O silêncio dos versos parnasianos

Um parnasiano de corpo e alma, Nicanor Pereira, agora, vai poetar ao lado dos imortais!

Nicanor Pereira declamando, na cerimônia promovida pela Câmara Municipal de Sorocaba, em homenagem aos 11 anos de fundação do grupo 'Coesão Poética de Sorocaba'
Nicanor Pereira declamando na cerimônia promovida pela Câmara Municipal de Sorocaba, em homenagem aos 11 anos de fundação do grupo ‘Coesão Poética de Sorocaba’

23 de setembro de 2024, às 21h36. Uma mensagem no WhatsApp me chama a atenção. Fábio, filho do amigo e confrade Nicanor Pereira, informa sobre um quadro doloroso de seu pai. Segundo o comunicado, “ele não está bem! Desde sexta-feira começou com quadro de desconforto abdominal. Hoje teve piora. Estejam em oração”.

24 de setembro, às 17h20, nova mensagem. A que eu não gostaria de receber! “Boa tarde, venho comunicar o falecimento do meu sogro Nicanor”

Termina, assim, aos 85 anos, a trajetória terrena de Nicanor Filadelfo Pereira, natural de São Paulo, capital, nascido aos 19 de agosto de 1939, no bairro Ipiranga e, depois, a família transferindo-se para o bairro Cambuci.

Aos sete anos de idade, a família mudou-se para Jandira (SP).

Na adolescência, seu pai adquiriu um sítio, onde Nicanor e suas irmãs, juntamente com os pais e agregados, dedicavam-se à atividade agropecuária familiar, com destaque à produção de laticínios e hortaliças, cujos produtos eram vendidos a famílias jandirenses e aos professores e alunos internos do curso José Manoel da Conceição. Nicanor era o encarregado de entregar e distribuir, com sua charrete, os bens produzidos no sítio.

Mais tarde, seu pai implantou nas terras do sítio um loteamento e Nicanor, deixando o colégio onde estudava, foi admitido como funcionário de um curtume, em Barueri.

Com a instalação do frigorífico Jandira, Nicanor transferiu-se para essa empresa, como encarregado do Departamento Pessoal. Nesse emprego, permaneceu até 1965, passando, depois, a trabalhar como vendedor na Remington Rand do Brasil, em São Paulo, capital.

Posteriormente, estabeleceu-se com comércio próprio, no ramo de máquinas e móveis para escritório, na cidade de Osasco (SP). Em seguida, firmou nova sociedade, dedicada à fabricação de tijolos, por meio industrializado.

Com dificuldade nessa área, passou a trabalhar no Frigorífico Seara, como vendedor. Recebendo um convite, voltou a trabalhar em Jandira, como gerente da empresa CONSPEL. Todavia, com o encerramento das atividades dessa empresa, Nicanor, agora como corretor de imóveis, abriu a empresa NIC IMÓVEIS, para intermediação de imóveis em geral, dando ênfase à venda e locação de imóveis industriais, o que lhe ensejou levar para Jandira diversas empresas que, juntando-se ao dinamismo dos jandirenses, proporcionou invejável progresso à comunidade.

A vocação política

Com 18 anos de idade, Nicanor passou a escrever para o jornal O Imparcial, de Itapevi, como representante da sucursal de Jandira. Tempo depois, escreveu para o jornal O Suburbano, encarregando-se do observatório junto à Câmara Municipal de Cotia, ambiente que despertou-lhe a vocação política. Em 1965 candidatou-se a uma vaga no Legislativo jandirense, tendo sido o mais votado da coligação, liderada pelo Partido Social Progressista. No dia 27 de março, aos 26 anos de idade, Nicanor foi escolhido pelos companheiros como candidato à presidência, a qual foi confirmada, no dia seguinte, durante a instalação da Câmara Municipal. Em 28 de março de 1965, foi eleito e empossado como o primeiro presidente da Câmara Municipal de Jandira, imprimindo relevante papel à frente do Legislativo jandirense.

Em 1981, por questões estritamente pessoais, transferiu-se para Sorocaba, onde teve dois casamentos, com uma prole de oito filhos.

