Entrevista com escritor e palestrante Michael Winetzki

Celso Ricardo entrevista o escritor e palestrante Michael Winetzki que está lançando o seu novo livro intitulado “Falando e Convencendo – Um manual de oratória e persuasão”

“Michael é um palestrante experiente e exerceu cargos de liderança em empresas de tecnologia, além de ter se dedicado ao estudo da maçonaria e história após sua aposentadoria. Seu livro mais recente, “Falando e Convencendo – Um manual de oratória e persuasão”, foi inspirado em técnicas aprendidas durante o curso na USP e tem como objetivo compartilhar sua experiência e ensinamentos para ajudar outros oradores a aprimorarem suas palestras.

Bem-vindos a mais uma entrevista da série “Entrevistas ROLianas”! Hoje, temos o prazer de receber o renomado escritor Michael Winetzki (https://www.michaelwinetzki.com.br), que está lançando seu mais novo livro intitulado “Falando e Convencendo – Um manual de oratória e persuasão”. Além de escritor, Michael é historiador e palestrante, trazendo consigo uma vasta experiência como executivo de empresas de alta tecnologia médica, especialmente na área de telemedicina, sendo um dos pioneiros no Brasil.

Atualmente, Michael é diretor comercial da trading Brasil Global Importação e Exportação e também presta consultoria a pequenas e médias empresas. Sua trajetória na Maçonaria iniciou-se em 1981, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, na Loja Maçônica “Estrela do Sul” n° 3, alcançando o grau 33° do filosofismo em 1989. Além disso, é membro da Loja Maçônica “Tríplice Aliança” n. 341 de Mongaguá-SP, vinculada à Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo. Ele também faz parte do Rotary Club do Distrito 4420.

Ao longo dos últimos 15 anos, Michael tem se dedicado a palestras beneficentes gratuitas em todo o Brasil, arrecadando mais de 200 toneladas de alimentos, 800 cobertores e uma infinidade de agasalhos e material escolar para doação. Como autor, ele já lançou sete livros, sendo coautor de um manual de comércio exterior editado pela USP.

Além de suas realizações profissionais, Michael é um homem de família, tendo cinco filhos, doze netos e três bisnetos espalhados pelo Brasil. Quando não está viajando com sua esposa Alice para realizar palestras, ele desfruta do convívio de seus cinco cachorros em sua casa de praia, localizada em Mongaguá-SP. Vale destacar também sua participação nos volumes II e III da Série Maçons em Reflexão.

Com todas essas conquistas e experiências, estamos ansiosos para mergulhar na mente brilhante de Michael Winetzki e descobrir mais sobre seu novo livro e suas perspectivas únicas. Sejam bem-vindos à entrevista!

Para começarmos nossa conversa, poderia se apresentar e nos contar um pouco sobre você? Quem é o Michael? Conte-nos resumidamente qual é a sua história?

Nasci em Israel em 1950 e meus pais emigraram para o Brasil em 1956. Fui criado em Sorocaba onde me formei em Química Industrial e depois fui cursar Direito na Universidade Católica de Petrópolis. Ainda na Faculdade fui trabalhar na IBM e desde então, por toda a vida, estive na área comercial de empresas de tecnologia até culminar com a presidência da Card Guard Scientific Survival Ltd. de Israel, com a qual implantei telemedicina no Brasil. Também dei consultoria e treinamento de gestão para empresas públicas e privadas. A partir de 2003, aposentado, passei a estudar e escrever sobre vários assuntos, especialmente maçonaria e história.

Como palestrante com um impressionante currículo de centenas de palestras, gostaria de saber onde você adquiriu as técnicas que utiliza em suas oratórias. Qual foi a sua fonte de aprendizado e como você aprimorou suas habilidades ao longo do tempo?

Ainda na Faculdade de Direito fui convidado para ser monitor de turmas de anos anteriores e os estudantes gostavam de minhas aulas. A minha primeira palestra foi 1972 em uma igreja de Juiz de Fora, para um pastor que era colega de Faculdade. Na época o presidente da Casa de Cultura de Petrópolis, Dr. Mário Fonseca, vaticinou que eu viria a ser um bom palestrante. Mas depois de 25 anos de experiencia, achando que sabia tudo sobre falar em público, fiz um curso na USP, que foi um divisor de águas e proporcionou que eu atingisse um novo e elevado patamar.

E falando agora sobre livros, gostaria de saber se este é o seu primeiro trabalho literário ou se você já tem outros livros publicados anteriormente. Se você já tem outros livros, poderia compartilhar um pouco sobre eles, incluindo suas temáticas e onde os leitores podem encontrá-los?

