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Pietro Costa: Pensamento XXIV

Pietro Costa
Pietro Costa
Imagem criada por IA da Meta – 26 de agosto de 2025, às 09:45 PM

A empatia é um luxo nessa quadra de individualismo demasiado.

Pietro Costa

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Entre o apego e o amor

Clayton Alexandre Zocarato

‘Entre o apego e o amor: ecos da empatia no silêncio do outro’

Clayton Alexandre Zocarato
Clayton Zocarato
Imagem criada por IA do Bing – 27 de junho de 2025,
às 09:57 PM

Há uma linha tênue, quase invisível, que separa o amor da prisão.

 Emocionalmente, caminhamos muitas vezes com os olhos vendados, acreditando que amar é segurar com força, que cuidar é não deixar partir. 

Mas o amor verdadeiro não se agarra — ele acompanha. 

É presença, não posse.

 É liberdade partilhada, não cárcere a dois.

  E neste ponto, surge a pergunta que reverbera como eco num vale: o que é amor, e o que é dependência que se veste de afeto?

A dependência emocional é um vazio que grita no silêncio de quem não aprendeu a se bastar. 

Não é entrega, é pedido de socorro. 

É a ânsia de ser completado por outro quando o próprio espelho está rachado.

  O amor, por sua vez, não exige completude — ele reconhece que somos inteiros, ainda que feridos. 

Amar não é precisar do outro para respirar, mas desejar que o outro respire livre, mesmo longe do nosso peito. 

O verdadeiro amor não pede para ser salvo, ele caminha lado a lado com a autonomia. 

Ele acolhe, mas não invade.

Neste entrelaçar de afetos, a empatia surge como ponte. 

A capacidade de se colocar no lugar do outro é o que sustenta o amor para além da paixão cega. 

Empatia é arte silenciosa de leitura: saber ver o que o outro não diz, compreender os gestos, os medos, as pausas. 

É preciso, antes de tudo, ‘ler’ o outro com os olhos da alma. 

Não apenas escutar, mas escutar profundamente. 

Ver o não-verbal.

 Sentir o peso das entrelinhas. 

Pois cada ser é um universo particular, com sua própria história, com feridas que talvez nunca cicatrizem, com alegrias que só brilham em certas luzes.

Ler o outro é também reconhecer que não somos espelhos, mas janelas. 

Que o outro pensa, sente, age e ama de formas que talvez jamais compreenderemos por completo. 

E ainda assim, é preciso respeitar. 

Não há amor sem escuta. 

Não há escuta sem empatia. 

Não há empatia sem humildade.

Nesta leitura sensível do outro, compreendemos também a importância de aceitar as esferas multiculturais que moldam a identidade de cada ser. 

O amor que se ancora apenas na semelhança é frágil.

 É na diferença que o amor amadurece. 

Aceitar a cultura do outro, sua visão de mundo, sua espiritualidade ou ausência dela, seus silêncios e ritos, é um exercício constante de humanidade.

 Não se ama tentando moldar o outro à imagem de nossas certezas.

 Ama-se aceitando que cada pessoa carrega dentro de si uma biblioteca escrita em língua própria — e que jamais teremos todos os códigos para decifrá-la.

Por isso, o valor do outro não se mede pela utilidade que ele tem em nossa vida, mas pelo simples fato de existir. 

O outro é fim em si mesmo.

  Nunca meio. Amar é saber admirar à distância, respeitar o tempo do outro, cultivar a presença sem sufocar.

 É compreender que ninguém nasce para ser prisão de ninguém, e que amar é, acima de tudo, libertar.

Em tempos onde a pressa devora os vínculos e a solidão veste disfarces digitais, talvez o gesto mais radical seja desacelerar para realmente ver o outro. 

Ver com os olhos, com o toque, com o tempo, com o silêncio.

 E se for amor, ele não exigirá sacrifícios, mas escolhas conscientes.

  Não pedirá por preenchimentos forçados, mas será convite constante ao florescimento mútuo.

Entre o apego e o amor há um espaço sagrado, onde vive a empatia. 

