Por que choras minha alma?
Ivete Rosa de Souza: ‘Por que choras minha alma?’
Por que choras minha alma?
Acaso não te acompanho em tuas andanças, em teus anseios e arroubos?
Não estou presente quando choras ou quando ris?
Não sou eu que te sinto com o peito apertado?
Que dou vazão ao rio de lágrimas que me rasgam os olhos?
Por que então esse pranto esparramado, doído, doido, que me alimenta de tristeza?
Sei que te enganas às vezes, mas não estas só, tens um coração traiçoeiro, que bate neste corpo que habitas, e um cérebro que se espanta, se quebranta e se rebela, com todas as emoções humanas contraditórias .
Às vezes a fúria se apresenta, outras vezes o medo se esconde, ou responde com lamentos, e há tantos planos que são roubados pelos ventos.
Tantos sonhos costurados, desfeitos ponto a ponto, depois remendados.
Não chores mais minha alma, o pranto espanta a felicidade. Esqueces que a saudade também pode trazer promessas? E há tantas delas escondidas em ti, não deixes tua aura de verdade, tua vontade, teus desejos adormecerem.
Dai-me asas para a liberdade, deixa-me alcançar a plenitude, com atitude e coragem que só os fortes conhecem.
Meus olhos verão a luz dos teus, na espetacular existência terrena. Depois seremos eternas enquanto a luz atravessa o tempo, esse tempo de existir e transcender do físico ao etéreo. Então estarás liberta minha alma, não mais encontrarás motivos para chorar, pois, enfim, encontrarás a perfeição!
Ivete Rosa de Sousa
Tempo ancora em silêncio
Ella Dominici: Poema ‘Tempo ancora em silêncio’
O silêncio empoeirou-se
onde não há levante
de pássaros a cantar
onde não te começas choro
nem voas
nem nascente de águas
onde nadavas peixe
em toda volta
todo o ar de avoar
O silêncio empoeirou-se
dele voz nem se nota
vem vai e volta
é possível ver-me pó
Tempo ancora em silêncio
Tempo passa não espera a gente, que sente
amarras de todos e mundo não o resiste
com toda a sabedoria não o sabem ver bem
qual porto seguro, âncoras, correntes o retém
mas quando teus olhos me olharam de amor doce
senti a visão de suas mãos querentes
carícias em perfume
escutando seus lábios de melodia
vi a alegria
no silêncio sem tempo
pleno de corações.
Compreendi que o tempo
não tem dias mornos, horas frias
não começa nem finda no antes depois ou ainda
os encontros são subtrações dos reais anos
onde sobejamente sorriem
segundos sonoros dos sonhos
Ella Dominici
Contatos com a autora
Voltar: https://www.jornalrol.com.br
Facebook: https://facebook.com/JCulturalRol/
Não chore
Denise Canova: Poema ‘Não chore’
Não chore
Ele foi
Ele volta
Não vai encontrar outra melhor
Amor igual ao teu não há
Dama da Poesia
Facebook: https://www.facebook.com/denisecanova.denisecanova
Voltar: http://www.jornalrol.com.br
Grupo Com Traste e convidados se apresentam neste domingo (08), a partir das 11h00, no Parque Carlos Alberto de Souza, do Campolim
Serão interpretados clássicos do Choro, com músicas de Pixinguinha, Jacob do Bandolim e Waldir Azevedo. A apresentação é gratuita
No próximo domingo (08), a partir das 11h, o grupo Com Traste – composto por Beto Sforcim (violão), Washington Jr. (cavaquinho), Thiago Ismael (sax) e Bruno Machado (percussão) – e convidados se apresentarão na tradicional Feira de Artistas Plásticos de Sorocaba, no Parque Carlos Alberto de Souza, do Campolim.
Serão interpretados clássicos do choro, com músicas de grandes nomes do gênero, como Pixinguinha, Jacob do Bandolim e Waldir Azevedo.
A apresentação é gratuita.
Contato para shows e eventos: (15) 99711-6530
Gonçalves Viana: 'Um chorão'
Gonçalves Viana: ‘UM CHORÃO’
O choro surgiu por volta de 1870, não como gênero musical, mas como uma forma de tocar. Originou-se do estilo de interpretação que os músicos populares do Rio de Janeiro davam à execução de polcas.
Portanto o choro, assim como o beguine da Martinica, o danzon de Santiago de Cuba e o ragtime norte-americano são adaptações da polca, uma dança eminentemente europeia.