Meu primeiro e segundo livros foram livros técnicos: O guia do Mercosul editado pelo Sebrae de MS e um Manual de Investimentos e transferência de tecnologia editados pelo Sebrae de SP e pela USP.

Meu terceiro livro se intitula “O caminho da felicidade”, uma exegese da Cabalá para o comportamento do homem no dia a dia e já está em 10ª edição com mais de 25.000 livros vendidos. Recebo constantes relatos de leitores que afirmam terem mudado o rumo de sua vida devido aos ensinamentos do livro.

Meu quarto livro, em 4ª edição, foi “O caminho da felicidade nos negócios” onde apresento de maneira leve e bem humorada técnicas de gestão para pequenas e médias empresas, com base na minha própria experiência de mais de quatro décadas de atividade e de 25 anos como diretor de associações comerciais.

O quinto livro “As lições da Arca de Noé, os preceitos para um relacionamento feliz” que apresenta as técnicas melhorar os relacionamentos entre casais, com base nas lições bíblicas da viagem de Noé, metáfora de um casamento, onde os casais embarcam em uma longa viagem sem saber o destino ou o tempo do trajeto na expectativa de um final feliz. Também está em 4ª edição.

Publiquei depois “Uma breve história da maçonaria” em três edições e então “Falando e Convencendo – um manual de oratória e persuasão”

Ainda tenho participação em diversos outros livros editados pelo Grupo Maçons em Reflexão, pela Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras, pela Fundação Ubaldino do Amaral, e agora pela CMSB.

Seu novo livro leva o título “Falando e Convencendo – Um manual de oratória e persuasão”. Quais foram as principais motivações e inspirações por trás da criação deste livro?

Como eu disse acima o curso de extensão que fiz na USP me apresentou a técnicas e exercícios que foram determinantes para uma grande melhoria na minha capacidade de expressar ideias e persuadir os ouvintes. Como a professora que me orientou já não está entre nós, decidi, em sua homenagem, compartilhar a minha experiência e os seus ensinamentos para que muitos outros oradores possam elevar o nível de suas palestras.

Qual é a importância da oratória e da persuasão nos dias de hoje? Por que as habilidades de comunicação são tão cruciais?

Falar bem é arte e ciência. Arte quando dom natural das pessoas que nascem com o carisma e extrema facilidade de comunicação. Ciência no sentido de que qualquer pessoa, utilizando as técnicas certas pode apresentar um expressivo desempenho.

Aristóteles ensina que a retórica (a arte da oratória) tem por finalidade convencer, persuadir. Levar o interlocutor a aderir às ideias de que fala através de argumentos plausíveis e verossímeis, embalados numa linda mensagem (eloquência).

José de Alencar, em sua Carta sobre a Confederação dos Tamoios define a palavras como “esse dom celestial que Deus deu ao homem e recusou ao animal, é a mais sublime expressão da natureza: ela revela o poder do Criador e reflete toda a grandeza de sua obra divina…mensageira indivisível da ideia, íris celeste de nosso espírito, ela agita suas asas douradas, murmura no nosso espírito docemente, brinca ligeira e travessa na imaginação, embala-nos em sonhos fagueiros ou nas suaves recordações do passado.”

Quais são os principais elementos que um orador eficaz deve dominar para persuadir e influenciar seu público?

São muitos: o domínio do tema, a extensão do vocabulário, a postura corporal, as técnicas de respiração e impostação vocal, a flexibilidade articulatória, a modulação e entonação e muita coisa mais. Parece complicado, mas não é. O livro ensina tudo isso.

Quais são os principais desafios que as pessoas enfrentam ao tentar melhorar suas habilidades de oratória? Como você aborda esses desafios em seu livro?

Talvez o mais difícil de todos seja redigir o discurso dentro das técnicos e padrões necessárias para uma perfeita transmissão da ideia e para o convencimento (persuasão) dos ouvintes. Outra dificuldade muito comum é a respiração inadequada, sôfrega, que torna incomoda para o ouvinte a audição da palestra.

Você poderia compartilhar algumas técnicas ou estratégias práticas que os leitores podem utilizar para aprimorar sua capacidade de persuadir e convencer os outros?

São muitas, mas alguns exercícios de dicção são divertidos:

O prestidigitador prestativo está prestes a prestar a prestidigitação prodigiosa e prestigiosa.

Outro:

As pedras da pedreira de Pedro Pedreiras são os pedregulhos com que Pedro apedrejou três pobres pretas.

O livro traz muito mais exemplos que favorecem o desenvolvimento da dicção do orador.

