Como eu sei que é uma cotovia que me canta à janela nas manhãs de sentinela… graças à beleza de seu canto proverbial, a cotovia…
O pássaro pontual me habita a vida em relógio de mestre pulsa ponteiros em usual batida não há dúvida na lembrança nem há breu na aliança paternal
A cotovia que me ensinou a piar…quando minha voz pareceria de uma corujinha…e a voar com asas curtas de uma pequenina fêmea passarinha
A cotovia me mostrou a água boa, beber do lago limpo não das poças pescando levemente ou apreendendo as minhocas nutrindo as carências
A mestre pássaro passou a voar-me a lado a lado em poético voo palavrear de ensinamentos em meus lamentos ensinou driblar os ventos
saramos juntos juvenis e mais maduras…dores trocamos penas primaveras, vis invernos se ela voou em tempo certo, nada importa…
meu pai é isto cotovia que avoou, passarinho que me volta bica, canta, assobia, fala o nome e me vicia na interminável alegria de lembrar sua poesia que na minha se esguia e intensamente me cria. Me criou assim me criará sem fim… Papai
O elo em aves ultrapassa véu de tempos nas colinas se aguarda a breve volta não da ave de um tempo onde os elos mais sublimes serão mais altos que todos os caminhos
Deixo em tuas mãos Um poema pintado a ilusão Escrito na esmola de um coração Danço grudado a uma poluída canção Observo o ar inalando vento entre sopros de um pulmão
Corridas alcançam troféus de ouro numa paragem em que é imperioso interpelar a inspiração Pássaros lançam ninho nas Nuvens e no Inverno colhem Trovão
Poema é melodia rítmica que dança entre os dedos de um poeta Afogando a sua lamentação A força me dá energia entre as cordas da Guitarra libero a imaginação Existo na conexão dos Reinos e dos Corpos que habitam em mim O tempo segue-me pelas esquinas, cada dia um passo, evolução Deixo a ti este Poema no Baú como recordação…
Poeta uma ilusão Risos formando pranto Um ser em construção…
O espetáculo infantil Por ti, Portinari, da Cia Deus, faz apresentações no Maranhão nos dias 16, 17 e 18 de agosto de 2024
Com direção de Miriam Druwe, o espetáculo infantil Por ti, Portinari, da Cia Deus, faz apresentações no Maranhão nos dias 16, 17 e 18 de agosto de 2024, com patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Rouanet, lei federal de incentivo à cultura. As sessões ocorrerão nas cidades de Imperatriz (no Centro Cultural Tatajuba), João Lisboa (no Complexo Poliesportivo Zuza e Açailândia (no Teatro Municipal de Açailândia).
Além de assistir ao espetáculo, as crianças podem participar da oficina Recursos e percursos no processo criativo: um olhar artístico sobre o pedagógico: EIXOS – IMPRESSÃO, IMPROVISAÇÃO E COMPOSIÇÃO.
16 DE AGOSTO, EM IMPERATRIZ/MA Onde: Centro Cultural Tatajuba – AV; Getúlio Vargas, 1665 – Centro, IMPERATRIZ – MA Oficina com carga horária de 3h: 14h Espetáculo com sessão em libras: 19h
17 DE AGOSTO, EM JOÃO LISBOA/MA Onde: Complexo Poliesportivo Zuza – Rua Duque de Caxias, 4512, Cidade Nova, JOÃO LISBOA/MA Espetáculo com sessão tradicional: 17h Oficina para Família: 14h
18 DE AGOSTO, EM AÇAILÂNDIA/MA Onde: Teatro Municipal de Açailândia – AV. Santa Luzia, 01, Parque Sanremo – AÇAILÂNDIA/MA Espetáculo com sessão tradicional: 14h Espetáculo com áudio descrição: 17h
Ele assente, meneando a cabeça e franzindo o cenho.
Ela lhe serve o café quente em sua caneca preferida.
Ele sorve o líquido escuro e forte. Resolve falar qualquer coisa, usa o habitual gerundismo.
Ela fica aborrecida. Aguardava Talvez um: ‘Por quê?’
Ele já está com o jornal aberto, ainda não conseguiu aderir às novas tecnologias.
Ela morde delicadamente a fatia de torrada, untada com patê de sardinha. Olha a capa dos jornais à sua frente. Imagina os olhos dele, quase fechados, mergulhados nas manchetes de política, talvez futebol.
Pela janela da sala de jantar, ela vê o gramado e o nascer do Sol. Há muitas cores lá fora. Sente a brisa fresca beijar-lhe o rosto. O silêncio da manhã é cortado somente pelo chiado das folhas do jornal.
Ela cai em si, percebe que se distraiu e talvez tenha comido demais…
Volta a pensar nas roupas bonitas que não lhe cabem mais. Puxa alguns fios de cabelos grisalhos. Há muito não sente vontade de ir ao salão ou se admirar ao espelho.
Ele espirra alto e solta um palavrão. O café já esfriou, não tomou nem a metade. Suas torradas, nem tocadas.
Ele resmunga novamente, agora é maldizendo sobre a derrota do seu time.
Ela resolve falar com ele: pergunta se vem para o almoço.
Ele responde que não sabe, depois avisa.
O relógio da cozinha apita: são sete horas da manhã.
O Sol começa a subir. Os raios dourados banham as cortinas de cetim branco.
Ela levanta-se da mesa. Recolhe a louça do café. Exceto a caneca dele. Leva tudo para a pia. Sobre o fogão há muitas panelas esperando por lavagem.
Ela imagina: “se tivesse uma lava-louças…”
Vai até a sala, passa delicadamente a mão sobre as almofadas bem arrumadinhas na poltrona. Sabe que tem TOC, então elas devem ficar simetricamente perfeitas. Encontra uma meio torta, precisa arrumar!
Escora no parapeito da janela, vê seu jardim tão bem cuidado: hortênsias azuis, Muitas rosas abertas e em botões, as amarílis, as folhagens…
Um sentimento bom vai preenchendo devagarinho seu corpo, seus olhos lacrimejam a cada objeto seu, cuidado diariamente com desvelo.
Assusta-se com o bater da porta da garagem. Ele grita lá de fora que já está indo.
Ela responde com uma benção: “Vai com Deus!”. São profecias ditas há anos, todas as manhãs ao se despedirem.
Ela pensa: ‘Será que me acostumei demais com essa rotina insossa?’
O carro saiu e o portão eletrônico fechou devagar. Viu o carro branco diminuindo de tamanho, até sumir na curva do Posto. O asfalto já estava quente, o Sol parecia arder lá fora…