A educação como missão real

Alexandre Rurikovich Carvalho

‘A educação como missão real: a visão pedagógica de Dom Pedro II e a nobreza da docência’  

Dom Alexandre Rurikovich Carvalho
Dom Alexandre Rurikovich Carvalho
Retrato de Dom Pedro II em pose reflexiva, em estilo clássico do século XIX. O imperador é
representado em tons sépia, com gesto sereno e expressão contemplativa, simbolizando sua
admiração pela educação e pelo papel do professor.
Retrato de Dom Pedro II em pose reflexiva, em estilo clássico do século XIX. O imperador é
representado em tons sépia, com gesto sereno e expressão contemplativa, simbolizando sua
admiração pela educação e pelo papel do professor.

Resumo. O presente artigo analisa a célebre frase atribuída a Dom Pedro II — “Se não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro” — como expressão de um ideal humanista e civilizatório que marcou o Segundo Reinado brasileiro. Busca-se compreender o pensamento educacional do monarca, sua influência sobre o desenvolvimento da instrução pública e sua concepção do magistério como missão moral. A pesquisa, de caráter qualitativo e interpretativo, fundamenta-se em revisão bibliográfica e análise documental, contextualizando o imperador como patrono das letras, das ciências e das artes. Conclui-se que Dom Pedro II via na educação o instrumento fundamental para o progresso nacional e via o professor como o verdadeiro construtor do futuro.

Palavras-chave: Dom Pedro II; Educação; Docência; Humanismo; História da Educação Brasileira.

1. Introdução

A história da educação brasileira é inseparável da figura de Dom Pedro II (1825–1891), monarca que, mais do que governar, dedicou-se ao estudo, à cultura e à ciência. Sua frase — “Se não fosse imperador, desejaria ser professor” — ultrapassa o valor retórico e revela um ideal ético e pedagógico.
No contexto do século XIX, a afirmação de um soberano que via no magistério a mais nobre das profissões representa um marco de pensamento ilustrado e progressista. Para o imperador, educar era não apenas transmitir conhecimento, mas formar consciências e preparar cidadãos para o futuro da nação.

O presente artigo tem por objetivo analisar o significado dessa declaração e suas implicações para a história da educação no Brasil, discutindo as políticas culturais e o legado intelectual de Dom Pedro II à luz da pedagogia humanista e do papel transformador do professor.

2. Contexto Histórico e Intelectual do Segundo Reinado

Dom Pedro II ascendeu ao trono em 1840 e reinou até 1889, período conhecido como Segundo Reinado, marcado por estabilidade política, expansão econômica e florescimento cultural. Desde jovem, recebeu uma formação ampla e rigorosa, orientada por mestres como o padre Diogo Antônio Feijó, o marquês de Itanhaém e outros intelectuais de destaque da época. Dotado de notável inteligência e curiosidade intelectual, o monarca tornou-se poliglota, dominando mais de dez idiomas, entre eles o grego, o hebraico, o árabe e o tupi. Demonstrava grande apreço pelas ciências humanas e naturais, mantendo correspondência com personalidades científicas e literárias de renome mundial, como Victor Hugo, Louis Pasteur, Richard Wagner, Alexandre Dumas e Alexander von Humboldt, com quem trocava ideias sobre arte, filosofia e progresso técnico.

Segundo José Murilo de Carvalho (2007, p. 45), “Dom Pedro II foi um dos raros monarcas do século XIX cuja verdadeira paixão residia no conhecimento”. Essa paixão se refletiu em políticas que incentivaram o avanço educacional, artístico e científico no Brasil. O imperador foi patrono da Academia Brasileira de Letras e protetor de instituições culturais, como o Museu Nacional, a Biblioteca Nacional e o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), que desempenharam papel fundamental na construção da identidade nacional. Também estimulou o desenvolvimento de infraestruturas modernas, como o telégrafo, a ferrovia e a fotografia, introduzindo o país no contexto da modernidade oitocentista.