Onde se aprende que amar não é depender, mas caminhar junto, mesmo quando os caminhos divergem. 

E nesse espaço, talvez, resida o mais humano dos sentimentos: aquele que não prende, mas liberta.

Amar não é ocupar o espaço vazio do outro, mas oferecer abrigo onde ele quiser repousar. 

Há quem confunda amor com preenchimento, com anestesia das dores, com a segurança ilusória de um ‘para sempre’ fabricado na urgência de não estar só. 

Mas o amor verdadeiro não é remédio para solidão — é partilha da liberdade. 

Ele nasce não da falta, mas da abundância. 

Não do medo de perder, mas da coragem de permitir que o outro seja o que é, mesmo quando isso nos desafia a desaprender o que sabíamos sobre amar.

A dependência emocional, por outro lado, é um pedido inconsciente de salvação.

 É a criança ferida que ainda mora em nós, esperando que o outro venha curar o que nunca pôde ser dito.

 Dependência é um tipo de amor órfão, que se agarra com desespero por não saber se o amanhã será possível sem o outro. 

Mas o amor, o amor real, não grita por socorro — ele sussurra. 

Ele não arrasta, caminha junto.

 Ele não invade, convida. Ele não exige, oferece.

E nesse delicado espaço entre ser e estar com o outro, mora a empatia — esse gesto ético de sentir com o outro.

Empatia não é concordar, nem se anular, mas abrir-se como casa sem trancas, permitindo que o outro entre sem precisar pedir licença.

 É aceitar que o outro não cabe em nossas gavetas emocionais, nem em nossos rituais aprendidos.

Cada ser humano é um idioma inteiro, com sua própria gramática de afetos, suas pausas, suas exclamações e seus silêncios sagrados. 

E amar, nesse sentido, é tornar-se tradutor poético do outro, ainda que jamais se compreenda tudo.

Ler o outro é um ato quase espiritual. 

Não basta ouvir as palavras; é preciso escutar o que treme nas entrelinhas. 

Perceber que às vezes o silêncio é um pedido de acolhimento, que o afastamento pode ser cuidado, que um olhar desviado pode conter o grito de quem já não sabe pedir ajuda. 

A empatia exige presença radical: estar ali, inteiro, mesmo quando não há o que dizer. 

E, talvez, sobretudo respeitar que o outro não nasceu para nos explicar seus abismos.

Nas trocas humanas, o que nos liga não é a simetria, mas o reconhecimento da diferença. 

O amor que nasce do espelho é frágil; o que nasce do abismo compartilhado é eterno. 

Por isso, é urgente compreender as multiculturas do sentir. 

Cada pessoa carrega o mundo em sua bagagem invisível: religiões e ateísmos, costumes e resistências, afetos herdados e recusas conscientes. 

Amar alguém é também amar o solo que o gerou — suas raízes, suas revoltas, suas flores e suas cicatrizes. 

É entender que toda cultura é um modo de respirar o mundo, e que ninguém é obrigado a respirar como nós.

O outro tem valor por ser outro, não por ser nosso.

E é isso que a dependência emocional esquece: ela transforma o outro em função. 

Já o amor verdadeiro o reverencia como fim. 

Um fim que não precisa justificar sua existência, que não precisa corresponder a expectativas para merecer ternura.

  O amor é sempre um sim.

  Não um sim submisso, mas um sim escolhido, renovado no tempo, forjado no barro da convivência.

Viver o amor é compreender que não somos donos de ninguém — e que ser companhia é muito mais do que estar presente: é saber quando calar, quando sair, quando voltar.

 É saber partir com leveza, se necessário, para que o outro não se quebre ao tentar seguir.

Há uma sabedoria antiga que diz: “Se for amor, será leve, mesmo nos dias pesados”. E talvez seja isso.

 O amor que liberta não é aquele que nos isenta das dores, mas aquele que nos ensina a senti-las juntos.

 É o que floresce nas margens, que dança mesmo quando a música muda. 

É o que não finge eternidade, mas constrói presença.

