quando os fósseis e cinzas se misturam ao ouro perecem-se ambos como diamante bruto encrustado em terra quando o homem se torna um retalho da colcha-vida
felicidade fácil foi fisgada como um peixe de boca aberta é quando o Sol rubro deixa de ser epifania não serve a iluminar ninguém nem nada nasce, nem cresce adoece a alegria
e Lua sem ser alva nem cheia nem crescente aborrece as gentes, nem segue normas, minguante permanentemente, escuro, miopia, enganos que outrora eram ufanismos são tolos grãos de areia encharcadas que se movem para baixo
felicidade fácil foi engolida e a felicidade plena perene e eterna vida? foi-se antes que chegasse não esperou mais… que se a achasse consciência, quando? engajamento ao verbo e verdade, agora, ou deveras tarde?
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo: 'Trabalhador Determinante para o Progresso'
Trabalhador Determinante para o Progresso
A sociedade, considerada nas suas diferentes dimensões: política, religiosa, económica, financeira, empresarial, territorial, cultural, lazer e laboral, entre outras, seguramente que não estaria organizada, hierarquizada e estratificada como hoje a conhecemos e analisamos, se não fosse o esforço permanente do ser humano, no estudo, planificação, aplicação de técnicas e tecnologias e avanço progressivo e sustentável para a melhoria contínua da qualidade de vida das pessoas.
Sensivelmente que cerca de metade de todas as pessoas que constituem a sociedade humana organizada desenvolve uma atividade produtiva, colaborando, assim, para o desenvolvimento do todo, tendo por obrigação apoiar aquela faixa etária que já deu o seu contributo, bem como preparar os mais jovens para, mais tarde, eles assumirem as diferentes funções que são necessárias, a fim de que haja uma progressão sustentável do bem-comum e que, igualmente, a felicidade, na sua vertente de satisfação de bem-estar material e espiritual, seja uma realidade.
Será, praticamente, impossível, conceber uma sociedade organizada, em permanente desenvolvimento, sem o contributo daquelas pessoas que exercem funções em diferentes áreas de atividade: da saúde à educação; do trabalho à formação; da política à religião; da cultura ao lazer; da economia à finança; do empreendedorismo ao investimento; entre muitos outros domínios contributivos para o bem-estar e conforto das populações.
Os “Dias Nacionais”, “Internacionais” e “Mundiais”, a propósito de um qualquer evento, sucedem-se, diariamente. O “Primeiro de Maio”, por exemplo, está consagrado ao Trabalhador, qualquer que seja a sua atividade e, acrescenta-se, do ponto de vista do autor, independentemente de estatuto académico-profissional, na medida em que, quem se dedica a uma laboração, sempre acaba por produzir alguma coisa que, mais ou menos, interessa à sociedade de consumo.
E se as instituições, proprietários, empresários e líderes são necessários, assim como os recursos técnicos, tecnológicos, financeiros e infraestruturais diversos, igualmente é verdade que o capital humano se torna imprescindível, por mais máquinas que se inventem e utilizem, porque a inteligência das pessoas é insubstituível e o trabalho por elas realizado é, seguramente, indispensável.
A sociedade mundial laboral em geral e a comunidade portuguesa, em particular, vivem um período conturbado, porque os níveis de desemprego atingem percentuais muito elevados, colocando em causa não só a estabilidade económico-financeira das famílias, como também a consolidação da autonomia e dignidade que devem assistir a toda a pessoa, verdadeiramente humana.
Por outro lado, ainda se verificam situações inaceitavelmente degradantes para muitos milhões de trabalhadores, em todo o mundo, desde logo a começar naqueles que, para escaparem ao desemprego, à fome, à miséria e, no limite, ao suicídio, se vêm obrigados a emigrar, sendo, em muitos casos, mal recebidos, maltratados e, alguns deles, expatriados.
É evidente que a responsabilidade por estas situações de desemprego, que muitas vezes conduzem à desgraça de famílias inteiras, pode ser repartida, quem sabe, em três quotas-partes: a muitos Governos, que deveriam ter melhores políticas sociais de emprego, devidamente sustentáveis; a algumas Empresas que apenas buscam, gananciosamente, lucros exorbitantes, sem olhar a meios, despedindo pessoal, que é substituído por máquinas; finalmente, muitos dos próprios potenciais Trabalhadores que, em muitos casos, não querem trabalhar, embora tenham saúde e capacidades físicas, psicológicas, intelectuais e profissionais, não o fazendo porque, eventualmente, estarão a receber subsídios sociais.
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal