Fuga

Sergio Diniz da Costa: Poema ‘Fuga’

Sergio Diniz
Sergio Diniz
Imagem gerada com IA do Bing - 19 de outubro de 2024
 às 11:37 AM
Imagem gerada com IA do Bing – 19 de outubro de 2024
às 11:37 AM

Quisera, ao sol do dia,
Esconder minha presença
Em profundo poço.
Dormir o sono longo
Dos justos, dos cansados.

Quisera, ao sol do dia,
Ser apenas uma pedra
Numa gruta distante.

Quisera, ao sol do dia,
Ser apenas uma folha
Num livro com folhas
Sem fim.

Quisera viver somente à noite:
Hora mágica do dia!
Que ventura ao espírito!
Quão liberta e suave
A vida noturna,
Em que a alma se despoja
Dos grilhões da rotina diária
Em que nossos sentimentos se abrandam
Ao contato de outros seres.

Hora mágica,
Dos cantores de poesia
Dos suspiros românticos
Dos aromas de mel
Da lua irradiando saudades!

Triste dia que chega
Ao canto do arauto emplumado!
Triste vida luminosa
E, também, escura
Que clareia o inimigo
Que, à noite, era irmão!

Sergio Diniz da Costa

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Efêmero

Evani Rocha: Poema ‘Efêmero’

Evani Rocha
Evani Rocha
Imagem gerada pela IA do Gencraft

Durou tanto quanto uma chuva de verão,

Foi tão efêmero quanto o nascer

E o pôr do sol…

Assim como duram as folhas que se entregam à solidão do solo,

Secas e desgarradas da ‘árvore-mãe’,

No outono…

Passou como passa o tempo, fugaz,

Mas ainda assim imergiu em mim e fez morada.

Fez trilhas e descampados

Refestelou sob a luz da Lua,

Nas noites de primavera.

Deveras, carrega em teu âmago

A brevidade das horas,

A sutileza das sombras…

Como as ondas desavisadas na maré cheia!

Durou feito o tempo dos beija-flores, a sorver o néctar…

O suficiente para se nutrir da viva seiva

Que transborda em ti…

Aqui nada mais resta, senão fragmentos de saudade,

Feito rastros na areia,

Que brevemente as ondas levam para as profundezas do mar!

Evani Rocha

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Profundidade versus superficialidade

Virgínia Assunção:

‘Profundidade versus superficialidade’

Virgínia Assunção
Virgínia Assunção
Microsoft Bing. Imagem criada pelo Designer

Em um desses dias lindos e alaranjados de outono, quando as folhas caem parecendo pequenos colibris cercando as flores, parece que sussurram algo desconhecido para nós. Sentei-me no batente da casa de mamãe que dá para o jardim. A vida, como sempre, estava acontecendo ao meu redor. Meu pai assistindo a alguma coisa na TV e minha mãe perguntando-lhe o que queria para o almoço. O barulho de algumas crianças passando pela rua, correndo e rindo de tudo, completamente imunes às preocupações dos adultos. Nesse momento, em meio a esse cenário cotidiano, me peguei refletindo sobre a profundidade da vida.

     Somos incentivados constantemente a viver com intensidade, a buscar novas experiências que nos transformem, que nos façam pessoas melhores a garimpar nossas almas para nos tornarmos mais autênticos. Essa busca pela profundidade das coisas é praticamente uma obrigação contemporânea. Hoje, temos que meditar, fazer exercícios, terapia, viajar, ler livros complexos, escrever textos mais complexos ainda, fingir muitas vezes que somos o que não somos, que temos um conhecimento que não temos; tudo isso para garantir que estamos vivendo uma vida com sentido, uma vida ‘profunda’.

     Porém, ouvindo o barulho daquelas crianças que riam de tudo, imunes às preocupações, às vaidades, às competitividades vazias dos adultos, compreendi algo, no mínimo, curioso. Elas não se preocupavam, nem mesmo sabiam o significado de profundidade. A alegria para elas, estava exatamente na superfície: no correr, no brincar, no sorrir, no agora. E então, pensei que toda essa espontaneidade não tem como ser necessariamente superficial. Lembrei-me da passagem bíblica, quando Jesus nos ensina que, “quem não se fizer como uma criança, não herdará o reino dos céus. ” Esta sim, é uma sentença profundíssima.