  Amor não é um lugar onde se chega, é o caminho que se trilha com cuidado, onde ambos aprendem a dançar com as sombras do outro.

Que saibamos, então, cultivar essa escuta poética, essa presença sem cárcere, esse afeto sem algemas.

  Que ao amar, sejamos casa — e não gaiola.

  Que sejamos rio — e não represa.

  Que o amor nos encontre inteiros, e não famintos. 

E que, acima de tudo, possamos sempre lembrar: amar é reconhecer no outro não um pedaço que nos falta, mas um universo que nos desafia a crescer.

Texto Apresentado, em 26 de junho de 2025, no Sarau Poético – Literário da Escola Estadual de Ensino Médio de Novo Horizonte (SP), ‘Professor Mário Florence’.

Clayton Alexandre Zocarato

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Talvez

Loide Afonso: Poema ‘Talvez’

Loide Portugal
Loide Portugal
"Se eu vir/ O escuro/ Como cidade/ Será minha felicidade"
Imagem gerada com IA do Bing - 7 de outubro de 2024
 às 12:46 PM
“Se eu vir/ O escuro/ Como cidade/ Será minha felicidade”
Imagem gerada com IA do Bing – 7 de outubro de 2024
às 12:46 PM

Pare
Pare de sorrir, aqui não tem câmera nenhuma

A escuridão é igual à felicidade
Não se engane

O outro nunca vai chorar
Com as nossas lágrimas
Nem olhos

Talvez por empatia.

Eu disse talvez.

Um dia eu sorria
De verdade
Sem falsidade
Por um alarde

Se eu vir
O escuro
Como cidade
Será minha felicidade

Vou repetir :
Aqui, não tem câmera nenhuma!

Loide Portugal

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Sobre a sensibilidade humana

Elaine dos Santos: ‘Sobre a sensibilidade humana’

Elaine dos Santos
Elaine dos Santos
O mundo adoecido, pela falta de empatia
O mundo adoecido, pela falta de empatia
Microsoft Bing. Imagem criada pelo Designer

A pandemia de covid-19, como toda a grande catástrofe registrada ao longo dos séculos, foi um divisor de águas para muitas pessoas. Algumas aprenderam, cultivaram, tentaram manifestar sentimentos como solidariedade, empatia, respeito. Outras, não.

Quando tudo começou, a minha hematologista disse: “desaparece, esta doença é um altíssimo risco para ti”. Restringi as minhas saídas e aprendi a viver e a conviver comigo, três cães e uma gata. Gostei! Aliás, gostei muito…

Como professora de Literatura, ao estudar as principais correntes de crítica literária, fazemos leituras na área da Filosofia, da História, da Psicanálise… alguns desses fundamentos ajudaram-me bastante. Além disso, sou revisora de dissertações e teses, frequentemente, me encontro com textos que trazem os grandes pensadores da História, da Filosofia como referência. Que delícia! Quanto conhecimento adquirido.

Sou um ponto fora da curva na cidade em que resido.

——-

Tenho uma amiga de infância que, como eu, é professora de Literatura e diz preferir os textos do Romantismo: ‘A Moreninha‘, ‘Senhora‘ e afins, que trazem o clássico final: “E foram felizes para sempre”. Questionei-a e ela respondeu que as pessoas devem conhecer as coisas boas do mundo. Perspectiva interessante, mas divergi.

Gosto de Eça de Queiróz, de Machado de Assis, de Graciliano Ramos, de Rachel de Queirós . Poderia dizer que gosto de textos que trazem “a vida como ela é”.

——–

Moro em um município interiorano com grande extensão territorial, mas carente de emprego, de assistência social – e, como todo o Brasil, com saúde, educação e segurança em frangalhos. Temos vilas pobres e conflagradas. Temos alto índice de criminalidade, evasão escolar, muitos idosos que são arrimo de família (basta consultar o último censo do IBGE).

——-

Quando se verificou a pandemia, os ânimos acirraram-se, porque a maioria não era adepta do isolamento social. Ainda assim, as mortes comoveram muita gente. Ainda assim, as mortes não sensibilizaram muita gente.

