Entre a chuva e a luz

Irene da Rocha: Poema ‘Entre a chuva e a luz’

Irene da Rocha
Irene da rocha
A autora, com 7 meses de idade

Minha história começa em Passa Quatro,
onde o amor tinha cheiro de terra molhada
e o riso das crianças misturava-se
ao canto das panelas na cozinha.

Havia colo, havia tempo,
e o mundo cabia inteiro
na palma quente das mãos da minha mãe.
Nada doía,
porque tudo era abraço.

Mas o céu, ah, o céu,
um dia escureceu de repente.
E a chuva, que antes lavava as ruas,
veio forte demais,
levando não só as casas,
mas o chão dos meus passos.

Perdi o lar,
perdi o cheiro de casa,
perdi o rastro da infância.
Minha mãe partiu, ano seguinte da enchente,
meu pai seguiu outro caminho,
e eu fiquei,
como quem fica num porto vazio,
esperando um barco que não volta.

No orfanato, aprendi o silêncio.
Aprendi que há dores que só Deus escuta,
mesmo quando o coração grita.
E, todas as noites,
eu perguntava baixinho,
Senhor, onde o Senhor se esconde
quando chove dentro da gente?

O tempo passou
e, um dia,
um gesto acendeu de novo a esperança.
Um padre, com olhos de ternura,
me estendeu a mão e disse:
Vens comigo.

Cruzeiro me acolheu
como quem acende uma vela
num quarto escuro.
Ali, a vida foi voltando devagar,
com o mesmo cuidado
de quem costura um pano rasgado.

Aprendi que a coragem
não é ausência de medo,
é a insistência em continuar,
mesmo tremendo.

Que as cicatrizes não são feridas,
mas mapas,
testemunhos de quem sobreviveu à travessia.

Hoje, quando olho para trás,
não vejo tragédias,
vejo caminhos.
A dor me ensinou a fé,
e o abandono me fez entender
que o amor de Deus
é o único abrigo que não desaba.

E se um dia a chuva te encontrar,
deixa que ela caia.
Ela não vem para te afogar
vem para lavar o que precisa ser renascido.

Quando ela passar,
a luz será mais clara.
E o que hoje parece fim,
é apenas o começo
de um novo amanhecer em ti.

Irene da Rocha

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Lágrimas de amor

Irene da Rocha: Poema ‘Lágrimas de amor’

Irene da Rocha
Irene da rocha
Imagem criada por IA do Bing – 09 de setembro de 2025,
às 13:11 PM

Molha-me a alma em doce ardor profundo,
Beijos guardados, abraços sem ter fim,
Transborda em pranto o amor que em mim é o mundo,
Corrente intensa que não cabe em mim.

Choro na chuva, em lágrimas me afloro,
Sem ter razão que possa aqui falar,
É só meu peito que se abre e imploro,
Deixando a alma inteira a se entregar.

Nos sonhos busco em ti meu terno abrigo,
E em cada instante a vida se traduz,
Na boca o beijo mora aqui comigo.

São rios de dor que a face me conduz,
Amor imenso que caminha contigo,
Chovendo em mim qual lágrima de luz.

Irene da Rocha

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Clamor deste povo na guerra

Nilton da Rocha: Poema ‘Clamor deste povo na guerra’

Nilton da Rocha
Nilton da Rocha
Imagem criada por Ia do Bing - 18 de junho de 2025, às 17:49 PM
Imagem criada por Ia do Bing – 18 de junho de 2025,
às 17:49 PM

Eu clamo ao Sol que não quer nascer,
Procuro a chuva, o mar, a flor,
Promessas feitas que vi morrer,
Resta ao mundo só dor e clamor,
Em silêncio se esvai o amor.

Vejo a Terra que sangra e chora,
Campos vazios, mares sem cor,
Toda a esperança que se foi embora,
O homem esquece o que tem valor,
E o céu se esconde do sonhador.

Cadê a paz que nos prometeram?
Cadê os frutos, o lar, o bem?
Só vejo os campos que se perderam,
E a dignidade que já não vem,
Tudo se apaga e não resta ninguém.

Quero os meninos nos rios, nas matas,
Vendo as estrelas, sentindo o ar,
Brincando livres nas madrugadas,
Sem medo algum de se apaixonar,
Vivendo o mundo a se renovar.

