Lina VeiraTexto de Lina Veira aplicado sobre a plaaforma Canva
Este artigo não ousa ser uma mera pesquisa, e sim uma provocação, escolhida e necessária para termos em mente ao discutir certos conceitos. Precisamos examinar, cuidadosamente, a nossa consciência no mundo. E saber qual é a razão da nossa vida – perguntar a si mesmo qual é o meu propósito. Como posso contribuir? Palavra por palavra, gesto por gesto, intenção por intenção.
‘Estar agora’ e ser solidário deve ocupar 100% de nosso presente, enriquecer nossas habilidades e acolher nossas criatividades. O passado já se foi, embora tenha deixado marcas. O que está em nossas mãos é nosso momento presente de consciência e dever pessoal . E o entendimento do dever pessoal, por sermos uma pessoa humana, nos permite experimentar o verdadeiro conceito de solidariedade
Um tema crítico e político que interfere na vida quotidiana de todos nós, que não aponta para o ter , nem para o dar, como muitos interpretam. Solidariedade é apoiar o ser, promover o ser humano em suas dimensões pessoal, social e material. Com esforços, enriquecer habilidades e aplaudir criatividades. Uma educação ‘doméstica’ construída com ética e consciência. Tarefa de casa.
O contrário dessa interpretação é repugnante para a evolução humana, pois ativa a concessão gratuita de bens econômicos diante de dificuldades ou faltas, profissionalizando a mendicidade social – principal estopim da desordem social nos centros urbanos de nosso país. A política atual de variedade de benefícios e programas sociais tem profissionalizado a mendicidade no nosso país, cultivando no indivíduo o desvalor de pessoas, a violência doméstica e descaso da sua vocação, sem melhoria pessoal, sem promoção humana.
Entre muitos benefícios, destaco: Programa Bolsa Família, Auxílio Gás (Gás do Povo), Programa Pé-de-Meia, Tarifa Social de Energia Elétrica, Benefício de Prestação Continuada (BPC), entre outros, que nos deixam a refletir sobre a capacidade de um povo e governo. Programas que viciam a imobilidade de vidas e não solucionam as produzidas misérias, ainda com programas solidários em direção à unidade e organização social e política do país.
– O QUE HÁ DE ERRADO, ENTÃO, NO CONCEITO DA SOLIDARIEDADE POLÍTICA?
Hipocrisia , ignorância e medo da ordem e da disciplina de um país. Uma descomunhão solidária e social há décadas.
A pobreza, uma situação infeliz , não é apenas carência de bens materiais, é o não acesso às vantagens sociais, fruto de um ato político que precisa ser renovado, pois quem dá esmolas, não dá futuro. E um povo passivo e limitado com programas sociais, não passa de massa de manobra nas mãos do ESTADO e dos poderosos. Não progride, é roda, pólvora.
Enquanto a igreja repugna a expressão “sou religioso não praticante”, um quase abandono da certeza de um futuro prometido por DEUS, ela desconstrói a solidariedade cristã apoiando diversas ONGs ( ALGUMAS CATÓLICAS) que ensinam a dar esmolas aos pobres. E benefícios com esmolas não são estimulados a uma transformação e progresso humano, social ou espiritual, não podem ser definidos como solidariedade, pois destroem e apagam a vitalidade de muitas vidas.
Levanta-te e anda.
A vida é construção pessoal e solidariedade é aperfeiçoamento.
A autora gaúcha que transformou mundos imaginários em destino
Mila Gasparetto
Mila Gasparetto já nasceu com mundos inteiros sussurrando no ouvido, desde pequena, os livros eram seu porto seguro e sua maior aventura.
Gaúcha, leitora apaixonada e eterna colecionadora de universos, Mila sempre soube que queria escrever.
Nas tardes silenciosas da infância, cada página aberta era como atravessar um portal. E, lá dentro, ela já imaginava: um dia vou criar meus próprios mundos.
Em 2024, esse sonho finalmente deixou o imaginário e ganhou vida.
Entre o Céu e a Queda, seu romance de estreia, abriu as asas para o mundo literário.
Uma fantasia épica que discute fé, redenção, escolhas humanas e batalhas tão emocionantes quanto simbólicas.
No centro da trama, anjos, monstros e dilemas que ecoam muito além das páginas.
Um anjo caído que apareceu primeiro como uma intuição
A história nasceu de um daqueles momentos mágicos que só os escritores conhecem.
Num dia comum, um personagem surgiu inteiro na mente de Mila, um anjo caído, revoltado contra o que julgava injusto.
Ele ainda não tinha nome, não tinha destino… e nem Mila sabia se ele estava certo ou errado.
Mas a dúvida era tão fascinante que ela precisou escrever para descobrir.
O nome “Ezaquiel” foi o primeiro a aparecer, mas só depois, já com a narrativa pulsando, ele se transformou no definitivo Mehzrael.
A partir dele, outros personagens surgiram devagar, ganhando forma, voz e propósito.
Assim nasceu a história que viria a se tornar o livro que inaugurou sua carreira literária.
Uma autora moldada por gigantes da literatura
Mila carrega em si um repertório poderoso.
Suas inspirações conversam com diferentes épocas, estilos e profundidades.
Sua grande paixão sempre será J. R. R. Tolkien, o mestre que plantou sementes do épico na alma dela.
Mas também brilham em seu horizonte nomes como: • George Orwell • Aldous Huxley • J. K. Rowling • Joseph Murphy • Neville Goddard • Mario Quintana • Machado de Assis
Cada um deixou marcas, pequenos tijolos que ajudaram a construir o castelo de imaginação que ela ergue hoje.
Entre o Céu e a Queda e tudo que vem depois
Lançado em julho, o livro já está disponível tanto em eBook (incluindo Kindle Unlimited) quanto em versão física pela Amazon.
E, enquanto os leitores mergulham em batalhas celestes, Mila segue adiante.
Ela já trabalha no segundo livro ainda sem spoilers, mas com a promessa de novos mundos vibrantes, intensos, cheios de vida.
Porque, para Mila, escrever nunca foi só narrar histórias.
É emocionar.
É provocar.
É acompanhar o leitor como uma fagulha persistente, mesmo após a última página virar.
A história começa quando o arcanjo Ezaquiel, em um ato de ousadia, toca o Coração do Éden, a essência da Criação.
Como consequência de seu ato, ele é lançado à Terra, transformando-se em Mehzrael, o anjo caído.
Agora, corrompido pela dor e pela dúvida, ele se dedica a moldar um novo reino nas sombras do mundo mortal, em uma busca incessante pelo segredo da vida real.
Em resposta à queda de Ezaquiel, o Paraíso envia uma comitiva celestial. Liderada por Aureliah, um anjo que, ao lado de outros três anjos guerreiros, desce à Terra.
Neste cenário, luz e trevas se entrelaçam em uma luta desesperada, criando um ambiente de tensão e incerteza.
“Entre o Céu e a Queda” é uma jornada épica que explora temas como livre arbítrio, fé e redenção.
É um mundo onde a pureza não é definida pela ausência de dor, mas pela escolha de resistir mesmo quando tudo parece perdido.