O poeta Nicanor

Nicanor Pereira, participando de um sarau do grupo Coesão Poética de Sorocaba
Nicanor Pereira, participando de um sarau do grupo Coesão Poética de Sorocaba

O poeta nasceu na pré-adolescência, numa florida manhã de maio, Dia das Mães, de uma situação que, a princípio, o marcou pela tristeza, por não ter um presente para a sua mãe. Olhando as flores, percebeu vir do ‘alto’ a inspiração para alguns versos, que levou a mãe à lágrimas, de emoção. Houve, depois, um interstício de alguns anos, até surgirem os primeiros amores, suas alegrias e consequentes tristezas — nascia aí o vate, o poeta, o sonhador.

Ávido pela leitura, começou a receber as primeiras influências dos poetas tradicionais, tais como Olavo Bilac (Ouvir Estrelas), Cruz e Souza (Siderações), Casimiro de Abreu (Meus oito anos), Castro Alves (Navio Negreiro), sonetos de Luiz Vaz de Camões, e outros. Muita influência veio, também, da música popular, cuja maioria é composta por versos decassílabos, a exemplo de “Noite alta, céu risonho, a quietude é quase um sonho,,,”, “Minha vida era um palco iluminado, eu vivia vestido de doirado…” e outras do seu repertório da adolescência e da mocidade, anos 50, 60 e 70.

Nicanor afirmava ter nascido parnasiano, uma vez que tinha por princípio de vida a busca da perfeição, e o parnasianismo o satisfazia por sua técnica, por sua estrutura física, por sua simetria, pelo uso do termo apropriado para se definir um pensamento.

Um poeta atuante

Nicanor fez parte do Instituto Literário Paulo Tortello – Poesia em Debate, no qual exerceu a função de 1º Secretário.

Foi cofundador do grupo Coesão Poética de Sorocaba (2005), entidade da qual foi o 1º Secretário.

Em 2005 ingressou na CERES – Casa do Escritor da Região de Sorocaba, vindo a integrar-se à diretoria da associação.

Foi membro vitalício da ONE – Ordem Nacional dos Escritores.

Participou do saite Varanda das Estrelícias, de Portugal.

Foi colunista do Jornal ROL e do Internet Jornal.

Autor dos livros:
Jandira – Favo de Mel (Ottoni, 2007);
Noções de Poesia Tradicional (O Clássico, 2008);
Vidas entrelaçadas (O Clássico, 2008) e
Sonetando em Doces Sonhos (Clube dos Autores, 2008)

Em 2012, Nicanor Pereira recebeu, da Câmara Municipal de Sorocaba, o título ‘Cidadão Sorocabano’

Escrever poesias

Certa vez, Nicanor, ao ser questionado sobre o que é necessário para se escrever poesias, afirmou: “Escrever poesia não depende de técnica, depende de basicamente de inspiração e transpiração. A técnica vai fluindo à medida que vão acontecendo os poemas. Embora eu seja um poeta escansionista, recomendo algo que julgo importante: não há necessidade de a poesia ser metrificada, mas é imprescindível que tenha a cor da poesia, o cheiro da poesia, o ritmo da poesia. Lembrem-se, sem ritmo o texto será, talvez, uma excelente crônica, ou qualquer outro gênero literário. No livro que pretendo publicar em fevereiro ou março, haverá um poema denominado ‘Poetar’, onde mostrarei que: “poesia jamais se aprende, pois que vem da inata lei, que medra n’alma da gente”. Portanto, papel, caneta, inspiração e transpiração. Eis o poema!”

Na despedida, um soneto

A Trajetória da Loba

Em novo dia nasce uma menina.
Semelha a um botão, em jardim florido,
Em forma de coração já contido
No verde que o reveste e que lhe anima.

Chega depressa, então, a puberdade…
Na manhã da vida, esse botão se abre
Em nova forma e as cores da beldade,
E em róseos sonhos de amor, quem sabe!

E, no espocar das cores cintilantes,
Ao jasmim, o coração balzaquiano
Desnuda-se, como a um amor galante.

