Tênue linha
Evani Rocha: Poema ‘Tênue linha’
Passa o trem a apitar
Na fina linha do tempo
Num vai e vem sem cessar
Passo eu, passa você
Passam as águas do riacho
Passam as pontes, passarelas
Passam as terras sem fronteiras
Passam as moças na janela
Passam as estações do ano
Passam os anos devagar
Passam chuvas, passa o sol
Passam as noites de luar
Passa o vagão da saudade
O tempo e o desengano
Passa o claro e o escuro
Passam fortes tempestades
Passa o vento passageiro
Levando as folhas caídas
Passa o vagão do poeta
Passam os versos da poesia
Passam os pés do jardineiro
Marcando o pó da estrada
Passa o vagão da roseira
E as rosas desabrochadas
Passa o trem a apitar
Na tênue linha da vida
Passam os dias, os amigos
Passam os sorrisos no bar
Passa o vagão do suspiro
Da alma a soluçar
Passam as mãos cheias de nada
E nada mais a passar!
Evani Rocha