Quando se verifica um grave acidente, quando alguém padece meses ou anos a fio, boa parte da cidade solidariza-se com a família.

Mas: não custa lembrar, somos uma cidade muito pequena, em que as vidas se cruzam e as opiniões divergentes afetam todos.

Qual a razão dessa reflexão? As redes (anti) sociais demonstram um descompasso entre o (falso) rico e o pobre; entre o sujeito que se crê europeu e o sujeito cujas raízes estão na mãe África. Estamos no Brasil e não deve ser diferente em outros locais.

Sabe o que tem me impressionado mais e mais? O descaso com a dor do outro e a capacidade (incapacidade, na certa) de perceber os medos, as dúvidas, os sofrimentos que afetam todas as vidas. A tal empatia ou, quiçá, solidariedade.

Já me disseram que eu deveria esquecer acontecimentos passados na minha própria vida, como se a dor não fosse minha. Já me disseram que eu não deveria ter dito isso ou aquilo para A ou para B, mas não me perguntaram o que A ou B disse que me levou a responder.

E, hoje, para o meu desalento, uma mãe contava que é criticada porque posta fotos de sua filha recém-falecida, porque manifesta a dor do luto, que é a ausência mais presente em nossas vidas: a morte de quem amamos.

Adoecemos e não foi só covid-19 ou, como me disse um padre, meu amigo, a pandemia mostrará com que tipo de pessoas vivemos. Mostrou! Quando alguém é insensível com os sofrimentos do outro, esse mesmo alguém precisa de ajuda, ele é doente. Tristes tempos!

Elaine dos Santos

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Nesta aventura fantástica, uma menina descobre os poderes mais importantes do mundo

Com a obra infantojuvenil ‘Os Números de Ághora: Seven’, Fábio BeGi transmite valores universais e discorre sobre sentimentos humanos a partir da história de uma criança destinada a salvar um reino

Capa do livro 'Os números de Ághora: Seven', de Fábio BeGi
Capa do livro ‘Os números de Ághora: Seven’, de Fábio BeGi

Elaine, protagonista de Os Números de Ághora: Seven, está na casa dos avós quando descobre a existência de um espiral que a levará para um mundo fantástico. Entusiasmada, a menina deixa sua vida pacata para se aventurar por um universo com vários reinos, criaturas fantásticas e florestas imponentes.

O livro escrito por Fábio BeGi vai acompanhar a trajetória da personagem humana em Ághora. Neste lugar, ela se envolve em uma batalha contra vilões poderosos para salvar todos os habitantes e evitar o domínio de pessoas mal-intencionadas. Não é uma missão concedida por acaso: a garota pertence a uma linhagem familiar que, de vez em quando, é convocada para solucionar os problemas deste mundo.

Você continua falando em justiça, quando vive em um mundo tão injusto quanto possível. Se um inseto ficasse preso na teia da tal aranha por curiosidade de saber o que era aquilo, ela deveria soltar seu alimento? Claro que não, a teia serve a seu propósito; prender. Meu reino serve a um propósito bem maior que aparenta. (Os Números de Ághora: Seven, pg. 240)

Com esta responsabilidade, Elaine cruza o caminho de figuras que se tornarão imprescindíveis para o enredo, como Chien, um pequeno guerreiro, e Sheeva, uma gatinha alada. O trio formará um elo capaz de enfrentar grandes problemas e mostrará aos leitores a importância da amizade para auxiliar nos conflitos diários.

A empatia, o cultivo do amor e a necessidade de enfrentar obstáculos para o amadurecimento são alguns dos temas abordados. Por meio de uma narrativa fluida, com mistérios e reviravoltas, Fábio BeGi conversa com os jovens sobre valores universais, como o senso de justiça, a busca pela paz, a honestidade e a bondade, para expressar que estes são os verdadeiros poderes das pessoas.

