Fauno e mulher
Ella Dominici: Poema ‘Fauno e mulher’


No véu da tarde teu gesto escorre,
lírio secreto no silêncio da pele.
Teu riso — água que nunca morre,
meu desvario que em ti se revele
O ar se curva ao calor do instante,
teu passo inventa a música da terra;
sou viajante do sopro distante,
onde o desejo em ternura se encerra
Não nomeio a chama que te procura,
pois na penumbra a palavra fere;
mas teu perfume, memória pura,
me veste inteiro do que não se mede
Teus olhos guardam a luz que devora,
um céu escondido na curva da aurora;
e quando a noite em teus olhos cresce,
um mundo novo em nós acontece
E se a manhã nos tocar devagar,
será teu nome a forma do amar