Eu li, recentemente, um desses textos curtos e sem autoria publicados em redes sociais sobre a situação que o mundo vive atualmente. Era uma reflexão bastante interessante sobre essa barafunda diária que nos assola.
De imediato, a minha memória evocou uma cena antológica do cinema. Charlton Heston, interpretando o astronauta George Taylor, chega a uma praia deserta e encontra a Estátua da Liberdade enterrada pela metade na areia, ele ajoelha-se e diz algo como “Eles conseguiram” (os homens destruíram o planeta).
Claro, em 1968, vivíamos os tempos de Guerra Fria, a disputa pelo espaço (em 1969, a Apollo 11 teria chegado à Lua) e os filmes de ficção científica eram comuns.
O personagem George (de Heston) descobre-se no futuro, porque a sua espaçonave teria ultrapassado o que se denomina como ‘dobra do tempo’, inserida naquela ideia de que todos convivemos em tempos distintos no mesmo planeta (essa teoria, segundo sei, suscita discussões, mas não tenho conhecimento que tenha sido comprovada).
Ao deparar-se com a Estátua da Liberdade, ele entende que o planeta era a Terra, mas, no futuro, dominada com ‘mãos de ferro’ por macacos, que falam, comandam o planeta (usando armas, como rifles e assemelhados) e escravizam os seres humanos, que são mudos.
Os três companheiros de George morreram de causas diversas e ele foi levado para o laboratório da Dra. Zira, uma símia, noiva de Cornélius, um arqueólogo fascinado pela possibilidade de os humanos já terem sido inteligentes (o que, claro, é uma teoria negada pelos grandes mentores do planeta). Pareceria desnecessário dizer, mas a Dra. Zira estava interessada em entender como aquele ser de ‘segunda categoria’ conseguia falar.
Fui, a partir daí, fazendo algumas elocubrações com base no texto lido e nas lembranças que o filme trouxe à tona:
vivemos um tempo de negacionismos, com pessoas reagindo, inclusive, com força (a peso de armas de todo tipo) ao pensamento que diverge das suas ideias;
a fala, a interação social, diminui significativamente (a geração Z e a geração Y ) já não têm mais paciência para ouvir áudios enviados por aplicativos. Confesso que eu nunca tive muita paciência com os próprios aplicativos de mensagens);
comunicamo-nos cada vez menos e escrevemos cada vez pior, estamos desaprendendo os signos linguísticos;
para ficar em dois exemplos mais ‘vistosos’, ou seja, que a televisão mostra mais: os embates na Faixa de Gaza e a Guerra da Rússia contra a Ucrânia – em suas imagens de bombardeios, além de matar centenas de pessoas, fazem-me pensar sobre o solo que sobrará ali;
Claro, a cereja do bolo é o ódio que o conhecimento desperta entre aqueles que não querem sair da sua zona de conforto e aprender.
Não estou, evidentemente, levantando uma teoria conspiratória, apenas fazendo uma reflexão (note bem: uma reflexão) sobre o mundo que os seres humanos estão construindo para as futuras gerações.
No meu ponto de vista, duas coisas horríveis afloraram nos últimos anos: o ódio expresso em redes sociais, que não conhece limites; e a soberba/arrogante ignorância (entenda que ignorância não é burrice, mas falta de conhecimento sobre assuntos que as pessoas se acham no direito de ‘achar’ algo), expressa de todas as formas, em todos os lugares.
Não creio que caminhemos para uma hecatombe, a nossa extinção, mas a destruição nossa de cada dia (queimadas, guerras, drogas), convenhamos, assusta. Que planeta estamos deixando para os nossos pósteros?
Na caixinha da vida, surpresas a cada aurora, Entre sonho e realidade, minha mente se demora. Nos teus braços, amor me perco no encanto, Num sonho tão profundo, que temo o despertar em pranto.
Medo de acordar e não te encontrar, Pois contigo a felicidade vem morar. És o sonho mais doce que a mente concebeu, Sem ti, minha existência vagueia sem alento, sem seu.
No escuro da noite, sem tua luz, eu me perco, Teu amor é o farol, o porto onde ancoro meu barco. Quero sonhar contigo para sempre, sem despertar, Pois contigo, minha vida é um poema a rimar.
Educação Socioemocional: conectando professores através da Arte
Como formar pessoas emocionalmente mais fortes e resilientes?
Há necessidade de desenvolvermos habilidades emocionais para a vida, como a resolução de problemas, adaptação e resiliência para enfrentarmos os desafios cotidianos, as situações estressantes com serenidade e respostas emocionais e equilibradas.
A Arte é um caminho? Um recurso? Uma estratégia?
Tais questões serão lançadas à reflexão e debatidas no Encontro Nacional de Educadores, o ENEDU 2024 edição RJ, que será realizado no dia 28 de setembro, das 8:00 às 18:00, no Espaço Cultural Paulo Freire.