O Colégio Pedro II (1837), criado ainda durante o período regencial, mas consolidado sob seu patrocínio, tornou-se modelo de ensino secundário e referência de qualidade intelectual. Além disso, Dom Pedro II incentivou a criação de escolas normais para formação de professores, reconhecendo o magistério como pilar da civilização. Em carta de 1873, afirmou: “Nada eleva mais um povo do que o saber; e nada o degrada tanto quanto a ignorância”. Essa convicção de caráter iluminista o levou a patrocinar o estudo de jovens brasileiros na Europa, apoiando bolsas de estudo e missões pedagógicas, especialmente na França e na Alemanha, com o objetivo de trazer ao Brasil novas metodologias e paradigmas científicos.

A postura intelectual do monarca refletia uma visão cosmopolita e humanista, que conciliava tradição e progresso. Dom Pedro II via a cultura como instrumento de emancipação moral e política, acreditando que o conhecimento poderia elevar o Brasil ao patamar das nações mais civilizadas. Sob sua influência, o país vivenciou um período de efervescência intelectual, com o surgimento de revistas literárias, debates científicos e a consolidação de uma elite letrada comprometida com a modernização nacional.

3. A Concepção Humanista e Moral da Educação

A frase analisada neste estudo contém um núcleo filosófico que remete ao ideal humanista. Para Dom Pedro II, a educação deveria transcender o ensino de conteúdos e promover o desenvolvimento integral do ser humano. Tal perspectiva aproxima-se das ideias de Rousseau e Condorcet, para quem a instrução pública é condição essencial de liberdade e moralidade.

O imperador acreditava que o educador era o verdadeiro condutor do progresso nacional. Em discurso de 1876, declarou:

“Educar não é apenas instruir, mas formar o caráter. O mestre não ensina apenas o que sabe, mas o que é.”

Essa visão traduz um compromisso ético com a formação do cidadão e antecipa princípios pedagógicos que mais tarde seriam retomados por pensadores brasileiros como Rui Barbosa, Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro.

Conforme Saviani (2007, p. 23), “a educação é sempre um ato político e moral”. Essa noção é coerente com o pensamento de Dom Pedro II, que via na docência uma missão espiritual, capaz de transformar o destino do país por meio da cultura e do conhecimento.

4. Políticas e Ações Educacionais de Dom Pedro II

O reinado de Dom Pedro II foi marcado por importantes iniciativas voltadas à disseminação do ensino, à valorização cultural e ao fortalecimento das instituições de saber. O monarca via a educação como base indispensável para o progresso moral e material da nação, e, por isso, adotou uma postura ativa na promoção de políticas públicas voltadas ao ensino, à ciência e às artes. Entre as principais ações, destacam-se:

  1. Criação e fortalecimento do Colégio Pedro II, que se tornou referência nacional em educação humanista e científica. A instituição foi concebida como modelo de excelência, com currículo abrangente que integrava disciplinas clássicas, línguas estrangeiras, filosofia, ciências naturais e história, formando gerações de intelectuais e estadistas. O próprio imperador acompanhava seu funcionamento, participando de cerimônias, visitando salas de aula e premiando alunos de destaque.
  2. Estímulo à formação docente, com a fundação de escolas normais em várias províncias, especialmente a partir da década de 1870. Dom Pedro II compreendia que o progresso do ensino dependia da qualificação do professorado, e incentivou reformas pedagógicas inspiradas em modelos europeus, como o francês e o alemão. Essas escolas tornaram-se centros de difusão de novas metodologias de ensino, contribuindo para o fortalecimento do magistério nacional.
  3. Apoio às instituições científicas e artísticas, como o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), o Museu Nacional, o Observatório Imperial do Rio de Janeiro e a Academia Imperial de Belas Artes. Sob seu patrocínio, tais instituições desempenharam papel fundamental na produção e preservação do conhecimento, além de promoverem o intercâmbio intelectual entre o Brasil e a Europa. O imperador também incentivou a realização de expedições científicas, especialmente nas áreas de botânica, geografia e arqueologia, consolidando o país como centro emergente de investigação científica no hemisfério sul.
  4. Patrocínio à imprensa, à difusão cultural e à tradução de obras científicas e literárias, ampliando o acesso ao conhecimento. Dom Pedro II acreditava que a circulação de ideias era essencial para o desenvolvimento do espírito público e da cidadania. Assim, apoiou publicações educativas, jornais literários e a tradução de textos fundamentais das ciências e das humanidades, aproximando o Brasil das grandes correntes de pensamento do século XIX.
  5. Concessão de bolsas de estudo no exterior, destinadas à formação de estudantes, engenheiros, artistas e professores brasileiros. Essa política contribuiu para a modernização das práticas pedagógicas e científicas nacionais, permitindo que o país assimilasse avanços tecnológicos e concepções filosóficas do Velho Mundo. Entre os bolsistas estavam nomes que mais tarde se destacariam no cenário intelectual brasileiro, colaborando com o projeto civilizatório de Dom Pedro II.

