Jorge Paunovic: 'Denúncias, paralisação e medidas paliativas'

Jorge Paunovic: ‘Denúncias, paralisação e medidas paliativas’

Nova fase da operação lava jato e mais prisões são anunciadas.
Parece que o fio da meada foi descoberto e agora é só ir investigando que a coisa vai.  
Parafraseando um certo político nunca antes na história desse país tantos foram presos numa demonstração que ninguém está acima da lei, embora alguns se achem injustiçados e façam pose como a “alma mais honesta do país”.
As nossas instituições estão funcionando e a democracia no Brasil nunca esteve tão prestigiada como agora.
Alguma apreensão com a morte do Ministro do STF, entretanto, logo os processos sob sua responsabilidade serão redistribuídos e as ações irão continuar.
A preocupação é com a estagnação econômica e o alto índice de desemprego.
Alguns economistas acreditam que com a queda das taxas de juros o país poderia voltar a crescer com o incentivo ao crédito.
Ocorre que sem emprego e o desemprego rondando outras famílias a ordem é economizar.
As empresas de alimentação já vem acumulando algumas quedas nas vendas e diversas marcas estão sendo substituídas pelas mais baratas. Há a necessidade de nosso parque industrial se atualizar com novas tecnologias assim a produtividade seria maior.
A agricultura há muito tempo vem investindo em tecnologia e sua produtividade vem aumentando consideravelmente enquanto que o parque industrial vive estagnado.
No campo, agregar valor ao produto também seria uma forma de criar empregos e uma fonte de receita.
O país ultimamente vem exportando commodities e importa produtos manufaturados quando deveria aproveitar essas commodities e agregar valor exportando produtos semimanufaturados assim haveria a criação de novos parques industriais e consequentemente empregos que gerariam renda, impostos e receita para a previdência.  
Quem sabe nossos economistas deixem de se preocupar com a reforma previdenciária, a reforma fiscal, e tantas outras reformas que não resolverão o problema de caixa do governo e tampouco a renda das famílias e o desemprego e busquem soluções para a crise e a volta do crescimento econômico sejam uma realidade. 
Enquanto isso em Brasília aguarda-se a homologação do acordo de delação premiada o que causa certa apreensão nos meios políticos e o país não avança.  
Jorge Paunovic é presidente da AIL – Academia Itapetiningana de Letras



Artigo de Celso Lungaretti: "O que chegará antes, o colapso econômico ou o impeachment?

VICTOR LULENSTEIN OPTOU POR DESTRUIR SUA CRIATURA IMPERFEITA

Por Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia.

A facção dilmista tudo fez para que o PT salvasse Eduardo Cunha no Conselho de Ética, pois este era o preço a ser pago para que o dito cujo não tocasse adiante o impeachment presidencial.

A facção lulista tudo fez para que o PT detonasse Cunha, com a consequência óbvia.


Qual a lógica?


Quanto maior for a duração da agonia de Dilma, mais se acentuará a desmoralização do partido, pulverizando as chances de Lula na eleição de 2018.


Se ela cair depressa haverá uma mexida no quadro e, caso o novo governante fracasse, é bem possível que Lula volte daqui a três anos nos braços do povo, erigido em salvador da Pátria.

Lulenstein?) optou por destruir sua criatura imperfeita.

A SEQUELA DO ESTELIONATO ELEITORAL: 

O BRASIL ESTÁ INGOVERNÁVEL HÁ 11 MESES.

espírito de Justiça, que Platão dizia ser inerente ao ser humano.


ilegítima.


estelionato eleitoral. Quantos dos seus 54.501.117 eleitores a teriam escolhido se soubessem que, assim agindo, não estariam escapando do aperto de cinto e das vacas magras? 


A propaganda enganosa petista foi muito eficiente em convencer os incautos de que os adversários abririam as portas do inferno enquanto Dilma botaria pra correr os demônios da ganância. 


Mas, quando ela empossou um neoliberal como ministro da Fazenda, autorizando-o a socar goela dos brasileiros adentro um ajuste recessivo, os perfumes caros de Dilma não conseguiram mais encobrir o odor de enxofre: nem o mais crédulo dos otários é capaz de acreditar que ela só decidiu dar tal guinada de 180º após o 5 de outubro, dia do 2º turno. 


marmiteiros) foi espalhada pelo País inteiro, tendo considerável peso na vitória do general Eurico Gaspar Dutra.



Então, como ela teimosamente resiste a cumprir as promessas de campanha e isto já gerou a pior recessão brasileira em décadas, com tendência a agravar-se cada vez mais, o processo de impeachment é muito bem-vindo: ou vai fazer com que seja um presidente de direita a governar segundo o ideário da direita, deixando de confundir os brasileiros e de destruir a esquerda, ou forçará Dilma a uma correção de rumo indispensável para salvar seu mandato.


hiper-estelionato eleitoralmini-estelionato talvez preencha os requisitos constitucionais: trata-se das pedaladas fiscais, que também serviram para iludir o eleitorado, pois a maquilagem das contas públicas impediu que seu descontrole servisse de munição de campanha para os adversários.


tanto que a justificativa alegada para o de Fernando Collor acabou não subsistindo no Supremo Tribunal Federal, que, contudo, só a rechaçou quando a perda do mandato já era fato consumado e superado.

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Artigo de J.C.S. Hungria na coluna do Guaçu Piteri: 'Galvão Junior'

Galvão Júnior by Guaçu Piteri

J. C. S. HUNGRIA

Todos nós sabemos que a economia brasileira é bastante cíclica. País novo, e ainda do “futuro” como sonhou Stefan Sweig, até hoje não encontrou sua verdadeira vocação: ora é democrático, outra hora é socializante, outra da direita, “esquerda volver” e assim vamos tocando o barco.

Na economia, a mesma coisa: aplicações em poupança? compra de dólar? apartamento na planta? dinheiro a juros? bolsa de valores? enfim é um malabarismo mágico para fugir da inflação que, de tempos em tempos, assola o sofrido povo. Se pensarmos bem, nenhum brasileiro pode se dar ao luxo de se aposentar e cruzar os braços. E, convenhamos, essa atividade que a realidade nos impõe é exercício específico de corretora de valores, e não de um pobre coitado aposentado. Foi o que aconteceu com meu saudoso pai.

Residindo em Itapetininga a vida toda, ali se diplomou em odontologia mas nunca exerceu essa profissão. Foi ser comerciante, se estabeleceu, se casou, teve seis filhos, e ali morreu.

Homem de hábitos simples, vivia para a família. Os filhos estudaram, constituíram família, netos, e era feliz. Participou da vida local, foi presidente do melhor clube social, chegou a ser secretário municipal e aos 93 anos faleceu. Os jornais da cidade, em página inteira, dedicaram linhas elogiosas á sua vida e o chamaram de “Patriarca da Dignidade”, título dado pela vida correta, honesta, humilde e prática do bem.

Gumercindo, como era chamado, já de uma certa idade, quis ajudar uma filha e vendeu sua tradicional casa de comércio fundada em 1918 a seu genro, que, diga-se, deixou sua profissão na capital e para Itapetininga se mudou rendendo-se aos apelos de sua família. E Gumercindo, com a sensação nítida de dever cumprido, se aposentou merecidamente. Vai daí, vivia com os proventos do INSS, com a poupança que a renda a prazo do dinheiro vindo de seu genro propiciou, com alguns alugueizinhos e só. Retornando a cíclica inflação que volta e meia era presente no cotidiano brasileiro, as coisas deixaram de ser tão risonhas, como é fácil deduzir e imaginar. Então, em defesa de seus parcos rendimentos, fez o que todos faziam: emprestou seu contado dinheirinho a juros.

À época, surgiu o Galvão Junior. Seu pai também itapetingano era uma respeitável figura, jornalista dos antigos e fundou o primeiro jornal da cidade: “Tribuna Popular”, orgulho de todos e exemplo que as cidades da região queriam seguir. O velho Antônio Galvão falece e seu filho,“Galvãozinho”  ocupa seu lugar na redação de administração do jornal. Fracasso total, não foi para frente, e o filho se mudou para a capital.

