Percepção das letras

Ismaél Wandalika: ‘Percepção das letras’

Soldado Wandalika
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Seres dançam e bebem do suor da sua ignorância
Seres dançam e bebem do suor da sua ignorância
Imagem gerada pela IA do Bing – 2 de setembro de 2024 às 9:10 AM

“Cada ser enfrenta os desertos do caminho que escolheu.”
Soldado Wandalika

Sons invadem o enredo no ciclo
A história ilude atores que rezam no topo pelo pódio
Não há rio que enfrenta lágrimas sem distorcer a fronteira alheia.
No ar se percebe o brilho do espetáculo como casas pintadas no Sahara.
Com letras se percebe o mundo cinzento por trás dos sons
Anseios de desejos materializam factos.
A marcha continua, as letras insultam o realismo poético, num universo estérico de conteúdo…
Seres dançam e bebem do suor da sua ignorância
Aflitos, buscam refúgios na poética.
Patetas enganam o povo fabricando motivações entre as ilusões ocasionais.

Percepção das letras
5 capítulo da vida no asilo de lembranças.
Vidas germinadas geradas na inocência dos dias que o tempo amaldiçoo.
As letras entendem o que escrevem, fala sem acusações, prioriza o amor.
Na busca pelo entendimento, compreende os seres…

Respiramos o mesmo ar em ângulos diferentes. Falamos das mesmas coisas com perspectivas distintas.

A natureza é um ponto de encontro entre Deus e Nzambi com os humanos…

Neste cenário a experiência fala alto na conexão da alma de quem permitiu-se mais.

A vida segue além de um ritmo embalsamado pelas falácias, crenças crescem entre as dúvidas dos cristãos, acusa-se quem vai mais além buscando a profundidade para compreender o os ângulos espirituais.

Lá fora perde-se a contagem das operações divinas, letras não mentem sobre a verdade encarnada verbalizando o Filho do Homem.
Compreendo o poema e suas subjetividades
Percebo a decisão de uma escolha que não recua
A esperança só não morre porque é alinhada da coragem.

Braços fortes dão de frente com a arte
Sonhos nascem no Mayombe
Entardecer a amanhã e a caneta acelera o pulsar do heart.

Vidas nascem entre os sonhos da madrugada
Letras fitam os olhos no presente do passado, com fé desacreditam no magistrado.
Ritmos rotulam as letras na ponta da caneca
O poço abre a boca para não morrer na dança
Interroguem os poetas, pois a verdade está na alma
Mas a caneta é sábia seleciona momento sabe quando expor o que a alma sente…

Artistas são sinceros quando correm pelo propósito de sua existência, porém quando evolve equipa e guita a verdade na arte fica turva, artista se corrompe. Quando estamos expostos à vitrine da life, entramos no jogo do equilíbrio em que a corrupção será solução para todos.
Portanto, somos TODOS corruptos a nossa maneira, somos números então, todos fazemos parte de um sistema.

Dizem as Percepções das Letras.

Soldado Wandalika

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O caderninho azul

Evani Rocha: ‘O caderninho azul’

Evani Rocha
Evani Rocha
Imagem criada pela IA do Gencraft
Imagem criada pela IA do Gencraft

Sinto-te em cada livro que leio.

O enredo sempre fala de nós…

A sós, eu e a pequena história de nossas vidas em centenas de páginas

Escritas em letras garrafais…

Há tempo, nem me lembrava mais desse olhar,

Suave como chá de maçã.

Dessa música romântica em língua estrangeira rodando no disco de vinil.

Eu e você em lados opostos da poltrona de couro: entre nós,

Meu caderno de poesia aberto…

Quem de nós irá passar a próxima página?

Bem ali, a seguinte poesia que fiz para ti.

Não teria coragem de mostrá-la…

A tarde cai iluminada por um sol de outono, fosco e quente.

Lá fora as árvores renovam suas folhas, vez ou outra uma folha passa pela janela, impulsionada pelo vento.

Uma folha amarelada nos chama à atenção. Desviamos os olhares.

Você me presenteia com aquela folha quase seca,

Com tons verde oliva e amarelo ocre.

Coloco-a delicadamente entre as páginas do caderno: “Ela é tão bonita!”

“Você é muito mais…”

Corei de vergonha. Quanta timidez aos quinze anos…, aos vinte…

Estava tão perto de nós, talvez se eu, por um impulso de insanidade,

Tivesse passado aquela página…

A cortina de renda branca se move vigorosamente,

Quem sabe ela também aguardava pela minha iniciativa.

O LP já tocou quase todas as músicas. Continuamos nesse diálogo insosso.

Seu rosto mostra um cenho levemente franzido,

Como se tivesse um ponto de interrogação.

Eu sorrio de canto, a qualquer palavra boba que sai de sua boca.

Quando o Sol desceu no horizonte, lançou um raio de luz sobre seus olhos azuis, quase translúcidos. Tocou os cachos longos dos meus cabelos,

Que de um castanho médio, passou para o tom dourado.

Eu estava bonita…

Afinal era nosso primeiro encontro.

O suco de groselha na mesinha de centro, a toalha florida cobria a mesa de cerejeira, a música romântica, o piso xadrez…

Uma varanda envolta por samambaias.

Era tudo perfeito!

Apenas havia um caderno de poesia entre nós.

Em suas páginas, um mundo de fantasia.

Mas era o meu mundo: Nele estava você, seus olhos azuis, suas palavras soltas, suas músicas estrangeiras e as flores da sua rua…

Anoiteceu em nossos olhos. Terminou o disco de vinil.

Nunca mais tivemos a chance de ver o colorido de outono…

Nunca soube o que queria me perguntar, suspeito que, talvez, quisesse saber o que estava escrito naquele caderninho de capa azul-anil.

Evani Rocha

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