Como observa Lilia Moritz Schwarcz (1998, p. 112), “a figura do imperador confundia-se com a do intelectual, que fazia da cultura um instrumento de poder simbólico e de prestígio internacional”. Essa postura consolidou o Brasil como uma das monarquias mais cultas e respeitadas de seu tempo, distinguindo-se por seu compromisso com o saber e com a modernidade ilustrada. Além disso, o legado educacional e científico de Dom Pedro II ultrapassou as fronteiras do Império, sendo reconhecido por instituições estrangeiras como a Academia de Ciências de Paris e a Royal Society de Londres, das quais foi membro correspondente.

O conjunto dessas políticas demonstra que Dom Pedro II compreendia o conhecimento como elemento estruturante do Estado e via na educação o caminho para a emancipação do indivíduo e o engrandecimento da nação. Sua visão de governo, profundamente marcada pelo humanismo, pelo racionalismo e pela fé no progresso, deixou marcas duradouras no sistema educacional brasileiro e na construção de uma identidade cultural própria.

5. O Professor como Agente de Transformação

Ao declarar que desejaria ser professor, Dom Pedro II revela não apenas uma admiração pessoal pela docência, mas uma profunda compreensão do poder formador da palavra, do exemplo e da transmissão do conhecimento. Sua afirmação — “Se não fosse imperador, desejaria ser professor” — sintetiza uma visão de mundo iluminista e humanista, na qual o saber se coloca acima do poder e a educação é vista como instrumento de emancipação individual e social. Para o monarca, o verdadeiro governante e o verdadeiro mestre compartilham a mesma missão: “dirigir inteligências” e “preparar homens do futuro”, conduzindo o povo pelo caminho da razão e da virtude.

Essa concepção coloca o professor no centro do processo civilizatório, reconhecendo-o como figura essencial na formação moral e intelectual da sociedade. Assim como o monarca dirige a nação, o educador conduz as mentes — mas sua autoridade é moral, ética e intelectual, e não política. O imperador compreendia que a força de um país residia menos nas armas do que nas escolas, e que somente por meio da educação o Brasil poderia alcançar o patamar das nações civilizadas. Em diversos discursos, Dom Pedro II exaltou o magistério como “a mais nobre das profissões”, chegando a afirmar que “a ignorância é a verdadeira inimiga da liberdade”.

A figura do professor, portanto, era para Dom Pedro II símbolo do progresso, do altruísmo e da construção do caráter nacional. Ele via na docência não apenas uma função técnica, mas uma missão espiritual e patriótica, responsável por moldar consciências e cultivar valores éticos, científicos e humanísticos. Em várias ocasiões, o imperador fez questão de visitar escolas públicas e privadas, dialogando com mestres e alunos, e demonstrando sincero interesse pelo cotidiano do ensino. Seu respeito pelos professores era público e constante, o que contribuiu para elevar o prestígio moral da profissão em uma época ainda marcada pela desigualdade educacional e pela escassez de recursos didáticos.

Segundo Fernando de Azevedo (1958, p. 67), “a educação brasileira deve a Dom Pedro II o impulso inicial de seu despertar cultural e o prestígio moral do magistério”. Essa valorização do professor como guardião do saber e agente da transformação social permanece como um ideal a ser plenamente alcançado na contemporaneidade. O imperador antecipava, de certo modo, ideias que mais tarde seriam defendidas por educadores como Anísio Teixeira e Paulo Freire, ao considerar que ensinar é um ato de libertação e que a instrução popular é o caminho mais seguro para a justiça e o desenvolvimento.