O tempo passa e eis que Galvãozinho aparece na cidade. Mais velho, lógico, mas continuava falante, simpático, sabedor das coisas e fatos de todos os assuntos, inclusive de economia. Impressionava seus conterrâneos, frequentava os bares da cidade, onde curtia a noite, contando velhos “causos” de gente conhecida local ou de São Paulo, “celebridades”da época, de quem vendia a imagem de íntimo. Impressionava a todos, repito.

Nessa época, a defesa contra a desvalorização da moeda brasileira, era o “dinheiro a juros”, sem imposto de renda, sem outras complicações. Foi ai que Galvãozinho veio com uma proposta de tomar o dinheiro, aplicá-lo em São Paulo, e mensalmente vir a Itapetininga trazendo, em “dinheiro vivo”, o rendimento. Os financistas nem precisavam sair de casa. Era tudo muito bom, fácil e cômodo.

Meu pai seguiu os demais. Meia Itapetininga, exagerando um pouco, estava gostando do negócio do Galvãozinho. Papai idem.

Não deu outra. Passou o dia marcado, passou o mês vencido, e nada do Galvãozinho aparecer.

Angustiado, aflito, a notícia chegou aos filhos. Apuramos que a delegacia local não vencia tomar depoimento dos prejudicados. Estava comprovado o “golpe”.

Meu pai tinha problema de úlcera no duodeno, agravada pelas tensões emocionais, preocupações. É fácil imaginar o que ele passava.

Os filhos resolveram apurar o paradeiro do já chamado caloteiro. Na Alameda Nothman, capital, Galvãozinho residia, que soubemos através de velhas anotações de nossa família, pois envolvia uma filha casada com um médico, no início da vida, que também entregara suas economias a ele.

O zelador do edifício da Alameda Nothman nos deu um quadro desolador: há quase um mês, o Galvãozinho abandonou o apartamento, sumiu com sua namorada bem mais jovem que ele e que com ele morava, e desapareceu mesmo. O zelador  “arriscou” que o casal foi viver no Amazonas, talvez Manaus, mas que abandonara o apartamento com móveis, cama de casal, roupas, malas e tudo, inclusive com muitas garrafas de uísque vazias. Não deixou rastro, nem notícia, nem indícios de onde se encontraria.

Nós, os três irmãos, querendo poupar nosso pai Gumercindo e nossa mãe Dulce desse baque no final da vida, arquitetamos um plano que deu certo.

Um irmão tinha um filho que estava montando uma pizzaria na capital, e precisava, nessa fase, de dinheiro. Os outros irmãos se cotizaram e emprestamos o montante que propiciava ao casal aproximadamente o mesmo rendimento que pagava ao mês o Galvãozinho e “mentimos” a história de que ele, o caloteiro, gostava muito do “seu Gumercindo” e iria pagá-lo, mas aconselhamos, nada de delegacia e seus companheiros de infortúnio não deveriam saber. O casal quase chorou. Perguntou se não poderia incluir sua filha, a casada com o médico. Respondemos que não poderíamos arriscar. Nem a filha nem os autores da “queixa policial”, ou seja “meia” Itapetininga. E assim foi feito.

Meu pai era um santo homem, diga-se.

Em minhas férias de promotor, volto a Itapetininga e, em casa, na hora da reza depois do jantar, no meio do terço, o casal ajoelhado rezava uma Ave-Maria para o bondoso Galvãozinho.

Engoli em seco.

J. C. S. HUNGRIA




Artigo de Celso Lungaretti: 'Declaração de Dilma sobre 'Democracia Adolescente' foi patética, despropositada e altamente inoportuna'.

LEMBRE-SE, DILMA, DO QUE ACONTECE COM QUEM GRITA “LOBO!” À TOA…

Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia

Foi patética, despropositada e altamente inoportuna esta declaração da presidente Dilma Rousseff à CNN, em Nova York:

O grande problema com aqueles que querem o meu impeachment é a falta de motivação. Nós temos que ter muito cuidado sobre isso pelo seguinte motivo: a nossa democracia ainda está na adolescência.

