Educação para a cultura da responsabilidade

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo:

‘Educação para a cultura da responsabilidade’

Diamantino Bártolo
Diamantino Bártolo
Educação para a cultura da responsabilidade
Imagem gerada com IA do Bing ∙ 19 de setembro de 2024
às 8:37 AM

Um projeto de cooperação, independentemente da qualidade em que as partes intervêm, implica uma total disponibilização para colaborar, responsável e eficazmente, nas áreas previamente acordadas, e rigorosamente apoiadas pelas instituições e/ou pelos indivíduos, particularmente considerados. 

Nesse sentido, a implementação de uma instrução para uma cultura da responsabilidade técnica, social, ética e moral, a partir das gerações mais novas, e ao nível dos ensinos médio e superior, parece ser uma medida oportuna e exequível, para o que se requerem pessoas entusiasmadas, apoiadas e disponíveis para se empenharem, se possível, a tempo inteiro, em projetos de cooperação internacional, seja no quadro oficial dos Governos, das Empresas, das Associações, das Organizações Não-Governamentais e/ou dos particulares.

São necessárias pessoas que estejam dispostas para a cooperação, numa atitude de trabalho permanente, sem preocupações de idade, nem de estatutos, sabendo desfrutar da existência, um dia de cada vez na vida, que é gratuitamente oferecida: «Trabalhar como se a vida fosse eterna, viver como se fossemos morrer amanhã, eis um lema dos mais nobres e generosos, mas igualmente um lema realista, porque a realidade é esta, nós somos uma doação, como obra e vida, e só podemos ser fiéis a nós mesmos se continuarmos a ser a doação que somos pelas nossas origens.» (MENDONÇA, 1996:156). 

Igualmente a partir da família e da escola, uma cultura da responsabilidade é uma tarefa para a qual os encarregados de educação, educadores, professores e formadores devem estar bem preparados, não só em conhecimentos específicos, como também nas boas-práticas diárias.

 Comprometimento implica liberdade, na medida em que cada pessoa só pode ser responsabilizada pelos atos que livremente pratica, nem de outro modo se compreenderia. 

Por isso, educar para uma cultura da responsabilidade, aciona um processo de cooperação, de parceria, de liberdade, entre as partes, logo, a cooperação, no seu sentido mais amplo, no quadro institucional, entre nações, instituições, associações e particulares, deve realizar-se com pessoas responsavelmente livres e livremente responsáveis.

 Com efeito: «Responsabilidade é reconhecimento da autoria e aceitação das consequências de seus atos. São manifestações de responsabilidade assumir intensa, plena e voluntariamente suas decisões, responder leal e corajosamente pelos seus cometimentos, prestar contas dos encargos ou obrigações, sofrer críticas, defender direitos inerentes ao merecimento. A educação do senso de responsabilidade é tarefa heróica, pois exige autoridade e maturidade dos educadores.» (SCHMIDT, 1967:14).

BIBLIOGRAFIA

MENDONÇA, Eduardo Prado de, (1996). O Mundo Precisa de Filosofia, 11ª edição, Rio de Janeiro RJ: Agir Editora,

SCHMIDT, Maria Junqueira, (1967). Educar para a Responsabilidade, 4ª edição, Rio de Janeiro RJ: Livraria Agir Editora.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal 

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Educação Socioemocional

Educação Socioemocional: conectando professores
através da Arte

ENEDU - Encontro Nacional de Educadores
ENEDU – Encontro Nacional de Educadores

Como formar pessoas emocionalmente mais fortes e resilientes?

Há necessidade de desenvolvermos habilidades emocionais para a vida, como a resolução de problemas, adaptação e resiliência para enfrentarmos os desafios cotidianos, as  situações estressantes com serenidade e respostas emocionais e equilibradas.

A Arte é um caminho? Um recurso? Uma estratégia?

Tais questões serão lançadas à reflexão e debatidas no Encontro Nacional de Educadores, o ENEDU 2024 edição RJ, que será realizado no dia 28 de setembro, das 8:00 às 18:00, no Espaço Cultural Paulo Freire.

