O desafio da educação

Fidel Fernando: ‘O desafio da educação: A indisciplina como sintoma, não como problema’

Fidel Fernando
Fidel Fernando
Criador de Imagens por IA do Bing – 23 de janeiro de 2025,
às 12h01

Nas salas de aula, é cada vez mais comum testemunharmos alunos a rasgar provas, reclamando veementemente, ou até mesmo a chorar diante de uma nota negativa. Alguns chegam a apelar à direcção escolar, alegando injustiças, mesmo quando a prova foi previamente revisada pela coordenação pedagógica. Essas atitudes revelam algo preocupante: parece que a missão do professor está a ser confundida com o desejo de agradar aos alunos a qualquer custo, muitas vezes para evitar confrontos ou descontentamentos. No entanto, o verdadeiro papel do professor vai muito além de ceder a caprichos.

Leandro Karnal, em suas reflexões, lembra-nos que o aluno deve ser o centro do processo de ensino. Contudo, é crucial entender que o aluno não é o problema em si, mas, sim, o comportamento que ele adopta. Assim como um médico não considera o paciente como um problema, mas, sim, a doença que o aflige, nós (os educadores) devemos distinguir entre o aluno e a sua indisciplina. O desafio que enfrentamos não reside na figura do aluno, mas na forma como ele se comporta dentro do ambiente escolar. Neste sentido, é fundamental ‘amar o pecador e odiar o pecado’, como nos ensinam os cristãos. Essa é uma lição que também ecoa no trabalho pedagógico: o foco não é o aluno, mas o comportamento dele que atrapalha o ambiente de ensino e aprendizagem.

Infelizmente, a questão da indisciplina não se limita a pequenos actos de rebeldia. Muitos professores relatam, com frequência, situações em que são desrespeitados, desafiados e, em alguns casos extremos, até mesmo agredidos. Esse fenómeno demonstra que há algo de errado na forma como o papel do professor é percebido hoje e, possivelmente, como as normas e os limites estão a ser estabelecidos e aceites. A docência não se resume, de maneira alguma, em satisfazer as vontades dos alunos, tampouco ao ʻoba-obaʼ. Pelo contrário, exige autoridade e firmeza.

Içami Tiba, em suas reflexões sobre educação e disciplina, enfatiza a importância de ensinar os jovens a lidar com frustrações e a respeitar os processos de avaliação. A escola não é um ambiente onde se aplaude tudo que o aluno faz, mas, sim, onde ele é desafiado a reconhecer o esforço que envolve cada tarefa, cada exame e cada correcção feita com rigor.

Assim, como educadores, temos a missão de reverter esse paradigma: (i) que valoriza mais o ʻprazerʼ dos alunos do que o aprendizado real; (ii) que regista, muitas vezes, inversão de valores, colocando o educador em uma posição de subserviência em relação aos caprichos dos alunos. Precisamos trabalhar para que eles compreendam a importância da responsabilidade e da disciplina. A verdadeira vitória na educação não é ver alunos felizes com notas fáceis, mas vê-los orgulhosos de cada conquista, conscientes dos valores de respeito e empenho. Em última análise, essa transformação baseia-se na construção de um ambiente onde a correcção de um erro seja vista não como uma afronta, mas como uma oportunidade de crescimento.

Que possamos, assim, seguir na missão de educar, firmes em nossa postura, sem temer o desagrado temporário dos alunos, pois, a exemplo dos grandes pensadores da educação, é fundamental amar o aluno, mas nunca apoiar comportamentos que não vão ao encontro ao propósito maior da educação: a formação de cidadãos conscientes, responsáveis e, sobretudo, humanos.

Fidel Fernando

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O professor em desserviço

José Ngola Carlos: ‘O professor em desserviço’

Kamuenho Ngululia
Kamuenho Ngululia
Imagem gerada com IA do Bing ∙ 21 de janeiro de 2025 às 8:25 AM
Imagem gerada com IA do Bing ∙ 21 de janeiro de 2025
às 8:25 AM

Nenhum professor é autoexistente, ou melhor, nenhum professor existe por si. A existência do professor depende principalmente de que este tenha algo para ensinar e para quem ensinar.

A palavra professor deriva do verbo professar. Pelo que, um professor é alguém que professa, confessa, apregoa ou reconhece publicamente alguma coisa. Afinal, como podem existir professores sem terem algo para ensinar? Como podem existir professores sem que haja pessoas a quem professar?!