Existem diferenças culturais que devemos levar em consideração ao aplicar técnicas de oratória e persuasão? Se sim, como podemos adaptar nossas abordagens para diferentes audiências?

Conhecer a audiência, ou seja, para que se fala, é fundamental no discurso. Não adianta fazer a melhor palestra do mundo em alemão perfeito se a plateia só fala português. Não apenas a linguagem deve ser comum, mas é necessário que os códigos de linguagem entre quem fala e quem ouve sejam iguais para ambos, por exemplo: “Galo massacra o Diabo Rubro no Brinco da Princesa,” só é entendida por um fanático por futebol enquanto “precisamos efetuar um nefrectomia radical” não é entendida por quem não é médico.

Você poderia fornecer alguns exemplos de discursos famosos ou momentos históricos em que a oratória e a persuasão tiveram um impacto significativo?

O Discurso de Gettysburg, de Abraham Lincoln, que foi proferido na cerimônia dedicação do Cemitério Nacional de Gettysburg, na Pensilvânia, em 19 de novembro de 1863.

Provando que, para quem tem o que dizer, dois minutos é tempo suficiente, em apenas 269 palavras, Lincoln invocou os princípios da Declaração de independência e definiu a Guerra Civil como um renascimento da Liberdade criando uma nação igualitária e unificada, em que os poderes dos estados não se sobrepusessem ao “governo do povo, pelo povo, para o povo”.

Estas poucas e inspiradas palavras tornaram-se o mais importante discurso da história dos Estados Unidos e até hoje inspiram os ideais de liberdade e democracia daquele país.

Há 87 anos, os nossos pais deram origem neste continente a uma nova Nação, concebida na Liberdade e consagrada ao princípio de que todos os homens nascem iguais.

E n c o n t r a m o – n o s a t u a l m e n t e empenhados numa grande guerra civil, pondo à prova se essa Nação, ou qualquer outra Nação assim concebida e consagrada, poderá perdurar. Eis-nos num grande campo de batalha dessa guerra. Eis-nos reunidos para dedicar uma parte desse campo ao derradeiro repouso daqueles que, aqui, deram a sua vida para que essa Nação possa sobreviver. É perfeitamente conveniente e justo que o façamos.

Mas, numa visão mais ampla, não podemos dedicar, não podemos consagrar, não podemos santificar este local. Os valentes homens, vivos e mortos, que aqui combateram já o consagraram, muito além do que nós jamais poderíamos acrescentar ou diminuir com os nossos fracos poderes. O mundo muito pouco atentará, e muito pouco recordará o que aqui dissermos, mas não poderá jamais esquecer o que eles aqui fizeram.

Cumpre-nos antes, a nós, os vivos, dedicarmo-nos hoje à obra inacabada até este ponto tão nobremente adiantada pelos que aqui combateram. Antes, cumpre-nos, a nós, os presentes, dedicarmo-nos à importante tarefa que temos pela frente.

Que estes mortos veneráveis nos inspirem maior devoção à causa pela qual deram a última medida transbordante de devoção, que todos nós aqui presentes solenemente admitamos que esses homens não morreram em vão, que esta Nação com a graça de Deus venha gerar uma nova Liberdade, e que o governo do povo, pelo povo e para o povo jamais desaparecerá da face da terra

Além da prática regular, quais outras atividades ou recursos você recomendaria para aqueles que desejam aprimorar suas habilidades de oratória e persuasão?

Luciano Pavarotti, cujo lindíssimo registro de tenor marcou as últimas décadas, disse em entrevista que, pelo menos dois meses antes de realizar um recital, cuidava de quatro coisas básicas, alimentação, sono, exercícios físicos e cuidados com a voz. Se pretendemos fazer da voz o nosso instrumento de trabalho, temos de tomar os mesmos cuidados.

Quais são suas principais mensagens ou conselhos para os leitores que desejam se tornar comunicadores mais influentes e persuasivos?

Estudar, aprender as técnicas e praticar, praticar, praticar……

Por fim, gostaria de saber onde os leitores podem adquirir o seu livro. Ele está disponível em alguma livraria específica ou pode ser adquirido online?

O livro pode ser adquirido diretamente do autor, com dedicatória, pela e-mail michaelwinetzki@yahoo.com.br ou pelo WhatsApp (61) 98199.5133 pelo valor de R$ 50,00 + correio. O valor do livro, exceto dos custos de sua produção, são destinados à beneficência.

Agradeço imensamente a oportunidade de poder apresentar mais este trabalho aos seus leitores. Gratidão. Paz e benção.