O legado de Dom Pedro II, portanto, não se limita às reformas institucionais, mas estende-se à formação de uma mentalidade educacional que valoriza o conhecimento como bem supremo. Sua visão coloca o professor como mediador entre o saber e o cidadão, como aquele que constrói pontes entre o passado e o futuro, entre a tradição e a inovação. Ainda hoje, em tempos de desafios educacionais e crises de valores, o exemplo do “imperador professor” continua a inspirar a crença de que a transformação do mundo começa pela sala de aula.

6. Atualidade do Pensamento de Dom Pedro II

No século XXI, a profissão docente enfrenta desafios complexos e persistentes, como a desvalorização social, a precarização das condições de trabalho, a sobrecarga emocional e a carência de políticas públicas consistentes voltadas à formação continuada e à valorização salarial dos educadores. Em meio a esse cenário, a mensagem de Dom Pedro II adquire nova relevância, ressoando como um apelo ético, filosófico e simbólico em defesa do magistério e do papel essencial da educação na construção de uma sociedade justa e esclarecida. Sua célebre admiração pela docência — expressa na frase “Se não fosse imperador, desejaria ser professor” — transcende o tempo, reafirmando a dignidade e a missão humanizadora do ensino.

Para Dom Pedro II, ensinar era um ato de elevação moral, um compromisso com o progresso intelectual e espiritual do povo. Essa convicção, ancorada nos ideais iluministas e no humanismo cristão, encontra eco nas discussões pedagógicas contemporâneas sobre o papel transformador da educação. No mundo atual, marcado pela aceleração tecnológica, pela crise de valores e pela desigualdade de oportunidades, o pensamento do imperador permanece como referência de esperança e propósito: o conhecimento continua sendo a via mais segura para a liberdade e para o fortalecimento da cidadania.

Como afirmou Anísio Teixeira (1969, p. 14), “sem professores não há nação possível”. Essa máxima reforça o sentido atemporal da frase imperial: formar inteligências é formar o próprio destino de um povo. A educação, vista por Dom Pedro II como instrumento de emancipação e progresso, mantém-se o principal caminho para o desenvolvimento nacional. Sua postura de respeito à ciência, à cultura e ao magistério oferece um contraponto inspirador diante da crise de reconhecimento que hoje atinge os profissionais da educação.

A atualidade do pensamento de Dom Pedro II reside, portanto, em sua capacidade de articular valores éticos, políticos e culturais em torno da figura do professor e da centralidade da escola como espaço de formação cidadã. Ao reconhecer no educador o verdadeiro construtor da pátria, o imperador antecipou um ideal que atravessa gerações: o de que nenhum projeto de nação é sustentável sem investimento intelectual e moral em seus mestres.

Mais do que um legado histórico, sua visão constitui uma lição permanente de valorização, respeito e esperança. Em tempos de transformações globais, é urgente resgatar o espírito que animava o “imperador professor”: a crença de que educar é servir à humanidade, e que o saber, mais do que um privilégio, é um dever compartilhado entre governantes e cidadãos. Assim, o pensamento de Dom Pedro II continua a iluminar o presente, inspirando novas gerações de educadores a manter viva a fé na força transformadora da educação e no poder civilizador da palavra e do exemplo.

7. Considerações Finais

Dom Pedro II compreendia a educação como a verdadeira base de sustentação de um país civilizado. Sua frase sintetiza uma visão de mundo em que o saber é o mais elevado dos poderes e o professor, seu mais digno representante.
O imperador não via o trono como símbolo de dominação, mas como espaço de serviço à cultura e à ciência. Seu amor pelo ensino e sua admiração pelo professorado representam um legado moral e intelectual que ultrapassa os limites do tempo.
Ao desejar ser mestre, Dom Pedro II eternizou a imagem de um governante que acreditava no poder das ideias — e, sobretudo, no poder do educador de transformar o mundo.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Fernando de. A Cultura Brasileira: introdução ao estudo da cultura no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 1958.