Na plenitude, a loba delirante,
Tal pétala de rosa, em tom profano,
Exala o seu perfume inebriante.

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Grandeza da alma

Irene da Rocha: ‘Poema Grandeza da Alma’

Irene da Rocha
Irene da Rocha
"A grandeza de tua alma doce reflete o amor que em ti floresce..."
Imagem gerada pela IA do Bing - 24 de setembro de 2024 às 4:12 PM
“A grandeza de tua alma doce reflete o amor que em ti floresce…”
Imagem gerada pela IA do Bing – 24 de setembro de 2024 às 4:12 PM

A grandeza da tua alma doce,
Reflete o amor que em ti floresce.
Como vasto oceano a resplandecer,
Profundo e sereno, a acolher.

Tempestades chegam e passam,
Ainda assim, a calma é a palavra.
O mundo, espelho dessa essência,
Guarda em silêncio tua presença.

É no imenso coração,
Que repousa a vastidão.
Na paz que em ti reside,
O amor se expande e divide.

Assim segue a tua jornada,
Acolhendo a vida, de alma lavada.
Com serenidade a cada passo,
Um universo em teu abraço.

Irene da Rocha

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4ª FLISPA – Feira Literária de São Pedro da Aldeia

A 4ª FLISPA será realizada nos dias 7 e 8 de novembro de 2024, na histórica Casa dos Azulejos, localizada no centro da cidade

Card da 4ª FLISPA
Card da 4ª FLISPA

A Aldeia Editora acaba de anunciar as datas para a 4ª edição da FLISPA – Feira Literária de São Pedro da Aldeia. O evento será realizado nos dias 7 e 8 de novembro de 2024, na histórica Casa dos Azulejos, localizada no centro da cidade.

Reconhecida por ser um marco no cenário literário da Região dos Lagos, a FLISPA promete um formato renovado, com barracas para expositores e uma programação cultural rica e diversificada, oferecendo uma experiência imersiva tanto para os amantes da literatura quanto para os estudantes.

Organizada pela Aldeia Editora e Notícias de São Pedro da Aldeia, em parceria com a Academia de Letras de São Pedro da Aldeia (ALSPA) e com o apoio da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura, a feira contará com mais de 20 barracas de escritores locais. Serão mais de 500 obras literárias à venda, destacando autores da região que terão a oportunidade de compartilhar suas criações com o público. Além disso, os visitantes poderão participar de visitas guiadas à Casa dos Azulejos, apreciando tanto a arquitetura quanto o acervo cultural do local.

A programação cultural da 4ª FLISPA inclui atrações musicais, o lançamento da Antologia ‘A Aldeia de Pedro – Belezas Naturais e Seus Encantos’, apresentações teatrais, marionetes e um sarau, tudo pensado para envolver a comunidade e os visitantes, transformando o evento em um ponto de encontro de arte, literatura e cultura.

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Por que devemos escrever?

Lina Veira: ‘Por que devemos escrever?’

Lina Veira
Lina Veira
Imagem gerada com IA do Bing ∙ 24 de setembro de 2024 às 10:30 AM

Com o avanço da tecnologia e dos meios de comunicação, o mundo moderno se edifica no aparato do tecno-científico, que tem como meta o máximo do bem-estar material, e como meios a produção de consumo, a desenfreada conquista da ‘liberdade’. Sem o hábito de escrever e refletir de muitos, a facilidade de dizer o que pensam, embora digam através de redes que, muitas vezes, as protege no anonimato, cria uma atmosfera desagradável artificial e insegura para relações, da própria finalidade das redes sociais e textos literários.

Vomitar opiniões idiotas e ofensivas virou significado de liberdade de expressão dentro de um contexto ou não. Nas redes sociais muitos assinam suas postagens simplesmente como anônimo, ou através de perfis falsos. Geralmente pessoas sem amigos na vida real, ou com algum problema psicológico não cuidado. Curtem viver de burburinhos na internet recebendo como recompensa a falsa sensação de ser ‘amado’ ou ‘admirado’, mesmo que seja por alguém com quem nunca teve contato real.

