Ah! Como é bom Ter um pai! Os pulmões enchem de ar O peito quer se arrebentar Só de pensar em meu pai. Meu coração enche de paz! Meu pai Não deu brinquedos do mundo Mas deu colo e amor profundo Liberdade me ensinou a conquistar Amoroso ele era Feliz com a vida e com a família Amor era o que mais sentia Por isso tudo fazia na vida Era só alegria
Como é bom ter um pai Para ensinar a andar A falar e a amar!
Brasil! Nação brasileira Com seus encantos Das belas praias, rios Cachoeiras e mares Que desaguam Em peles bronzeadas Morenas Mulatas Pretas Sim! Pretas e por que não? Sabemos que está terra é mestiça Digna de aplausos e rimas E ainda há néscios Querendo contestar. O lugar de alguém Com a pele preta Não merece um tronco Com chibata e rancor Mas sim, um pódio Nos lugares mais altos Que a sociedade já viu E quem discorda Não conhece a história Do nosso Brasil. É da baiana formosa Do Nordestino que luta Do Rio de Janeiro A Terra da Preta Empoderada Merece destaque Em todas as partes Em qualquer escalão. O menosprezo é ódio E quem sabe inveja Da beleza da pele Que eu aplaudo de pé. Que o racismo acabe Não me perdoe os insensíveis Porque falo a verdade Porque conheço a História. E em toda a beleza Que a natureza expõe Se os senhores de engenho Aqui voltassem Talvez, jamais seriam patrões. Porque aqui A África existe Bem dentro de nós Pois somos mergulhados nela. Somos guerreiros E precisamos aceitar Que a pele preta é um tesouro. Não adianta menosprezar.
Comendadora Poetisa Sandra Albuquerque (Rio de Janeiro, 01/08 /2024)
Desfecho uma paragem Comendo as madrugadas dos meus sonhos Pela manhã do meu esforço matabixo Parece batota contar as entranhas dos golos Na barriga do estômago
Ir e ir a manhã me espera Reservada de metal Os dias crescem E a maldade diminui Mais uma roda de metal
O mambo aqui é duro para valer Bumbamos pela fé Vezes confundidos com delinquentes Acalmamos o espírito e seguimos mais uma jornada
Ânimo para cima Reviramos o clima Firmes na placa Entramos nesta pista Que alimenta o biva
Soldado Wandalika
Glossário
Matabixo. Almoço Batota. Mentira Golos. Acertar o alvo Mambo. No poema, situação, assunto Bumbamos. Trabalhamos Biva. Casa
No Quadro do ROL, as letras cearenses de Lina Veira!
Engenheira Sanitária e Ambiental, escritora, cronista, contista e romancista: as várias faces de Lina Veira!
Lina Veira, como é mais conhecida na área literária Maria Andrelina Oliveira BentoLina Veira, natural de Fortaleza (CE), é formada em Engenharia Sanitária e Ambiental, escritora, cronista, contista e romancista.
Tem projetos literários no Instagram, como Sábado com Poesia, saraus on-line e presenciais, feiras de livros, lançamentos e divulgação de autores na sua região.
É autora dos livros ‘Um de meus Olhares’, Editora Motres, que explora questões profundamente humanas e deixa a utilidade da motivação e desapego, influenciando homens e mulheres e ‘Outras Flores se Abrem’, pela mesma editora, um livro altamente feminino, que deixa uma proposta calma e consciente do reinventar-se, e marca sua trajetória na escrita, deixando suas crônicas e versos como instrumento de liberdade.
É coautora em algumas revistas e coletâneas literárias.
Lina Veira, que acredita que “Tudo tem a hora certa e o seu tempo”, ingressa nas Letras ROLianas com a crônica ‘No ônibus’.
No ônibus
Tudo tem a hora certa e o seu tempo.
O ônibus só demora para quem chega cedo no ponto.
Para ver poesia na vida, basta abrir os olhos e estar disposto a observar o divino entre nós.
Passo o cartão e a mensagem ‘liberado’ me condicionam a buscar um lugar para sentar-se.
O som da catraca é o único agora sem assédio nos últimos dias, que relaxa minha mente no mergulhar dos pensamentos, enquanto o trocador realiza a cobrança das tarifas e repassa o troco, prestando informações e observando os passageiros do veículo.
Ele tem sua importância e não deveria ser trocado por catracas eletrônicas. Sem saber da vida e história de cada um dentro do ônibus vejo que estamos ilhados sobre um asfalto frio e acelerado, alimentando um ciclo vicioso de abrir o celular, colocar fones no ouvido e se tornar rapidamente um estúpido humano sem permitir o despertar da inteligência, do conhecer e amar.
– Moço
– Desculpe, não ouvi, estava com fones.
Lembrei das tantas idas e vindas do tempo de Universidade, o nascer e pôr do sol, meu sair e chegar em casa.
A vida é passageira(o). Mas você precisa pegar o ônibus certo. Toda janela se despede de nós, enquanto outros sobem e descem, ou nos fazem companhia até a próxima parada, sem o interesse da inteligência e vontade de viver, de conviver. Procuro relaxar um pouco entre estranhos olhares, irritados rostos sem lucidez, com uma imagem visual enraizada nas suas preocupações, sonhos, dores e paixões.
– Onde anda a poesia na vida dessas pessoas?
O trocador ali sentado, é um intelecto passivo que representa a paciência com certo entusiasmo sem muito a dizer para o destino de cada um.
A vida é circulante na despedida e na chegada, no barulho da chuva e dos carros que aceleram o coração com o silêncio de passageiros já acima da capacidade do veículo.
O trocador avisa:
– Tem gente na porta motorista. Enquanto a vida lá fora disfarça o tédio e muitas solidões, eu observo as ações humanas e concluo: nem todas são humanas
Ali sentada, tenho o melhor tempo para permanecer em mim, lembrar e pensar em você, debruçada nas duas bolsas que sempre carrego, como se fosse tudo que tenho na vida para viver: meu colo.
Na realidade inerente e peculiar do sentir o sentido de tudo que tem um sentido sem fazer sentido, os destinos mudam a vida de muitos que estão dispostos a entrar no ônibus, mas ser mais inteligente e humano nas suas relações é um convite.