O céu toca o mar

José Antonio Torres: Poema ‘O céu toca o mar’

José Antonio Torres
José Antonio Torres
"... o céu toca o mar no horizonte..."
Imagem gerada por IA do Bing - 15 de outubro de 2024 às 5:21 PM
“… o céu toca o mar no horizonte…”
Imagem gerada por IA do Bing – 15 de outubro de 2024 às 5:21 PM

A beleza dos sentimentos;
Os relacionamentos intensos e vividos;
Os rios que tocam as margens;
A chuva que toca o solo
Para irrigá-lo e fazer germinar as flores;
Os olhares que se tocam;
Mãos que se tocam e entrelaçam;
Lábios que se tocam,
Suave ou ardentemente;
Enamorados que se tocam através do sentimento;
Música que toca a alma.
Assim como o céu toca o mar no horizonte,
Você me tocou com o seu amor.

José Antonio Torres

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Para sempre

Evani Rocha: Poema ‘Para sempre’

Evani Rocha
Evani Rocha
Imagem criada pela IA do Bing
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De onde vem essa força
Que a tudo transforma
E semeia?
Essa luz que transpassa os olhos,
Expande, transborda
E derrama pelo chão!?

De onde verte essa emoção
Feita água em cachoeira,
Borbulhante e ligeira,
Molhando as palmas das mãos?
Essa ânsia de agir feito criança,
Correr descalça na chuva
E dormir por entre as nuvens?

De onde brota tantas palavras
Carregadas de saudade,
Se encadeando em frases,
Se transformando em poesia…
Esse avesso da alma,
Que se entrega à fantasia?

De onde nasce essa coragem,
Que já foi medo um dia,
Mas hoje quer ser o mundo…
Segundos de abstração,
Que faz da gente um corcel?

De onde surge esse céu
Que abre caminhos por dentro,
Emerge como nascente,
Trazendo à tona lembranças
Esquecidas para sempre…
Mas somente enquanto
O ‘sempre’
Não nos devore loucamente!

Evani Rocha

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“Chove chuva chove sem parar…”

Sergio Diniz da Costa: “Chove chuva chove sem parar…”

Sergio Diniz
Sergio Diniz
Imagem criada pela IA do Bing
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Final de tarde e o tempo já estava fechado, ameaçando cair outro toró, como já ocorrera no dia anterior. No entanto, sair com guarda-chuva na rua, enquanto ainda não está chovendo, é esquecê-lo no primeiro momento em que ambas as mãos estiverem vazias. Pelo menos para mim!

Eu estava, portanto, desguardachuvado quando o céu resolveu cair sobre toda a cidade.

Relativamente longe do meu carro ─ onde o ‘tal’ se encontrava, ali inútil, tanto quanto uma roupa de mergulho num deserto ─, não me restou alternativa, senão me abrigar embaixo de uma marquise. E, comigo, aos poucos, mais a cidade inteira…

E, também aos poucos, as muitas reclamações sobre as chuvas em excesso.

Sem muitas opções, enquanto esperava o tempo se recompor ─ e as pessoas, também! ─, detive-me a ouvir, discretamente, alguns comentários. Um em especial: um jovem, visivelmente apaixonado, cheio de cuidados com a bela e delicada namorada.

Pelo que deu para perceber, logo mais eles iriam a uma grande festa e ela tinha acabado de sair de um salão de beleza, onde passara horas ‘dando um trato’ no cabelo e, em contrapartida, tendo um maltrato nos bolsos.

Aquela chuva, digna de um novo Dilúvio, por conseguinte, se mostrava o suprassumo, a apoteose de todos os azares.

Enquanto chovia torrencialmente fora da marquise, sob ela a moça também começou a molhar, agora, os ombros do namorado que, visivelmente aflito, não sabia o que fazer, a fim de mitigar aquele sofrimento feminino.

Confesso que me compadeci da situação. E, dando asas à imaginação, vi naquele jovem um outro, um carioca de 18 anos, de nome Jorge Duílio Lima Meneses que, naquela situação, apelaria à chuva e a Deus: ‘Chove Chuva/ Chove sem parar…/ Pois eu vou fazer uma prece/ Prá Deus, nosso Senhor/ Prá chuva parar/ De molhar o meu divino amor…/ Que é muito lindo/ É mais que o infinito/ É puro e belo/ Inocente como a flor…/ Por favor, chuva ruim/ Não molhe mais/ O meu amor assim…’

Infelizmente, porém, sob aquela marquise, não estava ali o nosso querido Jorge Duílio, ou melhor, para o grande público, Jorge Ben* (posteriormente, Jorge Bem Jor), um guitarrista, cantor e compositor que, antes de enveredar pela música, queria ser jogador de futebol e chegou a integrar o time infanto-juvenil do Flamengo, mas, em tendo a música no sangue, seguiu a carreira e vem caminhando pelas trilhas do rock and roll, samba, samba rock, bossa nova, jazz, maracatu, funk, ska e até mesmo hip hop, com letras que misturam humor e sátira, além de temas esotéricos e de trazer influências árabes e africanas, oriundas de sua mãe, nascida na Etiópia.

Sua biografia aponta, ainda, que ele ganhou seu primeiro pandeiro aos treze anos de idade e, dois anos depois, já cantava no coro de igreja. Também participava como tocador de pandeiro em blocos de carnaval. Aos dezoito, ganhou um violão de sua mãe e começou a se apresentar em festas e boates, tocando bossa nova e rock and roll.