CARVALHO, José Murilo de. Dom Pedro II: ser ou não ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

NAGLE, Jorge. Educação e Sociedade na Primeira República. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

SAVIANI, Dermeval. História das Ideias Pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2007.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. As Barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

TEIXEIRA, Anísio. Educação e o Mundo Moderno. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1969.BARROS, Maria do Carmo. O Ideal Educador de Dom Pedro II. Rio de Janeiro: MEC/INEP, 1989.

Alexandre Rurikovich Carvalho

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A disciplina que eu amaria lecionar

Sergio Diniz da Costa

‘A disciplina que eu amaria lecionar’

Sergio Diniz
Sergio Diniz]
Imagem criada por IA da |Meta - 22 de agosto de 2022, às 20:24 PM
Imagem criada por IA da Meta – 22 de agosto de 2022,
às 20:24 PM

Durante um breve período de tempo tive a oportunidade de lecionar no Ensino Superior. Ministrei aulas de Direito do Trabalho, Linguagem Jurídica e Humanidades.

Apesar de as duas últimas disciplinas, em particular, proporcionarem um campo de interação muito profícuo com os alunos, em termos de reflexões éticas e filosóficas, porém, ainda se enquadram no sistema educacional tradicional, onde se deve ‘medir’ os conhecimentos auferidos pelo educandos. E, decorrente disso, se o aluno não alcança a nota mínima determinada, pura e simplesmente não passa de ano.

Na minha experiência em sala de aula procurei ao máximo mostrar aos alunos que a maior recompensa pelo estudo não é alcançar a nota máxima, mas sim o maior prazer pelo aprendizado em si. Pra mim, o aprendizado deve ser lúdico. E, acima de tudo, mágico!

E sob esta visão, a disciplina que eu amaria ministrar é uma disciplina que, infelizmente, ainda não existe em nenhuma grade escolar. E, por ainda não existir, eu a batizei de ‘Disciplina do Sentir’. E seria uma matéria preparatória para todas as outras. E de todas as áreas do conhecimento humano.

Nessa matéria não haveria qualquer forma de avaliação. E ninguém seria reprovado.

A ‘sala de aula’ seria num templo. O Templo da Natureza. E as aulas seriam, em alguns dias, pela manhã, e em outros, à noite. E, ouvindo músicas sublimes, todos passaríamos minutos eternos apreciando flores e árvores, nuvens e estrelas. Sentaríamos ou deitaríamos sobre a relva macia, fecharíamos os olhos e permitiríamos que nossas almas enxergassem e sentissem tudo com seus próprios sentidos. Sentissem o frescor e o aroma do vento ou mesmo da chuva; escutassem o farfalhar das árvores em seus misteriosos colóquios. E o canto dos pássaros, saudando a vida.

Dançaríamos, também. Dançaríamos a Dança da Alma Liberta, com seus graciosos volutear.

E ao passar dos dias e dos meses, chegando ao final do curso, acabaríamos por perceber que não haveria mais distinção entre mestre e alunos, mas tão somente um sentimento de união, quando então entenderíamos que o aprendizado é, acima de tudo, um maravilhoso processo de descobertas; de descobertas de si mesmo, dos outros, da vida.

E nesse momento mágico e transcendente, os futuros médicos ou juízes não se sentiriam deuses, acima dos homens, mas sentiriam Deus guiando suas mãos e decisões. Os futuros engenheiros não projetariam apenas pontes de concreto, mas, sobretudo, pontes de união. Os futuros políticos compreenderiam que governam ou legislam, como se agricultores fossem, semeando sementes de bem-estar comunitário. Os futuros advogados entenderiam que a maior soma de honorários a receber é a soma da paz social. E os futuros professores relembrariam que todas as demais profissões dependem de um professor.

A Disciplina do Sentir parece um sonho, um devaneio, uma utopia. E talvez o seja. O maior e o mais belo sonho que um sonhador pode sonhar. Permitam-me, porém, sonhá-lo! Mas, se puderem, sonhem comigo!

