Democratizar a política para a cidadania universal
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Democratizar a política para a cidadania universal


às 13:33 PM
As situações de conflito, que ocorrem um pouco por todo o mundo, umas mais graves do que outras, não são um produto exclusivo do tempo atual. Sempre houve, ao longo da História da Humanidade, acontecimentos violentos, que conduziram à morte milhares de pessoas.
Obviamente que não se incluem aqui as ocorrências naturais, também elas mortíferas: sismos, vulcões, tempestades, fenómenos imprevisíveis, doenças epidémicas, que a ciência e a tecnologia ainda não resolveram definitivamente. O incompreensível reside na incapacidade racional do homem, para criar, e consolidar, as condições favoráveis à pacificação do mundo.
Por isso é essencial a aceitação de um novo conceito de cidadania, mais abrangente, mais democrático, tendencialmente, uma cidadania universal. Para que tal venha a ser possível, é necessário, também, que a democracia seja interiorizada e praticada livremente, pelos cidadãos de todo o mundo, o que implica uma dupla interpretação conceptual deste valor político-social.
Na verdade: «A literatura sobre o conceito de democracia apresenta, de uma maneira geral, duas vertentes. De um lado uma linha de pensamento que concebe a democracia, em uma perspectiva instrumental, como um método eficiente de adopção de decisões, capaz de proteger a liberdade individual dos cidadãos. De outro, uma visão substantiva da democracia, baseada em um ideal normativo, valioso em si mesmo, porque vai além de um simples processo instrumental de tomada de decisões. Esta vertente constitui a premissa fundamental da democracia participativa, na qual os cidadãos se colocam como actores responsáveis nas políticas públicas e, consequentemente, próximas do poder público.» (BENEVIDES, 1991 e AVRITZER, 1994 apud MIOTTO, 2006:65).
Democratizar a política para uma cidadania universal, é uma tarefa que responsabiliza os cidadãos em geral, e os políticos em particular. Aceite, institucionalizada e implementada, a cidadania universal, entre todas as nações, congregadas na ONU – Organização das Nações Unidas -, acredita-se que no decorrer do presente século, seja possível atenuar muitos conflitos, eliminar outros e pacificar um pouco mais o mundo, muito embora, já próximo do final do primeiro quarto do século XXI, algumas das sociedades dos diversos pontos do globo e seus dirigentes, continuem apostados no belicismo e nas guerras comerciais e estratégias de hegemonia.
A tarefa é tanto mais difícil, quanto maiores forem os interesses dominantes da economia e dos recursos naturais mundiais e, nestas circunstâncias, as possibilidades de consensos e celebração de acordos são igualmente difíceis, complexas, imprevisíveis e também enquanto os atuais dirigentes mundiais não facultarem os meios para uma educação-formação que aponte para este objetivo universal: pacificar o mundo.
BIBLIOGRAFIA
BONBOIR, Anna, (Dir.). (1977). Uma Pedagogia para Amanhã. Trad. Frederico Pessoa de Barros. São Paulo: Cultrix.
MIOTTO, Luciana Bernardo, et. Al. (2006). ‘Qualidade da Democracia: Comunicação, Política e Representatividade’, in Comunicação, Cultura & Cidadania. Vol. 1 (2). Jul-Dez.2006. Pp. 63-77, citando BENEVIDES, M.V.M. (1991). A Cidadania Activa: referendo, plebiscito e iniciativa popular. São Paulo: Ática e AVRITZER, L. (Coord.). (1994) Sociedade civil e democracia. Belo Horizonte: Del Rey.
SEVERINO, António Joaquin, (1999). A Filosofia Contemporânea do Brasil. Petropolis RJ: Vozes. Venade/Caminha, Portugal, 2015.
BENEVIDES, 1991 e AVRITZER, 1994 apud MIOTTO, 2006:65).
Venade/Caminha – Portugal, 2025
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal