Amor infinito
Evani Rocha: Poema ‘Amor infinito’
Chamava por ela
Quando ela sumia do seu campo de visão.
Tinha o toque de suas mãos como a roupa do corpo,
Tinha seus olhos como a própria luz…
Era amor infinito!
Confiava piamente nos seus cuidados,
Andavam na mesma direção,
O tempo era como um vento passageiro
Que vai e volta para o mesmo lugar…
O que importava os fios de cabelos brancos
Aumentando a cada estação?
As marcas dos dias vividos na pele
Das mãos e do rosto?
As manchinhas decorando a face?
Não lhe comovia a estranha imagem no espelho,
E a aceitação de todas as chuvas caídas em janeiro…
Pois era um infinito amor.
Mesmo com a dor, suportavam as pedras,
O curvar da coluna, pouco a pouco,
O andar lento e as vistas anuviadas
Nunca o impediram de sorrir com fervor.
Se entendiam num olhar,
Dividiam o leito e o dissabor,
Tinha nos olhos a solidão,
Aquela, necessária para preencher seus dias.
Falava do seu tempo com saudade,
Pois o hoje já não lhe cabia.
Esqueceu-se das mazelas vividas,
Porque guardava somente boas memórias afetivas.
Mas ela ali estava, a ouvi-lo ou a contar-lhe
Repetidas histórias…
Que importava-lhe ouvir ou contar as mesmas histórias,
Se eram bálsamo para suportar o correr das horas?
Era amor infinito…
Chamava por ela a qualquer fio de silêncio.
Sua voz era a segurança que almejava,
Mesmo suportando a sua irreverência.
Evitavam falar de partida.
Há tempo de pousar e tempo de abrir voo.
E talvez essa seria a maior dor – A separação.
A chegada e partida de cada um, somente a ele pertence.
Como é somente sua a soledade do nascimento e da morte…
Ainda assim, continham a imersão de suas almas,
A conversa silenciosa nos seus olhares,
E os murmúrios que camuflavam a inevitável solidão do adeus!
Evani Rocha