Se a linguagem escrita reflete a evolução mental de um homem, para entendermos a realidade dos nossos tempos, é preciso compreender que vivemos numa época em que impera a explicação de tudo pela razão, e pela conquista da liberdade muitas vezes de forma desenfreada, com a busca da felicidade a qualquer preço.

Valores sem verdadeiros sentidos para realização pessoal. Distante de uma formação com leitura orientada, interpretativa e questionadora do exercício do escrever e do se expressar com mais amadurecimento e originalidade que traz o habito da leitura: sua liberdade criativa com evolução mental e uma linguagem rica e consciente do sentir, refletir e julgar.

Ninguém é contra o progresso, mas toda ideia vem da experiência, do conhecimento. Como escreveu Seneca: “Escrever é uma embriaguez que excita, vicia e liberta. Mas é o pudor, o limite, a reserva que ensina mais”.

Toda liberdade é possível dentro de um contexto e sem ela não existe estética no manuseio das palavras, nem efeitos de uma comunicação desejada. Não é de se admirar que muitos não sintam qualquer atrativo para escrever. Quem não lê, fala pouco, não tem ideias próprias, imagine escrever.

No mundo de hoje, ironicamente chamado da comunicação, a verdade é que não sabemos nos comunicar. Mas de quem seria a culpa? Diria de ninguém. Nossa mesma, de escolhermos uma posição cômoda e passiva que nos transforma em presas fáceis para ideologias politicas enganosas, nos tornando alienados e ‘Maria vai com outras’, sem opinião própria e sem o exercício do pensar.

Reagir é preciso para que, através da escrita, o jovem dê valor a si, aprenda a olhar com profundidade e descubra o mérito relativo das coisas, os enganos, o que é belo e puro a serviço da cultura, da união de uma coerente linguagem falada e escrita. Ninguém é contra o progresso, mas toda ideia vem da experiência e hábito da leitura, do conhecimento mais profundo, da sabedoria e reflexão. Aprendemos a escrever, quando aprendemos a pensar.

Eis, portanto, porque devemos escrever.

Lina Veira

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Infinity

Clayton Alexandre Zocarato: Poema ‘Infinity

Clayton Alexandre Zocarato
Clayton A. Zocarato
"...Olhos de pedras gigantescos Se chocam com as ondas..."
Imagem gerada com IA do Bing ∙ 23 de setembro de 2024 às 7:24 PM
“…Olhos de pedras gigantescos Se chocam com as ondas…”
Imagem gerada com IA do Bing ∙ 23 de setembro de 2024 às 7:24 PM

Respondo para runas desertificantes

Necessito de dunas de caridades

Inseridas na brevidade

De minhas carnes pecaminosas

Procurando alguma consistência de paixões

Em torno de corações.

Cegos por corpos  arcadianos

Buscando o sol da humildade

Qual o quê?

Danço no bolero do seu vazio

A existência deseja  consciência

Olhos de pedras gigantescos

Se chocam com as ondas

Que pelo sal do infinito

Produz um éter de solidão

Designando lutas comportamentais

Por um astral abissal

Que se lance em uma doce

Promiscuidade intelectual

Que em momentos espirituais

Fazem os “sapiens” desiguais

Perdidos em suas paixões

Celestiais e Corporais

Clayton Alexandre Zocarato

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Aldravia (4)

Pietro Costa: ‘Aldravia’ (4)

Pietro Costa
Pietro Costa
Imagem gerada com IA do Bing ∙ 23 de setembro de 2024 às 3:31 PM

páginas

prosa

retratam

povo

genuína

identidade

Pietro Costa

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Início da primavera

Denise Canova: Poema ‘Início da primavera’

Denise Canova
Denise Canova
Imagem gerado com IA  do Bing ∙ 23 de setembro de 2024 às 1:09 PM
Início da primavera
Imagem gerado com IA  do Bing ∙ 23 de setembro de 2024 às 1:09 PM

Início da primavera

Que linda!

Florida

Cheia de amor

Feliz primavera

Dama da Poesia

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