Pedagogia para um futuro de paz
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
‘Pedagogia para um futuro de paz’


às 17:50 PM
É provável que uma parte significativa dos conflitos que chegam aos tribunais, ou aos campos de guerra, possam ser solucionados através de acordos, consensos e cedências recíprocas, desde que as pessoas estejam preparadas e disponíveis para o exercício de uma nova pedagogia (não-cognitiva) e de uma nova justiça, (não punitiva), justamente, através de um relacionamento leal, responsavelmente crítico e generosamente tolerante.
Reconhecendo-se a auto-insuficiência para solucionar as situações conflituosas, ou para contribuir para um mundo mais pacífico, tal circunstância não invalida, pelo contrário, estimula para o dever de dar um singelo contributo, para a minimização de tão grave problema e, nesse sentido, se aponta, e defende, uma estratégia assente na educação-formação das pessoas, do berço ao túmulo, isto é, ao longo de toda a vida.
Democratizar a política para uma cidadania universal, é uma tarefa que responsabiliza os cidadãos em geral, e os políticos em particular. Aceite, institucionalizada e implementada a cidadania universal, entre todas as nações, congregadas na ONU – Organização das Nações Unidas, acredita-se que no decorrer do presente século, seja possível atenuar muitos conflitos, eliminar outros e pacificar um pouco mais este mundo, muitas vezes tão controverso e violento.
Educar e formar os cidadãos, qualquer que seja a idade e estatuto, para desenvolverem hábitos de relações humanas sadias, sinceras, leais, cúmplices e recíprocas, é uma tarefa que se impõe lançar nas famílias, nas escolas, nas Igrejas, nas demais instituições, nas associações e empresas, em todas as comunidades e na sociedade global em geral, porque qualquer processo que vise reconciliar pessoas, instituições e nações, só poderá concluir-se com êxito, se os intervenientes souberem relacionar-se de igual para igual.
Quaisquer que sejam as técnicas, para a comunicação e relacionamento interpessoais, elas serão ineficazes se as relações humanas, antes de todas as demais: profissionais, comerciais, políticas, religiosas, entre outras, não assentarem em princípios de transparência, de verdade e de respeito pelo outro.
Impossibilitado de vencer o drama pelos recursos materiais de que dispõe, o homem crente volta-se, esperançadamente, para os valores religiosos, nos quais procura a explicação para as situações que desconhece, o atormentam e também para encontrar as soluções para os conflitos que ele próprio cria, alimenta, mas nem sempre sabe e/ou quer resolver.
O grande conflito, porém, continua entre a vida e a morte, porque nascer, viver e morrer é o percurso natural de todo o ser humano, tal como os outros seres que habitam o mundo conhecido. Infelizmente, há muita gente que, ilusoriamente, pensa que vai permanecer, física e mentalmente, neste mundo, eternamente e, com tal pressuposto equivocado, vão humilhando, subjugando e fustigando os seus semelhantes, porém, o final dessas pessoas, às vezes, chega bem depressa.
O homem crente acredita em certos valores religiosos, muitos creem, esperançadamente, numa nova vida, renascendo depois da morte física e, nesta expectativa, procuram viver o mais pacificamente possível, aqui se descartando, toda e qualquer forma de radicalismos e fundamentalismos.
A educação religiosa é, por tudo isto, uma das dimensões a não ignorar, eventualmente, nem sequer a mais determinante, na construção de pessoas que se pretendam íntegras, que possuam a liberdade de se autodeterminar, com responsabilidade e generosidade, para com os seus semelhantes.
A preocupação, por uma educação e formação integrais, deve ser, portanto, uma constante em todos aqueles que, de alguma forma, a um qualquer nível social, têm responsabilidades em preparar um futuro de equidade, de conforto, de paz, amor e felicidade.
O mundo: cada vez mais profanizado, precisa de Deus; os homens não podem viver e não conseguem resolver todos os problemas à margem da Bondade e Sabedoria Divinas; contudo, sem intransigências, sem fanatismos; a humanidade será reduzida à sua mais brutal animalidade, se continuar a rejeitar Deus.
O caminho seguro, que poderá conduzir à pacificação do mundo, tem de passar por Deus, e muitos seres humanos sabem que não há outra alternativa. Excluir Deus do processo de pacificação, é prosseguir o caminho para a destruição total da humanidade. Nunca, como hoje, se sentiu tanto esta necessidade de se recorrer aos Valores Supremos.
O caminho para a pacificação da humanidade, deve ser percorrido com competência: seja nas relações interpessoais, profissionais, sociais, religiosas, na celebração dos acordos a que se chegar; na implementação das medidas consensualizadas; e na avaliação dos resultados dos projetos de pacificação.
Uma pedagogia mista – cognitiva, otimista, não-cognitiva -, assente na Fé, onde a teoria, a prática e a esperança sejam os principais eixos, que contribuam para uma formação sólida dos alunos, dos formandos, dos professores, dos formadores, entendidos nos dois sentidos: ora aprendendo; ora ensinando; auxiliará na busca de soluções para uma humanidade menos conflituosa.
Se cada indivíduo construir, coerentemente, o seu próprio círculo, ou a sua auréola de bem-estar, de: princípios, valores e boas-práticas, certamente que os círculos que com ele se interpenetram vão beneficiar destas características.
A Sabedoria e a Prudência, alicerçadas na Fé em Deus são, seguramente, a chave para resolver muitos conflitos, os quais podem ser solucionados com aquelas virtudes – Sabedoria e Prudência –, mantendo a Fé inabalável em Deus e na Sua Misericórdia, Generosidade e Compreensão.
Venade/Caminha – Portugal, 2025
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal