Mar materno

Ella Dominici: Poema ‘Mar materno’

Ella Dominici
Ella Dominici
"Mar,/ Que de vibrantes ondas/ Pões os filhos à vida"
“Mar,/ Que de vibrantes ondas/ Pões os filhos à vida”
Microsoft Bing. Imagem criada pelo Designer

Mar,

Salgado, quanto do teu sal

em lágrimas e amores Cuidas

E do teu mosto abraças

filhos que te nascem

Mar,

Que de vibrantes ondas

Pões os filhos à vida

Esperas neles confiança

de serem salvos noites e dias

Mar,

Onde iluminado teu horizonte

Transferes-te no Sol ao bronzeado,

E aos filhos doas- te sal de vida

Luz eternizada ao teu legado

Mar,

Que alimentas crianças com teus peixes

E de tuas escumas vertem leites

Amamentas noturnamente Pequeninos

Ninas e acalentas os teus Niños

Mar,

Bailando-os nas vagas de teus seios

Que nome daria À mulher amada

Àquela onde à luz viria um dia

Chamada imensidão de Águas?

Mãe

Teu nome é feito de delícias

De vida abundante que inundas

És mãe que me seguras

No amor infindo de tuas ondas

Fizeste-me ver do mundo a claridade

Boiando no vislumbre da alegria

Tornaste-me nadador da vida

Indestrutível tua lembrança querida

E neste Mar Materno Livre de extermínio

Sou filho da graça de teu ninho

Na força que me passas

Não termino!

—- Deus, me destes

Mar Materno, oh Eterno!

Ella Dominici

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Sou mulher

Carla Pimenta: Poema ‘Sou mulher’

Carla Pimenta
Carla Pimenta
Sou mulher
Sou mulher
Microsoft Bing. Imagem criada pelo Desiner

Carrego na alma o estigma dos filhos que não pari

Dos amores que perdi

Dos dias que não sorri…

Carrego na alma a determinação de meu ser dar

De ser mãe ambicionar

De em meus braços um filho cuidar 

Carrego na alma a certeza de que vale a pena viver 

De que meu coração por ti irá sempre bater 

De ser mulher dar sem receber…

Sou Mulher!!!

Carla Pimenta

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Nossos passarinhos

Evani Rocha: Crônica ‘Nossos passarinhos’

Evani Rocha
Evani Rocha
Nossos passarinhos
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Os filhos são como passarinhos. Construímos o ninho para recebê-los, com todo carinho. E eles chegam pequenos, frágeis e dependentes. São como uma joia rara que caiu no nosso mundo! Aplaudimos a cada conquista deles, festejamos o nascer de cada ‘peninha’, os primeiros dentinhos, os passinhos, as primeiras palavras. Nos encantamos profundamente com sua energia e sua capacidade também de nos esgotar.

Há momentos difíceis que precisamos de ajuda. Mas há momentos lindamente gratificantes. E eles vão crescendo ocupando espaço em casa: O seu quarto, seu lugar à mesa…a casa fica cheia, barulhenta e iluminada. Os finais de semana são sempre alegres. Os passeios de férias, as brincadeiras na rua, a vida estudantil. Precisamos ensinar nossos passarinhos a sobreviver a sós. Esse é o início de uma angústia. Falar dos perigos do mundo, ensinar valores e responsabilidade em tenra idade. Mas já estão crescidinhos e querem voar. Precisamos treiná-los antes!

A adolescência é confusa para eles. Um turbilhão de emoções que ainda não conseguem entender. E para nós também é difícil lidar com seus conflitos, pois é uma fase que geralmente eles se fecham. É preciso achar a chave certa para o diálogo. Nossos passarinhos pensam que sabem tudo, porém, ainda não conhecem os ‘gaviões’. Estes são as armadilhas que eles vão precisar identificar ao longo de toda sua vida. Cabe a nós somente orienta-los. Estão adultos e querem explorar lá fora.

