Minha herança

Verônica Moreira: Crônica ‘Minha herança’

Verônica Moreira
Verônica Moreira
"Minha herança"
“Minha herança”
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Neste momento, não há lugar para poesia nas palavras que estou escrevendo; talvez isso seja um tipo de legado, pois reúne tudo o que possuo… No entanto, é possível que meus herdeiros não venham a existir… Quem poderia se interessar por palavras e sentimentos que, à primeira vista, não parecem ter significado? Em um tempo como o nosso, quem teria a sensibilidade de preservar minhas escritas como verdadeiros tesouros?

Ah, meus caros amigos, será que ainda vale a pena deixar mais preciosidades dispersas pelo ar, em lugares gelados ou mornos? Neste instante, o que me rodeia são incertezas e uma esperança que, atualmente, mantenho em banho-maria. Sinto que não estou me cabendo dentro de mim mesma… E, quem se preocupa com isso? Aqueles que herdaram a essência da mulher poetisa, que transforma a poesia em sua riqueza. A quem caberá encontrar a chave do meu baú de tesouros?

Refletindo sobre minhas crenças, imagino como seria a disputa entre meus possíveis herdeiros. Acredito que alguns deles tentarão se apropriar dos meus versos carregados de melancolia e solidão.
Alguns poderão sentir-se mais atraídos pelos meus poemas fervorosos, repletos de paixão, enquanto outros poderão ansiar por reviver a infância em que o doce de coco era infinitamente mais tentador do que os de hoje. Contudo, ninguém será capaz de vivenciar as emoções que eu experimentei, desde a angústia mais intensa até aquelas paixões torcidas que me levaram à loucura.

Ah, meus descendentes! Lembrem-se de compartilhar minha herança com os necessitados de sabedoria, pois tudo o que deixo a vocês, apesar de parecer pouco, foi um presente que recebi um dia, sem pedir, de um poeta que guardou seu valioso legado dentro de mim. Não se tratava de dinheiro, prata ou ouro, mas de um tesouro que poucos desejavam, embora todos os que o possuíram se tornassem ricos, mesmo sem perceber que o verdadeiro herdeiro é aquele que lê.

Verônica Moreira

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No fundo d’alma

Irene da Rocha: ‘No fundo d’alma’

Irene da Rocha
Irene da Rocha
"No labirinto da mente vagueia o ser"
“No labirinto da mente vagueia o ser”
Microsoft Bing. Imagem criada pelo Designer

No labirinto da mente vagueia o ser,
Entre sanidade e loucura a percorrer.
Alimenta-se de memórias, anseios, desejos,
Num mundo de ilusões e segredos.

Monstro faminto de sabedoria e crenças,
Explora caminhos, enfrenta as defesas.
Na busca incessante do que se esconde,
Na memória profunda que ele responde.

Mas no fundo da mente, lá onde se engana,
Perdido em ilusões que a vida emana.
Entre dores e sonhos, vagueia o ser,
Num labirinto que o faz esquecer.

Almas gritam, rostos marcados pela dor,
Buscam refúgio onde não há temor.
Mas a mente doente, o ser crente carente,
Afoga-se em terror, na sua própria corrente.

Entre luz e sombra, entre céu e infinito,
O ser busca sentido, o que eterno.
No labirinto da mente, onde se perde,
Encontra-se a verdade que o mundo não lhe concede.

Irene da Rocha

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