FICHA TÉCNICA

Título: Os Números de Ághora: Seven

Autor: Fábio BeGi

ASIN: B08L16Q8J1

Páginas: 427

Preço: R$ 24,99 (e-book)

Onde comprar: Amazon

Sobre o autor

Fábio BeGi
Fábio BeGi

Formado em Farmácia pela Universidade Norte do Paraná, Fábio Bestana Gimenes trabalha como farmacêutico.

Também é advogado pós-graduado em Direito Trabalhista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Como escritor, assina com o nome Fábio BeGi e estreia na literatura com o livro ‘Os Números de Ághora: Seven’.

Nasceu em Botucatu, em São Paulo, e mora em Paranaguá, no Paraná.

Redes sociais: Instagram | Twitter | Linkedin | Site

Voltar: http://www.jornalrol.com.br




Fernando Matos: 'Eu sobrevivi à covid-19…

Fernando Matos

Eu sobrevivi à covid-19…

Foto: Google Imagens

Com a Benção do Grande Pai e Único, eu sobrevivi à COVID-19. Gostaria muito de dizer essa frase na primeira pessoa do plural: “Nós sobrevivemos à COVID-19”, mas, infelizmente, ainda falta um pouco para gritarmos isso aos quatro cantos do mundo. Principalmente porque ainda falta o entendimento da palavra ‘empatia’. o que me fez lembrar de um acontecido durante o meu trabalho de enfermagem há muito tempo e que repasso para vocês no ‘Contos da Enfermagem’ abaixo. A falta de empatia é um problema global de várias gerações.

Cuidar e Cuidado Nunca é Demais

O que é empatia?

No dicionário, uma das definições diz que ela é a capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente e de querer o que ela quer. Em resumo, poderíamos dizer que ter empatia é se colocar no lugar do outro….*

Essa pandemia (2020/2022) fez-me lembrar de que ter empatia e ser empático são coisas completamente diferentes. No básico, ter empatia é se colocar no lugar da outra pessoa. Isso na pandemia foi assunto de diversas mídias e bate-papos entre pessoas na sociedade. Contudo, essa não é uma palavra nova e ter esse tipo de atitude deveria ser um padrão social, mas não é ou talvez nunca foi.

Lembro-me bem de um ocorrido enquanto eu estava como preceptor de enfermagem de uma turma de graduação em um hospital de grande porte aqui da Cidade do Recife/PE., onde me deparei com situações no mínimo aterrorizantes.

Isso aconteceu há mais de 10 anos, estávamos começando o estágio no setor de Tisiologia com bastantes pacientes  crônicos e já era regra lavar bem as mãos (sempre), manter distanciamento seguro paciente/profissional de saúde, usar máscara apropriada para o setor.

Para quem não sabe o que um setor de Tisiologia: “Parte da Medicina que estuda a tuberculose.” Como todo bom ser humano, o medo faz parte para poder enfrentar certos desafios e os alunos, mesmo temerosos, encararam com êxito o setor acima citado. Era uma ala dividida em setor feminino e setor masculino com duas enfermarias e resolvemos no primeiro dia ficar no setor masculino. Começamos as visitas de enfermagem com estudos dos prontuários, depois seguimos para exames físicos e durante esses procedimentos vimos passar uma jovem bonita, aparentemente saudável, de um corpo bem definido que chamou a atenção de todos os alunos de enfermagem que eu estava acompanhando. Uma das alunas chegou a perguntar: “Professor, o que essa jovem faz aqui nesse setor e sem máscara? Ela não parece estar doente, mas pode ficar, não é?” Respondi de forma afirmativa e uma das técnicas de enfermagem ao ouvir a conversa foi chegando junto e dizendo: “Quem vê cara não vê coração professor, “essa jovem de quem vocês estão falando pode ser bonita, ter um corpo de chamar a atenção, mas é portadora da bactéria que causa a tuberculose e ela também é portadora do vírus do HIV/Aids. O pior é que ela diz em alto e bom som que não vai morrer só e vive fazendo sexo com todos os homens”.