O evento é uma realização da ‘Projetos Pedagógicos Dinâmicos’ em parceria com a ‘Arte faz parte’ e tem apoio do programa EICOS da UFRJ.

Um evento interativo

Um dia dedicado a:

✔ Contação de história;

✔ Palestras;

✔ Rodas de conversas;

✔ Teatro;

✔ Show;

✔Troca de experiências;

✔ Networking.

O encontro será transmitido em tempo real para outras cidades e promete bastante interação entre os inscritos, tanto àqueles que participarão fisicamente, quanto na modalidade digital.

Dentre os palestrantes estão Paty Fonte, Victor Meirelles, Tati Brandão, Vanessa Bruna, Roselaine Rodrigues e o encerramento será com show da dupla Glorinha e Renato.

Participações especiais de outros escritores, pensadores e palestrantes são divulgadas na rede social do evento – @enedu2024

A programação completa, mais informações e inscrições através do site: www.enedu.com.br

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O papel do pai na construção de valores e desafios

COLUNA SAÚDE INTEGRAL

Joelson Mora:

‘O papel do pai na construção de valores e desafios’

Joelson Mora
Joelson Mora
“Pai: um guia, um exemplo, um mentor”
Imagem criada pela IA do Bing

A saúde integral é uma abordagem holística que considera o bem-estar físico, emocional, mental, social e espiritual de um indivíduo. Dentro dessa perspectiva, a saúde familiar é um dos pilares fundamentais, pois a família é a base para o desenvolvimento de valores, hábitos e comportamentos saudáveis. Neste contexto, o papel do homem/pai é crucial, não apenas como provedor, mas como figura central na formação e no crescimento dos filhos, refletindo valores que moldam a próxima geração.

O Que é Ser Pai?

Ser pai vai além de prover sustento material; é ser um guia, um exemplo, um mentor. O pai tem o papel de ensinar, proteger e apoiar os filhos em sua jornada de vida. Ele participa ativamente na educação, nas brincadeiras, nos momentos difíceis e nas celebrações, oferecendo uma presença constante que é vital para o desenvolvimento emocional e social das crianças. Ser pai é também aprender a escutar, a ser paciente e a mostrar amor de maneira incondicional.

Valores Transmitidos pelo Pai

O pai é muitas vezes o primeiro modelo de autoridade e de comportamento que uma criança observa. Os valores que ele transmite — como honestidade, responsabilidade, respeito, e ética — têm um impacto profundo e duradouro. A forma como o pai lida com os desafios da vida, como demonstra resiliência, empatia, e como expressa suas emoções, serve de guia para os filhos desenvolverem suas próprias capacidades e comportamentos.

Além disso, a interação do pai com a mãe e outros membros da família ensina lições valiosas sobre cooperação, resolução de conflitos e amor. Esse ambiente familiar saudável contribui para a construção de uma autoestima positiva e para o desenvolvimento de relacionamentos interpessoais saudáveis.

Os Desafios de Ser Pai

O papel do pai na sociedade moderna vem carregado de desafios. A necessidade de equilibrar o tempo entre o trabalho e a família, de lidar com as expectativas sociais e de oferecer suporte emocional, exige uma constante adaptação e aprendizado. Ser pai também significa enfrentar os próprios medos e inseguranças, ao mesmo tempo em que se esforça para ser um exemplo positivo.

Outro desafio é a necessidade de desconstruir estereótipos de masculinidade que muitas vezes limitam a expressão emocional dos homens. Ser um pai presente e afetivo é essencial, e envolve romper com a ideia de que a figura paterna deve ser rígida e distante. Demonstrar vulnerabilidade e afeto fortalece o vínculo com os filhos e cria um ambiente de confiança mútua.

Ser Pai de Coração

Além dos pais biológicos, existe o conceito de ‘pai de coração’, que se refere àqueles que assumem a responsabilidade de cuidar e educar uma criança, independentemente de laços sanguíneos. Esses pais desempenham um papel igualmente significativo na vida das crianças, oferecendo amor, segurança e orientação. A decisão de ser um pai de coração é um ato de amor e generosidade que tem um impacto profundo na vida da criança e na sociedade como um todo.

