Ensinar é adaptar-se

Fidel Fernando: ‘Ensinar é adaptar-se’

Fidel Fernando
Fidel Fernando
Imagem gerada por IA do Bing – 21 de outubro de 2024
às 9:55 AM

No processo de ensino, uma verdade inquestionável é citada pelo educador Ignacio Estrada: “Se um aluno não aprende do jeito que ensinamos, temos que ensinar a ele do jeito que ele aprende”.

A sala de aula, lugar de diversidade e pluralidade, reflecte em si a complexidade dos seres humanos. Os alunos que a ocupam são heterogêneos, não apenas em atitudes e comportamentos, mas, principalmente, nas suas formas de aprender.

É nesse contexto que o professor deve reconhecer a riqueza das diferenças e a importância de diversificar suas práticas pedagógicas. Muitas vezes, as metodologias tradicionais podem não alcançar todos os alunos, mas há alternativas que podem ser muito eficazes. Em algumas turmas, vemos o maior engajamento dos alunos quando as tarefas, sejam iguais ou diferentes, são orientadas em pequenos grupos, nos quais cada membro contribui com suas habilidades para, depois, compartilharem seus resultados em plenário. Outras turmas, por sua vez, respondem melhor quando o professor associa o tema da aula a jogos didácticos ou dinâmicas de grupo, criando um ambiente de aprendizado mais leve e participativo.

Essas práticas não são um convite ao ‘obá-obá’, como alguns poderiam afirmar, mas, sim, uma estratégia sólida e fundamentada na ideia de que o aluno deve ser o centro do processo de ensino. Ao dar voz aos alunos e permitir que eles participem activamente das aulas, não estamos apenas a diversificar o aprendizado, mas também a evidenciar seu papel activo e protagonista na construção do conhecimento.

Um exemplo claro dessa abordagem é encontrado na obra ‘Mayombe’, de autoria de Pepetela, que, quando explorada de maneira lúdica, pode transformar o ambiente de aprendizagem. A obra, com sua narrativa polifónica, repleta de personagens marcantes, retratando a luta de guerrilheiros angolanos para tornar o país independente, pode ser utilizada em actividades que incentivem a criatividade, como encenações, debate ou a criação de novas narrativas em grupo. Ainda, pode ser um óptimo ponto de partida para motivar os alunos a expressarem suas emoções e interpretações sobre questões discutidas na obra, tais como: socialismo, tribalismo, condição da mulher, representada por Ondina, uma das três personagens femininas, o que não só estimula o engajamento, como também torna as aulas memoráveis.

O desafio de ensinar, portanto, é estar sempre disposto a aprender e adaptar-se. Como bem destaca o educador Paulo Freire, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. Assim, cabe a nós, professores, encontrar as melhores formas de ensinar a cada aluno, respeitando suas individualidades e necessidades, para que o aprendizado se perpetue e, realmente, faça sentido em suas vidas. Afinal, um ensino eficaz é aquele que deixa marcas, que permanecem. E isso só acontece quando colocamos o aluno no centro, diversificando as estratégias e dando a ele a oportunidade de se engajar e aprender de forma activa.

Fidel Fernando

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A culpabilidade no ensino: um labirinto sem saída

Fidel Fernando:

‘A culpabilidade no ensino: um labirinto sem saída’

Fidel Fernando
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Educação: um ato de amor e responsabilidade compartilhada
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às 9:31 AM
Educação: um ato de amor e responsabilidade compartilhada
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às 9:31 AM

Em tempos de café e conversas, a culpa parece ser o tempero favorito que adicionamos ao nosso cotidiano educacional. Ao vermos alunos a lutar com habilidades que não foram consolidadas nas classes anteriores, é comum atribuirmos a responsabilidade aos outros. Os olhares voltam-se para os professores das classes passadas, aos pais que supostamente falharam em acompanhar seus filhos, ou até mesmo aos próprios alunos, que, por sua vez, são, frequentemente, rotulados como desinteressados, por não se dedicaram como deviam.

No entanto, ao focarmos nossa energia em apontar dedos, não perdemos de vista o mais importante? Como professores, não seria mais eficaz trabalhar com o conteúdo da classe actual, enquanto, simultaneamente, reforçamos as competências que deveriam ter sido consolidadas no passado? Afinal, o problema não é novo, e as respostas baseadas na culpabilização raramente produzem soluções que transformam a prática pedagógica.

