Era uma vez em Kakuaku

Seth Marcelo: Crônica ‘Era uma vez em Kakuaku

Seth Marcelo
Seth Marcelo
Microsoft Bing – Imagem criada pelo Designer

Comigo segue a alegria de viver a vida de maneira pronta, pós-embora desconfiado para mais um início de interrogações ao mesmo tempo, preocupação pela situação pelo qual vivemos a nossa vida. Deixo a casa e vou em direção à paragem de modos a tomar o taxi ou transporte público… surpresa! Preocupação e medo ao mesmo tempo.

Quem será encontrarei pelo caminho­­­­? Será que terá alguém das que conheço no bairro naquele ponto da vila? Se, porventura encontrar, vou fingir totalmente que não a vi. Penso, mas já faço isso sempre que aí passo, afinal, gente que estraga lares sempre fez parte do nosso dia a dia! Onde passar para escapar? A expressão tensa de todas que praticam a vida naquele lugar é exposta à vergonha crua… com isso, Deus não se dá nunca por satisfeito, entretanto, a vergonha dos que praticam tais coisas e a agonia das vítimas, continua…

Desço do taxi, viro a cabeça e vejo as filas longas de moças bonitas lá ao fundo antes da curva: olho para minha direita, na direção de quem vai ao Kikolo, cinco minutos antes do Supermercado Africana, com vergonha de fazer parte de uma geração, cuja missão que me compete é a de professor. Viro os olhos para baixo e ponho-os rente ao chão, é repugnante!

Alguns amigos movidos de cansaço e em oportunos momentos, vão no intuito de abraçar e beijar quem, com coragem, pôs-se de joelhos entra as pernas abertas para facilitar o que entra e o que sai, chorando por migalhas para se manter e, que há de chorar por esse e único motivo. Quem aprendeu que não se ganha nada sem sacrifício, está em clamor a quem só precisa desaliviar o escroto e ir encontrar a família em casa.

É tudo cumprimento de boa recompensa depois de um dia tenso e penoso de trabalho, talvez. No meio do caminho lembram: Epa! Ligam o motor peitoral, umas tantas corridazinhas na farmácia ao lado, comprar camisas de vênus! O assunto é o mesmo em todos os lados da vila até à orla do mar: rapidinha trezentos, uma hora mil kwanzas! Elas até zungam.

O trabalho da polícia é tenso: apenas para correr zungueiras e vendedores ambulantes que vão à procura de pão digno… talvez as xuxas (seios, mamas) também sejam, por isso não há quem as interrompe. Expressões de tensão e medo inundam mentes de quem vende ginguba e banana para se suster. Esses têm sempre um dia de corrida na vez dos que, com uma perna, fazem acrobacias. Marcas visíveis pelo caminho do carrossel infantil que leva cinco minutos de marchas para o sítio que convida.

Mas o problema está contido nas águas do Oceano Atlântico, um negócio muito bem orientado e está seguindo a conduta de quem os guia para não disseminar informações antagônicas e estragar o bolo. Muito cuidado em andar naquela circunscrição se se estiver munido de kwanzas! É necessário a todo sempre manter a calma e desacelerar a testosterona para poupar a vida que já não há. Ao final do dia, vou ao encontro ao meu bem maior, a família, o porto seguro que apoia em todos os momentos!

Ao chegar no bairro, há quem olhe como se de mim tivesse ideia; lembro o cenário da vila de KaKuaKu no estraga lar, só pode ser. Finalmente me venho e continuo ao lar escolhido por Deus para o repouso da alma. Primeiramente, oro e em seguida deixo cair por terra toda imagem captada na vila e a vida segue.

Na vila de KaKuaKu, trabalhar naqueles arredores, ser dono de um estabelecimento, transportar uns míseros Kwanzas, ou um prato de arroz com peixe frito, é tudo que um momento de prazer importa. Qual teste fazer? Já não se desconfia de nada e de ninguém. A nota de qualquer Kwanza é sinônima de resultados vindo de laboratório nacional de coleta de sangue. Toda uma desconfiança cai por terra diante de uma nota de Kwanza qualquer.

Às vezes, de maneira diferente várias vezes ao dia…todos estamos aprendendo e contribuindo para um mundo melhor. De repente se há certeza de que seria melhor viver a vida em um minuto de coito. Em breve tudo isso fará parte de mais um capítulo da história de kakuaku, embora com um começo no meio, estamos ajudando a escrever.

Chega a noite, terminam as reflexões e temos de nos preparar para mais um dia e poupar forças na vontade de tornar as ver e querelas. Se não ser por vontade delas, será por nossa se é que o sabem. Cada um de nós homens é este pouco e este muito de prazer que elas espalham, esta bondade e esta maldade, esta paz e esta guerra, revolta e mansidão de que proliferam. Com mais informação, menor medo e com orgulho de ser parte dessa resolução, apesar da vergonha que sinto desse negócio, que me deite em paz, e amanhã possa acordar para uma vida feliz e pacífica.

Consente que me aplique no cumprimento dos seus preceitos e não me deixes acostumar a ato algum dessa novela em Kakuaku. Não permita que caia em poder dessa vergonha nojenta e brincadeira fedorenta. Que tenha virtudes às boas inclinações, não deixe que a vila tenha poder sobre mim, Senhor. Que me livre das más inclinações e das doenças mortais. não seja que eu sonhe com a morte ‘a vida no estraga lar’.

