Aplicações argumentativas

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo:
‘Aplicações argumentativas’

Diamantino Bártolo
Diamantino Bártolo
Aplicações argumentativas
‘Aplicações argumentativas’
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Diz-se que se está numa situação argumentativa, entre outras, sempre que: se é chamado a tomar posição face a algo, seja a uma atitude, a um ato, a um projecto, a uma decisão, a um critério. 

Argumentar é, também, comunicar e daí a conveniência de se conhecer bem o recetor, para que se verifique uma compreensão cabal do discurso argumentativo, e os efeitos da argumentação possam ser controlados pelo emissor, o qual tem uma intenção que visa um efeito sobre o recetor. 

É por isso que deve conhecer bem e caracterizá-lo corretamente, para que possa prever melhor os efeitos e reações que a comunicação pode causar (o mesmo vale para uma argumentação perante um auditório-alvo, sendo condição essencial conhecer muito bem a sua constituição, para se utilizar uma metodologia que se preocupe em aumentar a segurança e as probabilidades de eficácia). 

Como estratégia de prudência convém ter presente alguns princípios, dos quais se referem apenas quatro:

a) Toda a prática argumentativa assenta no princípio da discutibilidade, do que resulta que aquele que argumenta deve considerar como discutíveis, as teses a favor ou contra as quais argumenta; 

b) Rejeitar a autoridade como princípio de regulação das relações entre os homens, reclamar-se do princípio do livre-exame, do direito à opinião e do valor dos juízos; 

c) Renunciar a todo e qualquer tipo de absolutismo, dogmatismo e atitudes radicais, nocivas ao entendimento, admitindo que as questões debatidas não estão nunca resolvidas, de forma absolutamente definida, quando se rejeita a existência de critérios infalíveis, que garantiriam a indiscutibilidade de uma tese; 

d) Incompatibilidade com a ideia de argumentação é toda a aceitação passiva e dogmática, tudo o que é passível de discussão, e que assim é elevado ao estatuto de ponto de partida inquestionável, aliás, é salutar que se questione tudo o que suscita dúvida e dificulta a compreensão.

Nesta época pós-moderna, em que as propagandas de todos os tipos são cada vez mais pressionantes e insinuantes, a juventude tem que ser, mais do que nunca, iniciada nas técnicas de persuasão, com as quais é diariamente “metralhada”.

Compreende-se, assim, que um regresso à retórica não possua, somente, uma vertente atual e prática, porque há outra largamente formativa, porque no estudo dos modos de raciocinar e de argumentar, encontrar-se-ão os instrumentos que ajudarão a exercer o espírito crítico, e a conduzir o pensamento com mais rigor. 

Como “ideia geral pode-se interiorizar que a força do argumento se avalia em função da sua refutação possível, e há que ter em conta que num processo argumentativo não existem evidências, porque o seu campo é o da controvérsia e da construção do saber, a partir da elaboração dialógica de hipóteses plausíveis”. (Cf. GIRÃO & GRÁCIO, 1995:153-60)

BIBLIOGRAFIA

GIRÃO, J. M.S. & GRÁCIO R. A. (1995). Área de Integração, Vol. II, Ensino Profissional, Nível 3, Lisboa: Texto Editora. 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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