O poder das escolhas

Mateus Pinto

‘O poder das escolhas em A Flor Sob o Sol Ardente,
de Bereznick Rafael’

Mateus Pinto - Hánji Kiami
Mateus Pinto – Hánji Kiami

A Flor Sob o Sol Ardente é um romance angolano, cuanzasulenho, da escritora Bereznick Rafael, publicada em agosto de 2023, pela Academia de Escrita.

A mesma história é contada em 24 capítulos, com momentos únicos, e levam ao leitor não residente no Cuanza Sul a conhecer uma parte deste território nacional, propriamente o município do Sumbe, em uma leitura demorada, mas imparável onde se fragmenta a história emocionante e trágica de Luena, uma dócil jovem que se vê obrigada a ajustar a bainha da vida às medidas de quem amava sem aflições.

Além das lutas internas de Luena pelo relacionamento com Henda, trazendo aqui um olhar atento às ações nefastas dos homens contra as mulheres, a autora também ressalta questões como um relacionamento ‘saudável’ no seio das famílias, é notável no relacionamento de Luena com seus irmãos e sua madrasta Makini que a amava incondicionalmente, e que, independentemente de haver ou não motivos para sorrir, dava um ombro amigo para a filha. Outros mais, desencadeiam-se nas questões da desigualdade social, o poder das escolhas ‘certas’ e com grande destaque a afirmação das mulheres.

Luena sentencia-se prisioneira do amor após ter negociado seu sonho, uma bolsa de estudos na Universidade de Coimbra, para poder render-se aos desejos de seu namorado Henda. Talvez a palavra prisioneira demostraria uma falta de empatia por nossa parte, sendo assim, vamos olhar com os olhos de Vincent van Gogh ao afirmar: “Penso que não há nada mais artístico do que amar verdadeiramente as pessoas”.

Luena não experimenta bons momentos desde a ideia de ficar mais perto de Henda como namorado e depois do casamento, conseguimos ver e sentir uma sucessão de más escolhas que, embora a personagem viva tais consequências em um dado momento, acaba caindo em uma outras más escolhas que acreditamos serem ao seu ver bons terremos para se viver, mas o contrário é percebido mais tarde.

Em conclusão, é importante nos desfazermos de algumas coisas quando temos uma vida de casal, porém é importante medir com atenção o que deixar e que males enfrentar ou oportunidades perder ao nos desfazermos para agradar o outro.

Em A flor sob o sol ardente, Luena insistiu tanto em um amor obsessivo que fora capaz de querer que nada existisse se não fosse com ele no controle das coisas.

Hánji Kiami

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Prêmio Destaque Literário – Melhores de 2024

“Ser escritor no Brasil já é um desafio enorme. Escrever um livro, então, é quase um ato de resistência, já que não há incentivos do governo para a literatura. Por isso, um concurso como esse é uma forma de reconhecer e celebrar essa conquista.”
(Priscila Mancussi)

Card do Prêmio Destaque Literário – Melhores de 2024: celebrando a Literatura Nacional
Card do Prêmio Destaque Literário – Melhores de 2024: celebrando a Literatura Nacional

“Esse prêmio chega em um momento crucial, onde cada escritor tem sua trajetória valorizada. É uma forma de mostrar que a literatura segue viva e pulsante, apesar das dificuldades.” (Leandro Flores)

Ser escritor no Brasil não é uma tarefa fácil. Em um país onde a leitura ainda enfrenta desafios e o incentivo à cultura é limitado, escrever um livro, publicá-lo, encontrar leitores e ser reconhecido por isso é uma conquista gigantesca.

Diante desse cenário, a NS Publicações, em parceria com a Academia de Letras ALESEC e o Movimento Cultivista Café com Poemas, criou o Prêmio Destaque Literário – Melhores de 2024. Em sua primeira edição, a premiação já se mostrou um grande sucesso, reunindo escritores de todo o Brasil e registrando um número impressionante de participações. O objetivo primordial da premiação é valorizar o escritor independente, o poeta, os criadores de histórias infantis e autores dos mais diversos gêneros literários, como romance, conto, crônica, etc.

“Ser escritor no Brasil já é um desafio enorme. Escrever um livro, então, é quase um ato de resistência, já que não há incentivos do governo para a literatura. Por isso, um concurso como esse é uma forma de reconhecer e celebrar essa conquista.”

A escritora, professora e também uma das organizadoras do prêmio, Priscila Mancussi, reforça a importância desse reconhecimento.