Entretanto, como bem aponta Leandro Karnal em seu livro “Conversas com um jovem professor”, essa busca incessante por culpados apenas perpetua um ciclo vicioso que, ao invés de contribuir para a solução, torna-se um labirinto sem saída. A educação não pode ser reduzida a um jogo de apontar dedos; ao contrário, deve ser um espaço de construção conjunta, onde todos, educadores, alunos e pais, têm papéis activos e responsáveis.

É fácil afirmar que o professor de Língua Portuguesa é o único responsável pela dificuldade de leitura e escrita dos alunos. Essa visão, no entanto, ignora o facto de que o uso e a prática da língua atravessa todas as disciplinas escolares e contextos sociais, e não apenas nas aulas de Português. O mesmo se aplica à Matemática. Quando um aluno não domina as operações básicas no domínio dos números naturais, a culpa recai sobre o professor de Matemática, como se o uso dos números fosse uma habilidade restrita a essa disciplina. Essa perspectiva é redutora e desconsidera a responsabilidade compartilhada que todos têm na formação do aluno.

Luís Filipe Pondê, ao reflectir sobre o papel da educação, lembra-nos que a educação é um processo contínuo e multifacetado, onde cada etapa se conecta com a seguinte. Em vez de de focarmos no que não foi aprendido, poderíamos redireccionar nosso olhar para a construção do conhecimento actual, integrando conteúdos programáticos do presente com aqueles que não foram consolidados no passado. Isso não significa deixar de diagnosticar problemas; pelo contrário, diagnosticar é fundamental. Porém, a verdadeira sabedoria reside em encontrar formas de sanar essas lacunas, ao mesmo tempo que se avança nos conteúdos do programa.

Em vez de fixar a culpa, que tal cultivar um ambiente de aprendizado colaborativo? A educação deve ser um espaço onde a troca de saberes e experiências entre alunos e professores é valorizada. Ao invés de nos perdermos em discussões sobre quem falhou, podemos focar no que podemos fazer juntos para melhorar a situação.

Assim, ao olharmos para nossos alunos, que não possuem algumas competências essenciais, que possamos nos perguntar: como podemos ajudá-los a se desenvolver? O verdadeiro desafio não é encontrar culpados, mas, sim, construir um caminho que os leve ao conhecimento. Afinal, errar é humano, e aprender, também. Que possamos, portanto, seguir juntos nessa jornada, construindo um futuro onde a educação seja, acima de tudo, um acto de amor e responsabilidade compartilhada.

Fidel Fernando

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Professora de Bariri retoma o hábito da correspondência com seus alunos

BOAS PRÁTICAS EM EDUCAÇÃO INOVAM
O APRENDIZADO DA LÍNGUA PORTUGUESA

No universo virtual, onde as mensagens são instantâneas, escrever cartas à mão parece ser um hábito tão remoto e ultrapassado, que fica impossível pensar que a prática pode se tornar uma ferramenta para o aprendizado e aprimoramento do uso da língua portuguesa no ambiente escolar. Tudo começou como uma brincadeira e hoje o projeto “De carta em carta… encontrando caminhos” tem sido aplicado como metodologia de ensino em escolas do interior paulista. A iniciativa tem a assinatura de Meire Cristina Fiuza Canal, educadora e professora de português do Ensino Fundamental. A iniciativa foi reconhecida nacionalmente e apresentada no 4º Seminário Nacional Investigando Práticas em Sala de Aula, promovido pela Editora Positivo, em parceria com a Universidade de Lisboa, em Curitiba (PR).

No final de 1990, Meire começou a trocar cartas entre seus alunos e os de uma amiga da capital paulista. “A ideia era só brincar com as cartas, provocar interação. Ainda não era um projeto. A partir de 2000, fui morar em Bariri, interior de São Paulo, e conheci uma orientadora pedagógica. Ela me incentivou a trocar cartas com uma professora de uma cidade vizinha, que organizou o Clube de Correspondência. Passei a entender a dinâmica da iniciativa, objetivos e procedimentos”, lembra. “E assim nasceu o ‘De carta em carta’, em 2005. Queria criar situações de aprendizagem para os alunos aprimorarem o uso da língua portuguesa e melhorarem o domínio da norma padrão”, assinala.

