Marta OliveriImagem criada por IA da Meta – 04 de setembro de 2025
Subversión 1 Cómo decir que el desierto llora que en un hombre dormido yace el infinito Admitir que el saber es un recién nacido, un brote apenas en la heredad del cosmos y abrir los párpados cansados de realidad en vértigo a un sueño sin abismos.
Subversión 2 Es menester darle a Dios otra oportunidad en la osadía humana de crearlo
Subversión 3 La locura es el refugio de las almas que han pecado de lucidez extrema
Subversión 4 La tierra que mereces aún no ha nacido. Pero el viento lleva huellas imprecisas y el sueño un mapa fragmentario.
Subversión 5 Muere la potestad de lo “real” cuando soplan los gigantes de Quijote y se duelen los molinos de sus aspas,
Subversión 6 Los parias son ángeles que han sido privados de sus alas.
Subversión 7 Los ángeles son los parias que aún no han recibido el don del exilio
Subversión 8 No hay obediencia posible en la verdadera santidad.
Subversión 9 No hay santidad posible en la sumisión del presente establecido
Subversión 10 De la memoria nace el futuro soñado en el ininterrumpido fluir de las almas libres.
Ivete Rosa de Souza Imagem gerada com IA do Bing ∙ 16 de janeiro de 2025 às 8:53 AM
Conheci o deserto intricado, imensidão de areias, com o vento soprando incansável.
Um incrível mundo silencioso, onde mesmo o vento sussurra, talvez com receio de acordar as serpentes sob a escaldante areia. Conheci o deserto que habita em mim.
Tão extenso e complexo, que nem mesmo sei explicar. Tive tempo de planícies intermináveis, um verde inconfundível, até flores ali se estenderam como um tapete colorido.
Vi nascentes que vertiam águas límpidas, cristalinas, promessas de vida, coroando amor e sonhos. Vi chuvas torrenciais que espantaram as cores, nublando e varrendo em torrentes turvas, as minhas lutas e esperanças.
Vi nevar, e o gelo do medo profundo, habitou meu mundo em demasiadas dores. Vi tristeza, solidão, perdas irreparáveis.
Mas ainda estou aqui, o deserto habita a vida sempre que me revolto, com o que perdi, ou esqueci, nos caminhos tortuosos que percorri.
Sou a emenda de muitos erros, o deserto do que não alcancei, mas que espera pelas águas das lágrimas que por muito tempo derramei, o esperado oásis no fim.
Sergio Diniz da Costa: “Chove chuva chove sem parar…”
Sergio DinizImagem criada pela IA do Bing
Final de tarde e o tempo já estava fechado, ameaçando cair outro toró, como já ocorrera no dia anterior. No entanto, sair com guarda-chuva na rua, enquanto ainda não está chovendo, é esquecê-lo no primeiro momento em que ambas as mãos estiverem vazias. Pelo menos para mim!
Eu estava, portanto, desguardachuvado quando o céu resolveu cair sobre toda a cidade.
Relativamente longe do meu carro ─ onde o ‘tal’ se encontrava, ali inútil, tanto quanto uma roupa de mergulho num deserto ─, não me restou alternativa, senão me abrigar embaixo de uma marquise. E, comigo, aos poucos, mais a cidade inteira…
E, também aos poucos, as muitas reclamações sobre as chuvas em excesso.
Sem muitas opções, enquanto esperava o tempo se recompor ─ e as pessoas, também! ─, detive-me a ouvir, discretamente, alguns comentários. Um em especial: um jovem, visivelmente apaixonado, cheio de cuidados com a bela e delicada namorada.
Pelo que deu para perceber, logo mais eles iriam a uma grande festa e ela tinha acabado de sair de um salão de beleza, onde passara horas ‘dando um trato’ no cabelo e, em contrapartida, tendo um maltrato nos bolsos.
Aquela chuva, digna de um novo Dilúvio, por conseguinte, se mostrava o suprassumo, a apoteose de todos os azares.
Enquanto chovia torrencialmente fora da marquise, sob ela a moça também começou a molhar, agora, os ombros do namorado que, visivelmente aflito, não sabia o que fazer, a fim de mitigar aquele sofrimento feminino.
Confesso que me compadeci da situação. E, dando asas à imaginação, vi naquele jovem um outro, um carioca de 18 anos, de nome Jorge Duílio Lima Meneses que, naquela situação, apelaria à chuva e a Deus: ‘Chove Chuva/ Chove sem parar…/ Pois eu vou fazer uma prece/ Prá Deus, nosso Senhor/ Prá chuva parar/ De molhar o meu divino amor…/ Que é muito lindo/ É mais que o infinito/ É puro e belo/ Inocente como a flor…/ Por favor, chuva ruim/ Não molhe mais/ O meu amor assim…’
Infelizmente, porém, sob aquela marquise, não estava ali o nosso querido Jorge Duílio, ou melhor, para o grande público, Jorge Ben* (posteriormente, Jorge Bem Jor), um guitarrista, cantor e compositor que, antes de enveredar pela música, queria ser jogador de futebol e chegou a integrar o time infanto-juvenil do Flamengo, mas, em tendo a música no sangue, seguiu a carreira e vem caminhando pelas trilhas do rock and roll, samba, samba rock, bossa nova, jazz, maracatu, funk, ska e até mesmo hip hop, com letras que misturam humor e sátira, além de temas esotéricos e de trazer influências árabes e africanas, oriundas de sua mãe, nascida na Etiópia.
Sua biografia aponta, ainda, que ele ganhou seu primeiro pandeiro aos treze anos de idade e, dois anos depois, já cantava no coro de igreja. Também participava como tocador de pandeiro em blocos de carnaval. Aos dezoito, ganhou um violão de sua mãe e começou a se apresentar em festas e boates, tocando bossa nova e rock and roll.
No início dos anos 60 apresentou-se no Beco das Garrafas, que se tornou um dos redutos da bossa nova. Em 1963, ele subiu no palco e cantou ‘Mas que Nada’, uma das canções em língua portuguesa mais executadas nos Estados Unidos até hoje, na versão do pianista brasileiro Sérgio Mendes com o grupo de hip hop norte-americano Black Eyed Peas.
Em 1968, foi convidado para o programa Divino, Maravilhoso que Caetano Veloso e Gilberto Gil faziam na Tupi. Participou, também, de O Fino da Bossa (comandado por Elis Regina e Jair Rodrigues) e da Jovem Guarda (de Roberto Carlos). Nessa época, obteve enorme sucesso com ‘Cadê Tereza?’, ‘País Tropical’, ‘Que Pena’ e ‘Que Maravilha’, além de concorrer com ‘Charles, Anjo 45’ no festival Internacional da Canção, da TV Globo, em 1969.
Na década de 1970, venceria este festival com ‘Fio Maravilha’, interpretado por Maria Alcina. ‘País Tropical’ também teve êxito, na voz de Wilson Simonal. Ainda nos anos 70, Jorge Ben lançou álbuns mais esotéricos e experimentais, como ‘A Tábua de Esmeralda’ (1974), ‘Solta o Pavão’ (1975) e ‘África Brasil’ (1976). Embora não tenham obtido sucesso comercial, estes álbuns são considerados clássicos da música brasileira.
Não, debaixo daquela marquise não estava o inspirado Jorge Ben, mas tão somente um desconsolado jovem apaixonado, para o qual aquela chuva ruim, repentina e solidariamente, deu trégua e, assim como para a namorada, parou de molhar a todos nós.