Como falava em inglês, talvez a “falta de motivação” tenha sido uma colaboração de tradutor pernóstico para piorar o que já era péssimo. Pois motivados os defensores do impeachment estão até demais. O que Dilma lhes reprova é não terem alegado, no seu entender, motivos válidos para seu defenestramento. Só que sobre isto, evidentemente, não cabe a ela opinar, pois é parte interessada. Deveria ficar quietinha e deixar que o Congresso Nacional cumprisse seu papel sem pressões.

Ela também esqueceu o velho chavão de que roupa suja se lava em casa. O que os estadunidenses pensarão de uma presidente que vai alfinetar opositores na casa dos outros, como se fosse casa da sogra?! Será que ninguém do Itamaraty tem coragem de instrui-la sobre como um mandatário deve se comportar no exterior? Gafe.

Se continuar hostilizando os adversários em fez de buscar alguma forma de convivência com eles, os ânimos se acirrarão cada vez mais. Jogar álcool na fogueira é o que lhe convém, em meio à pior crise econômica desde 1990? Se pensa que ganhará algo apostando no enfrentamento, está viajando na maionese. Quando a popularidade de qualquer presidente despenca para um dígito, ele(a) tem mais é de tentar ser simpático, não deselegante. Tiro no pé.

Depois de haver feito a bobagem de, com sua costumeira incontinência verbal, colocar o impeachment nas manchetes quando a mídia ainda o tratava como assunto secundário, Dilma repete a dose com o golpe militar que a referência a “democracia adolescente” subentende. Então como agora, trata-se da última pessoa no Brasil inteiro que deveria bater nesta tecla. Quem grita lobo! à toa, acaba devorado(a). Tiro no pé.

E o pior é que o fez por puro desespero de causa. Já não consegue citar um único motivo positivo para os brasileiros a continuarem querendo no Palácio do Planalto, é incapaz de inspirar esperança. Então precisa recorrer ao alarmismo, “se me chutarem, poderá vir outra ditadura”. Oportunismo.

Se fosse algo além de palavras ao vento para atemorizar ingênuos, teríamos de concluir que Dilma nada entendeu da História da qual participou. Pois o golpe militar de 1964 ocorreu em meio à exacerbação da guerra fria, depois que o assassinato de John Kennedy colocou na Casa Branca um caipira texano que a CIA fazia de gato e sapato, com respaldo no empresariado, da Igreja e da classe média.

O único ponto comum é a rejeição do governo por parte da classe média, estridente mas insuficiente para trazer os tanques às ruas. 

Obama e a Europa nem de longe estão apoiando quarteladas na América do Sul (caso contrário a Venezuela já teria puxado a fila), o grande empresariado continua bem distante da porta dos quartéis (por saber que o custo de um golpe –tornar o Brasil um pária aos olhos do mundo, afugentando investidores e atrapalhando exportações– excede largamente eventuais benefícios), o papa Francisco não é conservador como Paulo VI.

Quanto aos militares, são sempre os últimos a aderirem aos projetos golpistas, entrando para fazer o serviço sujo. E nunca tiveram autonomia de voo, são requisitados como jagunços pelo grande capital. Consequentemente, enquanto durar a lua de mel com o Luís Carlos Trabuco e a Dilminha for só paz & amor com os outros donos do Brasil, poderemos dormir tranquilos, pois nada vai haver no ar além dos aviões de carreira.

Existe, contudo, um porém: se hoje o golpe militar não passa de um espantalho erguido por Dilma no meio do seu milharal, adiante poderá, sim, entrar na ordem do dia, caso o descontrole da economia nos arraste a uma depressão econômica, gerando desespero e turbulência. Aí, se o governo for tão incapaz de manter a ordem como se mostra incapaz de deter a deterioração econômica, as baionetas poderão entrar em ação, ocupando o espaço deixado vago pela incúria dos civis.

Mas tal possibilidade, por enquanto remota, não é favorável à Dilma, muito pelo contrário. Pois começamos 2015 com a certeza de que seria um ano perdido e, nestes dez meses, ela fracassou miseravelmente em salvar 2016. As perspectivas só fizeram piorar, mês após mês.