Para a professora, o Clube de Correspondência surgiu como uma solução para motivar seus alunos à leitura, à escrita e à participação de outras atividades escolares. De acordo com Meire, os alunos escrevem sobre o que desenvolvem em sala de aula e outras informalidades. “Descobri que o interesse é despertado quando a atividade é significativa. E nada mais interessante para o jovem que conhecer pessoas diferentes”, avalia. O projeto foi tão bem-sucedido que a professora passou a adotá-lo como uma atividade permanente em sua prática pedagógica. Assim, outras professoras foram convidadas a participar.

A metodologia do projeto é bem simples, como as cartas, revela Meire. “Um aluno escreve para outro sem conhecê-lo, até que, após a troca de algumas correspondências (cerca de quatro), realizamos um encontro. Na produção dos textos, trabalhamos os procedimentos de escrita, revisão e reescrita, buscando sempre escrever do modo mais interessante, claro e inteligente”, explica. Entre os resultados práticos do “De carta em Carta”, a professora destaca a solução de problemas de escrita, como ortografia, concordância, coesão e coerência. “É muito mais significativo ensinar a língua portuguesa fazendo uso real dela. Enquanto os alunos aprimoram seus textos revisando-os e refletindo criticamente sobre eles, a aprendizagem da língua acontece naturalmente. Mas não posso me esquecer de mencionar sua grande contribuição na motivação para a escrita e aprendizagem de outros saberes”, ressalta.

Atualmente, o projeto está sendo aplicado em salas de aula do ensino fundamental da Escola Municipal Professora Joseane Bianco, em Bariri, e da Escola Estadual Professora Edir, de Boraceia. Neste ano, Meire fez uma experiência com alunos de Ensino Médio da Escola Estadual Professora Ephigênia Cardoso Machado Fortuanaro, em Bariri. Eles escreveram para pacientes de um hospital especializado no tratamento de doentes com câncer. Em 2010, foi feita a troca de correspondências com alunos de Vilhena, em Rondônia.

O “De carta em carta” já envolveu centenas de alunos e dezenas de professores. Neste ano, dois professores participam com duas turmas cada um, totalizando 60 estudantes. “Como o projeto mantém os mesmos moldes do início, o futuro dele está sempre em nossas vistas. Quando acabamos uma edição, já há colegas pedindo para fazer parceria conosco para o próximo ano. Os alunos também já incorporaram a atividade não apenas aguardam para realizá-la, como cobram para que o “De carta em carta” aconteça todos os anos. Quem participa faz uma propaganda do projeto e quer participar novamente”, orgulha-se.

Segundo Meire, todas as escolas, independentemente de suas peculiaridades, práticas pedagógicas e conteúdo, poderiam aderir ao projeto. “Quem participa não se arrepende. Sempre agrega aprendizado, possibilita engajamento dos alunos com a própria aprendizagem, com outros adolescentes e professores, que aprendem a trabalhar juntos”, observa. A professora acredita que o “De carta em carta” contribuiu para encontrar novos caminhos de ensinar. “Por isso, fico feliz quando posso compartilhá-lo. Muitos professores buscam diferentes e significativas maneiras de ensinar. Os alunos encontram o caminho de aprender a aprender e descobrem o poder que possuem com o uso da nossa língua, cujo domínio é direito de todos”, avalia. “É essencial ao professor de língua portuguesa garantir ao aluno as habilidades de aprimorar o uso de sua língua e dominar a variedade padrão da mesma, independentemente de suas condições sociais, étnicas, culturais, regionais. Língua é patrimônio. Quero que meu aluno conheça a sua e domine seu uso e recursos”, argumenta.




'Inadimplência aumenta, e mais de metade atrasa pagamento do Fies'

Matéria sobre o FIES foi publicada pela Folha de São Paulo

Danilo Verpa/Folhapress
Rudy Monteiro, 33, se diz surpreendido com parcelas do Fies
Rudy Monteiro, 33, se diz surpreendido com parcelas do Fies

PAULO SALDAÑA
DE SÃO PAULO

A inadimplência no Fies (financiamento estudantil) cresceu em 2016 e reforçou as preocupações sobre a sustentabilidade do programa, bandeira do governo Dilma Rousseff.