À medida que o fim se aproxima, o amor e o sacrifício emergem como possíveis salvadores da Criação.
No entanto, eles também podem ser a chave para sua destruição total.
Esta é uma história que desafia os personagens a encontrar a luz mesmo nas sombras mais profundas.
‘Dom Pedro II e o Encontro com os Guerreiros Sioux: Um Episódio Singular na História das Viagens Imperiais’
Dom Alexandre Rurikovich CarvalhoCena histórica e emocionante: Dom Pedro II, durante sua viagem aos Estados Unidos em 1876, aperta a mão de um líder Sioux, simbolizando o respeito entre culturas e a diplomacia do Imperador brasileiro – um verdadeiro encontro entre mundos.Imagem criada por Ia do ChatGPT
Resumo. O presente artigo examina o episódio pouco conhecido, mas historicamente relevante, do encontro entre Dom Pedro II, Imperador do Brasil, e um grupo de nativos Sioux durante sua viagem aos Estados Unidos em 1876. O episódio, ocorrido no contexto da Exposição Internacional da Filadélfia, oferece uma perspectiva singular sobre o interesse do monarca brasileiro por culturas indígenas, sua curiosidade científica e sua relação com povos originários além do território brasileiro. A análise integra fontes históricas, relatos de viagem e interpretações historiográficas contemporâneas, destacando a importância desse encontro para compreender o perfil cosmopolita do imperador e sua sensibilidade diante de culturas não ocidentais.
1. Introdução
Dom Pedro II (1825–1891) permaneceu na história como um dos monarcas mais cultos e viajados do século XIX. Seu interesse por ciência, tecnologia, artes e culturas diversas o tornou uma figura singular entre os governantes de sua época. Durante sua viagem aos Estados Unidos em 1876, particularmente durante sua visita à Exposição Internacional da Filadélfia – evento que celebrava
o centenário da independência norte-americana – o imperador vivenciou um encontro inusitado: a observação e o contato com um grupo de guerreiros Sioux que se apresentava em espetáculos públicos, algo comum naquele período.
Este artigo explora esse episódio sob uma perspectiva historiográfica, cultural e diplomática.
2. Contexto Histórico da Viagem aos Estados Unidos (1876)
A viagem de Dom Pedro II aos Estados Unidos em 1876 constituiu um dos momentos mais significativos do conjunto de suas viagens internacionais. Realizada no contexto da Exposição Internacional da Filadélfia – evento comemorativo do centenário da independência norte-americana – a visita do imperador brasileiro ganhou destaque pela combinação de diplomacia, curiosidade científica e envolvimento pessoal com os avanços tecnológicos e culturais do período.
O século XIX era marcado pelo fulgor das exposições universais, vitrines do progresso industrial, da inovação científica e do poderio econômico das nações. Desde a participação brasileira na Exposição de Londres de 1862, Dom Pedro II se mostrava entusiasta desse tipo de evento, vendo nele não apenas uma celebração tecnológica, mas também uma possibilidade de observação intercultural, troca de conhecimentos e posicionamento do Brasil no cenário internacional.
Nos Estados Unidos, o imperador foi recebido com grande interesse pelo público e pela imprensa. Sua presença contrastava com a rigidez formal observada em outras monarquias europeias. Dom Pedro II viajava quase como um “estudioso imperial”: simples no trajar, atento às novidades, curioso sobre processos industriais, laboratórios, escolas, museus e bibliotecas. Isso se devia à formação intelectual autodidata, ao domínio de várias línguas e ao entusiasmo por áreas como física, geografia, linguística e antropologia.
Durante sua permanência na Filadélfia, o imperador visitou não apenas os principais pavilhões industriais e científicos, mas também instituições culturais, hospitais, fábricas e centros de pesquisa. Conversou com cientistas, inventores, educadores e líderes políticos, demonstrando um conhecimento aprofundado sobre temas variados – o que surpreendeu tanto anfitriões quanto observadores internacionais. Um dos episódios mais célebres dessa viagem foi sua visita ao laboratório de Thomas Edison, onde o imperador demonstrou grande interesse pelo recém-desenvolvido fonógrafo.
Entretanto, a viagem também ofereceu a D. Pedro II a oportunidade de observar questões sociais profundas da sociedade norte-americana. Os Estados Unidos viviam, à época, o período pós-Guerra Civil (1861–1865), marcado pelo processo turbulento de Reconstrução, pela tensão racial ainda intensa e pela política agressiva de expansão territorial para o Oeste. Essa expansão implicava a progressiva delimitação, deslocamento forçado e conflito aberto com povos indígenas, sobretudo das Grandes Planícies – como os Sioux.
Assim, além de ser testemunha privilegiada de avanços industriais e científicos, Dom Pedro II também observou, ainda que de modo indireto, o cenário político e social complexo que marcava as relações entre o governo norte-americano e as nações indígenas. O encontro com os guerreiros Sioux, que se exibiam em apresentações culturais na Exposição, inscreve-se exatamente nesse contexto: uma sociedade em transformação, na qual o “espetáculo indígena” era simultaneamente um produto cultural, uma curiosidade etnográfica e um reflexo das tensões coloniais e militares.
Portanto, a viagem de 1876 deve ser compreendida como um momento de múltiplos diálogos: entre o Velho e o Novo Mundo, entre ciência e política, entre modernidade e tradição, e – de forma particularmente significativa – entre um imperador que nutria sincero interesse pelas culturas indígenas e um povo nativo cuja existência estava sendo dramaticamente redefinida pelos rumos da História. Esse contexto torna o encontro de Dom Pedro II com os Sioux não apenas um episódio curioso, mas um acontecimento emblemático das contradições e desafios do século XIX.
3. Os Sioux na Exposição: Espetáculos, Representações e Tensões
A presença de grupos indígenas em exibições públicas nos Estados Unidos durante o século XIX era resultado de um processo histórico complexo. A expansão territorial norte-americana, impulsionada pela ideologia do Destino Manifesto, intensificou conflitos com diversas nações indígenas, especialmente nas regiões das Grandes Planícies. Como consequência, muitos grupos nativos foram submetidos a deslocamentos forçados, tratados desiguais e crescente vigilância militar. Paralelamente, consolidava-se na sociedade branca um imaginário que via os indígenas simultaneamente como símbolos de um passado romântico e como obstáculos ao avanço civilizatório.
Nesse contexto, tornou-se comum que feiras, circos itinerantes e exposições nacionais incluíssem grupos indígenas como atrações, reproduzindo práticas culturais tradicionais – danças, cânticos, simulações de batalhas, uso de trajes cerimoniais e demonstrações de habilidades artesanais. Para o público branco, essas apresentações funcionavam como entretenimento; para os organizadores, representavam uma forma de “expor” o exotismo das nações indígenas, reforçando a narrativa de que estavam à beira da extinção e, portanto, deviam ser preservadas como “relíquias vivas” de um passado pré-industrial.
