed è questo che cerco di offrire.
Se potessi scegliere il prossimo luogo dove la tua arte troverà nuovi occhi, nuovi spazi, dove ti piacerebbe portarla? C’è un sogno speciale di farla arrivare in Brasile, lasciando che la tua luce e le tue storie tocchino terre lontane e nuovi pubblici?
Mi piacerebbe portare la mia arte in molti luoghi, ma il Brasile ha un posto speciale nel mio immaginario. Forse per la sua energia, forse per il modo in cui celebra la vita e la spiritualità. Sarebbe un onore condividere le mie storie
in un contesto così vibrante. Ogni nuova terra è un nuovo dialogo, e sento che il Brasile sarebbe un incontro profondamente luminoso.
Ringrazio Nadia Bussacchini per averci concesso uno sguardo nel suo mondo visivo, dove la luce gioca con l’ombra e la natura conversa con il corpo umano. Le sue opere non solo si guardano: si ascoltano, si respirano, si portano con sé. Si percepisce la delicatezza dei gesti, la forza dei simboli, la leggerezza con cui il tempo si ferma davanti a una conchiglia, a una falena, a un polpo che danza tra i colori.
Che queste immagini possano continuare a muoversi, a incuriosire, a dialogare con occhi nuovi e culture lontane; che possano trovare chi le guarda e lo sorprenda, lo tocchi, lo accompagni per qualche istante fuori dal tempo quotidiano. In un mondo che corre, l’arte di Bussacchini è un respiro profondo: silenzioso, potente, necessario.
Per rimanere aggiornati sul suo percorso, vi invito a visitare il suo sito ufficiale nbussacchini.com e a seguire l’artista su Instagram