Dados obtidos pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação apontam que 53% dos 526,2 mil contratos em fase de pagamento estavam atrasados em setembro –última atualização disponível.

A inadimplência era de 47% em 2014 e de 49% em 2015, conforme levantamentos feitos pela CGU (Controladoria Geral da União) e pelo TCU (Tribunal de Contas da União), respectivamente.

Pelo Fies, os alunos fazem a faculdade em uma instituição privada e a União paga. O estudante tem de começar a quitar as prestações um ano e meio depois de formado.

O programa, que chegou a ter 732 mil novos contratos no auge, em 2014, sofreu encolhimento no segundo mandato de Dilma e também sob Michel Temer. Em 2016 foram 193 mil novos financiamentos.

Além de a inadimplência já ter ultrapassado a metade dos beneficiários, os atrasos superam um ano para quase um terço do total de contratos em fase de pagamento.

Especialistas avaliam que a crise econômica, com aumento do desemprego, explica parte do fenômeno, mas que há outros fatores.

“A partir de mudanças feitas em 2010 houve uma farra, as faculdades aumentaram os preços das mensalidades e os alunos foram deixando para depois”, diz Celso Napolitano, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) e presidente da Federação dos Professores de São Paulo.

“Não houve trabalho para conscientizar que o pagamento possibilitaria o estudo de mais alunos, nem por parte do governo nem das faculdades. Como o estudo já foi feito, e não tem grandes penalidades para quem não pagar, a pessoa não se vê obrigada a isso.”

DISPARADA

Os novos dados da inadimplência incluem parte dos contratos firmados depois de 2010, quando houve mudanças no Fies que levaram à disparada de beneficiados.

Naquele ano, as condições do programa foram alteradas para a ampliação do acesso. Ações como a diminuição dos juros, as facilidades com fiador e a ampliação do perfil de beneficiados multiplicaram, em quatro anos, por quase dez os novos contratos.

Uma auditoria do TCU no Fies, com dados de 2015, já apontava R$ 625 milhões em prestações atrasadas. O Ministério da Educação não revela a quantia atualizada hoje —só faz referência, sem detalhes, a um dado parcial, de R$ 178 milhões, para uma parcela de contratos com mais de 360 dias de atraso.

A ausência de estudos sobre inadimplência na formulação do programa e de acompanhamento desses indicadores foi uma das falhas apontadas pelo tribunal.

André Geraldo Carneiro de Oliveira, da secretaria de controle externo da Educação do TCU, disse ser necessário um plano do MEC para a situação.

Não está claro, por exemplo, a capacidade do governo em cobrar os mais de 2,3 milhões de beneficiários acumulados. A cobrança prevista é a mesma para créditos pessoais e fica a cargo do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, agentes financeiros do Fies.

“Os contratos que estão na fase de amortização ainda não receberam o grosso de beneficiados, que foi a partir de 2010. A auditoria não encontrou nenhum indicativo de que a inadimplência será menor”, afirmou Oliveira.

ACUMULADO

Os dados colocam em dúvida se os cofres públicos terão de volta um investimento acumulado de R$ 55,5 bilhões, de 2010 ao ano passado. Há ainda de se considerar que parte do financiamento é subsidiada pelo governo.

Além disso, espera-se que a ação de financiamento possa se retroalimentar, com os pagamentos feitos podendo financiar novos alunos. Isso significa que, quanto mais atrasos, menos dinheiro tende a haver para bancar os novos beneficiados do programa nos próximos anos.

O MEC criou em 2012 um Fundo Garantidor, que serve como um fiador coletivo. Ele é composto por parte dos valores dos repasses do Tesouro às instituições de ensino, mas ele só cobre uma inadimplência total de até 10%.

O percentual fica distante das experiências de outros países em crédito estudantil. Nos Estados Unidos, por exemplo, a inadimplência é de 30%, de acordo com estudo de 2015 do Federal Reserve Bank of New York.

Outro relatório de 2014 do banco Morgan Stanley já apontava riscos de quebra do fundo, prevendo 27% de atrasos com mais de 360 dias para 2017 —exatamente a que se viu em 2016 nos dados obtidos pela Folha.

Questionada pela reportagem, a assessoria do Ministério da Educação do governo Temer diz que há acompanhamento da inadimplência por meio do envio das informações pelos bancos. A pasta informou, no entanto, que não dispõe de estudos ou avaliações sobre esse tema.