Os Sioux – um conjunto de nações indígenas que incluem Lakota, Dakota e Nakota – desempenhavam papel central nesse tipo de exibição, visto que seus trajes emblemáticos, como cocares de penas de águia, pinturas corporais coloridas e lanças cerimoniais, já eram amplamente reconhecidos e associados à iconografia indígena norte-americana. No período da Exposição da Filadélfia, os Sioux estavam envolvidos em conflitos recentes com o Exército dos EUA, que culminariam naquele mesmo ano na famosa Batalha de Little Bighorn (junho de 1876), liderada por Touro Sentado e Cavalo Louco.
Assim, quando Dom Pedro II encontrou um grupo Sioux em exibição na Exposição, tratava-se de uma conjuntura contraditória: aqueles dançarinos e guerreiros expostos ao público não representavam apenas uma cultura ancestral, mas também um povo que, naquele exato momento, lutava por sua sobrevivência política e territorial. A apresentação dos Sioux era simultaneamente espetáculo e testemunho silencioso de um mundo em conflito.
4. O Encontro: Curiosidade Científica e Sensibilidade Cultural
O encontro de Dom Pedro II com os Sioux, embora breve, permite uma leitura que transcende a anedota e revela traços profundos da personalidade e da visão de mundo do monarca brasileiro. Testemunhas da época registraram que o imperador demonstrou atenção minuciosa aos detalhes da apresentação: examinou trajes, observou pinturas corporais, fez perguntas sobre armas cerimoniais e procurou compreender o significado de determinados rituais.
Dom Pedro II se diferenciava de outros líderes europeus e americanos que assistiam a esse tipo de espetáculo. Para muitos, as apresentações indígenas tinham caráter meramente exótico, reduzindo culturas complexas a elementos visuais estereotipados. O imperador, entretanto, observava com genuína curiosidade etnográfica. Sua formação intelectual abrangia história, antropologia, linguística e etnologia. No Brasil, mantivera contato com povos indígenas, estudara línguas nativas e apoiara missões científicas que investigavam costumes, rituais e mitologias indígenas.
Durante o encontro, Dom Pedro II buscou compreender aspectos simbólicos da cultura Sioux: a música, as danças, os ritmos rituais e a relação entre as vestes cerimoniais e a cosmologia indígena. Observou também a postura marcial dos guerreiros e reconheceu neles um povo historicamente resistente, cuja identidade estava profundamente ligada ao território e aos ciclos da vida nas planícies.
Há registros de que o imperador conversou com intermediários e intérpretes para obter informações adicionais. Embora não dominasse línguas indígenas norte-americanas, interessou-se por palavras básicas, por costumes e por objetos de significado espiritual. Essa atitude reflete o caráter humanista do monarca, que via nos povos indígenas não apenas sobrevivências de um passado distante, mas civilizações complexas, dignas de respeito e estudo.
O episódio também evidencia a sensibilidade de Dom Pedro II diante da situação trágica vivida pelos povos indígenas nos Estados Unidos. O imperador estava ciente das tensões que envolviam a política expansionista norte-americana e reconhecia o caráter dramático da situação. Sua postura diante dos Sioux não foi de curiosidade vazia, mas de respeito diante de um povo cuja cultura estava sob ameaça.
5. Significados do Episódio na Construção da Imagem de Dom Pedro II
O encontro entre Dom Pedro II e os Sioux desempenha papel relevante na construção histórica da imagem do imperador como estadista cosmopolita, culto e dotado de sensibilidade intercultural. A imprensa e a historiografia destacam com frequência episódios que humanizam o monarca – como sua admiração por invenções tecnológicas, sua proximidade com acadêmicos e sua abertura ao diálogo com diferentes tradições culturais. O contato com os Sioux reforça esse conjunto de características.
5.1. O Imperador Humanista e Universalista
A postura respeitosa e investigativa diante dos Sioux integra-se ao traço humanista que marcou toda a trajetória de Dom Pedro II. Poucos monarcas do século XIX demonstraram interesse tão profundo por povos indígenas, sobretudo estrangeiros. Enquanto muitos governantes concebiam a alteridade indígena como espetáculo ou curiosidade antropológica superficial, o imperador procurava compreender suas estruturas sociais, linguagens simbólicas e tradições espirituais.
5.2. Diplomacia Cultural do Segundo Reinado
A viagem de Dom Pedro II aos Estados Unidos teve grande repercussão internacional. Sua presença em eventos populares – como a apresentação dos Sioux – projetou a imagem de um líder acessível, culto e sem rigidez protocolar. Isso contrastava com a postura hierárquica típica das monarquias europeias e colaborava para a criação de uma diplomacia cultural inovadora, baseada em aproximação, diálogo e abertura intelectual.
5.3. A Dimensão Política e Simbólica
O episódio adquire um significado especial quando observado em relação às políticas indígenas brasileiras. No Brasil, o Segundo Reinado buscou estabelecer formas de proteção e catequese para povos nativos, ainda que com limitações e contradições. A sensibilidade do imperador diante dos Sioux evidencia sua preocupação mais ampla com a diversidade cultural e com o papel dos povos originários na história da humanidade.
5.4. A Repercussão Historiográfica
A historiografia contemporânea interpreta esse encontro não apenas como um momento pitoresco, mas como evidência da postura intelectual e moral de Dom Pedro II. O episódio aparece em estudos sobre sua biografia, em pesquisas sobre exposições universais e em análises comparativas entre políticas indígenas no Brasil e nos Estados Unidos. Ele ilustra a capacidade do imperador de transitar entre mundos variados – da alta ciência aos rituais indígenas – sem perder a sensibilidade e o interesse genuíno pelos povos que encontrava.
6. Recepção e Repercussão do Episódio
A recepção do encontro entre Dom Pedro II e os guerreiros Sioux, tanto pela imprensa quanto pela historiografia posterior, revela dimensões importantes do impacto simbólico desse momento. Embora não tenha sido um evento oficial, sua presença rapidamente foi notada pelos jornais norte-americanos que cobriam a Exposição de Filadélfia. A figura do imperador, conhecido por sua postura simples, sua cultura vasta e sua curiosidade científica, despertava fascínio imediato entre repórteres e observadores.
6.1. Repercussão na Imprensa Norte-Americana
Relatos publicados em jornais da Filadélfia, Nova York e Boston destacavam a cena inusitada de um monarca estrangeiro observando atentamente rituais indígenas. Para muitos jornalistas, aquilo representava mais do que uma curiosidade: era o contraste entre o “homem do progresso” – símbolo de um Brasil em modernização – e um povo cuja imagem havia sido mitificada, romantizada e, ao mesmo tempo, marginalizada pelo processo de expansão norte-americana.
Alguns periódicos destacaram o respeito demonstrado por Dom Pedro II, que se aproximou dos Sioux não de forma hierárquica, mas com genuína admiração. Era incomum, para a sociedade estadunidense da época, ver uma figura de autoridade tratando indígenas como sujeitos culturais e não apenas como entretenimento público.
6.2. Impressões do Público e de Observadores
Visitantes da Exposição comentaram que o imperador parecia mais interessado nos “espetáculos humanos” – como chamavam as demonstrações indígenas – do que em muitas das atrações industriais. Muitos interpretaram isso como excentricidade; outros, como sinal de erudição. Na verdade, refletia sua inclinação antropológica e seu esforço em compreender as múltiplas expressões culturais do século XIX.