O evento é uma realização da ‘Projetos Pedagógicos Dinâmicos’ em parceria com a ‘Arte faz parte’ e tem apoio do programa EICOS da UFRJ.
Um evento interativo
Um dia dedicado a:
✔ Contação de história;
✔ Palestras;
✔ Rodas de conversas;
✔ Teatro;
✔ Show;
✔Troca de experiências;
✔ Networking.
O encontro será transmitido em tempo real para outras cidades e promete bastante interação entre os inscritos, tanto àqueles que participarão fisicamente, quanto na modalidade digital.
Dentre os palestrantes estão Paty Fonte, Victor Meirelles, Tati Brandão, Vanessa Bruna, Roselaine Rodrigues e o encerramento será com show da dupla Glorinha e Renato.
Participações especiais de outros escritores, pensadores e palestrantes são divulgadas na rede social do evento – @enedu2024
A programação completa, mais informações e inscrições através do site: www.enedu.com.br
Apresentação curiosa, das mais antigas, o encantamento de serpentes podia ser visto na praça de uma pequena cidade.
Tocando seu instrumento ‘mágico’, o homem exibia o número, angariando dos transeuntes uns bons trocados. Eis que, inesperada e assustadoramente, (para a assistência e ainda mais para ele), uma das serpentes saltou do cesto e deslizou lépida em sua direção.
Sentado na posição de um yogui o encantador não se levantou a tempo e foi picado pelo réptil furioso. Ato reflexo, tentou pisar na cabeça do bicho, que o mordeu uma segunda vez! Antes que o animal deslizasse de volta para o cesto, os que assistiam correram apavorados e agentes de segurança pública socorreram o homem, levado às pressas para o hospital.
Os agentes recolheram os répteis, cujo dono não retornou mais. Os comentários eram sem fim… Uns diziam que fora maldição, outros que jamais imaginavam que fossem cobras venenosas, outros que baixou castigo divino etc. Somente um homem barbudo e maltrapilho que ouvia as conversas algo retraído da turba, resumiu a história a seu modo: “Encanto é coisa forte! Quando vira desencanto, não deixa de ser um fim…”
Será que nós, adultos, pais, educadores, cuidadores, percebemos a importância das emoções no processo de desenvolvimento do ser humano?
Nosso século é marcado pelas tecnologias digitais e por transtornos emocionais.
Um fato inédito na história preocupa e entristece: pela primeira vez os registros de ansiedade entre crianças e jovens superam os de adultos.
Assustadoramente aumentam os índices de problemas psíquicos entre crianças e jovens. Cresce a cada dia o número de jovens que se mutilam. A automutilação atinge adolescentes no Brasil e no mundo. Pesquisas indicam que 20% dos jovens sofrem desse mal. Além disso, em nosso país, as taxas de suicídio cresceram na população em geral. O suicídio é, hoje, a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil.
Uma das causas desta triste realidade é o bullying.
Bullying não é brincadeira
Bullying é um termo em inglês que se refere a um tipo de agressão intencional, repetida e sistemática, praticada por um indivíduo ou grupo contra outro, causando sofrimento e angústia à vítima. Essa violência pode se manifestar de diversas formas, como:
Física: agressões físicas, como socos, chutes, empurrões, roubos e danos a propriedades.
Verbal: insultos, apelidos, ameaças, humilhações, fofocas e disseminação de rumores.
Relacional / Psicológico: exclusão social, isolamento, manipulação de relacionamentos, boatos e disseminação de informações falsas.
Ciberviolência / Ciberbullying: bullying praticado por meio de tecnologias digitais, como redes sociais, e-mails e mensagens de texto.
É importante ressaltar que o bullying não é uma simples briga ou desentendimento ocasional. Ele se caracteriza pela repetição das agressões, pelo desequilíbrio de poder entre agressor e vítima, e pela intenção de causar sofrimento psicológico e emocional.
Na lei federal 13185/2015 – Programa de Combate à Intimidação Sistemática / Bullying, os seus artigos e parágrafos classificam e descrevem o bullying e abordam o dever e as obrigações das instituições de ensino ou relacionadas à educação. Para o combate, conscientização e prevenção do bullying, intimidação sistemática e violência na comunidade escolar .
Quais as principais consequências do bullying?
As consequências do bullying podem ser devastadoras para as vítimas, afetando sua saúde física, emocional e social. Algumas das principais consequências incluem:
Problemas emocionais: depressão, ansiedade, baixa autoestima, medo, insegurança, isolamento social, dificuldade em confiar nas pessoas.
Problemas comportamentais: agressividade, retraimento, dificuldades de aprendizagem, baixo rendimento escolar, problemas de sono, mudanças no apetite.
Problemas físicos: dores de cabeça, dores de barriga, problemas estomacais, enurese (xixi na cama), dificuldades respiratórias.
Pensamentos suicidas: em casos mais graves, o bullying pode levar a pensamentos suicidas e, em alguns casos, ao suicídio.
