Veda

Clayton Alexandre Zocarato: Poema ‘Veda*’

Clayton Alexandre Zocarato
Clayton A. Zocarato
Imagem gerada por IA do Bing - 2 de outubro de 2024 às 2:25 PM
Imagem gerada por IA do Bing – 2 de outubro de 2024 às 2:25 PM

A mente é lenta
Que experimenta
E lamenta
Que a cada nova esquenta
Reproduz vedas
De dores
Conclamando amores
Para além da mente
Mas um harém
De corpos
Que gritam por verdades
Em busca de alguma
Beldade celestial
E material

* Veda. Em Sânscrito, literalmente, conhecimento.

Clayton Alexandre Zocarato

Contatos com o autor

WhatsApp

Voltar

Facebook




Esfinge

Pietro Costa: Poema ‘Esfinge’

Pietro Costa
Pietro Costa
"Se a poesia não nos decifra... somos ideias repetidas"
“Se a poesia não nos decifra… somos ideias repetidas”

Inebriado eu me sinto
Não pelo teor alcoólico
Propriamente dito

É pelo poema sorvido
Pela música tocada
Pelo arranjo inventado
Pela amizade celebrada
Pelo banquete servido
Pela noite enluarada
Pelo eclipse avistado 
Pela estrela iluminada
Pelo sorriso revidado
Pela lágrima derramada
Por seus olhos famintos
Esfíngicos
A decifrar minha tara  

Musa que nos enleva
Encanta
Engana
Atiça
Enfeitiça

A todos, brinde
Em doses abrasantes 
E ‘shots’ extenuantes
De dores e amores
A todos, acinte

Somente a poesia nos salva
Sem ela, somos almas penadas
Nadas semânticos, cacofonias
Devorados pela fobia de vida
Dilacerados pela apatia

Se a poesia não nos decifra
Somos afetos sabotados
Vírgulas sem pausa e causa
Parágrafos sem nexo 
Desafetos do sexo
Ideias repetidas

Pietro Costa

Contatos com o autor

Voltar

Facebook




Costurando

Ivete Rosa de Souza: Poema ‘Costurando’

Ivete Rosa de Souza
Ivete Rosa de Souza
A vida se enfeita e vai bordando…
Criador de imagens do Bing

Passei a vida costurando sonhos

Juntando os retalhos dos amores

Em cada ponto arrematando

A estrada por mim percorrida

Aconteceram nesses caminhos

Desvios que trouxeram dissabores

Nem tudo são flores no pontilhado

Do tecido fino e as vezes descuidado

Rasga sem querer remendar é preciso

As quando os amores acontecem

A vida se enfeita e vai bordando

As almas que ali se ajeitam

Para que a felicidade seja plena

E o coração com muito cuidado

Com a linha dos sonhos vai costurando.

Ivete Rosa de Souza

Contatos com a autora

Voltar: http://www.jornalrol.com.br

Facebook: https://www.facebook.com/JCulturalRol/




Claudia Carvalho: 'Depois do Adeus'

Pessoas, amores e desamores vêm e vão de nossas vidas​, mas a sua eterna companhia é você mesmo carregando suas lembranças e as consequências de suas escolhas

 

Pessoas, amores e desamores vêm e vão de nossas vidas​, mas a sua eterna companhia é você mesmo carregando suas lembranças e as consequências de suas escolhas.”

Tantos sentimentos e conflitos precedem ao inexorável instante do ultimato aceno do adeus.

As almas enrugadas pelos seus corações dilacerados na exaustão provocada pela dor colecionada e, por fim, potencializada pelo final abandono.

O nefasto fim de uma história de amor, pode ser comparado a um acontecimento catastrófico de dimensão de tal magnitude, a nos varrer da própria existência da alma.

Assim, impiedosamente atingidos, naquilo que nos é de preciosidade vital, passamos a vagar por solo inóspito, desabrigados de nossas almas, apenas como personagens errantes de nossa própria biografia.

O romper de uma história a dois, nem sempre significa o fim do amor, do qual o adeus insiste se despedir também agora.

E, por sobreviver esse sentimento, o amor, mesmo que soterrado aos escombros do próprio relacionamento, é muito difícil dissociá-lo dos sabores do ressentimento e do ódio pelo adeus.

O adeus contraria a própria vontade do amor em ficar.

Misto de alívio e repentino arrependimento na decisão terminal, o adeus, ardilosamente, confunde a racionalidade e a emoção humana, na medida em que a vontade é de ficar mas a decisão, ainda assim, é de partir.

E o adeus, aliado do orgulho e da limitação humana, é o vencedor entre os unânimes derrotados do amor.

Mas das ruínas desse acontecimento ainda podemos emergir em direção à pacificação existencial, se formos capazes de escolher pela suavidade e retidão do caminho.

O amor nos fará crescer em versões mais completas de nós mesmos desde que tenhamos responsabilidade emocional também com o outro e o compromisso incondicional com a dignidade.