Sergio Diniz da Costa

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Educação e formação da pessoa humana

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

‘Educação e formação da pessoa humana’

Diamantino Bártolo
Diamantino Bártolo
Imagem criada por IA do Bing – 14 de maio de 2025,
às 10:43 PM

Educar e formar pessoas humanas implica conhecimentos, técnicas e avaliações diferentes das que se utilizam na construção de objetos, sejam edifícios, pontes, estradas, máquinas ou peças de vestuário e outras inúmeras coisas materiais. Preparar para a vida de cada pessoa, e em sociedade humana, não é o mesmo que programar uma máquina. 

A pessoa humana: comporta e transporta princípios, valores, sentimentos, emoções, de que resultam atitudes que possibilitam o melhor ou pior relacionamento interpessoal; que promove, havendo para isso, vontade, a harmonia, a compreensão, a tolerância e a resolução de problemas sócio-culturais, pessoais e do grupo; que enriquecem as dimensões verdadeiramente humanas, como a ética, a religião, a política, a social e a inter-relacional, entre outras.

Educar e preparar a pessoa para a constituição de uma família, desde logo: a começar na “escolha” do cônjuge, nos princípios, valores e regras a implementar na educação dos filhos; as opções pelo tipo de educação; a profissão pretendida para o jovem; que direitos e deveres se podem conceder e exigir, respetivamente; que religião e práticas litúrgicas são compatíveis ou desejáveis, face a uma bem caraterizada cultura; enfim, tantos outros aspetos, pormenores e dimensões humanas, que é preciso acautelar, e/ou estimular e praticar, é uma tarefa grandiosa e apenas realizável pelo ser humano, justamente pela educação, formação, instrução e treino.

Educar e preparar a pessoa humana para o governo do grupo, da comunidade, da sociedade e do mundo, pressupõe um vasto conjunto de conhecimentos, de práticas, de experiências, que ao longo da vida, e de forma sistematizada, e orientada, devem ser: ensinadas e aprendidas; exemplificadas e praticadas; interiorizadas e manifestadas, por quem ensina e por quem aprende. 

O professor que aqui se considera necessário, valorizado e insubstituível, prende-se com outros valores, com outras caraterísticas e capacidades singularmente humanas, porque se trata do docente que trabalha e forma pessoas, não objetos, nem animais, nem sistemas, obviamente, sem prejuízo para a complexidade destas atividades. 

Defende-se o professor-formador, que em comunhão de: princípios, valores, sentimentos, emoções e objetivos, coopera com outros seus semelhantes, humanamente considerados, sem superioridade, nem vaidade, nem orgulho fundamentalista, porque esta última sensibilidade continua, hoje, primeiro quarto do século XXI, atual e terrivelmente real: «O orgulho, paixão feroz, rainha e mãe de todas as pragas sociais, opõe uma resistência invencível a essa conversão dos povos. O orgulho não mede a felicidade de acordo com o bem-estar, mas de acordo com a infelicidade alheia.» (MORUS, s.d.:139).

Verifica-se que a complexidade, ao longo da história da humanidade, na formação da pessoa humana, não é compaginável com quaisquer processos, meios e técnicas que excluam o professor/formador: seja no seu envolvimento direto e presencial; ou seja, à distância, defendendo-se, nesta reflexão, a sua intervenção presencial, porque nenhuma máquina robotizada vive, pensa, sente e age como a pessoa humana. 

Considerar-se-á uma indignidade educar a pessoa humana, exclusivamente, por meio de uma máquina, que assim se superiorizaria em relação às mulheres e aos homens, e até os escravizaria, pelo contrário, aceita-se o uso das denominadas máquinas de ensinar, como igualmente o ensino à distância, utilizando as mais modernas e adequadas tecnologias, desde que o homem-professor/formador seja responsável pela programação, pelo controle, pela avaliação e altere, sempre que necessário, e também que, periodicamente, o aluno/formando possa reunir-se, direta e presencialmente, com aquele que, à distância, o vem orientando em forma de tutoria. Nestas condições até se reconhecem muitas vantagens neste tipo de ensino/aprendizagem.

Bibliografia

MORUS, Thomas, (s.d.). A Utopia, Prefácio Prof. Mauro Brandão Lopes, Trad. Luís Andrade, S. Paulo: Editora Escala. 