No início dos anos 60 apresentou-se no Beco das Garrafas, que se tornou um dos redutos da bossa nova. Em 1963, ele subiu no palco e cantou ‘Mas que Nada’, uma das canções em língua portuguesa mais executadas nos Estados Unidos até hoje, na versão do pianista brasileiro Sérgio Mendes com o grupo de hip hop norte-americano Black Eyed Peas.

Em 1968, foi convidado para o programa Divino, Maravilhoso que Caetano Veloso e Gilberto Gil faziam na Tupi. Participou, também, de O Fino da Bossa (comandado por Elis Regina e Jair Rodrigues) e da Jovem Guarda (de Roberto Carlos). Nessa época, obteve enorme sucesso com ‘Cadê Tereza?’, ‘País Tropical’, ‘Que Pena’ e ‘Que Maravilha’, além de concorrer com ‘Charles, Anjo 45’ no festival Internacional da Canção, da TV Globo, em 1969.

Na década de 1970, venceria este festival com ‘Fio Maravilha’, interpretado por Maria Alcina. ‘País Tropical’ também teve êxito, na voz de Wilson Simonal. Ainda nos anos 70, Jorge Ben lançou álbuns mais esotéricos e experimentais, como ‘A Tábua de Esmeralda’ (1974), ‘Solta o Pavão’ (1975) e ‘África Brasil’ (1976). Embora não tenham obtido sucesso comercial, estes álbuns são considerados clássicos da música brasileira.

Não, debaixo daquela marquise não estava o inspirado Jorge Ben, mas tão somente um desconsolado jovem apaixonado, para o qual aquela chuva ruim, repentina e solidariamente, deu trégua e, assim como para a namorada, parou de molhar a todos nós.

* Jorge Ben – Chove Chuva

Sergio Diniz da Costa

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Ensaio sobre o banho

Ella Dominici: Poema ‘Ensaio sobre o banho’

Ella Dominici
Ella Dominici

Ensaio sobre o banho
Ensaio sobre o sonho
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o banho que molha
tem algo de peculiar
não é banho à toa
entoa na acústica chuva
que escorrega a alisar
corpo de cima abaixo
parte por parte
pedaço por pedaço
de um inteiro tudo

água desliza devagar
entre todo o universo
de um corpo trêmulo
onde há tanto cansaço
o medo se esquiva
afoga-se mágoas
dúvida se dissipa no ar
das bolhas que dão pulos

e que voam de fato
na insustentável leveza
e a liquidez do tudo
rola pelo buraco do ralo
resquícios do antigo
excessos do moderno
reforma na água sutileza
e a solidão deságua
afoga as fósseis frustrações,

Kathársis humoral

se o castigo das pressões
na ducha faz pele rosada
contrasta com carinho luxo
do líquido que ensaboa
flui facilmente na face
feição torna-se terna
na eterna maçã visage
rubra de calor da água

quente caliente
aproveita
faz foto de fantasmas
felizes de aparecer
pois eram figuras falidas
sempre tidos por falácias

figurar no fundo
de um ser é tarefa feita
não para os fracos
mas ao que é profundo
caçador que extirpa miasmas

em seu banho peculiar
ensaboa pensamentos
quiasmas no enxágue
preconceitos
se soltam na kathársis
a jorrar como a água
que levou seu tudo errado
lavou seus mais que humanos
defeitos perfeitos

Ella Dominici

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PEDAÇO DE MIM

Rejane Nascimento: ‘PEDAÇO DE MIM’

Rejane Nascimento
Rejane Nascimento
"Vejo flores, recebo amores, inspiro-me"
“Vejo flores, recebo amores, inspiro-me”
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Escrevo quem significo
deixando versos livres
sentirem meu existir.

Sem olhares descrevo meu sentir;
choro chuva de adequadas lágrimas
vivendo na primavera sem ressentir.
Vejo flores, recebo amores, inspiro-me;
minha esperança adapta-se sem mentir.

Rejane Nascimento

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Foz de azul

Ella Dominici: Poema ‘Foz de azul’

Ella Dominici
Ella Dominici
rola coração cachoeira abaixo roda nosso amor no tempo e chega na foz azulada
“rola coração cachoeira abaixo roda nosso amor no tempo e chega na foz azulada”
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estrada se abre desvios à frente
vento sopra levemente às costas
Sol brilha, cintila morno suave à face
nos seus campos encontras ais salientes
caem de mansinho chuvas adocicadas

enquanto o guiso das ovelhas
meigos sinus presos em aselhas
acorda o vale deitado verde
do gramado que alonga-se sede

eu, coração desritmado vou dilatando
além da conta dos vermelhos sábios
eu recitando de molhados lábios
no ritmo destes batimentos francos

descontrolados pois não caibo
na pequena casa de meu corpo
rola coração ladeira abaixo
roda coração no tempo em furacão

vai desencanto te impera cachoeira
esta paixão te ampara a queda
more em gotas juntas lado a lado
moro-me, habito-te e me encaixo
onde nasce a nós foz de azulado
veio de seu corpo em meu coração

Ella Dominici

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Dias escuros e de muita chuva

Denise Canova: Poema ‘Dias escuros e de muita chuva’

Denise Canova
Denise Canova
Sempre há luz em dias escuros e de muita chuva.
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Dias escuros e de muita chuva

Pessoas perderem

Tudo

Sempre há uma luz

Caridade

Vem de toda forma

Não chore, tente ver

A caridade chegando

Dama da Poesia

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