O pilar da saúde familiar dentro da saúde integral não pode ser subestimado, e o papel do pai é central nesse contexto. Os desafios são muitos, mas os valores transmitidos e a presença paterna são fundamentais para o desenvolvimento de crianças saudáveis e felizes. Seja pai biológico ou de coração, o amor, a dedicação e o compromisso com o bem-estar dos filhos são os maiores legados que um pai pode deixar.

A construção de uma família saudável e equilibrada começa com pais que estão dispostos a enfrentar desafios, a crescer com seus filhos e a ser um exemplo de vida. A saúde integral, portanto, encontra na figura do pai um dos seus mais importantes sustentáculos.

Joelson Mora

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Comportamentos assertivos

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo:

‘Comportamentos assertivos’

Diamantino Bártolo
Diamantino Bártolo
 Imagem criada pela IA do Bing – 30 de julho de 2024 às 4:03 PM

Parece ponto assente, praticamente consensual, que terá de ser pela educação, pela formação, pelo trabalho e pela democraticidade das mentalidades e comportamentos, que se poderá chegar, sem utopias, nem demagogias, a uma sociedade mais justa, precisamente, aproveitando o lado positivo do acelerado progresso, quer no quadro científico, quer no domínio das novas tecnologias; aliás, toda a penosidade, que certos trabalhos provocam na pessoa, pode (e deve) ser eliminado pela tecnologia, libertando o ser humano, para tarefas compatíveis com a sua dignidade e escala axiológica. Com efeito, trata-se de uma ambição, legítima. 

CIDADANIA, SOCIABILIDADE E COMUNIDADE, são algumas das muitas dimensões em que o ser humano desenvolve a sua vida, embora nem sempre com os melhores resultados, no sentido da harmonia e do bem-estar geral da população. Vários podem ser os fatores que dificultam as estratégias e afetam, negativamente, as possibilidades de se alcançarem os objetivos, destacando-se a faculdade comunicacional, quando mal utilizada. 

Por isso, afigura-se consensual, que só a partir de um entendimento correto, utilizando-se uma linguagem rigorosa, verdadeira e assertiva, será possível às pessoas compreenderem-se, lutarem por uma sociedade mais humanizada, menos materializada, equilibradamente civilizada e culturalmente tolerante. 

No estádio de desenvolvimento, em que já se encontram as sociedades modernas, muitas comunidades, pequenas vilas e aldeias portuguesas, vai sendo possível, para além de tornar desejável, o envolvimento das principais e, eventualmente, mais representativas instituições das populações: família, escola, Igreja, poder político, aos mais diferentes níveis, aqui interessando o poder político local democrático, as empresas e associações de diversa natureza. 

Se todos, a começar no cidadão enquanto tal, na sua dignidade de pessoa humana, adotarem uma nova filosofia de vida, no domínio da comunicação assertiva, então será relativamente fácil e gratificante, uma vida comunitária verdadeiramente pacífica, harmoniosa e tolerante. Uma das perspetivas, neste âmbito, revela, justamente, o caminho a seguir. Pensa-se que numa sociedade que se deseja civilizada, praticando os mais genuínos valores da pessoa humana, objetivamente, a virtude.

Fica, assim, esclarecido que a metodologia para se viver em sociabilidade comunitária, nos valores da cidadania plena, num regime democrático, passa pela comunicação, verbal e não-verbal, entre todos os membros da comunidade e, depois de consolidada a assertividade comunicacional, avançar-se-á para todo um comportamento assertivo, limpo, transparente, sem ódios nem perseguições, sem favoritismos para uns, contra a marginalização de outros, sem discriminações negativas, valendo as ideias, os projetos para avaliação da comunidade.

O exemplo deste comportamento assertivo, numa comunidade socialmente coesa, parte (deve partir), imperativamente, de todas as pessoas que ocupam quaisquer funções na sociedade: políticas, religiosas, educativas, empresariais, familiares, associativas, institucionais. As responsabilidades, primeira e maior, cabem a todo o cidadão: com poderes executivos, de decisão, de verificação e controlo. 