“Medidas mitigadoras dos atuais níveis de inadimplência, como também voltadas à reformulação do Fies ora em estudo, pretendem equacionar a sustentabilidade do programa”, afirmou.

COBRANÇA

Hoje dono de uma pequena loja de venda de celulares no centro de São Paulo, Rudy Monteiro, 33, cursou marketing entre 2012 e 2013 com Fies. Foi um curso de tecnólogo, com duração de dois anos.

Ele deveria ter começado a pagar em abril. Mas uma combinação de crise e dúvidas sobre valores fez com que as parcelas fossem para a gaveta.

“Chegaram prestações de R$ 400 e naquele momento não tinha condições”, diz. Monteiro acredita que a graduação tem ajudado no seu trabalho atualmente. Não planeja no momento, entretanto, quitar a dívida.

“A cobrança é muito maior do que tinham me dito, vou para a Justiça.”

Quando Monteiro pegou o Fies, não havia limite de contratos por ano. As faculdades fechavam os contratos e enviavam ao MEC.

Para conter os gastos, que chegaram a R$ 13,7 bilhões em 2014, o governo promoveu alterações no Fies a partir de 2015.

O acesso aos contratos foi restringido, os juros subiram de 3,4% para 6,4% e o MEC passou a exigir nota mínima no Enem. O controle de renda dos beneficiados também foi alterado. Até 2014, praticamente qualquer pessoa podia ter o financiamento.

Para Sólon Caldas, da Abmes (associação que representa o setor privado de ensino), as restrições dificultaram o acesso de estudantes ao ensino superior.

“Era muito aberto e agora ficou restrito demais, a quantidade de vagas que sobram é enorme”, diz. Dos quase 300 mil contratos anunciados em 2016 pelo MEC, só 193 mil foram efetivados.

O Fies representou lucro para as empresas. Com repasses garantidos, elas passaram a aumentar as mensalidades. Alunos que pagavam mensalidades foram incluídos no programa.

Caldas defende revisões no Fies, mas diz acreditar que a inadimplência atual não se refletirá no futuro. “O número de novos contratos em fase de pagamento ainda é pequeno. E o nível de renda dos novos beneficiados é mais elevado.”

CURSOS

O governo também passou a priorizar regiões e cursos (como de formação de professores, saúde e engenharia) na hora do financiamento. Dados obtidos pela Lei de Acesso à Informação mostram, porém, que o perfil de cursos financiados ainda não teve grande alteração.

Direito, administração e enfermagem concentraram em 2016 um terço dos contratos. Participação parecida em 2014. Engenharias e cursos de formação de docentes concentram, respectivamente, 18% e 10%. O mesmo de 2014.

A área de saúde é a que teve maior avanço. Enquanto em 2014 a área representavam 16%, em 2016 o percentual chegou a 21%.

O MEC diz que, em 60 dias, vai apresentar uma readequação do Fies.




Artigo de Celio Pezza: 'Doutrinação até em concurso público'

Colunista do ROLCelio Pezza: Crônica # 314 – Doutrinação até em concurso público

Celio Pezza

  

No último domingo, na PUC-Minas, em uma prova de português para seleção de estagiários do MPF de Minas Gerais, apareceram algumas questões que mostram como está espalhada em todos os cantos essa praga  ideológica que tanto mal já fez ao nosso país.

Uma prova de português, que analisaria as questões gramaticais, com várias alternativas para assinalar a correta, tinham frases do tipo:

– Questão 09

  1. a) Os golpistas ficaram “prostados” com a reação que se viu nas ruas em defesa da democracia.
  2. d) O juiz infringiu a legislação ao divulgar o conteúdo de interceptações telefônicas.

– Questão 10

  1. b) O tráfego de influência é uma das práticas mais comuns na Câmara dos Deputados.
  2. c) O analfabetismo político é um mal cada vez mais comum em quem assiste ao Jornal Nacional.

– Questão 13

  1. d) Segundo renomados juristas, a presunção de inocência, “apezar” de configurar direito constitucional, vem sendo ignorada pela Operação Lava Jato.

São questões agressivas à democracia, de cunho altamente doutrinário, contra o impeachment legal de Dilma, contra algumas instituições democráticas, que nunca deveriam fazer parte de uma prova seletiva para nenhuma escola brasileira.