Para Leandro Flores, escritor e editor, o momento é de celebração.

“Esse prêmio chega em um momento crucial, onde cada escritor tem sua trajetória valorizada. É uma forma de mostrar que a literatura segue viva e pulsante, apesar das dificuldades.”

Entre os vencedores desta edição, destacam-se na categoria Poesia, essencial na preservação da sensibilidade literária, premiou Cris Vaccarezza. Já a categoria Autor Independente, que valoriza aqueles que trilham o caminho da literatura por conta própria, teve como vencedora Maria da Conceição de Oliveira Santos.

O prêmio de Melhor Livro, que destaca uma obra de impacto no cenário literário, foi conquistado por Rafael Zimichut. Na categoria Livro Digital, que reforça a presença da literatura no meio virtual, a vencedora foi Cleide Augusta da Silva.

A Literatura Popular, que dá voz às histórias do povo, teve como premiado Antônio da Cruz Santana. Em Não-Ficção, reconhecendo obras de relevância para o conhecimento e a reflexão, o primeiro lugar foi para Francisco José Vilas Boas Neto.

A categoria Ficção e Romance, celebrando narrativas cativantes e envolventes, teve como vencedor Bruno Cícero Guerra de Sousa. Já na Literatura Infantojuvenil, essencial para a formação de novos leitores, o prêmio foi para Gisele Silva.

Por fim, na categoria Contos, que valoriza narrativas curtas e impactantes, o primeiro lugar ficou com Patrícia Xavier.

Sobre a Premiação:

Certificado do Prêmio Destaque Literário – Melhores de 2024
Certificado do Prêmio Destaque Literário
– Melhores de 2024

Em relação à premiação, os vencedores de cada categoria receberão gratuitamente um certificado digital, que valida sua conquista no Prêmio Destaque Literário – Melhores de 2024.

Para aqueles que optarem pelo prêmio físico, a sofisticação é ainda maior. O vencedor de cada categoria receberá uma medalha dourada personalizada (8,5 cm x 7 cm) com fita de cetim vermelha, simbolizando a excelência e o destaque na sua área literária. Além disso, o prêmio conta com um estojo de luxo em veludo (12,5 cm x 9 cm), agregando ainda mais prestígio à premiação. O certificado oficial e personalizado em A3 complementa o reconhecimento, assinando e atestando o valor dessa conquista.

Esse prêmio representa, portanto, um marco importante para os escritores e poetas que se destacaram em suas categorias, celebrando suas conquistas e o valor de suas obras.

Para conferir a lista completa dos vencedores e mais detalhes sobre a premiação, acesse:

👉 www.nspublicacoes.com

👉 www.cafecompoemas.com

👉 Canais da @nspublicacoes no Instagram e no YouTube

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Poema de nós dois

Sandra Albuquerque: ‘Poema de nós dois’

Sandra Albuquerque
Sandra Albuquerque
Imagem gerada por IA do Bing. 03 de março de 2025,  às 11:28 AM
Imagem gerada por IA do Bing. 03 de março de 2025,
às 11:28 AM

Do alto da montanha
eu podia ver
toda a natureza indefesa
que estava ao meu alcance.
Ao longe, uma imensidão enegrecida,
um infinito não mais visível aos olhos
Um encontro com o azul refletido na água.
Ao olhar para baixo,
o bailar das ondas que vêm mansamente e se enroscam com a indefesa areia,
e quando voltam,
levam as pegadas deixadas pelo tempo que é um milagre que jamais se repete ao natural.
Mas, do outro lado, eu vejo enormes ondas que espumam
e batem forte na rocha, respingando o meu corpo inerte.
De repente, o quadro começa a mudar.
E o brilho do Sol que reflete nas águas aumenta e, pouco a pouco, encanta o dia que se inicia.
E os pássaros gorjeiam anunciando o novo dia.
E eu me encanto.
Estou só.
Não saio dali.
Não preciso ter pressa e, calmamente, pinto o quadro com tintas aparentes
sobre todo o espetáculo que os meus olhos contemplam.
A brisa soa mansinho e refresca meu corpo.
Com o passar das horas a tarde chega e logo o crepúsculo surge,
anunciando a noite que se aproxima de mansinho.
E com ela a paisagem muda.
E eu não consigo sair dali.
É mais forte que eu.
Preciso ver partir o tom avermelhado que
é aplaudido pelas folhas das árvores que o vento balança
e renascer o brilho prateado do luar, refletido nas águas que agora parecem turvas,
aconchegando os corações enamorados.
Novos sonhos surgem.
Uma perfeita melodia.
E meu corpo em repouso sobre a pedra iluminada na esperança de que você,
em meio à neblina que cai,
surja para me aquecer e que possamos nos amar até o novo amanhecer.