6.3. Repercussão no Brasil
A imprensa brasileira também noticiou a presença do imperador entre os Sioux. Os periódicos reproduziram trechos dos jornais norte-americanos, ressaltando o respeito e a simpatia que o monarca conquistava no exterior. Para a elite brasileira, isso reforçava a imagem de Dom Pedro II como líder moderno, culto e diferenciado de outros soberanos.
6.4. Repercussão Historiográfica Posterior
Na historiografia contemporânea, o episódio costuma ser citado como exemplo simbólico do cosmopolitismo do imperador. Para estudiosos como Roderick Barman, José Murilo de Carvalho e Frédéric Mauro, esse momento revela camadas importantes da personalidade de Dom Pedro II: seu caráter intelectual, seu olhar científico e sua sensibilidade para culturas não ocidentais.
Além disso, o encontro com os Sioux tornou-se objeto de reflexão nas áreas de História Cultural, Antropologia Histórica e Estudos Comparados sobre políticas indigenistas – pois evidencia as diferenças entre Brasil e Estados Unidos em sua relação com povos nativos no século XIX.
7. Conclusão
O encontro entre Dom Pedro II e os guerreiros Sioux transcende o caráter aparente de um episódio curioso ocorrido durante uma viagem imperial. Ele sintetiza elementos profundos da personalidade e das ações de um monarca que buscava conciliar a posição de chefe de Estado com a postura de um intelectual inquieto, viajante, cosmopolita e atento às diversas expressões da humanidade.
7.1. Um episódio revelador do perfil do imperador
Ao observar os Sioux com atenção respeitosa, Dom Pedro II demonstrou valores que marcaram seu reinado: a abertura ao diálogo intercultural, o interesse pela diversidade humana e o desejo de compreender civilizações diferentes da europeia. Esse comportamento destacava-se num mundo ainda fortemente marcado pelo colonialismo, pelo racismo científico e pelos discursos de progresso que marginalizavam povos indígenas em diversos continentes.
7.2. Uma lição sobre alteridade no século XIX
O próprio fato de um imperador europeu-americano se aproximar de indígenas tratados como atrações populares representava um gesto contraditório e provocativo para sua época. Ao invés de reafirmar hierarquias coloniais, Dom Pedro II demonstrou curiosidade científica e empatia humanista – atitudes raras entre governantes ocidentais do período.
Esse encontro pode ser interpretado como metáfora das possibilidades e dos limites da alteridade no século XIX: de um lado, a visão idealizada e exotizada dos indígenas; de outro, o reconhecimento de sua dignidade cultural e espiritual.
7.3. Um diálogo entre mundos em transformação
A Exposição de Filadélfia foi um palco simbólico dessa tensão. Ali conviviam:
• máquinas que anunciavam o futuro industrial;
• nações que celebravam o progresso moderno;
• e povos originários que enfrentavam processos violentos de deslocamento e repressão.
Nesse contexto, o olhar de Dom Pedro II sobre os Sioux funciona como registro histórico de um mundo em rápida transformação – e de um monarca que buscava compreender e registrar tudo ao seu alcance.
7.4. Significado histórico duradouro
Na historiografia atual, o episódio permanece relevante porque ilumina:
• o caráter multicultural do Segundo Reinado;
• a curiosidade científica do imperador;
• a forma como povos indígenas eram representados em exibições públicas;
• e as contradições entre modernidade, espetacularização e violência colonial.
Assim, o encontro não é apenas anedótico: é uma porta de entrada para o estudo das relações internacionais do Brasil, das exposições universais, das políticas indigenistas e da construção simbólica da figura de Dom Pedro II no imaginário histórico.
Referências Bibliográficas
ALENCASTRE, José Murilo de Carvalho. Dom Pedro II: Ser ou Não Ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
ALVES, Marcelo de Barros. O Imperador Viajante: Dom Pedro II e as Exposições Universais. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 2013.
BARMAN, Roderick J. Citizen Emperor: Pedro II and the Making of Brazil, 1825– 1891. Stanford: Stanford University Press, 1999.
BARMAN, Roderick J. Imperial Legacy: The Treaty of Haddad and the Last Years of Pedro II. Stanford: Stanford University Press, 2012.
BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Relatórios do Imperador D. Pedro II: Viagem aos Estados Unidos (1876). Brasília: FUNAG, 2014.
BURTON, Richard. Letters from the Battle-Fields of the Civil War, Including Observations on American Society. London: Tinsley Brothers, 1868. (Contém descrições sobre povos indígenas e percepções europeias, úteis para contextualizar o imaginário da época.)
CUNHA, Manuela Carneiro da. História dos Índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
DALLARI, Dalmo de Abreu. O Poder dos Príncipes: A Política do Segundo Reinado. São Paulo: Saraiva, 2010.
MAURO, Frédéric. Dom Pedro II e Seu Tempo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.
REMINGTON, Frederic. The Sioux of the Plains. New York: Harper & Brothers, 1890.
(Obra clássica sobre cultura material e conflitos das tribos das Grandes Planícies.)
RIBEIRO, Darcy. Os Índios e a Civilização. Rio de Janeiro: Vozes, 1996. (Útil para compreender a postura de D. Pedro II em relação aos povos indígenas.)
TOWNER, Lawrence W. Native Americans and the American Centennial, 1876. Chicago: University of Chicago Press, 1976. WINSLOW, George. Indian Performances at the 1876 Centennial: Culture, Exhibitions and Spectacle. Philadelphia: Pennsylvania Historical Society, 1948. (Trabalha diretamente com a presença indígena na Exposição de Filadélfia.)
‘Dom Pedro II e a Cidade de Petrópolis: A Construção de um Projeto Imperial nos Trópicos’
Dom Alexandre Rurikovich CarvalhoD. Pedro II – Ultima foto da família Imperial no Brasil antes do exílio, capturada em 1889 pelo fotógrafo Otto Hees registrou um momento da família imperial brasileira reunida no Palácio Isabel, onde a família da princesa se hospedava em Petrópolis – que se tornaria um marco na história do Brasil.
Resumo: A relação entre Dom Pedro II e Petrópolis é um dos capítulos mais significativos da história imperial brasileira. Inspirado por ideais de civilização, ciência, modernização e cultura europeia, o imperador não apenas idealizou a cidade como centro de veraneio da Corte, mas contribuiu diretamente para seu desenvolvimento urbanístico, político e cultural. Petrópolis tornou-se, ao longo do Segundo Reinado, símbolo da monarquia brasileira e espaço privilegiado das decisões que moldaram o país no século XIX.
1. Introdução
A partir da década de 1840, o jovem imperador Dom Pedro II iniciou um ambicioso projeto de modernização do Império do Brasil. Entre suas iniciativas pessoais, destaca-se a fundação e expansão da cidade de Petrópolis, núcleo urbano estabelecido na antiga Fazenda do Córrego Seco, região serrana até então pouco povoada. O local logo se transformou no “refúgio imperial”, um espaço de descanso, administração e encontro intelectual.