Celso Ricardo de Almeida
celso.ricarto@gmail.com
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O leitor participa: Marcos Francisco Martins: 'Narrativa X Discurso'

Prof. Dr. Marcos Francisco Martins

Narrativa X Discurso

A palavra narrativa tem presença nas ciências humanas e sociais. Pesquisadores tomam as narrativas como objeto de análise e recurso de coleta de dados em vários campos do saber. Mas este texto não trata desse significado do termo, pois aborda o sentido comum e o alcance que ele ganhou na fala de pessoas de variados níveis culturais no Brasil atualmente.

Na verdade, narrativa virou palavra da moda. É empregada para descrever o ato de um sujeito ao reportar um fato. Mas há outra palavra também utilizada com essa finalidade: discurso. Embora próximas na linguagem coloquial, narrativa e discurso têm diferenças importantes.

A narrativa tem espaço na literatura, sobretudo, na figura do narrador. Por isso, narrar é ato de criação, com liberdade de recorrer à ficção. Seu compromisso é persuadir o interlocutor e, para tanto, apela aos seus sentimentos e idiossincrasias conscientes e inconscientes, nem sempre tão nobres. Fundamenta-se em relatos particulares, que são universalizados e utilizados para validar atitudes ou determinada interpretação das coisas. É fácil fazer narrativas e muitos estão produzindo-as, sobretudo, empregando o meio propício para difundi-las: a Internet, com sua recorrência aos vídeos e áudios, com mensagens curtas.

Nas redes sociais da Internet circulam muitas fake news. Todavia, nem toda narrativa é uma fake news, mas toda fake news é a narrativa de alguém para lhe persuadir. A propósito, este termo, fake news, pode ser concebido como sinônimo de pós-verdade, palavra do ano de 2016 no Dicionário da Universidade de Oxford. Esse neologismo expressa a intenção de sujeitos em formar a opinião pública por meio de narrativas para as quais os fatos objetivos valem menos que os apelos às emoções e às crenças pessoais. E os disseminadores de fake news e/ou de pós verdade são ousados, teimam em difundir a máxima: ousem em não saber, justamente o contrário do lema latino sapere aude (ouse saber), que foi apropriado por Kant no texto “O que é o iluminismo” (1784). Sobre esse cenário, bem disse Umberto Ecco ao jornal La Stampa: “As redes sociais dão o direito de falar a uma legião de idiotas que antes só falavam em um bar depois de uma taça de vinho… Então, eram rapidamente silenciados, mas, agora, têm o mesmo direito de falar que um prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis.”.

Discurso, por sua vez, é palavra em desuso. Como expressão própria – ou deveria ser! – da ciência, da filosofia, da política e da ética, ele é prisioneiro da realidade e tem compromisso com a sustentação empírica e lógica sobre o que afirma, apelando sempre à razão. O discurso ampara-se em evidências oferecidas por estudos, pesquisas, dados coletados e analisados. Exige rigor, daí a dificuldade de se adaptar ao ambiente das redes sociais, pois requer demonstração sobre o que é relatado. Assim concebido, cabe ao discurso demolir fake news e narrativas de pós-verdade, o que não é nada fácil. Quem se propõe a fazer discursos está perdido, sem saber lidar com a nova realidade das narrativas nas redes sociais.

Quando se enfrenta a situação de confusão, olhar ao passado é procedimento interessante. Na Grécia Antiga, os sofistas foram os primeiros sujeitos considerados como professor. Apesar de importantes ao desenvolvimento da filosofia, no contexto da democracia grega antiga, eles vendiam o saber que tinham, ensinavam os cidadãos a persuadirem os demais nas assembleias que definiam os rumos das cidades (pólis); buscavam sucesso, sem compromisso moral com a verdade dos fatos. Foi por isso que Sócrates, considerado o pai da filosofia ocidental, os recriminou. E, assim, o sofisma é entendido até hoje como sinônimo de argumento ou raciocínio concebido com vistas a produzir a ilusão da verdade e o sofista como aquele que utiliza habilidade retórica para defender argumentos e raciocínios inconsistentes.

Considerando o passado sofista e as redes sociais digitais, pode-se dizer que hodiernamente todos estão imersos em um mar de narrativas de sofismas, que reverberam fake news e/ou pós-verdades. Urge, então, resgatar os discursos, ousar saber, e se se for para apelar às narrativas, que seja para o deleite que a literatura nos proporciona.

Prof. Dr. Marcos Francisco Martins (17/04/2020)

Professor da UFSCar e pesquisador do CNPq – marcosfranciscomartins@gmail.com