     Acredito que o problema não esteja em viver uma vida ‘superficial’, mas sim, no medo de encarar a simplicidade que encontramos nela. Em acharmos que, se não estamos reiteradamente imersos em questionamentos existenciais, estamos fraquejando. A superficialidade tem sua beleza e sua função, como tudo na vida. É na superfície onde encontramos as flores, o mar, os rios, as pessoas, os cumprimentos de bom dia!, boa tarde!, boa noite!; como vai? É na simplicidade que muitas vezes encontramos o aconchego, o descanso, o afago e o conforto de que precisamos. Qual a necessidade de que todos os momentos sejam notáveis, profundos e cheios de significados?

     Às vezes, nos preocupamos tanto em viver com tanta intensidade que esquecemos que a vida também é para ser leve. E, sem dúvida, há uma leveza na superficialidade que é essencial para entrarmos em contato com o acessível, o descomplicado, o cristalino, o direto, sem subterfúgios. Cantar aquela música brasileira ou francesa que você ama, embaixo do chuveiro, mesmo sabendo que tem a voz desafinada, mas cantada com tanta paixão e simplicidade, que quando percebemos já não estamos mais no superficial, e sim, no nosso mais profundo momento e eles não precisam ser mais do que são, pois já são válidos por si mesmos.

     Evidentemente, que temos que ter cuidado com a superficialidade extrema; eludir da nossa vida os momentos de profundidade, pode sim, levar a um grande vazio. O segredo, portanto, é manter o equilíbrio. Entretanto, também devemos nos dar a permissão de tão somente, simplesmente ser, sem a opressão ou imposição de estar sempre buscando algo maior.

     E ao me levantar daquele batente na casa da minha mãe, percebi quão boa é a superficialidade, pois abraçando-a, abraço também, paradoxalmente, a profundidade. Nossa vida é feita de momentos profundos e de instantes superficiais, e cada um com o seu valor no grande aglomerado de acontecimentos da nossa existência. E talvez, só talvez, ao entender a superficialidade, descobriremos uma nova profundidade em cada momento vivido.

Virgínia Assunção

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Pertencimento invernal

Ella Dominici: Poema ‘Pertencimento invernal’

Ella Dominici
Ella Dominici
inverno obra de arte de Van Gogh
inverno obra de arte de Van Gogh
Microsoft Bing. Imagem criada pelo Designer

quando a vida te incita
a escolher sazonalidade
buscas o céu e o fitas
procurando verdade
do teu pertencimento

variam nuvens em forma
de sonhos de inverno
são divagações que giram
entre o que se finda
e o que em ti cintila

são folhas amareladas
pelo desbotamento do vento
algumas com queimaduras
da nevada que devasta
passado o tempo
se avermelham como
a pele do teu rosto

cor rósea sem pudor denota
desejo que no frio quer amor
penso se pertenço ao taciturno
inverno onde sou solitude
sem a almejada tua solicitude

invernesso noite geando adentro
sou silêncio invernal da estação
sou nevada flocos aderindo
ao espírito

se calor da paixão derrete a estação
memória resgata definitivamente
o inverno

Ella Dominici

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Bem-vindo outono!

Denise Canova: Poema ‘Bem-vindo outono!

Denise Canova
Denise Canova
Bem-vindo outono!
Bem-vindo outono!
Microsoft Bing. Imagem criada pelo Designer

Bem-vindo outono!

Folhas caindo

Vento

Traga amor quentinho

Delícia!

Denise Canova

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Impressões do parque

Sergio Diniz da Costa: Poema ‘Impressões do parque’

Sergio Diniz
Sergio Diniz
"Dia de ventania, Folhas farfalhando, Revoada de garças"
“Dia de ventania, folhas farfalhando, revoada de garças”
Microsoft Bing – Imagem criada pelo designer

Dia de ventania

Folhas farfalhando

Sussurros de namorados

Arrulhos de pombas

Revoada de garças

Balé de andorinhas

No lago, chuvisco da fonte

Um marreco mergulha

E as águas se agitam

O vento está frio

E a pele arrepia

Sergio Diniz

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Vento

Valdina Augusto de Souza: Poema ‘Vento’

Valdina Augusto de Souza
Valdina Augusto de Souza
Pensamentos e folhas voam
“Pensamentos e folhas voam”
Criador de imagens do Bing

Vento… Vento
Forte
Assopra
Leva
As folhas
Secas
Das árvores
Folhas
Voam…
Assim
Como pensamento
Rumo
Ao infinito
Folhas
Secas
Parecem
Ter
Asas
Voam…
Vento
Assopra
Folhas
Voam…
Cobrem
O céu
Parecem
Pensamentos
Soltos
Povoando
A imaginação
Pensamento
E Folhas
Voam…

Valdina Augusto de Souza

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