Não podem estes cidadãos, em circunstâncias normais: trair os mais elementares princípios da ética social; não podem deixar de exercer as boas-práticas no domínio dos mais profundos e consuetudinários valores; não podem aproveitar-se da posição que, generosa e honestamente, lhes foi conferida pelo voto popular, de uma maioria comunitária que neles confiou.

Criar as condições para que, nas pequenas, e/ou grandes localidades, se instale um ambiente social humano e cívico, que permita a cada cidadão manifestar-se, assertivamente, sem ter que recear represálias, sem estar preocupado com o que possa vir a acontecer, a si próprio, e/ou aos seus familiares.

Enfim, um clima de total confiança, de segurança e credibilidade das instituições, fé quanto às garantias dadas pelos responsáveis, no sentido de que o que é programado, divulgado (prometido) é mesmo para se fazer, sempre em benefício da população anónima que, em última análise, deverá ser a razão das intervenções públicas, para que se instale, definitivamente, a sociabilidade comunitária, num contexto de cidadania plena, no quadro do regime da democracia representativa, naturalmente, com destaque para o Poder Local Democrático.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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Orientação governamental na educação

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo:

‘Orientação governamental na educação’

Diamantino Bártolo
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‘Orientação governamental na educação’
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Ao Governo é atribuída intervenção decisiva no processo de instrução, de tal forma que: se por um lado, deve proporcionar a cada cidadão as facilidades indispensáveis para aquisição dos conhecimentos, compatíveis com uma profissão útil ao próprio e à sociedade; por outro lado, deve fiscalizar para que o esforço da nação não seja esbanjado por aqueles a favor de quem se fazem; de que modo? Contrariando a negligência dos benefícios e acompanhando a conduta dos pais e tutores que, obrigados pelas leis sociais e da natureza, devem cuidar da educação dos filhos, no sentido de não proporcionar a estes uma carreira falsa ou viciosa.

 Para resolver a aparente incompatibilidade entre o facto de a lei retirar a educação dos filhos à autoridade de seus pais, e o respeito pelas ideias recebidas, sem ofender os sentimentos paternais, Pinheiro Ferreira defende que o plano de educação nacional deve assentar nos mesmos sentimentos que «animam os pais para com seus filhos, enquanto fundados na natureza do coração humano.» (FERREIRA, 1834b:454).

Nas reflexões que antecedem o “Projecto de Associação para o Melhoramento da Sorte das Classes Industriosas” (1840), Pinheiro Ferreira dá a ideia de uma sociedade promotora da educação industrial, observando uma formação integral, com possibilidades de polivalência, isto é, uma formação profissional específica, acompanhada de uma educação para os valores da Cidadania e dos Direitos Humanos e, finalmente, conhecimentos diversos para enfrentar eventuais crises de emprego, e correspondentes situações de desemprego. A polivalência é uma estratégia, já então, pensado por este autor.

Defende, portanto, que: «O Governo tem já providenciado e sem dúvida se propõe continuar a prover com o mesmo ardor a instrução pública. (…). Os estabelecimentos criados pelas leis têm unicamente por objecto fornecer à mocidade os meios de adquirir os conhecimentos precisos para as diferentes carreiras científicas ou industriais; mas na instrução não se encerra tudo o que se entende e deve entender por educação verdadeiramente nacional. (…) é necessário que os alunos (…) adquiram os princípios de moral e os hábitos de ocupação e indústria, sem os quais a instrução, longe de aproveitar ao indivíduo, só serve de convertê-lo num incorrigível inimigo da moral e da sociedade. (…) E enfim, como entre várias artes existe mais ou menos afinidade, será fácil aos Directores organizarem o Ensino de maneira que, se bem que o aluno faça de uma delas a sua habitual profissão, possa, contudo, na falta de trabalho, lançar utilmente mão de qualquer daquelas que lhe são análogas.» (FERREIRA, 1836:37-38).

A construção do edifício Silvestrino no domínio político, social e económico, exigia um sistema educativo do tipo politécnico e profissional; complementado por uma estrutura assistencial adequada, designadamente com a ocupação dos tempos livres, com atividades culturais (teatro), físicas, jogos sedentários (xadrez, damas, cartas, mas não jogos de azar), incluindo-se nesta assistência um objetivo bem específico: o de evitar as situações de marginalidade (vadiagem, prostituição e criminalidade).