2. A Origem da Cidade de Petrópolis
A origem de Petrópolis está intrinsecamente ligada à história da monarquia brasileira e ao processo de ocupação e valorização das regiões serranas do Rio de Janeiro no século XIX. A área onde hoje se encontra a cidade correspondia à antiga Fazenda do Córrego Seco, adquirida por D. Pedro I em 1830, com o objetivo inicial de servir como pouso estratégico nas viagens entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais. Contudo, foi apenas sob o governo de seu filho, D. Pedro II, que o local se transformou em um projeto urbano planejado e dotado de alto valor simbólico.
2.1. As motivações imperiais
No início da década de 1840, o jovem imperador buscava consolidar sua autoridade num país recém-estabilizado após o turbulento período regencial. Além disso, havia uma crescente tendência entre as elites brasileiras de buscar regiões serranas para descanso, devido ao clima mais ameno e ao imaginário europeu de “cidades de veraneio”. Esse cenário estimulou a criação de um núcleo urbano na serra fluminense, que simbolizaria requinte, progresso, civilização e aproximação cultural com a Europa – ideais centrais do Segundo Reinado.
2.2. A chegada dos colonos alemães e a construção do projeto
Um elemento crucial na formação de Petrópolis foi o contrato firmado com imigrantes alemães, que desempenharam papel central na construção da cidade. Em 1843, D. Pedro II autorizou a vinda de colonos para trabalhar na abertura de estradas, no parcelamento do solo, na construção do Palácio Imperial e na formação dos primeiros bairros da cidade. Esses colonos formaram os chamados “quarteirões”, áreas organizadas em lotes distribuídos de acordo com regras definidas pelo governo imperial. Esse modelo de ocupação – inspirado no urbanismo germânico e no racionalismo europeu – marcou profundamente a paisagem petropolitana, deixando traços que se preservam até hoje.
2.3. Júlio Frederico Koeler: o arquiteto da cidade
A figura central do planejamento urbano de Petrópolis foi o engenheiro e major Júlio Frederico Koeler, nomeado por D. Pedro II como responsável pela organização do território. Seu plano urbanístico foi inovador para os padrões brasileiros da época, composto por:
ruas largas e arborizadas;
canais de drenagem;
praças distribuídas harmonicamente;
quarteirões coloniais;
áreas destinadas aos edifícios administrativos e à futura residência imperial.
Koeler também estruturou a cidade de modo a integrar arquitetura, geografia e circulação — uma abordagem rara no Rio de Janeiro do século XIX. Seu projeto refletia os princípios do urbanismo romântico europeu, adaptados ao ambiente tropical.
2.4. O Decreto de Fundação de Petrópolis
Em 16 de março de 1843, D. Pedro II assinou o decreto que oficializava a criação da cidade de Petrópolis. O documento autorizava a construção do Palácio Imperial (atual Museu Imperial) e instituía a administração local sob o comando de Koeler, conferindo à região status especial dentro do Império.A escolha do nome – Petrópolis, “a cidade de Pedro” – reforçava o caráter simbólico do projeto: não apenas uma cidade, mas um espaço imperializado, expressão material da monarquia brasileira.
2.5. A consolidação como núcleo urbano
Com a instalação do Palácio Imperial, a chegada dos colonos europeus e a estruturação dos primeiros bairros, Petrópolis rapidamente ganhou forma. Hospedarias, comércio, oficinas, residências e igrejas surgiram em ritmo acelerado. Por volta da década de 1850, a cidade já se destacava como importante polo de cultura, ciência e política – atraindo diplomatas, artistas, viajantes estrangeiros e membros da Corte.A vila serrana transformou-se, assim, na “capital de verão do Império”, lugar onde se conciliavam lazer, administração, encontros científicos e produção cultural. O vínculo entre D. Pedro II e Petrópolis era tão forte que, durante várias décadas, decisões governamentais foram tomadas diretamente do palácio local.
3. O Palácio Imperial: Coração do Projeto Monárquico
O Palácio Imperial de Petrópolis – hoje o Museu Imperial – constituiu-se no eixo central do projeto monárquico de D. Pedro II para a cidade serrana. Mais do que uma simples residência de verão, o palácio foi concebido como um espaço simbólico, político e cultural, destinado a representar os ideais de modernidade, civilização e refinamento intelectual que o imperador desejava imprimir ao Brasil.
A construção teve início em 1845, sob supervisão do major Júlio Frederico Koeler, que também dirigia o plano urbano da futura cidade. O arquiteto responsável pelo projeto foi o francês Charles-Philippe de Gauthier, que adotou um estilo neoclássico sóbrio, elegante e alinhado ao gosto europeu do período. Esse estilo refletia o desejo da monarquia de demonstrar racionalidade, ordem e harmonia – elementos fundamentais para a legitimação simbólica do Estado imperial brasileiro.
O palácio foi pensado para ser mais do que uma moradia: representava um “centro irradiador” das atividades culturais e científicas que D. Pedro II prezava. Sua disposição interna incluía salas dedicadas à leitura, estudos linguísticos, coleções científicas e objetos trazidos das viagens do imperador, reforçando sua vocação intelectual. Ali, D. Pedro II recebia escritores, naturalistas, cientistas, diplomatas e artistas, transformando o palácio num ponto de encontro da elite intelectual brasileira e estrangeira. Em termos políticos, o Palácio Imperial desempenhou papel significativo na dinâmica monárquica do século XIX.
Durante os meses de verão, o governo acompanhava o imperador até Petrópolis, onde despachos oficiais, reuniões de Estado e audiências eram realizados regularmente. Assim, a cidade serrana tornou-se temporariamente sede administrativa do Império, simbolizando a integração entre vida privada e função pública do monarca. A estética e o paisagismo do entorno também expressavam os valores monárquicos. Jardins geométricos, lagos artificiais e áreas arborizadas ao estilo romântico europeu dialogavam com a arquitetura do edifício, compondo uma atmosfera de serenidade, cultura e ordem.
Esse cenário contribuía para a construção da imagem de D. Pedro II como um soberano erudito, amante das letras, das ciências e da natureza. Após a Proclamação da República, o palácio foi esvaziado e passou por longo período de abandono até sua transformação em Museu Imperial em 1943, por iniciativa do presidente Getúlio Vargas. Contudo, sua memória permanece associada à figura de D. Pedro II e ao apogeu do projeto monárquico brasileiro, constituindo-se no principal marco histórico e cultural de Petrópolis.
4. Petrópolis como Centro Político e Cultural
Durante o Segundo Reinado, Petrópolis assumiu papel central na administração imperial. Muitos atos de governo foram assinados na cidade, que também recebeu figuras importantes como o Conde d’Eu, a Princesa Isabel, cientistas estrangeiros e viajantes ilustres. A cidade foi palco de momentos decisivos, incluindo debates sobre imigração europeia, projetos de modernização e até encontros relacionados à questão da escravidão. Além disso, Petrópolis tornou-se espaço de convivência de artistas, escritores e diplomatas, fortalecendo sua identidade como cidade erudita e cosmopolita – traço que permanece até hoje.