Queiramos ou não, a verdade é que todo professor está a serviço dos seus alunos. Estando a serviço dos alunos, é imperativo que este faça tudo ao seu alcance de modos a suprir as necessidades de aprendizagem de seus alunos no domínio cognitivo, afetivo e psicomotor em relação à vida e em relação ao seu meio envolvente.

Um professor a serviço dos alunos:

  1. Planifica as suas aulas;
  2. É assíduo e pontual;
  3. Ensina com destreza;
  4. Educa com paciência;
  5. Motiva com amor e
  6. Avalia sem preconceitos.

Estar a serviço dos estudantes é um dever por parte do professor, mas o anómalo, e não somente o inverso, pode ocorrer. Assim como o professor pode estar a serviço dos alunos, não pode fechar os olhos ao fato de que é possível, percebendo ou não, estar a desserviço da comunidade estudantil.

Um professor a desserviço dos estudantes:

  1. Não planifica as suas aulas ou planifica mal;
  2. Não é assíduo, muito menos pontual;
  3. Ensina sem nada ensinar de fato, antes atrapalha;
  4. Não educa, senão deseduca;
  5. Desmotiva e raramente motiva;
  6. Avalia como um fim em si;
  7. mesmo e não como um meio para alcançar a um fim.

No exercício das suas funções, por favor, diga não ao desserviço!


Kamuenho Ngululia

Malanje, 20 de janeiro de 2025

Como citar este artigo: Ngululia, K. (2025:1). O Professor em Desserviço. Brasil: Jornal Cultural ROL.

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Bioprofilia: Uma classe de professores que ama a vida!

José Ngola Carlos:

‘Bioprofilia: Uma classe de professores que ama a vida!’

Kamuenho Ngululia
Kamuenho Ngululia
Imagem gerada por IA do Bing –  25 de outubro de 2024
às 11:35 PM

A palavra ‘bioprofilia’ deriva da combinação de três (3) palavras que são:

  1. ‘Bio’ – que significa vida
  2. ‘Prof’ – que é referência ao professor ou à professora e
  3. ‘Filia’ – que quer dizer amor

Neste sentido, ‘bioprofilia’ é uma referência a condição mental, emocional e volitiva de todo agente educativo que vê no seu trabalho um contributo em favor da vida. Aqui, conforme queremos significar, vida quer dizer crescimento intelectual, desenvolvimento emocional e progresso sociocultural.

Da palavra ‘bioprofilia’ é possível extrair a palavra ‘bioprófilo’. ‘Bioprófilo’ é um nome que descreve todo professor ou professora que vê no seu serviço uma oportunidade para enriquecer a vida de seus alunos visando o avanço tecnológico, filosófico e ético em favor de toda humanidade.

‘Bioprofilia’ é fundamentalmente uma condição mental porque o exercício da função docente é feito em conformidade com o ideal didático-pedagógico do seu executor. O ideal didático-pedagógico de um agente educativo ‘bioprófilo’ se assenta sob as seguintes bases ou princípios educacionais:

  1. O diálogo como principal método de ensino
  2. A produção e a descoberta como seu objetivo geral
  3. A aceitação da crítica como meio de reflexão e progressão
  4. A honestidade, a humildade e a certeza (fé) de que seus alunos e alunas possuem um potencial avassalador para o alcance da genialidade como sua ética de trabalho e
  5. O amor à vida, aos alunos e ao progresso da comunidade humana como sua verdadeira motivação enquanto professor ou professora.

Um agente educativo ‘bioprófilo’ não tem apreço:

  1. Pela unilateralidade no processo de ensino e aprendizagem
  2. Na mera reprodução de conhecimentos
  3. Em sobrepor-se como o dono da verdade
  4. Pela desonestidade, arrogância e falta de confiança no potencial de crescimento de seus alunos
  5. Na improdutividade ou morte intelectual, emocional, cultural, tecnológica e socioeconómica de seus educandos-educadores

Portanto, haja coragem para se ser ‘bioprófilo’ e não ‘necroprófilo’!

Como citar este artigo: 

Ngululia, K. (2024:2). Bioprofilia: Uma Classe de Professores que ama a vida! Brasil: Jornal Cultural ROL.


Kamuenho Ngululia

Malanje, 25 de outubro de 2024

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