A preocupação de Pinheiro Ferreira pela educação, ao seu tempo, foi notável, na medida em que a quantidade de projetos, normas e regulamentos que elaborou, constitui prova da sua inquietação pela educação, não só dos alunos enquanto tais, mas principalmente da mocidade, ao ponto de entender que não bastava uma formação exclusivamente técnica, ou tecnicista, porque sendo o homem um todo complexo, dotado de várias dimensões (política, social, cultural, ética, religiosa, económica), a sua formação devia ser abrangente, integral, para que pudesse enfrentar, com menos dificuldades, as vicissitudes da vida. 

Bibliografia

FERREIRA, Silvestre Pinheiro (1834b). Manual do Cidadão em um Governo Representativo. Vol. I, Tomo II, Introdução de António Paim (1998b) Brasília: Senado Federal.

FERREIRA, Silvestre Pinheiro (1836). Declaração dos Direitos e Deveres do Homem e do Cidadão. Paris: Rey et Gravier.

 FERREIRA, Silvestre Pinheiro (1840) “Projecto de Associação para o Melhoramento da Sorte das Classes Industriosas”, in: José Esteves Pereira, (1996) (Introdução e Direcção de Edição) Silvestre Pinheiro Ferreira, Textos Escolhidos de Economia Política e Social (1813-1851). Lisboa: Banco de Portugal.

PAIM, Antônio, (1970). Prelecções filosóficas, “Silvestre Pinheiro Ferreira”, Introdução. São Paulo: Editorial Grijalbo: 27ª. Prelecção.

PAIM, Antônio, (1980). Relações entre as Filosofias Portuguesa e Brasileira no Século XIX, in: Revista Presença Filosófica, Vol. VI, (2/3) Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Filósofos Católicos, abr./set. Págs.102-110.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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Educação e formação dos recursos humanos jovens

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo:

‘Educação e formação dos recursos humanos jovens’

Diamantino Bártolo
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Quando se abordou a vida e obra de Silvestre Pinheiro Ferreira (1769-1846), constatou-se o seu grande apego às atividades intelectuais, que ao longo da vida sempre desenvolveu, sendo por isso reconhecida e solicitada a sua colaboração, aos mais diversos níveis, embora essa participação lhe tenha originado dificuldades de vária ordem. Em nome das letras, escreveu numerosos artigos sobre os mais díspares assuntos, publicados em vários periódicos literários e políticos do seu tempo: quer em Portugal; quer no Brasil; quer, ainda, em França.

Ao nível da educação, o seu desempenho é, hoje, terceira década do século XXI, considerado importante, apesar das condições em que exerceu a atividade docente: por curtos períodos e em circunstâncias pouco favoráveis, na medida em que não assumiu a carreira docente a tempo integral. 

Todavia, os estudos que efetuou, e as obras que escreveu (que foram ou poderiam ser utilizadas no ensino), justificam que se faça, no âmbito deste trabalho, uma, ainda que muito breve, referência à sua participação na educação, principalmente na formação dos mais jovens e, muito concretamente, no ensino técnico-profissional (sem, contudo, descurar as letras), pois é neste ideal educativo técnico e polivalente, que se forjam as preocupações educativas

Inicia em 1813, a lecionação de um curso de Filosofia com o suporte didático das “Prelecções Filosóficas”. Nesta obra deteta-se a simpatia do seu autor pelo método socrático (cf. in: PAIM, 1970:276 § 975), que consiste em definir as coisas pelos contrários, principalmente quando se disputa algo, argumentando e conduzindo o adversário para a adesão à tese que mais interessa, para o que se pode utilizar um de dois caminhos: pelo primeiro, orienta-se o adversário diretamente, para a definição da expressão que se quer clarificar; pelo segundo, mostra-se o absurdo a que conduzem as deduções dessa definição, implicando a adesão à tese contrária.