Venade/Caminha – Portugal, 2025

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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Educação não se faz com amadores

José Ngola Carlos: ‘Educação não se faz com amadores’

Kamuenho Ngululia
José Ngola Carlos
Kamuenho Ngululia
Criador de imagens do Bing – 24 de abril de 2025,
às 05:05 PM

O desenvolvimento do pleno potencial humano só ocorre em meio a existência das seguintes condições: 1. Vontade pessoal; 2. Ambiente favorável; 3. Recursos disponíveis.

    A vontade pessoal consiste no interesse individual de querer ir além das condições atuais para as condições desejadas. Sem a vontade pessoal não existe a possibilidade de ajudar quem quer que seja a alcançar o seu mais pelo desabrochar. O querer é imprescindível para se crescer, mas não é em si um requisito autossuficiente. Em adição à vontade pessoal, convém que haja esforço para a disponibilização de recursos e um ambiente favorável ao desenvolvimento do pleno potencial dos professores e alunos, para o caso da educação.

    Educação não se faz com amadores!

    Somos infelizes quando tentamos fazer Educação com professores cujas aspirações estão à margem do ofício que exercem. Com professores que são professores apenas sob pressão das circunstâncias e das oportunidades não se faz educação. Não se faz educação com professores que olham para o exercício da profissão apenas como o ganha-pão e não também como o espaço para o crescimento pessoal e social.

    Educação não se faz com amadores!

    Educação faz-se com pessoas que amam a educação pela educação e para o desenvolvimento pessoal e social.

    Somando à infelicidade, não se tem apenas inúmeros professores que se fizeram professores por imperativo das circunstâncias, como também, fomos capazes de dar origem a alunos que se formam naquilo que não querem e estudam o que não gostam.

    Verdadeira educação faz-se com alunos que estudam o que amam e só o que amam e nada mais do que amam e professores apaixonados com o que fazem.

    Educação não se faz com amadores!

    Ninguém é criativo fazendo o que não gosta e não quer. O exercício de uma profissão pela qual não nos afeiçoamos nem respeitamos ou a exigência em se cursar ou estudar disciplinas com as quais os alunos não se identificam, além do péssimo desempenho, também limitam o desenvolvimento do pleno potencial humano naquilo que se gosta.

    A criatividade, a felicidade e o desenvolvimento do pleno florescer das habilidades humanas dependem de se fazer o que se aprecia, o que se quer e o que se respeita em um ambiente favorável com recursos disponíveis.

    Assim, educação não se faz com amadores!

    Kamuenho Ngululia

    Como citar este artigo: Ngululia, K. (2025:4). Educação não se faz com amadores. Brasil: Jornal Cultural ROL.

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    O professor em desserviço

    José Ngola Carlos: ‘O professor em desserviço’

    Kamuenho Ngululia
    Kamuenho Ngululia
    Imagem gerada com IA do Bing ∙ 21 de janeiro de 2025 às 8:25 AM
    Imagem gerada com IA do Bing ∙ 21 de janeiro de 2025
    às 8:25 AM

    Nenhum professor é autoexistente, ou melhor, nenhum professor existe por si. A existência do professor depende principalmente de que este tenha algo para ensinar e para quem ensinar.

    A palavra professor deriva do verbo professar. Pelo que, um professor é alguém que professa, confessa, apregoa ou reconhece publicamente alguma coisa. Afinal, como podem existir professores sem terem algo para ensinar? Como podem existir professores sem que haja pessoas a quem professar?!

    Queiramos ou não, a verdade é que todo professor está a serviço dos seus alunos. Estando a serviço dos alunos, é imperativo que este faça tudo ao seu alcance de modos a suprir as necessidades de aprendizagem de seus alunos no domínio cognitivo, afetivo e psicomotor em relação à vida e em relação ao seu meio envolvente.

    Um professor a serviço dos alunos:

    1. Planifica as suas aulas;
    2. É assíduo e pontual;
    3. Ensina com destreza;
    4. Educa com paciência;
    5. Motiva com amor e
    6. Avalia sem preconceitos.