Pior dor não é a da partida mas a das costas da indiferença e do desprezo.

É o sair da vida do outro como se nunca nela tivesse antes entrado, batendo a porta no vazio da ingratidão e do esquecimento.

Ao se despedir, somente a você caberá decidir a herança emocional que deseja transmitir e quais as marcas que tatuará na alma e na vida de quem está deixando.

Na partida pode ser grande, do tamanho da dignidade, ou encolhido na insignificância da decepção causada.

A escolha é sua em qual imagem deseja eternizar-se na lembrança da vida de seu despedido amor.

Pode ser a do doce rosto amigo de alguém que, até o último segundo depois do adeus, se importou com o outro, com os sentimentos que cativou no coração alheio, no mesmo coração em que fez a morada de seus sonhos um dia.

Ou da face assustadoramente cruel de um inimigo oculto até então despercebido eis que camuflado pela máscara que se apresentava diante do amor, dispensando ao então parceiro de outrora o tratamento de um algoz, ao ferir-lhe com a humilhação das armas cruéis do desprezo e da frieza ao completo abandono.

Insensível, a descartar ao lixo da humilhação o sentimento alheio, apregoa agora o ódio e a indiferença de sua imagem ao olhar do outro, antes tão bem cuidada, sobre si mesmo.

Ao término do relacionamento, será medido por suas atitudes, seus princípios e sua ética, podendo crescer ao topo de um gigante ou reduzir-se a um diminuto tamanho.

Encolhido, poderá assim ser invisível a todos, mas não escapará de ser observado pelos olhos da imagem tortuosa a refletir do espelho.

As pessoas são seres sentimentais, que carregam planos e sofrem traumas, não coisas para serem adicionadas e descartadas ao depois sem qualquer cuidado e compromisso.

A maturidade reside na preservação da integridade e do respeito à própria história, preservando o outro da destruição.

A escolha pode ser ainda pela vala do abismo emocional, ao tentar enxotar das lembranças a sua história de amor, repudiá-la em sua mente e em seu coração, ou alimentar seu ódio por ela.

É como se o ressentimento pudesse ocupar o lugar vazio do amor que partiu.

Iludido, acredita que pode assim esquecer os sentimentos de amor e de apego que ressuscitam a dor.

O desprezo e o ódio pelo que viveu lhe trarão uma aparente sensação de saciedade ao vazio de sua dor, e assim em desespero os tomará para si.

Então, o vazio lhe engolirá mais e mais pelas profundezas dos escombros, até que a luz desaparecerá por completo pelo cerrar das janelas e portas de sua alma.

Assim, se perderá da esperança, ficará cego perante as infinitas possibilidades de renovação da vida, e nessa aridez existencial se aprisionará no calabouço do conformismo da derrota.

Entretanto, poderá aprender e, ao mesmo tempo lutar com essa experiência existencial ao render-se à melhor das escolhas para a superação, sendo generoso consigo mesmo ao recusar o abismo emocional.

Compreensível não nos darmos mais em empatia por quem escolheu o caminho de nos soterrar impiedosamente a alma ao tripudiar sobre nossos sentimentos mais caros.

Por aquele a quem foram dadas várias oportunidades para repensar suas atitudes e corrigir a rota, mas decidiu por agravar ainda mais as feridas alheias.

Porém, não é preciso violentar-se extirpando aquele que amou do seu coração, mas é necessário exercitar-se a conviver emocionalmente com a perda ou a renúncia ou a decepção, pelo tempo e no formato que forem necessários para a sua superação.

Raízes dos traumas nascem das sementes vingativas do erro do rompimento forçado, imediato e a qualquer preço, com a dolorosa morte do outro dentro do coração, como meio de sobrevivência da alma cuja memória, entretanto, embora adormecida, é eterna.

Os sentimentos têm que ser trabalhados, compreendidos e aceitos e não abandonados em luto perpétuo pelas frestas do caminho.

Lembrar que as despedidas são portas para outras chegadas e para novos caminhos, no círculo dinâmico que é a vida.

E que o sopro do vento sempre muda de direção embaralhando as folhas na surpresa do inusitado.

Depois do adeus, que você, em trauma, não tenha medo de não esquecer, mas que consiga, mais do que suportar a lembrança, ser capaz de conviver pacificamente com ela e lapidá-la, gentilmente, até que, por fim, se encaixe confortavelmente dentro de você.

Pessoas, amores e desamores vêm e vão de nossas vidas, mas a sua eterna companhia é você mesmo carregando suas lembranças e as consequências de suas escolhas.

Escolha o certo, escolha ser feliz na paz do seu sorriso no acalentar do seu coração.

 

 

Inspiração , 13 de fevereiro de 2.018.

 

  1. MAIL claudiacarvalho.oab@gmail.com

FACEBOOK                Claudia A Carvalho

INSTAGRAM               registros_do_cotidiano