5. A Influência Europeia: Arquitetura e Cultura
Dom Pedro II, grande admirador da cultura alemã e francesa, estimulou a presença de colonos europeus em Petrópolis. Essa influência é perceptível:
na arquitetura enxaimel e nos chalés alpinos;
no traçado urbano com canalizações e jardins planejados;
na organização administrativa feita por imigrantes;
na presença de escolas, clubes e sociedades culturais germânicas.
A cidade refletia, assim, o ideal civilizacional do imperador — uma monarquia tropical com toques europeus.
6. Ciência, Tecnologia e Modernização
Petrópolis foi também um laboratório para experimentos tecnológicos incentivados pelo imperador. A região recebeu inovações como:
melhorias urbanas pioneiras;
avanços em engenharia hidráulica;
estudos meteorológicos;
iniciativas relacionadas à fotografia e telegrafia, paixões pessoais de D. Pedro II.
A cidade simbolizava, portanto, o desejo do imperador de inserir o Brasil no circuito moderno das nações do século XIX.
7. O Legado de D. Pedro II para Petrópolis – com o Decreto Presidencial de 1981
Mesmo após o fim da monarquia em 1889 e o exílio da família imperial, Petrópolis preservou sua identidade ligada ao imperador. O Museu Imperial, o Palácio de Cristal, a Catedral de São Pedro de Alcântara, a Rua do Imperador e o traçado urbano original são testemunhos vivos dessa relação. A memória de D. Pedro II permanece enraizada na cultura local, no turismo histórico e na identidade petropolitana, que se orgulha do título de “Cidade Imperial”.Uma parte muito importante do legado de Dom Pedro II para Petrópolis se concretizou muitos anos depois de seu reinado: em 27 de março de 1981, o então presidente da República João Baptista Figueiredo assinou o Decreto nº 85.849, que atribuiu oficialmente a Petrópolis o título de “Cidade Imperial”.
O que diz o Decreto 85.849
O Artigo 1º do decreto concede formalmente a Petrópolis o título de “Cidade Imperial”, reforçando a identidade histórica da cidade.
O Artigo 2º determina que as edificações, paisagens e conjuntos localizados nessa cidade, especialmente os identificados pela SPHAN (hoje IPHAN), devem ser inscritos nos Livros de Tombo e ficar sob proteção pública.
O Artigo 3º amplia a proteção para os entornos dessas edificações, determinando que, em até 90 dias, a SPHAN (por meio do Ministério da Educação e Cultura) defina as áreas de entorno a serem preservadas.
Já o Artigo 4º proíbe, durante esse período de 90 dias, a aprovação ou renovação de licenças para demolições, reformas ou construções que possam “eliminar, no todo ou em parte”, prédios existentes na área urbana da “Cidade Imperial”, segundo critério da SPHAN.
O Artigo 5º estabelece que o Ministério da Educação e Cultura (SPHAN) deve trabalhar junto ao estado do Rio de Janeiro e ao município para adotar um plano urbanístico que combine desenvolvimento com preservação do acervo arquitetônico e natural da cidade.
O decreto foi um instrumento legal decisivo para proteger o patrimônio histórico de Petrópolis. Ele formalizou a obrigatoriedade de tombamento de construções, paisagens e conjuntos arquitetônicos ligados ao passado imperial, além de estender a proteção aos arredores dessas áreas. Isso ajudou a evitar demolições e intervenções que poderiam descaracterizar o centro histórico e os bairros mais ligados ao período monárquico. Até então, existia uma preocupação real com a perda de edifícios antigos e da paisagem original da cidade.
Planejamento Urbano
O decreto orientou a criação de um plano urbanístico compatível com a preservação do patrimônio histórico. A SPHAN (atual IPHAN) foi incumbida de propor normas de uso do solo que respeitassem tanto a preservação quanto o desenvolvimento. Estudos posteriores mostram que esse plano esteve na base de regulamentações municipais importantes. Por exemplo, conforme dissertações, o Projeto Petrópolis incorporou a demarcação de entorno e regras de zoneamento para proteger a cidade imperial.
Valorização Histórica e Turística
A oficialização de Petrópolis como “Cidade Imperial” reforçou sua marca simbólica e turística. Esse título ajudou a consolidar a imagem da cidade como um polo de memória monárquica, atraindo turistas interessados na história imperial, nos palácios, nas construções históricas e na vida cultural do século XIX.
Além disso, servir como base jurídica para tombamentos fortaleceu o apelo turístico: museus, palácios e monumentos foram preservados e valorizados dentro de um projeto que conecta a memória de Dom Pedro II com a identidade urbana contemporânea.
Reconhecimento e Identidade Local
Para os habitantes de Petrópolis, o decreto representou uma forma de reparação simbólica: reconhecer oficialmente a relação histórica da cidade com a monarquia, algo muito caro para a identidade local. Segundo historiadores, esse decreto “cristalizou” a faceta de símbolo da família imperial. Também é importante notar que a titulação veio quase um século depois da queda da monarquia, o que mostra que não se tratava apenas de nostalgia, mas de um esforço institucional para preservar e valorizar a herança arquitetônica, paisagística e simbólica da cidade.
Desafios na Memória
Apesar do decreto e da proteção legal, há críticas quanto à “memória idealizada” que se construiu a partir dele. Alguns autores apontam que a narrativa da “Cidade Imperial” é elitista e silencia partes da história, especialmente a presença de trabalhadores, escravizados ou descendentes de africanos na construção da cidade. Ou seja: se, por um lado, o decreto fortaleceu a preservação arquitetônica, por outro ele também entrou no jogo simbólico da memória histórica, carregando escolhas sobre quais partes da história devem ser lembradas e valorizadas.
Relação com a figura de Dom Pedro II
O decreto de 1981 funciona como uma reafirmação simbólica do vínculo entre Dom Pedro II e Petrópolis, mesmo quase um século depois de seu reinado.
A titulação legal reforça a cidade como herdeira do ideal imperial: civilização, modernidade, cultura, ciência – valores que Dom Pedro II simbolizava e incentivava em vida.
Por meio desse título e das proteções legais, parte significativa do patrimônio material ligado ao imperador (edifícios, paisagens, conjuntos arquitetônicos) foi preservada para as gerações futuras, mantendo vivo o legado monárquico em Petrópolis.
Referências
ALGRANTI, Leila. A casa, a rua e a cidade no Segundo Reinado. Revista de História da USP, n. 152, 2005.
BARMAN, Roderick.Citizen Emperor: Pedro II and the Making of Brazil, 1825–1891. Stanford: Stanford University Press, 1999.
BRASIL. Decreto nº 85.849, de 27 de março de 1981. Concede à cidade de Petrópolis o título de Cidade Imperial e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30 mar. 1981.
CALMON, Pedro.História de Dom Pedro II (O Magnânimo). Rio de Janeiro: José Olympio, 1975.
CARVALHO, José Murilo de.D. Pedro II: Ser ou Não Ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
DAMIANO, Raíssa.A cidade como patrimônio: estudos sobre o tombamento de Petrópolis. 2017. Dissertação (Mestrado em Urbanismo) – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, 2017.