Chega de guerra, morte e mentira,
Que a voz da Terra se faça ouvir,
Que o homem aprenda, que nunca fira,
Que ao diabo não possa resistir,
E a paz renasça a nos redimir.

Nilton da Rocha
(18/06/25)

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Canção de Outono

Ella Dominici: Poema ‘Canção de Outono’

Ella Dominici
Ella Dominici
Imagem criada por Ia do Bing – 05 de junho de 2025,
às 03:57 PM

estou deixando
a chuva que amei e amou
evaporar segura em trovoadas
raios partindo…

chegando o outono sou
as folhas que voam e voltam
à terra tua que fica coberta por mim

não falo do caimento…
Falo da valsa em movimento
que me leva ao vento
e danço um leve frio
refrescar sonoro…

não falo das pessoas
esquecidas tal poeira
nem do tempo
sem eira nem beira

Digo das amareladas que
se avermelham
que são poesias livres

Digo das que se soltam
rubras em pensamentos
sem árvores nem galhos

neste outono me abraço
ao teu poema que
desfolhada me deixa
e sem queixa debruço-me
em teu chão onde sazono-me

Amando-te…

outonemo- nos!

Ella Dominici

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A esperança nasce imprevisível

Marcelo Pires: Poema ‘A esperança nasce imprevisível’

Marcelo Pires
Marcelo Pires
Imagem criada por Ia no Bing - 17 de abril de 2025, às 23:58 PM
Imagem criada por Ia no Bing – 17 de abril de 2025,
às 23:58 PM

A mãe com chapéu de flores amarelas
Chora deveras, enquanto está chovendo
Prefere viver entre realidades paralelas
O choro cai, e a chuva vai escondendo

Da varanda observa triste, o caos vivido
O menino traído pela insensatez da vida
Teve o seu pedido de cura não atendido
O universo é cruel, diante da despedida

Melhor chorar na chuva, ao evidenciar
A dor da perda, para um inocente filho
O coração murcha junto ao presenciar
As flores na chuva e a mãe sem brilho

O caos dos pensamentos desanimados
Seguem os caminhos insanos das gotas
Sem previsibilidade, caindo execrados
Ferem as mentes de esperanças ignotas

A vida é cheia de surpresas de verdade
Uma borboleta senta no chapéu florido
Voa na tempestade contra a dificuldade
Traz a fé na cura, em seu voo esplêndido

Marcelo Pires

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Doce Amora

Virgínia Assunção: Poema ‘Doce Amora’

Virgínia Assunção
Virgínia Assunção
Amora. Foto por Virgínia Assunção

Amora, doce menina que encanta como o brotar de uma flor
Teu sorriso ilumina, sejam dias de chuva ou verão.
Tens nos olhos a terna meiguice e na face de anjo, o dulçor
És amor que floresce no jardim do nosso coração.

Tua risada é melodia, uma canção a nos envolver,
Teu abraço, tão quentinho, afetuoso a nos afagar
És pequenina, porém imensurável universo a crescer,
Cada instante contigo, é o aprendizado do que é amar.

Tua essência é doçura, tuas mãozinhas, aconchego.
Amora, que a todos cativa, és infinita primavera.
Que a vida te guarde em caminhos de luz, paz e sossego
Menina amada, protagonista desta linda quimera.

Que nosso Deus sopre bênçãos em tua direção,
És o presente do criador, nosso tesouro, nossa Amora.
Pequena estrela que ao céu empresta o brilho em profusão,
E as mais lindas e vibrantes cores, ao nascer da aurora.

Virgínia Assunção

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O céu toca o mar

José Antonio Torres: Poema ‘O céu toca o mar’

José Antonio Torres
José Antonio Torres
"... o céu toca o mar no horizonte..."
Imagem gerada por IA do Bing - 15 de outubro de 2024 às 5:21 PM
“… o céu toca o mar no horizonte…”
Imagem gerada por IA do Bing – 15 de outubro de 2024 às 5:21 PM

A beleza dos sentimentos;
Os relacionamentos intensos e vividos;
Os rios que tocam as margens;
A chuva que toca o solo
Para irrigá-lo e fazer germinar as flores;
Os olhares que se tocam;
Mãos que se tocam e entrelaçam;
Lábios que se tocam,
Suave ou ardentemente;
Enamorados que se tocam através do sentimento;
Música que toca a alma.
Assim como o céu toca o mar no horizonte,
Você me tocou com o seu amor.

José Antonio Torres

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