Como as questões circularam pela imprensa e causou muita revolta, o MPF de Minas Gerais soltou uma nota onde diz que várias questões foram anuladas e a servidora responsável pela elaboração foi exonerada.

O MPF também divulgou uma nota reafirmando seu compromisso com a atuação apartidária e impessoal em defesa da ordem jurídica e dos direitos e garantias fundamentais, bem como com os valores da transparência, da ética, da moralidade, da independência funcional e da unidade.

Por outro lado, no Rio Grande do Sul, um grupo de estudantes ligados ao PSOL lançou um manual de como fazer manifestações de rua e ocupação de escolas.

Até quando vamos conviver com essa bagunça?

 

Célio Pezza

Maio, 2016




Artigo de Guaçu Piteri:'Comentário da prof. Deosdédite ao post Pelegos da CUT'

Guaçu Piteri
Guaçu Piteri

Guaçu Piteri: ‘Comentário da prof. Deosdédite ao post Pelegos da CUT’

Maria Deosdedite Giaretta Chaves

Guaçu,

eu ia dar aulas de Francês em Carapicuíba e, ao passar pelo 18, via lá em cima, acesas as salas de aula da Faculdade de Administração que inaugurou a FITO.

Não demorou muito, ela mudou de endereço, cresceu, ganhou qualidade, nome e fama.

Nessa época eu jà era professora de Língua e Literatura do ITO, que fazia parte da FITO, o ITO, o melhor colégio Técnico, não só de Osasco, mas também de São Paulo e do Brasil.

Havia alunos que vinham de todos os bairros paulistas, alguns muitos longínquos , como o do Tatuapé, movidos pelo desejo e pelo sonho de cursar escola de renome que lhes garantiria trabalho e êxito no trabalho.

Houve um tempo em que tivemos de alugar escolas estaduais vizinhas para poder compor a imensa demanda por vagas, nos famosos vestibulitos, em que eram oferecidas 800 vagas para os cursos de Agrimensura, Eletrônica, Eletrotécnica, Edificações e inscreviam-se 10 mil candidatos.

Levávamos o nome de Osasco para as alturas e para muitos rincões,porque também vinham para Osasco, para o ITO, jovens do interior de São Paulo.

Eu própria fui professora de milhares de osasquenses e de jovens de outras regiões; jamais passar-me ia pela cabeça que essa Instituição um dia chegasse ao fim. mesmo porque ia crescendo, crescendo com novas ofertas dos cursos básicos, nos quais também lecionei.

Vamos ser verdadeiros.

Má administração pública, substituição de excelentes professores que não eram do partido, o partido que se dizia o mais democrático de todos os demais, falta de manutenção, ausência total do verdadeiro olhar voltado para a Educação, sindicato constituído pelos professores da instituição que eram partidários, o que garantia à Instituição segurança, mesmo nas injustiças, tantos outros desmandos, foram criando, no cerne da FITO, uma espécie de cancro sem remédio e sem cura.

Estruturas abaladas, um dia desmoronam e nós, que fizemos parte de um áureo período, que sempre acreditamos ser a Educação a única redenção do homem, a grande dádiva que Deus nos legou, hoje derramamos lágrimas de constrangimento,porque nada pudemos fazer para salvar a escola; e de dó, muito dó;,ao mesmo tempo, também choramos de temor de que em Osasco só se pense em poder e não se pense em governo.




Etec em Tatuí abre inscrições para concurso de professor de informática

Valor da hora-aula é R$ 17,15; prazo para cadastro vai até 16 de outubro

Do G1 Itapetininga e Região

A Escola Técnica Estadual (Etec) Sales Gomes em Tatuí (SP) está com inscrições abertas para concurso público de professor de ensino médio e técnico no curso de instalação e manutenção de computadores (informática). O valor da hora-aula é R$ 17,15. O prazo vai até 16 de outubro.

Os interessados devem apresentar RG, original e cópia (frente e verso) do diploma ou do certificado de colação de grau e pagar taxa de R$ 70,13. As inscrições são feitas das 9h às 11h, das 15h às 17h e das 18h às 20h.

A Etec Sales Gomes fica na Praça Adelaide Guedes, n. 1, Centro. Mais informações pelo site da escola ou pelo telefone (15) 3251-4242. Data e locais de provas não foram divulgados.