Mas cada uma dessas adaptações, embora tenham a mesma origem, apresentaram resultados diferentes, devido ao sotaque inerente à música de cada colonizador – português, espanhol, francês e inglês – e, também, a influência de música religiosa, assim como, a dos escravos, oriundos das regiões da África, dominadas por cada um desses colonizadores.
Já, com relação ao nome desse gênero, segundo a hipótese mais aceita, inclusive, pelo folclorista Luiz da Câmara Cascudo, o Choro viria de xolo, um baile que os escravos faziam nas fazendas, e que teria a palavra gradativamente mudada para xoro e, finalmente, choro.
Um dos primeiros chorões foi Joaquim Antônio da Silva Callado Júnior (1848-1880), seguido por seu discípulo, Viriato Figueira da Silva (1851-1883). Desde então despontaram inúmeros interpretes e compositores, tais como, Ernesto Nazareth (1863-1934), Patápio Silva (1881-1907), Bonfiglio de Oliveira (1894-1940), Pixinguinha (1897-1973), Benedito Lacerda (1903-1958), Garoto (1915-1955), Altamiro Carrilho (1924-2012), e tantos outros, mas, principalmente os dois expoentes do gênero, Jacob do Bandolim (1918-1969) e Waldir Azevedo (1923-1980).
Waldir foi o mais bem-sucedido em termos de vendas. A sua primeira composição, o choro Brasileirinho, lançado em dezembro de 1949, foi um enorme sucesso, tocando nas rádios e vendendo muitos discos. Em poucos meses, ele já havia arrecadado 250 contos (algo em torno de 30.000 dólares), uma fortuna para a época.
Os êxitos continuaram com Pedacinhos do Céu, em 1950, e Delicado em 1951. Essa composição – Delicado – um choro-baião, em seis meses já havia vendido mais de 200.000 discos (recorde brasileiro, na época). Logo chegou à Europa, repetindo o sucesso daqui. Foi sucesso também na Venezuela e na Argentina, onde foram vendidos 130.000 discos em poucos meses. E começaram a chegar pedidos de autorização, de vários artistas norte-americanos, para que pudessem gravar a música.
Isso levou um crítico musical do jornal Última Hora a comentar em sua coluna, do dia 24 de maio de 1952, o seguinte: “Como veem os leitores, depois de Tico-Tico no Fubá de Zequinha de Abreu e Aquarela do Brasil de Ary Barroso, o Delicado de Waldir Azevedo será a nossa terceira música com âmbito internacional de indiscutível sucesso e popularidade”.
Mas esse choro-baião, ainda proporcionaria muitas emoções a Waldir. Na ocasião em que realizava uma tournée pelo Oriente médio, ao percorrer uma feira, um verdadeiro mercado persa, em um país árabe, deparou-se numa das tendas, cheia de bugigangas, com uma caixinha-musical, ao abri-la, qual não foi a sua surpresa, a música era nada mais nada menos que o seu choro-baião Delicado.
Já Brasileirinho, além de ser um grande sucesso, teve enorme repercussão, quando a nossa ginasta, campeã olímpica, Daiane dos Santos, batizou um salto de sua criação com o nome de Brasileirinho, que ela executava ao som desse chorinho.
Em 1971, seu genro, funcionário do Banco Central, foi transferido para Brasília, Waldir acompanhou a filha, mudando-se para lá. Moravam em uma casa ampla e confortável, com uma grande área gramada. Certa tarde, ele estava lubrificando a máquina de cortar grama, quando teve decepada a ponta do dedo anelar da mão esquerda. Ao ser socorrido, Waldir parecia nem sentir dor, seu único pensamento era que nunca mais poderia tocar. O médico que o atendeu, perguntou pelo pedaço do dedo e pediu para a esposa que fosse buscá-lo, que o reimplante talvez fosse possível.
Após a operação, Waldir passou meses com curativos, e sempre achando que não tocaria mais. Mas, no ano de 1974, começou a frequentar as reuniões do Clube do Choro, onde tocava com Avena de Castro, entre outros. Ainda nesse ano, Waldir fez o seu retorno ao palco, no Teatro Nacional de Brasília. Embora não acreditasse muito no interesse do público, a sala encheu e o êxito foi absoluto.
Quando completou 57 anos, ele fumante inveterado, estava com a saúde muito debilitada, tomando vários remédios para o coração, acabou por sofrer a ruptura de um aneurisma abdominal. Transferido de Brasília para São Paulo, vindo a falecer em 20 de setembro de 1980.
Gonçalves Viana