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.Dossiê de Tombamento de Petrópolis. Rio de Janeiro: IPHAN, 2004.
KOELER, Júlio Frederico.Relatórios e plantas da fundação de Petrópolis (1843–1847). Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro.
LYRA, Heitor.História de Dom Pedro II. 3 v. Belo Horizonte: Itatiaia, 1977.
MAGALHÃES, Aloísio de.Patrimônio e Cultura no Brasil. Rio de Janeiro: MEC/IPHAN, 1985.
MUSEU IMPERIAL.Acervo documental e iconográfico de Dom Pedro II. Petrópolis, RJ: Museu Imperial/Ibram.
NEVES, Lúcia Maria Bastos Pereira das.Corpo Político e Corpo do Rei: A Política Simbólica no Brasil Imperial. Rio de Janeiro: FGV, 1999.
PIMENTEL, Alberto.Petrópolis e sua história. Petrópolis: Vozes, 1990.
REIS, Henrique Sérgio.Petrópolis Imperial: Arquitetura e Urbanização no Segundo Reinado. Rio de Janeiro: IPHAN, 2004.
SCHWARCZ, Lilia Moritz.As Barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
SOUZA, Miriam de Oliveira. Memória, patrimônio e identidade na Cidade Imperial. Anais do Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, 2012.
Renata Barcellos: ‘Textos literários no Enem 2025’
Renata BarcellosRenata Barcellos. Arquivo da autora
Dia 9 de novembro de 2025 foi aplicada a primeira etapa da prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de linguagens cuja prova é objetiva, com 45 questões e uma redação com a temática “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”. Um dos temas cogitados por mim desde o início do ano letivo. As duas etapas das provas são estruturadas em quatro matrizes de referência. Um dos meus Pós-doutoramento foi na análise das elaborações das questões de análise linguística a partir dessas matrizes.
Nesta edição, quanto às questões propostas a partir de textos literários, foram 10 de diferentes escolas literárias. O primeiro texto foi a contemporânea Ana Elisa Ribeiro (professora titular do CEFET-MG, pesquisadora do CNPq e escritora – poeta e editora – @anadigital) intitulado De próprio punho, publicado no jornal Rascunho, em 2021. Segundo ela, “interessante ter o texto no Enem. Para a escritora, uma grande oportunidade de ser lida e ter um momento para se dedicar ao texto. Enquanto linguista, um texto mais longo para cinco questões propostas com habilidades diferentes. Isso faz com que o candidato leia-o para entender e responder. Considerei uma indução interessante de um texto mais longo em relação aos textos fragmentados para uma questão. Como o Enem propôs isto: ler textos maiores, as escolas precisam reforçar. Se isso for uma tendência do Enem, dar mais atenção a textos mais longos para o desenvolvimento da leitura. Foi uma mudança interessante além de ser um texto meu. Isso pode induzir também a da formação”.
O contemporâneo Ruy Castro (jornalista, biógrafo e escritor brasileiro contemporâneo), sempre seus textos estão presentes nas provas de concurso. Em entrevista a Biblioteca Pública do Paraná:
“Certa vez me perguntaram: ‘Ruy, você faz livros e trabalhou a vida inteira como jornalista, sente-se mais jornalista ou escritor?’. Respondi que as duas coisas, dependendo do instrumento que eu estou tocando no momento. Mas trocaria essas duas atividades por uma outra, muito mais importante para mim, que é ser leitor. Eu deixaria de ser escritor tranquilamente para ser apenas leitor, se pudesse. Hoje mesmo dei um pulo num sebo aqui em Curitiba, o Fígaro, e o Paulo, dono do local, pediu que eu autografasse um livro para a loja. Escrevi o seguinte: “Quando morrer, não quero ir pro céu, quero vir pro Fígaro”. E é verdade, após a morte, eu iria para um sebo, para uma biblioteca ou para qualquer lugar que tivesse livros, jornais ou até mesmo bula de remédio para ler”. Um fragmento do texto proposto no Enem: “Frases feitas são aquelas que entram por um ouvido e saem pelo outro sem um estágio intermediário no cérebro. A boca fala por conta própria, dispensando-nos de pensar. E não tem problema nisso. Ou as ditas frases se incorporam à língua ou morrem e nascem outras. A língua é assim. Simples assim.assim”.
Visconde de Taunay autor de “Inocência”. Um romance que narra a trágica história de amor entre Inocência (uma jovem do sertão de Mato Grosso) e Cirino (um farmacêutico que se passa por médico). O romance acontece no Brasil do século XIX e explora o choque entre o mundo patriarcal do sertão, onde Inocência é prometida a Manecão, e a paixão proibida surge com Cirino. Trata-se de um romance regionalista brasileiro do Romantismo, dividido em 30 capítulos e cada um é introduzido por uma citação – mais um epílogo.
Marcelino Juvêncio Freire (Sertânia, 20 de março de 1967) é um escritor contemporâneo brasileiro e editor – @marcelino_freire_escritore vencedor do Prêmio Jabuti (2006) com o livro “Contos negreiros” no qual apresenta uma releitura moderna do preconceito, dando um novo olhar aos marginalizados da sociedade.
Gilka Machado foi uma poetisa simbolista brasileira. Ficou conhecida como uma das primeiras mulheres a escrever poesia erótica no Brasil. Hoje, praticamente, apagada das instituições de ensino. Quando se reporta ao Simbolismo se restringe a abordar Cruz e Souza. Isso ocorre até nas licenciaturas. Ótima iniciativa ser proposto um texto da autora a fim de estimular a leitura de sua obra.
Renato Galvão (escritor, poeta, artista e produtor cultural) O fragmento proposto foi o da obra Borboletas no Estômago descreve tal efeito através de textos poéticos que nos faz refletir.
Vicente de Carvalho (1866-1924 – advogado, jornalista, político, abolicionista, fazendeiro, deputado, magistrado, poeta e contista brasileiro). É considerado um dos maiores poetas parnasianos brasileiros, conhecido por sua linguagem precisa, rigor estético e temas que incluem o amor, a morte e, especialmente, o mar. Entretanto, pouco é estudado da Educação Básica à Superior.
Eliana Alves Cruz (escritora contemporânea brasileira, roteirista e jornalista. Prêmio Jabuti de Contos 2022 – @elialvescruz). Nesta prova, é proposto um fragmento do romance histórico “Água de Barrela”. O livro narra a saga de uma família negra por gerações, desde o período da escravidão no Brasil até os dias atuais, abordando temas como ancestralidade, resistência e as marcas do rascismo cultural estrutural.
Jorge de Sá (escritor, poeta e diplomata brasileiro contemporâneo). O fragmento do texto proposto de autoria do autor é uma reflexão sobre conto e crônica: “Sendo a crônica uma soma de jornalismo e literatura (daí a imagem do narrador-repórter), dirige-se a uma classe que tem preferência pelo jornal em que ela é publicada”. Este tema já foi abordado por diversos escritores. Trata-se do recurso linguístico da metalinguagem.