Entraremos em 2016 com a certeza de que vai ser um ano ainda mais nefasto do que 2015, e nada indica que Dilma esteja apta a nos tirar do atoleiro.

Então, se fosse sincero seu temor de um golpe militar e houvesse desapego pelo poder no seu caráter, ela reconheceria que não é nem nunca será a estadista de que tanto carecemos; e que os nós a imobilizarem o País só começarão a ser desatados após sua saída.

Ou seja, o único serviço que pode prestar ao Brasil e a nosso povo explorado e sofredor, neste instante, é a renúncia. Tudo o mais já fez… em vão. E, se insistir em continuar governando à base de tentativa e erro, acabará mesmo fazendo o País explodir.

 

 

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SUPLICY E OS LILIPUTIANOS

LEVY É UMA UNANIMIDADE NEGATIVA: NÓS DEPLORAMOS SUA IDEOLOGIA E OS GRANDES EMPRESÁRIOS, SUA INÉPCIA.

OS PATROCINADORES DA CBF QUE NOS RESPONDAM: ASSOCIAR SUA IMAGEM À CORRUPÇÃO É BOM PARA UMA EMPRESA?

VEJA UM VÍDEO QUASE DESCONHECIDO SOBRE O EPISÓDIO QUE GEROU A GREVE DE FOME DOS “QUATRO DE SALVADOR”

A REELEIÇÃO DE DILMA COMPLETA UM ANO. VEJA COMO A CARRUAGEM VIROU ABÓBORA.

A CONSTITUIÇÃO PROÍBE, NINGUÉM LIGA: MAIS DE 90% DA DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA É DE JUROS SOBRE JUROS.

RICARDO KOTSCHO: “CRESCE O ABISMO ENTRE BRASÍLIA E O RESTO DO BRASIL”.

ANDRÉ SINGER: AO DEFENDER MUDANÇAS NA ECONOMIA, RUI FALCÃO RECOLOCA O PT NO CAMPO DA ESQUERDA.




Artigo de Celso Lungaretti: 'O PT NA ENCRUZILHADA: SE TOMAR O CAMINHO DA ESQUERDA, SOBREVIVERÁ PARA CONTINUAR LUTANDO; SE FOR PELA DIREITA, MORRERÁ ABRAÇADO COM DILMA'

LULISTAS DISPARAM CHUMBO GROSSO CONTRA A
POLÍTICA ECONÔMICA DE DILMA. EU OS APOIO.

Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia

Como não me alinho automaticamente com personagem nenhum da política oficial, já fiz sérias restrições ao Lula. Fui, p. ex., um dos poucos a protestar na imprensa contra a expulsão de Paulo de Tarso Venceslau por haver denunciado o primeiro esquema profissional de desvio de recursos públicos para os cofres do partido.

Mas, é inescapável a constatação de que o ex-sindicalista e seu grupo hoje estão certíssimos em abrirem fogo contra a política econômica de Dilma e o ministro neoliberal que já não merece sequer ser chamado apenas de estranho no ninho; está mais para excrescência no ninho.

O governo Dilma tem os dias contados, será levado de roldão pelo tsunami econômico, mas o PT não precisa morrer abraçado com ele. Já passou da hora de dar uma guinada de 180º à esquerda, preservando-se para lutas futuras, enquanto o Titanic dilmista continuará, pela direita, a navegar inexoravelmente em direção ao iceberg.

 

 

 

 

É a atitude que se impõe após Dilma, no recente bate-boca com Rui Falcão, ter repetido pela enésima vez que não recuará de sua conversão ao neoliberalismo; hoje, o padrinho que faz sua cabeça é o Luís Carlos Trabuco, do Bradesco, e não mais aquele cujo beijo a transformou de rã em rainha. Então, como disse o Cristo, “deixai os mortos sepultarem seus mortos”.

De resto, que ninguém ouse criticar o meu posicionamento atual! Também neste caso saí na frente e foram os companheiros que convergiram para onde eu já estava.