Foi numa fase posterior da sua vida, que Pinheiro Ferreira desenvolveria um estudo sobre a importância da educação, como deveria ser ministrada, que domínios deveria privilegiar a formação da mocidade: o técnico, as letras e as artes. Nestas reflexões educativas, são de destacar as funções que atribui a uma denominada Junta de Instrução Pública (cf. FERREIRA, 1834b:448), cujas atribuições, seriam: proporcionar os meios de instrução em função das necessidades de cada um; exigir aos cidadãos, provas de habilitações para poderem ser admitidos aos empregos, e para o pleno exercício dos direitos civis; dando liberdade aos pais e tutores, para escolherem o sistema de educação dos seus educandos, sem prejuízo dos deveres que incumbem ao Estado e à sociedade, na condução do ensino.

Mas não teria sido apenas em Portugal, que Pinheiro Ferreira exerceria influência na área da educação, principalmente no domínio da Filosofia, porque, antes de redigir as suas obras, no período fecundo da sua vida, já teria, no Brasil, adquirido a notoriedade bastante, para lhe ser reconhecida autoridade nesta matéria. (cf. PAIM, 1980:103).

A obra de Pinheiro Ferreira, elaborada para o ensino – não no sentido pedagógico, mas para a transmissão de conhecimentos – intitula-se “Prelecções Filosóficas sobre a Teoria do Discurso e da Linguagem, a Estética, a Diceósina e a Cosmologia”. Trata-se de uma obra que, não sendo elementar em virtude das especialidades que aborda (nos domínios da filosofia geral e aplicada às ciências morais e políticas), pode aceitar-se como tal, porquanto elabora e enumera, sistemática e progressivamente, aqueles saberes.

Silvestre Ferreira, no seu projeto de criação da Junta de Instrução Pública, prevê um ensino que, numa primeira fase, contempla uma ordem natural do desenvolvimento do espírito humano, independentemente da capacidade de cada um, correspondendo esta fase aos “estudos primários”, sendo as crianças chamadas, sem quaisquer discriminações, a exames públicos, através dos quais, revelarão o que têm aprendido para, a partir desta avaliação, se poder determinar qual a carreira que convém à criança: se aquela que os pais escolheram; se aquela para a qual a natureza melhor dotou o aluno. 

Aos pais, e encarregados de educação, reserva-se sempre o direito de escolherem a escola, e/ou o instituidor que lhes parecerem mais conveniente, cabendo ao júri de exame, decidir sobre qual a carreira que o aluno deve seguir: a das artes; ou a das ciências. A idade para ingresso nos Colégios de Educação é estabelecida aos 7 anos, sob a direção da Junta Suprema de Instrução Pública, sendo obrigatório para todos os alunos, independentemente da graduação dos chefes de família. 

BIBLIOGRAFIA

FERREIRA, Silvestre Pinheiro (1834b). Manual do Cidadão em um Governo Representativo. Vol. I, Tomo II, Introdução de António Paim (1998b) Brasília: Senado Federal.

FERREIRA, Silvestre Pinheiro (1836). Declaração dos Direitos e Deveres do Homem e do Cidadão. Paris: Rey et Gravier, 

 FERREIRA, Silvestre Pinheiro (1840) “Projecto de Associação para o Melhoramento da Sorte das Classes Industriosas”, in: José Esteves Pereira, (1996) (Introdução e Direcção de Edição) Silvestre Pinheiro Ferreira, Textos Escolhidos de Economia Política e Social (1813-1851). Lisboa: Banco de Portugal.

PAIM, Antônio, (1970). Prelecções filosóficas, “Silvestre Pinheiro Ferreira”, Introdução. São Paulo: Editorial Grijalbo: 27ª. Prelecção.

PAIM, Antônio, (1980). Relações entre as Filosofias Portuguesa e Brasileira no Século XIX, in: Revista Presença Filosófica, Vol. VI, (2/3) Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Filósofos Católicos, Abr./Set. Págs.102-110.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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O que vai pelas cidades

Sandra Albuquerque: ‘O que vai pelas cidades’

Sandra Albuquerque
Sandra Albuquerque
A pobreza nas grandes cidades
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Cidade, cidadezinha, metrópole não importa. O que importa é que cidadão é o que habita a cidade, cidadela é a fortaleza que defende uma cidade e Metrópoles são as cidades dos grandes arranha-céus, das imponentes propriedades, mas uma coisa é certa: a pobreza anda, digamos entre aspas, ao lado delas.