É fundamental que a sociedade como um todo esteja atenta ao problema do bullying e trabalhe para prevenir e combater essa prática. Escolas, famílias, comunidades e profissionais de saúde devem atuar em conjunto para oferecer suporte às vítimas, produzir atividades de conscientização da violência para os agressores e promover um ambiente escolar e social mais seguro e acolhedor para todos.
Além de fundamental e necessário é dever e obrigação as práticas, atividades e programas de combate, conscientização e prevenção do bullying e da violência na comunidade educacional, cunhado pela lei federal 13185/2015, além de desde 2024 o bullying e o Cyberbullying se tornar crime, com pena de prisão e multa pela lei 14811/2024.
Ensinar habilidades socioemocionais
A família desempenha um papel fundamental na prevenção e combate ao bullying. Ao cultivar um ambiente seguro, aberto ao diálogo e baseado no respeito, os pais podem ajudar seus filhos a desenvolverem habilidades sociais importantes e a lidarem com situações de conflito de forma saudável.
Ajude seus filhos a desenvolverem habilidades socioemocionais importantes, como a assertividade, a resolução de conflitos e a comunicação eficaz.
Aqui estão algumas dicas práticas para te ajudar nessa tarefa:
1. Seja um modelo:
Demonstre as habilidades que você deseja que seu filho desenvolva: Seja gentil, respeitoso, colaborativo e empático em suas interações com outras pessoas.
Comunique-se de forma clara e assertiva: Mostre como expressar seus sentimentos e necessidades de maneira respeitosa.
2. Incentive a interação social:
Organize brincadeiras e atividades em grupo: Estimule a interação com outras crianças, como festas de aniversário, piqueniques ou jogos em parques.
Inscreva seu filho em atividades extracurriculares: Esportes, aulas de música ou dança são ótimas oportunidades para desenvolver habilidades sociais.
3. Ensine a importância da empatia:
Converse sobre os sentimentos dos outros: Ajude seu filho a entender como as outras pessoas se sentem em diferentes situações.
Incentive a ajudar os outros: Mostre que pequenas ações de gentileza podem fazer uma grande diferença.
4. Promova a resolução de conflitos:
Ajude seu filho a identificar seus sentimentos: Incentive-o a nomear o que está sentindo quando está bravo, triste ou frustrado.
Ensine estratégias para resolver conflitos: Explique que é possível resolver problemas de forma pacífica, através do diálogo e da negociação.
5. Elogie os comportamentos positivos:
Reconheça e elogie as atitudes positivas do seu filho: Isso o motivará a repetir esses comportamentos.
Seja específico: Ao elogiar, destaque o comportamento específico que você gostou.
6. Leia livros e conte histórias sobre amizade e cooperação:
Escolha livros com personagens que demonstram habilidades sociais positivas: Isso ajudará seu filho a identificar e imitar esses comportamentos.
Converse sobre as histórias: Faça perguntas abertas para estimular a reflexão e a compreensão.
7. Incentive a participação em atividades familiares:
Cozinhem juntos: Essa atividade promove a cooperação e a comunicação.
Joguem jogos de tabuleiro: Jogos como “Detetive”, “Imagem e Ação” e “Monopoly” estimulam o raciocínio lógico, a estratégia e a interação social.
8. Estabeleça limites claros e consistentes:
Explique as regras da casa: Seja claro sobre o que é esperado do seu filho.
Seja consistente ao aplicar as regras: Isso ajuda a criança a entender o que é certo e o que é errado.
9. Seja paciente e persistente:
Desenvolver habilidades sociais leva tempo: Não espere que seu filho aprenda tudo de uma vez.
Celebre as pequenas conquistas: Reconheça o progresso do seu filho e incentive-o a continuar tentando.
Lembre-se: O exemplo é a melhor forma de ensinar. Ao demonstrar as habilidades sociais que você deseja que seu filho desenvolva, você estará mostrando a ele o caminho a seguir.
Referência:
Para adquirir o e-book 7 Práticas Fundamentais de Prevenção ao Bullying, de Paty Fotny e Victor Meirelles, acesse:
Especialista em Pedagogia de Projetos e Educação Infantil; escritora com vários livros, publicados, dentre eles ‘‘Competências Socioemocionais na Escola e Práticas Socioemocionais para Dinamizar o Ambiente Escolar’, ambos publicados pela WAK Editora.
Victor Meirelles – artista, palestrante, Arte Educador, escritor, filósofo, quase Doutor, teve como orientadora no PACC UFRJ a imortal Heloisa Buarque de Holanda; é Mestre em Psicossociologia da Saúde e Comunidade EICOS UFRJ e pesquisador dos Institutos de Psicologia e Psiquiatria na UFRJ. Pós-Graduado em Filosofia e Direitos Humanos.
Atualmente está realizando um projeto na Universidade de Barcelona. Artista, o qual desenvolve trabalhos de Arte educação, palestras, teatro, cinema e televisão no Brasil e exterior.