Coreografia em solo cisne

Ella Dominici: Poema ‘Coreografia em solo cisne’

Ella Dominici
Ella Dominici
Um cisne. Imagem criada por IA do Bing
Imagem criada por IA do Bing

Cisne é solitário, em colo claro
deslizando íntimo, sobre si sobram- lhe penas
oleaginosas vertiginosas, apenas elas
escorregadas, noturnas, desamadas

Alma de cisne em transcendência retratando feminina lenda despida
de terra, água, concubina das essências.
Caçada pela dramaturga vida
que envenena a platônica expectativa
anunciando última cena,
na dança dos aplausos ao solo em poesia:
Coreografia do cisne e flor.

Se pudesse trincar o espelho do lago
todas as gotículas seriam minhas
círculos que se formam fora do itinerário
natural quando se vibra e gutural
quando se cria no gosto aveludado,
em som de salmonella e cor vanilla.

Se pudesse pacificada como andorinhas
a dor nadaria sem oriente nem para trás
nem para frente…sumida
Tateando doce de lagos gelados
no fremir sentidos quando se dança
uma valsa leve que balança

Jogue uma flor carmim sobre mim
ela comigo baila como cisne
desmaiados de tantos círculos assim
que deixam as fadigas e cismas
nesses beijos longos vida e consciência
na coreografia sonhadora da existência

Ella Dominici

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Magna Aspásia Fontenelle: 'Voa, voa…'

Magna Aspásia Fontenelle

Voa, voa…

Andorinha solitária

Voa por cima das cordilheiras

Ao som do vento

Deleita-se

 

Com a beleza do horizonte

Que se funde ao mar num azul profundo

Pousa em maquis e garrigue

Foto por Magna Aspásia, tirada no percurso entre o mar de Salvador-Bahia e Ilhabela-SP, num Cruzeiro em 2017

Pra se alimentar

 

Voa, voa livre

Além do arco-íris

Águas e montanhas se entrelaçam

Entre passado e presente

 

Duelos de águas profundas

Chegam sem avisar

Ceifando vidas

Cristalizando lágrimas e dor

 

Voa, voa,

Como a fênix que renasce da cinza

retorna

luta

canta

esperançando

o reinício do ciclo da vida.

 

 

Magna Aspásia Fontenelle

30 de novembro de 2019