Comendadora Poetisa Sandra Albuquerque
Rio de Janeiro, 03/04/2024

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Outonal

Priscila Mancussi: Poema ‘Outonal’

Priscila Mancussi
Priscila Mancussi
Imagem criada por IA no Bing - 07 de abril de 2025, às 15:15 PM
Imagem criada por IA no Bing – 07 de abril de 2025,
às 15:15 PM

Flores caídas ao chão
Galhos secos em transformação
A natureza retratando a vida
A nos lembrar mudanças
Necessárias para nossas andanças.

São quatro tempos, não há pressa
Mas caminhar sem parar, interessa
As pausas são essenciais
E identificar os momentos é primordial.

Morrer é subjetivo quando se é preciso desapegar e evoluir
E a folha que já não balança
Aguarda o tempo certo
Para enfim ressurgir.

Seja em qual estação for
A vida nos abraça tão forte
Que a negar é abrir sentença de morte
Mas retribuí-la é compreender própria sorte.

Priscila Mancussi

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Pedágio, não!

Evani Rocha: Poema ‘Pedágio, não!

Evani Rocha
Evani Rocha
Imagem criada por Ia do Canva - 07 de abril de 2025, às 07:45 PM
Imagem criada por Ia do Canva – 07 de abril de 2025, às 07:45 PM

Permito-me sonhar grande, ir ao infinito, quando meus pés se cansam do chão

Permito-me ser águia, alçando voo por sobre os montes, por sobre as nuvens

Permito-me bailar ao som da 5ª sinfonia de Beethoven, enquanto minhas mãos tocam a melodia espalhada pelo ar, percorrendo os caminhos da alma

Permito-me escrever palavras soltas, versos sem rima, poema em prosa, carregados de metáforas. Eu também posso ser uma figura de linguagem, enquanto meus olhos falam e a boca se cala à espera da palavra

Permito-me pintar qualquer figura que brotar das minhas emoções embriagadas de silêncio, congeladas na noite do deserto…

Meu deserto interior, na solidão do tempo,

Sem oásis algum, sem sementes para semear, sem solo fértil…

Mas ainda assim, permito-me ser solo, ainda que árido, ácido e inóspito, 

Permito-me…

Permito-me semear e regar as sementes do meu ser, na boa estação, na lua propícia, na chuva e no vento!

Permito-me ser mutante, quando minhas convicções deixam de fazer sentido, e mudar! 

Mudar porque a vida é mutante, metamorfoseada, crisálida gerando, transformando…

Quero ser o que embevece minha alma de selva, de relva, de ave migrante…

Permito-me ser maré cheia ou maresia, enquanto a permissão para ser gente cobra-me um alto pedágio.

Não me permito pagar para ser gente, porquanto o caos e a distopia distorceu

O espírito da humanidade.

Não mais me permito pagar pedágio!  

Evani Rocha

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Ser diferente

Dorilda Almeida: Poema ‘Ser diferente’

Dorilda Almeida
Dorilda Almeida
Imagem criada por IA no Bing - 07 de abril de 2025, às 08:51 PM
Imagem criada por IA no Bing – 07 de abril de 2025,
às 08:51 PM

Toda pessoa
Precisa de espaço para existir
E viver como quiser
Com o outro ou sem o outro
Toda pessoa tem direito
De escolher
De ser
De viver!
Precisa de liberdade
Para trabalhar, amar, participar…
Sentir-se pertencente, acolhido
E integrado àquele lugar
Sem viver o que a sociedade impõe
Ser diferente uns dos outros
É da nossa naturalidade
Ser diferente é normal!
Sentir a importância da convivência
Com os seus pares
Lugares, onde quiser
Quanto mais feliz
Você estiver
Menos violência existirá ao seu redor
Existirá dentro de si!