Há mais de um ano comecei a alertar que, dos três candidatos com chances de vitória na eleição presidencial, nenhum deles ousaria confrontar o poder econômico, ainda mais quando o grande capital dava murros na mesa exigindo um arrocho fiscal. Adverti a esquerda que o PT se destruiria se aceitasse cumprir papel tão repulsivo e incompatível com seus valores e sua história.

 

 

Infelizmente, hoje  são raros, em nossas fileiras, os que ousam pensar com a própria cabeça. Seguiram os líderes então, quando a ordem era ignorar alertas como o meu, e continuam seguindo agora, quando quem não se tornou chapa branca até a medula pede, finalmente, a exoneração de Joaquim Levy.

Antes tarde do que nunca. Então, como nunca fui adepto do quanto pior, melhor, estarei sempre dando a maior força aos lulistas que, como André SingerRicardo KotschoGuilherme BoulosMarcio Pochmann e o próprio Rui Falcão, tentam salvar algo do desastre que se avizinha.

Pois precisaremos muito desses salvados do incêndio para reconstruir a esquerda a partir do day after.

 

 

RICARDO KOTSCHO: “CRESCE O ABISMO ENTRE BRASÍLIA E O RESTO DO BRASIL”. SÃO MAIS 670 MIL EM BUSCA DE TRABALHO, DIZ IBGE.

 
Por Ricardo Kotscho

Pense em dez estádios do Maracanã lotados. É esta a multidão de gente que está neste momento procurando trabalho: são 670 mil desempregados a mais do que em setembro do ano passado.

A taxa de desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas do país manteve-se estável em 7,6%, pelo terceiro mês seguido, mas cresceu 56,6% nos últimos 12 meses, com a população desocupada atingindo agora um total de 1,9 milhões, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE divulgada nesta quinta-feira.

É o pior resultado para um mês de setembro desde 2009. “Temos uma população desocupada que aumenta e uma ocupação que cai. Ou seja, temos mais pessoas procurando trabalho, pressionando o mercado, e não está tendo geração de postos de trabalho, que na comparação anual vem caindo”, avalia Adriana Araújo Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Renda do IBGE.

Esta deveria ser a maior preocupação de todos os brasileiros neste momento de crise econômica aguda, a prioridade absoluta dos líderes do governo e das oposições, mas não é.

A agenda do Brasil oficial continua sendo dominada pela luta política que chega aos tribunais, mais um pedido de impeachment, o bate-boca Dilma x Cunha, as denúncias da Lava Jato, a CPI da Petrobras, o rombo no orçamento, o ajuste fiscal encalhado no Congresso e os rachas nos principais partidos, enquanto no Brasil real a vida vai ficando cada vez mais difícil. Cresce o abismo entre Brasília e o resto do Brasil [os grifos são meus], ou seja, todos nós.

Os novos e cada vez mais preocupantes números do IBGE sobre o emprego, é importante registrar, referem-se apenas às áreas metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre, mas o problema vai se alastrando por todo o país.

Para se ter uma ideia do clima em Brasília, nota publicada na coluna de Ilimar Franco, em O Globo, informa que o ministro Joaquim Levy, da Fazenda, alertou o ministro Jacques Wagner, da Casa Civil, que o quadro econômico está ficando dramático. Ameaçado no cargo, Levy aponta como principal causa a paralisia e letargia do Congresso.

O pior é que não temos no horizonte próximo nenhum sinal de que esta situação possa mudar tão cedo. Estão todos preocupados apenas em salvar a própria pele. E quem vai nos devolver pelo menos a esperança de dias melhores em 2016?

Vida que segue.

ANDRÉ SINGER: AO DEFENDER MUDANÇAS NA ECONOMIA,
RUI FALCÃO RECOLOCA O PT NO CAMPO DA ESQUERDA.

PRIMEIRO PASSO

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Por André Singer

A entrevista do presidente do PT, Rui Falcão, à Folha (18/10), significou importante movimento no sentido de reposicionar o partido em meio à mais grave crise de sua história e, também, requalificar a relação com a Presidência da República.