Seth Marcelo

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Do começo ao fim… O meio vale muito mais!

O leitor participa: Luís Manuel, de Luanda (Angola), com a prosa poética ‘Do começo ao fim… O meio vale muito mais!

Luís Manuel

Ninguém sabe por que razão algumas coisas dão certo e outras não.
Porém, eu tenho dito que não precisamos antecipar o resultado
quando podemos aproveitar os pequenos passos.
Tanto faz… se vamos chorar ou então sorrir. Basta-nos saber que uma coisa iremos aprender
e será essencial para o nosso viver

Lembro de quando me apaixonei:
quando sobre a atmosfera do meu coração caiu a estrela que iluminou os caminhos da minha paixão
.… quando achei a direção certa para a pequena aventura do meu coração.
Foi um dos momentos mais especiais da minha vida
Tão nobre sentimento, invadindo o espaço da minha alma querida.

Embarquei na esperança de que no final tudo daria certo

e que, finalmente, teria a mina mais bela por perto.
Era eu. Todo alegre e entusiasmado com uma guitarra na mão… sem nem saber tocar.
Apenas acompanhava o som
e para ela cantava uma canção de amor.

Momentos como esses foram se repetindo.
Várias vezes…
… Vezes e vezes.
Sorrisos eram vistos.
Abraços, sentidos
…Sons, ouvidos.
Todos os dias. Com um lindo semblante de alegria.

Porém, num piscar de olhos, a vida já não sorriu pra mim,
o amor que tanto se almejou… se apartou de mim.
Nessa hora, todos os belos sentimentos que eu carregava foram substituídos:
Desânimo, cansaço. Estresse!
Dor e sofrimento.
… e tudo que não fazia bem.

Sem perceber coloquei sobre o meu barco
o peso da escuridão. Naveguei em direção à trilha solidão.

Então, despertei!
Acordei. Assustei!
Daí me lembrei
Que, às vezes, e mais vezes…
a vida não será conforme o que planeei.
E que o melhor resultado está no caminho a ser percorrido.
Nos bastidores.
O “processo” nos lapidando…
seja qual for o final, o importante é que vivemos os momentos
com a maior alegria.
Intensidade.

Ouvindo sempre a voz do coração,
voltei a carregar os mais belos sentimentos no coração.
Desta vez… com a satisfação
de ter aprendido muita coisa. Uma lição.
Ao procurar um eterno amor,
achei uma nobre amizade.

Na real,
viver é mesmo isso: “aprender para crescer”.
Não precisamos fazer presente a vida futura. Nos basta, na maior simplicidade, viver os pequenos

passos.
Se vai dar certo ou não, apenas se saberá se a gente tentar.
Do começo ao fim…o meio vale muito mais!

Luís o Poeta, Sempre Creia!

Luís Mucau Manuel é escritor, poeta e estudante de Direito pela Universidade Agostinho Neto, em Luanda. Autor do livro Escritos de Sabedoria, publicado no mês de maio do ano 2023.

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Texto de Orlando Rafael Ukuakukula, publicado no Jornal ROL, torna-se objeto de estudo na Escola Superior Pedagógica do Bengo (ESPB), em Angola

Foto enviada por Orlando Rafael

Orlando Rafael é colunista do Jornal ROL desde 10 de dezembro de 2021, inaugurando sua entrada com o texto ‘Chuviscos à Cacuaco: A Pandemia’, uma crônica que foi objeto de análise na Escola Superior Pedagógica do Bengo (ESPB), em Angola

Orlando Ukuakukula

A internacionalização do Jornal ROL é um fato que a cada dia se observa com mais evidência.

Orlando Rafael é colunista do ROL desde 10 de dezembro de 2021, inaugurado sua entrada com o texto ‘Chuviscos à Cacuaco: A Pandemia’, uma crônica que foi objeto de análise na Escola Superior Pedagógica do Bengo (ESPB), em Angola.

Através do Rol, nesta terça-feira, 14 de dezembro, o professor da cadeira de Estilística da Língua Portuguesa da Escola Superior Pedagógica do Bengo (ESPB), José de Martins, partilhou, em sala de aula, junto dos seus estudantes do 4° ano do curso de Ensino da Língua Portuguesa da mesma Instituição, o texto de Orlando Rafael Ukuakukula, no qual exploraram a riqueza dos recursos estilísticos ali presentes e, mais especificamente, na maneira como o autor elabora o linguajar, atendendo a variedade do Português Angolano.

Uma das riquezas do intercâmbio literário entre o Brasil e o exterior, em especial com Angola, é, justamente, a possibilidade de os leitores do ROL conhecerem a cultura, os costumes, o linguajar peculiar  de outros países.

Conforme se observa da apresentação oficial de Orlando Rafael, ao final do texto ele cuidou de inserir o glossário, ou seja, anotações, antes interlineares ( glosas ), sobre o sentido de palavras antigas ou obscuras encontradas nos textos.

A apresentação de Orlando Rafael, com o texto que foi objeto de estudo em sala de aula, pode ser acessado pelo linque abaixo:

http://www.jornalrol.com.br/no-quadro-de-colunistas-do-rol-o-angolano-orlando-rafael-ukuakukula/