A casa é grande, e vai ficar maior ainda com sua partida. Aquela angústia no peito e insegurança tendem a crescer também…

Nossos passarinhos já adquiriram maturidade, talvez ainda insuficiente para nós. Mas eles precisam viver por conta. Sabíamos que esse dia chegaria, talvez não pensávamos que doía tanto vê-los se afastar do ninho…a cada dia dão um voo mais longe! Ficamos à porta a rezar por eles, porque para nós, pais, parece que eles sempre serão crianças. E a gente quer ‘arrumar o lanche da viagem’, como arrumávamos a lancheira no jardim de infância…queremos pôr o agasalho na mochila, a escova de dentes…

“Não precisa mãe! Eu já arrumei”. Talvez caia a ‘ficha’. Eles já sabem se virar. Assim eles vão saindo aos poucos do ninho, ou alguns vão de uma vez. E nós voltamos à solitude de nossa essência. Precisamos entender que é assim o ciclo da vida. Um dia, no passado, nós também fomos embora. Fizemos aquele voo rasante, entusiasmados, olhando o mundo de cima. Acreditando que sabíamos de tudo. E como aprendemos na vida, desde aquele voo.

Agora ficamos a pensar em nossos passarinhos. Sabemos que irão enfrentar tempestades e furacões, porém, irão sobreviver. E a cada dificuldade se tornarão mais fortes. Não podemos viver as suas vidas. Mas desejamos que a deles sejam sempre melhores que as nossas. Então, eles voaram. Ficamos a andar nos corredores, visitamos seus quartos…fazemos questão de mantê-los arrumados, para quando vierem nos visitar. Pode acreditar, eles virão bem menos do que gostaríamos. Paramos às vezes no quintal, como se ainda ouvíssemos a algazarra da correria na rua, brincando de ‘pega-pega’, ou em outro momento quase respondemos a um chamado de nossa mente, como se um deles solicitasse a nossa presença.

Ah! As fotos, já conhecemos os mínimos detalhes, pois não cansaremos de olhar. Agora há espaço demais, silêncio demais e saudade demais! O que nos resta é continuar torcendo pelo seu futuro. Que cresçam e vençam e construam suas famílias, suas carreiras profissionais. Passarinhos nascem para voar, conquistar os céus, serem livres e felizes. Não existe gaiola onde há amor.

Evani Rocha

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O leitor participa: artigo do professor Alvino Moser: 'Reflexões em tempo de quarentena — educação dos filhos'

Prof. Alvino Mozer

Reflexões em tempo de quarentena — educação dos filhos

Na sociedade e cultura brasileiras, a educação é pensada como sendo responsabilidade da escola e a maioria dos pais se exime da responsabilidade educacional. Não resta a menor dúvida que compete à pedagogia — portanto à escola — a função de organizar as atividades adequadas para que os discentes aprendam os conhecimentos e habilidades necessários à sua formação tanto pessoal quanto membros da sociedade.

Mas se a pedagogia é pertinente às instituições escolares, de maneira exclusiva dir-se-ia, a educação não é exclusividade dessas instituições, mas a educação compete a todos: pais, famílias, associações culturais ou esportivas, mídia e comunidades locais. Cada uma dessas instâncias exerce sua função de maneira que lhe seja conveniente.

Em época de confinamento, embora em alguns países e no Brasil, em alguns estados e municípios foram adiantadas as férias, cabe à constelação familiar ocupar e educar as crianças e os filhos ou aqueles de quem são responsáveis. Objetar-se-á que não se improvisam educadores ou professores, mas isto no momento não está em cogitação. O fato é que filhos e filhas, as crianças estão em casa em vez de frequentar as escolas.

Não vou apresentar receitas, apenas vou fazer algumas ponderações. Além de repensar sobre nossa responsabilidade na educação dos que são fruto de nosso sangue ou dos que nos foram confiados, estamos cientes dessa responsabilidade.

Os pais, em geral, pouco se preocupam com o excesso de tempo que as crianças e os adolescentes passam jogando videogame. Este hábito, que deixa os pais ‘despreocupados’, pode se tornar um vício muito prejudicial e que, portanto, eles precisam fixar horários certos para este tipo de lazer. Os responsáveis terão conquistado uma grande vitória educacional se conseguirem que seus filhos, de todas as idades, tiverem a disciplina de traçar um horário de atividades e de segui-las.

Aparece agora a oportunidade de fazer certos exercícios físicos para se tornarem mais saudáveis, em vez de frequentarem em demasia os sofás para assistir programas de televisão.

Para não alongar mais estas reflexões, apresento alguns hábitos que os pais podem conseguir na educação dos filhos:

  1. Que eles façam suas tarefas mesmo quando não estão dispostos a isto.
  2. Pratiquem atividades esportivas mesmo quando não estiverem a fim.
  3. Não se apressar em sentar-se à mesa, embora sintam fome.
  4. Seguir os horários estabelecidos pessoalmente. As crianças precisam aprender a se programar.
  5. Fazer bem o que deve ser feito, sem cara feia. Manter o bom humor mesmo nas situações difíceis.

Por último, considerando que estão em casa durante 24 horas, será que não haverá um tempinho para exercer ou aprender a meditar e, quem sabe, rezar?

 

Alvino Moser é professor do Mestrado em Educação e Novas Tecnologias do Centro Universitário Internacional Uninter.

 

 

 

 

 

 

 




Pedro Novaes: 'Missão difícil'

 Pedro Israel Novaes de Almeida – ‘MISSÃO  DIFÍCIL’

 

 

Dizem, por aí, que todos devemos ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro.

Plantar uma árvore é fácil, quando não faltam espaço e boa vontade. Podemos até promover regas, tirar as pragas do entorno e fertiliza-la. Se algo de ruim acontecer com a árvore, seguimos em frente.

Escrever um livro também é fácil. Publicá-lo é uma questão de conhecer o endereço de uma gráfica, e poder arcar com os custos, na falta de patrocínio. O difícil é encontrar leitores, e alguém com prestígio e coragem para o prefácio.

Se sobram exemplares, acabam postados como troféus, na mais visível das estantes. Pelo menos um exemplar deve permanecer no veículo, próximo ao para-brisa, com o nome do autor voltado para fora. Autoridades do trânsito costumam ser mais cordiais quando percebem que o condutor é, também escritor.

Ter um filho é complicado. Ao homem não é difícil dar a partida na geração, cabendo à mulher a fase mais espinhosa e duradoura da concepção. Cento e dez por cento dos homens agradecem aos céus pelo fato de não gestarem, nem serem forçados ao parto.

Nossa vida possui duas fases distintas: antes e após o nascimento do filho. Outrora, e ainda hoje em alguns rincões, os filhos significavam uma forma de driblar a pequena expressão financeira das aposentadorias, rateando o prejuízo com os rebentos, após criados.

O filho rompe qualquer senso de imparcialidade porventura existente nos pais.  Nas encrencas, a razão e acerto do filho são sempre presumidas, e concluídas, mesmo com vastas e indiscutíveis provas em contrário.

Para os pais, o filho, emancipado perante a sociedade, permanece sempre merecedor e carente de amparo e socorro, pelo menos até completar cento e cinco anos.

Criar um filho é superar a dificílima e tormentosa fase dos doze – treze anos. Nesta idade, o filho deixa de acreditar nos pais, preferindo a opinião do bêbado da esquina, ou o refrão inconsequente da turminha.

Acompanhar as fases do desenvolvimento dos filhos, sem descaracterizá-los, é missão hercúlea.  Tornam-se, em determinada fase, ateus, e politicamente chegam a cultuar personagens notoriamente malandros e oportunistas.  Por sentimentos solidários, humanamente compreensíveis, confundem comunismo com paraíso sem pobreza e patrões.

Criar filhos é um sacerdócio, é ser torcedor fanático, em partida sem fim. É a mais longeva, por interminável, e maravilhosa escravidão.

pedroinovaes@uol.com.br

O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.




As aparências enganam; seu filho/a pode estar com sérios problemas e você não ter percebido.

Matéria de autoria da repórter Daniela Jacinto publicada no jornal Cruzeiro do Sul é esclarecedora e muito util. Vale a pena acessar!

Por trás do silêncio, um grito de dor

Adolescentes se cortam para aliviar a alma. Eles não fazem para chamar a atenção, pelo contrário, escondem. Há pais que nem sabem o que está acontecendo

Daniela Jacinto

daniela.jacinto@jcruzeiro.com.br

 

De repente está aquele calor e a preferência é por usar uma blusa de manga comprida. O que pode aparentar apenas um estado febril, esconde algo a mais: machucados e mais machucados, que antes mesmo de cicatrizarem, voltam a ser cultivados, com mais cortes por cima. Os lugares atingidos são aqueles que podem ser cobertos como braços, barriga e pernas. No rosto, um sorriso porque a vida continua. Na intimidade, aquele que sofre coloca sua máscara social para sair às ruas e mais uma vez fingir. Sim, fazer de conta que tudo está bem, porque ninguém se importa. Quando a dor é grande, mas não há o que se fazer, o alívio está nos cortes. É esse o pensamento de quem pratica a automutilação, atitude registrada com maior frequência dos 12 aos 18 anos, fase da adolescência, mas há casos de crianças e adultos também recorrendo a essa atitude. Geralmente o “cutting”, como é conhecido em inglês, é feito por vítimas de agressão como estupro, bullying, maus-tratos em casa, dificuldade em lidar com as frustrações, as perdas (por morte ou término de relacionamentos) e vontade de se punir porque engordou, como esclarece o psiquiatra Marcus Leal Feitoza. Depois dos cortes vem a culpa e a tristeza de carregar cicatrizes, que ficam para sempre.

 

A automutilação é definida como qualquer comportamento intencional envolvendo agressão direta ao próprio corpo sem intenção de suicídio. Também estão incluídas na automutilação práticas como bater em si mesmo, arranhar, socar paredes, se queimar, furar, esmurrar e beliscar. Há também quem arranque os cabelos, a sobrancelha, morda as próprias mãos, lábios, língua, ou braços.

 

Na internet, um artigo publicado na Wikipedia, define que os praticantes do “cutting” não possuem qualquer expectativa com relação ao futuro, pois se consideram incapazes de alcançar qualquer coisa realmente boa — razão pela qual se surpreendem muito quando alcançam grandes feitos, como passar no vestibular. Ainda que acontecimentos do gênero lhes sejam de grande benefício, não são o bastante para que abandonem as práticas autoagressivas, o que faz com que retornem à mesma falta de expectativa a respeito da vida.

 

O psiquiatra Marcus Leal Feitoza conta que faz atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), em dois Centros de Atenção Psicossocial (Caps), sendo um voltado a álcool e drogas, além de prestar assistência no Hospital Vera Cruz, trabalhar no Ambulatório de Saúde Mental de Votorantim e ainda atender em consultório particular, mas onde mais vê casos de automutilação é nos Caps. Ele afirma que não há nenhuma estatística a respeito do número de casos em Sorocaba e nem no Brasil, mas tem visto ocorrer com muita frequência. Mais em mulheres do que em homens.

 

De acordo com o médico, apesar de a grande maioria dos casos de automutilação ser praticada por adolescentes, ele também atende bastante ocorrência envolvendo adultos. São pessoas que começaram a praticar na adolescência e ainda não conseguiram parar, mas as idades não passam dos 30 anos. A prática pode envolver vários transtornos psiquiátricos, diz Marcus. “Pode ser que a pessoa apresente um quadro depressivo, transtorno bipolar, esquizofrenia, dependência química, anorexia… Antes os médicos acreditavam ser era mais comum ocorrer em quem tivesse a Síndrome de Bordeline [transtorno psíquico marcado pela impulsividade e instabilidade de afetos], mas hoje já se sabe que não é apenas nesse caso”.

 

Marcus afirma que a automutilação é geralmente praticada por pessoas impulsivas, e isso faz com que não consigam se controlar quando surge novamente a vontade de se cortar. “O corte causa a essas pessoas uma sensação de alívio, por isso elas trocam a dor emocional pela física. Quando isso ocorre, o organismo libera endorfina, a mesma substância que é liberada na atividade física, por isso é que o automutilador sente certo prazer naquilo, até passar a crise”.

 

Tem pessoas que por alguma alteração genética, acrescenta Marcus, podem liberar mais endorfina que outras, gerando ainda mais prazer. “Funciona como o mecanismo que ocorre com os dependentes químicos, gera como se fosse uma fissura mesmo, se torna um comportamento viciante”, explica.

 

Quem passa pelo problema pode receber ajuda por meio de tratamento medicamentoso e psicoterapia. “O tratamento pode ajudar a pessoa se estabilizar emocionalmente e dessa forma pode deixar de se cortar”, diz Marcus.

 

A associação psicoterapia e medicação — informa a Wikipedia — tem se mostrado eficaz nos casos de automutilação. A psicoterapia, nestes casos, tem como um dos objetivos ajudar o paciente a identificar outras formas de lidar com frustrações que sejam mais eficazes do que seu comportamento. Ainda não há medicação específica indicada para que o paciente pare de se mutilar, entretanto, a medicação pode ser indicada para alívio dos sintomas depressivos e ansiosos, que podem colaborar para um comportamento mais saudável. Há também medicações que são usadas para diminuir a impulsividade e que ajudam o paciente a resistir à vontade de se machucar, caso esta apareça.

 

Notícia publicada na edição de 07/06/15 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 001 do caderno E – o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.