Ao defender mudanças na economia, o ex-deputado permite que a legenda volte a habitar o campo da esquerda, fazendo o necessário contraponto às teses em favor de mais cortes e recessão. Sem afrontar Dilma, mostrou que a agremiação tem vida própria e precisa ser ouvida.

Se não houver oposição consistente ao austericídio, a política brasileira ficará manca. A ideologia, os interesses e mesmo os argumentos que sustentam a necessidade de dar prioridade absoluta ao problema fiscal são respeitáveis, embora eu discorde.

A visão conservadora de que é preciso rever o sistema previdenciário e os direitos garantidos na Constituição para debelar o rombo das contas deve ser debatida com racionalidade. Mas não pode virar, por decreto, pensamento único. Na realidade, não só há quem raciocine diferente, como três quartos da sociedade (ao menos) ficam objetivamente excluídos desse horizonte neoliberal.

Reduzir os juros e incentivar o consumo por meio do crédito, propostos por Falcão, permitiriam ao governo começar a sair da armadilha em que se meteu, arrastando junto o país. Só a reativação da atividade econômica e a diminuição dos juros que o Tesouro precisa honrar podem interromper o processo atual antes que uma débâcle social generalizada se abata sobre a população.

A manutenção do desemprego em 7,6% pelo segundo mês seguido (agosto e setembro) talvez indique que a primeira onda recessiva, embora tenha ceifado quase 600 mil postos de trabalho até agosto, ainda não destruiu todo o colchão de melhorias da última década. Mas se Dilma for levada, na atual discussão sobre o orçamento de 2016, a continuar no “corta corta”, o pior virá.

Infelizmente, para os petistas, o reposicionamento da agremiação ainda precisa enfrentar um óbice tão ou mais complicado que desatar o nó econômico: o problema ético. As acusações que emanam da Lava Jato não podem continuar sem resposta. O PT deveria constituir uma comissão pública especial para acompanhar e esclarecer o assunto.

Se as ilações, delações e condenações são falsas, cabe demonstrá-lo perante o tribunal da opinião pública.

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NA MOSCA!!!

RUI MARTINS: “TEREZA CRUVINEL E BICUDO GAGÁ”.

“APOIAMOS A TUNGADA, MAS QUEREMOS NOSSA PARTE”

ESTRANHOS NO NINHO OBSCURECEM AS DISTINÇÕES IDEOLÓGICAS, DIFICULTANDO A SAÍDA DA CRISE.

DILMA E O DILÚVIO

APOLLO NATALI: “VONTADE DE VOMITAR”.

VALE TUDO PARA DESQUALIFICAR BICUDO, ATÉ ATRIBUIR-LHE SENILIDADE!!!




Coluna do Guaçu Piteri: 'PÃO E CIRCO', DE J.C.S. HUNGRIA

Pão e Circo – J.C.S.HUNGRIA

Segundo cálculo da LCA Consultores, um quinto (1/5) do consumo nacional é de produtos importados.

Ou seja, a indústria brasileira está, conscientemente, cedendo espaço às importações.

Os números estão aí e não mentem jamais.

Trocando em miúdos: quem se beneficia do crescimento do Brasil não é a indústria brasileira, pois a cadeia produtiva (máquinas, insumos, etc.) está com o pé no breque.

Os estrangeiros é que estão no acelerador!

Nosso Nada Ingênuo Holandês Voador, diz que já viu esse filme em sua terra. E esclarece. Após a 2ª Guerra e com a descoberta do petróleo no mar do Norte, a Holanda, rica, passou a comprar aparelhos de televisão Telefunken, alemães, em detrimento da Philips, holandês.

É o que mal comparado, está acontecendo aqui: viaja-se muito ao exterior, lá torrando os dólares, compra-se artigo importado em detrimento ao similar nacional, etc.

Todo mundo contente e viva o PT!

Veja-se o comércio de carros, por exemplo, onde 18% dos licenciamentos são dos importados, comparado aos 13% de 2008!

O parque industrial holandês foi para o brejo, o desemprego cresceu assustadoramente, e deu no que deu, que é do conhecimento de todos…