Não dá para mascarar e aplaudir, dizendo: está tudo bem! redes sociais. Basta navegar nas redes sociais e assistir aos telejornais ou, em último lugar, folhear as páginas de um jornaleco. Todos os dias a história se repete: poucos eventos da alta Society e, a poucos metros dali, pessoas buscam dos lixos os alimentos que sobram das festas.

O brasileiro precisa ser aplaudido de pé. Não aqueles chamados colarinhos brancos ou os malfeitores da sociedade que matam, sequestram, roubam, discriminam etc. Mas os que acordam às três da manhã , talvez com um copo d’água lavam os seus rostos e passam as mãos nos cabelos para darem a impressão de que tomaram banho, porque a água que faz parte do chamado saneamento básico não tem. O outro litro que fica é para tomar café, ou seja ‘afé’, porque é tão ralo, devido ao fato que precisa render, devido ao alto preço de mercado.

Já sai de uniforme pra não gastar a roupa do domingo. Anda rápido porque é distante do ponto de ônibus e do trem porque Metrô, BRT e VLT, mesmo com a maioria quebrada, já é luxo. E a mídia faz questão de mostrar uma irrealidade que nem a Estação da afabilidade.

Coisa do Sistema pra dizer está muito bom do jeito que está, porque, se melhorar, piora. Quero ver no horário de pico. É um pega aqui, solta ali, sobe acolá… Uma tremenda baldeação para poder chegar!
Já chega cansado, enfrenta o mau humor do chefe, mas tem que continuar. Tem boca pra comer. E as mulheres? São as que mais sofrem. Se viram nos 30 porque esta história de dizer “creches para todos” é pura balela, pura piada. Eu gostaria de saber a quem o poder quer enganar? Ao brasileiro que dá nó até em pingo d’água para sobreviver? Perda de tempo porque ele já está calejado.

Vamos a mais uma realidade, onde eu afirmo que o brasileiro precisa ser estudado pela NASA: O brasileiro cria tudo, faz de um tudo para sobreviver e tentar driblar a miséria. O brasileiro só não vende a alma, mas em toda a regra há exceção e alguns fazem permuta e andam por caminhos obscuros.

O brasileiro é um artista: apesar de todo sacrifício que enfrenta no seu dia a dia, tem sempre um sorriso no rosto e um abraço apertado quando chega do trabalho para dar ao seu filho. O brasileiro é persistente: não desiste nunca e posso provar: todos os anos quando vêm as chuvas de dezembro a março, os mais desfavorecidos, muitas vezes, perdem tudo que conquistaram ao longo da vida, nos desmoronamentos; culpa das promessas políticas que não acontecem, pois ficam apenas nos papéis, nos apertos de mãos em ano político, em abraços apertados até nos moradores de rua.

Mesmo as pessoas perdendo famílias inteiras e todos os seus pertences, sendo postas em abrigos provisórios e muitas vezes como indigentes, pois os documentos foram destruídos pela lama, ainda têm nos olhos, mesmo cheios de lágrimas, gotas de esperança por dias melhores.

E se viajarmos pelo sistema da saúde, vamos nos deparar com o desespero social, porque falta dignidade e comprometimento para com os seres humanos.

E a segurança, nem se fala, pois não precisa! A impunidade anda solta: os trabalhadores, os quais são chamados de cidadãos de bem ou massa trabalhadora, vivem à mercê dos caos da violência: nunca sabem quando será o último abraço e se conseguirão retornar à casa. Muitos viram estatística devido à violência.

O brasileiro quer saúde, o brasileiro quer educação, o brasileiro quer viver com dignidade, o brasileiro quer paz. Até quando o poder público não vai entender que o brasileiro merece respeito?

Comendadora Poetisa Sandra Albuquerque
RJ,14 de abril de 2024

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