    Estar a serviço dos estudantes é um dever por parte do professor, mas o anómalo, e não somente o inverso, pode ocorrer. Assim como o professor pode estar a serviço dos alunos, não pode fechar os olhos ao fato de que é possível, percebendo ou não, estar a desserviço da comunidade estudantil.

    Um professor a desserviço dos estudantes:

    1. Não planifica as suas aulas ou planifica mal;
    2. Não é assíduo, muito menos pontual;
    3. Ensina sem nada ensinar de fato, antes atrapalha;
    4. Não educa, senão deseduca;
    5. Desmotiva e raramente motiva;
    6. Avalia como um fim em si;
    7. mesmo e não como um meio para alcançar a um fim.

    No exercício das suas funções, por favor, diga não ao desserviço!


    Kamuenho Ngululia

    Malanje, 20 de janeiro de 2025

    Como citar este artigo: Ngululia, K. (2025:1). O Professor em Desserviço. Brasil: Jornal Cultural ROL.

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    Educação – Um exercício de exploração e manutenção de poder

    José Ngola Carlos:

    ‘Educação – Um exercício de exploração e manutenção de poder’

    Kamuenho Ngululia
    Kamuenho Ngululia
    Educação – Um exercício de exploração e manutenção de poder
Imagem gerada por IA do Bing - 5 de dezembro de 2024 às 8:58 PM
    Educação – Um exercício de exploração e manutenção de poder
    Imagem gerada por IA do Bing – 5 de dezembro de 2024 às 8:58 PM

    Nas comunidades tribais sem classes sociais, a educação era um exercício de poder do povo em favor do povo, uma vez que, tudo que se conseguia pelo esforço individual ou coletivo pertencia à comunidade inteira, o que inclui, a necessidade de ensinar tudo a todos.

    Com o surgimento das classes sociais, as comunidades tribais desaparecem juntamente com todo o seu caraterístico arranjo social. As sociedades divididas em classes, baixa, média e alta, fundam-se no princípio da eliminação da propriedade comum e a instituição da propriedade privada e, com a propriedade privada, a luta pelo poder.

    A classe social baixa é a classe explorada e que se compõe da maior parte dos membros de uma sociedade. Eles são os pobres, os não civilizados e marginalizados. A classe social média é a classe intermédia, ficando entre os pobres e os ricos. Estes não são pobres, porém, não são ricos também. Eles são os assimilados e que lambem as botas dos pertencentes à classe alta. A classe social alta é a classe que detém o poder e que, contudo, vive à custa dos pobres e dos assimilados.

    Estes são os ricos, os que usam a educação para explorar e manter o poder.

    Com o surgimento das classes sociais, a educação presenciou uma revirada no ideal didático-pedagógico até então conhecido das comunidades antigas sem classes sociais que eram: a integralidade, a homogeneidade, a espontaneidade e a não institucionalidade. Nas sociedades com classes, conforme Aníbal Ponce, em Educação e Luta de Classes, 1934, a educação passou a ser:

    1. Institucional

    2. Coerciva

    3. Sistemática e

    4. Diferenciada

    Uma educação institucional é aquela administrada por meio de uma instituição. É dela que

    começam a surgir as personalidades do sacerdote, do mago, do mestre e do professor como

    pessoas a serviço da classe abastada para domesticar a classe explorada, tendo em vista a

    manutenção do poder.

    Com a educação coerciva, surge a educação obrigatória. Com este ideal, legitimam-se os açoites como recurso estimulador ou motivador da aprendizagem.

    Contrário ao ensino espontâneo, as classes sociais permitiram o surgimento do ensino sistemático. A sistematicidade trouxe as doses no processo de ensino e aprendizagem, pelo que, já não se podia ensinar tudo a todos em um ambiente natural e prático. Uma educação diferenciada, conforme a sua gênese no surgimento das sociedades com classes, era justamente aquela que consistia em um pobre ser educado para servir e o rico, educado para mandar

    Kamuenho Ngululia

    Como citar este artigo:

    Ngululia, K. (2024:4). Educação – Um Exercício de Exploração e Manutenção de Poder. Brasil: Jornal Cultural ROL

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