Carmen Dolores (pseudônimo de Emília Moncorvo Bandeira de Melo – 1852-1910, uma das escritoras brasileiras mais influentes no início do século XX e também pioneira na luta pelos direitos femininos. Em uma época na qual mulheres sequer podiam votar, Emília tratou, com sua escrita incisiva e corajosa, de temas incendiários, como o direito ao divórcio, à educação e a igualdade no trabalho, além de ironizar o conservadorismo católico. A autora ingressou na imprensa como diletante ao ficar viúva, com seis filhos para criar. Passou a escrever crônicas — assumindo a coluna de Machado de Assis, no jornal O paiz —, artigos de crítica literária e contos até sua morte, tornando-se a colunista mais bem paga no Brasil). Outra escritora proposta “apagada” da historiografia literária. Precisa ser trabalhada da Educação Básica à Superior. Em uma época na qual a mulher não tinha “voz” e era “impensável estes temas”, ela teve coragem de abordar e lutar por temas tão delicados. O Enem propôs um fragmento da sua obra mais famosa é A luta (livro de estética naturalista publicado pela Garnier, em 1911. Anteriormente, publicado em folhetim pelo Jornal do Commercio, em 1909).
Outra escritora contemporânea de Dolores é Andradina América de Andrada e Oliveira (1864 – 1935: jornalista, escritora, atriz, dramaturga e líder feminista brasileira. Fundou em 1898 o jornal literário Escrínio). Esta também defendeu o direito ao divórcio. Escreveu dentre outras obras, Divórcio, em 1912, na qual defende o divórcio “pleno”, para dar uma nova chance às mulheres subjugadas por casamentos infelizes. Estas duas escritoras à frente de seu tempo devem ser estudadas da Educação Básica à Superior.
E a última a ser abordada foi Clarice Lispector (1920-1977 – autora de romances, contos e ensaios. É considerada uma das escritoras brasileiras modernistas mais importantes do século XX). A questão proposta foi um fragmento da obra Aprendendo a viver. Trata-se de uma seleção das crônicas confessionais que a escritora escreveu no Jornal do Brasil, entre agosto de 1967 e dezembro de 1973. Organizado por Pedro Karp Vasquez, o livro reúne uma série de textos em que a escritora conta sua própria vida, na primeira pessoa. Detalha passagens marcantes de sua história ao divagar sobre os temas mais variados e revela particularidades de seu cotidiano e esmiuça seu processo criativo. Neste, por exemplo, ela revela quais foram os livros que marcaram cada fase de sua vida e rejeita o rótulo de intelectual: “Ser intelectual é usar sobretudo a inteligência, o que eu não faço: uso é a intuição, o instinto”. Cabe dizer que tenho alma “clariceana”.
Para concluir, cabe dizer que, cada vez mais, urge explorar textos diversos e das diversas escolas literárias. E de autores “apagados”, “cancelados” também… Não se restringir aos clássicos. Os candidatos precisam comprovar nas provas externas a importância das Literaturas. Como disse Eliana Alves Cruz, a literatura é “uma agulha para costurar a tapeçaria da nossa história”. E como há belas agulhas dispostas a coser as memórias do povo brasileiro. Vale destacar a falta de autores africanos e indígenas nas questões propostas. As Leis nº 10.639/2003 estabeleceu o ensino da cultura afro-brasileira e 11.645/2008 ampliou essa obrigatoriedade ao incluir a cultura e história dos povos indígenas. Fica a dica para conhecerem outros autores contemporâneos no ebookNavegando nas Literaturas afro-brasileiras e indígenas . Viva as LITERATURAS!!!!
Entre cicatrizes, poesia e coragem, a mulher que transformou sobrevivência em legado
Sob a superfície
Há pessoas que escrevem para existir.
E há pessoas que existem para escrever, porque a vida, tão intensa e imprevisível, exige delas palavras que salvam, resgatam e iluminam.
Luciana Fisher é desse segundo tipo: uma mulher de 43 anos, brasileira naturalizada americana, que há 26 anos transforma Nova York no cenário onde reinventa a própria história.
Associada em Economia pela BMCC, estudante de Ciências Sociais com concentração em Economia na NYU, Luciana carrega uma mente inquieta e complexa, mas é no coração que tudo começa.
Disléxica desde criança e sobrevivente de um câncer de mama agressivo, ela aprendeu a conviver com desafios que tentaram silenciar sua voz, mas nunca conseguiram.
Quando não está mergulhada nos estudos, ela ocupa palcos que respiram literatura e intensidade: o lendário Nuyorican Poets Café, o Bowery Poetry Club, o tradicional The Lambs Club.
Luciana declama poesia como quem costura feridas, com coragem, vulnerabilidade e uma beleza crua que só quem já caminhou por territórios difíceis consegue traduzir.
Nos intervalos entre uma performance e outra, divide a vida com seus dois companheiros inseparáveis, Stitch e Spidey, seus “caolhotes”, como ela gosta de chamar, e com a rotina de tratamentos mensais contra o câncer.
A doença ainda bate à porta, mas não dita mais as regras. Luciana, sim, escolheu viver com toda a intensidade possível.
“Sob a Superfície”: quando a escrita vira sobrevivência
Sua primeira obra, Sob a Superfície, nasceu como um gesto urgente, a necessidade de processar a vida, de deixar um legado, de transformar o medo em arte.
O câncer era agressivo e o futuro incerto.
Guardar seus poemas na gaveta seria quase um desperdício da própria existência.
Então ela fez o oposto: abriu o peito e ofereceu sua verdade ao mundo.
O livro carrega duas causas que acompanham Luciana desde sempre: o câncer de mama e a dislexia.
Publicar não foi apenas um ato criativo, foi um ato político, humano, emocional.
Um sopro de força para quem luta, tropeça, recomeça e insiste em ficar.
Hoje, Sob a Superfície já está disponível na Amazon Kindle, Uiclap e Books.by, com mais lojas entrando no circuito em breve.
As versões em inglês e espanhol também estão chegando, expandindo ainda mais o impacto dessa voz que se recusa a ser limitada por fronteiras.
E o mais bonito? Luciana está só começando.
Ela tem outras três obras em andamento, um novo livro de poesia e dois romances de suspense.
A mulher que quase perdeu a vida agora a multiplica em histórias, versos, personagens e mundos inteiros.
Em Sob a Superfície, Luciana Fisher convida o leitor a uma jornada íntima através do amor, da perda, da identidade e do renascimento.
Com uma honestidade cortante e uma graça lírica, esta coletânea de poemas dá voz às lutas silenciosas que todos enfrentamos, e às verdades que nos conectam.
Os poemas de Luciana exploram temas como o luto, a transformação e o amor em suas múltiplas formas.
Cada texto é um convite à pausa, à reflexão, à busca pela própria história dentro das palavras.
Seja navegando as complexidades dos relacionamentos, lidando com a dor da perda ou redescobrindo quem se é, esses poemas oferecem acolhimento e inspiração para quem procura sentido nos momentos mais vulneráveis da vida.
A voz de Luciana Fisher é autêntica, profunda, empática e ferozmente honesta, com um ritmo que é ao mesmo tempo pessoal e universal.
Entre nesta exploração sincera da experiência humana, e descubra o que vive Sob a Superfície e Por Trás das Linhas.