Essa narrativa me deixou perplexo e depois de mostrar minha indignação sobre o assunto perguntei como poderiam fazer sexo em um hospital e ainda por cima doentes? A técnica de enfermagem informou algo muito mais grave: que a noite como é um hospital público e fica muito escuro e sem segurança ‘alguns’ pacientes chegam a fazer o que querem, do sexo, ingerir bebidas alcoólicas até consumir maconha. Como disse acima, isso aconteceu há muito tempo e nos dias atuais fiquei sabendo que a vigilância é mais rigorosa durante as 24 horas, o que dá mais segurança tanto para os pacientes como para os profissionais de saúde que trabalham principalmente no turno da noite.

Então, é de espantar que a falta de ‘empatia’ não é de hoje? Não, até porque escutamos no dias atuais frases como: “Eu estou doente com COVID-19, e daí? Vou continuar minha vida normal”; “Todo mundo vai morrer um dia”, entre outras…

A verdade é que precisamos ter uma educação básica familiar para poder viver bem em comunidade. Como diz bem um ditado antigo: “Costume de casa vai a praça”. Cuidar é uma arte e consegue trazer para nós, profissionais de saúde, satisfação e alegria toda vez que um paciente recebe alta e segue sua vida com a saúde controlada. Ter cuidado, isso requer uma atenção sempre e contínua porque não sabemos o que iremos encontrar nas esquinas do mundo. Lembrando também que nem todo rostinho bonito é um sinal de boa saúde como relatamos no episódio passado no hospital público. Ser empático exige muita atenção em querer ajudar, ter postura empática, criar vínculo que fortaleçam a inteligência de uma relação segura para ambas as partes.

Ninguém vive só e sempre haverá um Ser Superior para julgar todos nós…

*  https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/12/07/empatia-o-que-e-e-como-desenvolver-para-melhorar-suas-relacoes.htm?cmpid=copiaecola

Fernando Matos

Enfermeiro e Poeta Pernambucano

(Direitos reservados ao autor da obra)

Vamos Pensar:

– A empatia bem que poderia ser o alimento espiritual de muita gente… A fome é grande, mas a gratidão é pouca. (Fernando Matos)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 




Gabriela Lopes: 'É sobre cada um'

Gabriela Lopes

É sobre cada um

Empatia. Imagem extraída do Google, na página https://www.revistacircuito.com/desenvolva-a-empatia-e-seja-feliz/

É de verdade?
Essa benfeitoria dita doada,
ora cobrada como moeda
de troca do ‘benfeitor’?
O que seria mais individualista
que mirar no outro o comando
de seguir aquilo que lhe convém?
A diversidade é bela.
Ninguém tem que caber
na ‘caixa’ de ninguém.

O espaço humano do outro
é feito para ser respeitado.
Alcança-se harmonia
entendendo isso.
O cenário diário
já tem tantas mazelas,
para deixar permanecer
ecos desarmônicos
à nossa essência
nos corredores das horas.

É de verdade?
Essa ânsia de dar
prontamente um parecer
na vida familiar do outro,
na vida política e financeira
ou até mesmo religiosa.
Mas no silêncio,
o dono do discurso
encontra inquietação
na própria falta
de autoconhecimento
ou mesmo falta de paz.

Quando que foi ejetado
das pessoas o ensinamento
sobre o benefício do respeito?
O que de fato aconteceu
com alguns laços humanos?
Onde famílias são desunidas,
se aturando nas entrelinhas.
O amor ao próximo
às vezes se mistura
na vaidade e no ego.
E nunca se sabe
o que é de verdade.

Boa parte desses abismos
se vence de um modo…
Quando o outro é visto
como mais um EU.
Os nós são desatados
com respeito e empatia.
Sim… EMPATIA.
Ela deve ser repetida
muitas vezes,
até ser fundida
nas entranhas
da matéria humana.

Todo burburinho,
desamor, desunião
ou ódio
perde espaço
quando se vê
no outro o frasco
para conter e receber
tudo aquilo que você
colocaria no seu próprio.
QUE SEJA DE VERDADE.

 

Gabriela Lopes

Gabils3377@gmail.com