Dorilda de Almeida

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Respeito pelos direitos do trabalhador

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

‘Respeito pelos direitos dos trabalhadores’

Diamantino Bártolo
Diamantino Bártolo
Imagem criada por IA no Bing - 07 de abril de 2025,
 às 08:05 PM
Imagem criada por IA no Bing – 07 de abril de 2025,
às 08:05 PM

Os trabalhadores, em geral: sejam do setor privado, sejam funcionários públicos, devem ser incentivados, terem todas as condições possíveis e legais para poderem em qualquer momento das suas carreiras profissionais, concorrer a cargos de maior destaque, que envolvam mais responsabilidade, mas também que facilitam a ascensão a melhores salários e estatuto socioprofissional mais elevado, com valorização pessoal, na família, na sociedade e prestígio social.

Igualmente devem estar preparados para, periodicamente, serem avaliados, e reunirem as melhores condições, designadamente, para as promoções por mérito excecional, considerando, conjugadamente, vários critérios de ascensão: antiguidade, habilitações literárias adquiridas ao longo da carreira na instituição, formação profissional, modernização das boas-práticas, polivalência, assiduidade, pontualidade, lealdade à instituição e seus dirigentes, entre outros.

A competição sadia, inter pares, constitui uma forma dinâmica de estar na vida profissional, e dignifica o funcionário, o qual adquire respeitabilidade, que lhe advém das diversas competências que vai acumulando, ao longo da sua carreira, e as coloca ao serviço do público, do crescimento e prestígio da instituição. 

Um cuidado muito especial precisam ter os dirigentes, no sentido em que, sempre que houver um lugar de nível superior, devem: primeiro, convidar o pessoal da ‘casa’, para ocupar tal cargo e, se for necessário, dar formação àqueles que possam reunir condições; para, e só depois, caso não haja ninguém interessado, abrir concurso público.

O executivo municipal, bem como todos os titulares de cargos superiores, obviamente, devem ser os primeiros a dar exemplos do exercício daqueles princípios, sob pena de efetuarem avaliações incorretas, injustas e, eventualmente, ilegais dos seus subordinados hierárquicos. 

Além disso, conceber, e implementar, um sistema de avaliações imparcial, justo, oportuno e legal, é outra medida que se impõe, cada vez com mais acuidade, porque será pelo trabalho, conjugadamente com outros fatores, que o funcionário terá condições de progredir na sua carreira, e na vida, proporcionando à própria família, as melhores condições de bem-estar, em todos os domínios.

A maioria das pessoas, aspira evoluir na vida, ter uma situação económica sustentável, e confortável, um futuro promissor. O trabalho, com todas as suas envolventes: estudo, habilidades técnicas, cultura, princípios e valores, constitui, por isso mesmo, o grande propulsor do desenvolvimento, da dignidade humana, e da consolidação, sempre em crescendo, da economia, logo, tem de ser avaliado com objetividade, imparcialidade e justiça. 

Hoje em dia: «O progresso económico torna-se o paradigma em todos os domínios – económico, político, cultural – e a organização racional do trabalho, entendida como a única maneira correta de se atingir os fins desejados, passa a se estender a todos os domínios da vida. O trabalho que em todos os tempos constitui o imperativo moral ou económico estruturador do dado social, com a ideologia do progresso, tende a se tornar uma atividade instrumental.» (TEXEIRA, 1990:60).

Acredita-se que a maioria das instituições: públicas, privadas e cooperativas; solidariedade e humanitárias; filantrópicas e não-governamentais; ou de qualquer outra natureza e fins, não deseja ter ao seu serviço um batalhão de trabalhadores, semi-operacionais, desatualizados, desmotivados, nada dignificados, e, muito menos, desrespeitados. Também não se acredita que a maioria dos profissionais que, como tal desejam ser considerados, queira viver profissional e civicamente em tais situações. 

Poderá, inclusivamente, constituir uma ofensa ao trabalhador, enquanto tal, e às suas dignidades profissional e pessoal, não lhe serem dadas oportunidades e condições para desenvolver-se como pessoa e como profissional, situação que pode ocorrer, numa qualquer instituição, quando os recursos são escassos, quando os departamentos são numerosos e se admite pessoal: que não é necessário, que não é qualificado, e que depois fica numa posição de indefinida estagnação profissional, com todas as más consequências daí resultantes. 

Um quadro de pessoal, ajustado aos fins/objetivos da instituição, parece ser a estratégia correta, e até a mais justa, tendo em conta os legítimos interesses de progressão profissional, na carreira de qualquer trabalhador, que possua brio e capacidade profissionais.

BIBLIOGRAFIA

TEIXEIRA, Maria Cecília Sanchez, (1990). Antropologia, cotidiano e educação. Rio de Janeiro: Imago Editora

Venade/Caminha – Portugal, 2025

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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