Sol enluarado rubro

Ella Dominici: Poema ‘Sol enluarado rubro’

Ella Dominici
Ella Dominici
Sol enluarado rubro quando os fósseis e cinzas se misturam ao ouro parecem-se ambos como diamante bruto
Sol enluarado rubro quando os fósseis e cinzas se misturam ao ouro perecem-se ambos como diamante bruto
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quando os fósseis e cinzas
se misturam ao ouro
perecem-se ambos como
diamante bruto
encrustado em terra
quando o homem se torna
um retalho da colcha-vida

felicidade fácil foi fisgada
como um peixe de boca aberta
é quando o Sol rubro deixa de ser epifania
não serve a iluminar ninguém
nem nada nasce, nem cresce
adoece a alegria

e Lua sem ser alva nem cheia
nem crescente aborrece as gentes,
nem segue normas,
minguante permanentemente,
escuro, miopia, enganos
que outrora eram ufanismos
são tolos grãos de areia
encharcadas
que se movem para baixo

felicidade fácil foi engolida
e a felicidade plena
perene e eterna vida?
foi-se antes que chegasse
não esperou mais… que se a achasse
consciência, quando?
engajamento ao verbo e verdade,
agora, ou deveras tarde?

Ella Dominici

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Alma maior que homem

Ella Dominici: Poema ‘Alma maior que homem’

Ella Dominici
Ella Dominici
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o dia em que tudo do humano

é menor que o homem

a alma desarma o eu

o ventre já não é seu

o pensamento

descola da saga

de nada se embriaga

insustentável o corpo

 peso, tamanho, contorno

o arcabouço surge fragilizado

o supérfluo é sopro

 conteúdo valor transbordante

 ideal já fala baixo

razões ressonam pelo outro

a qualquer instante deborda 

em forma de livres momentos

no alcance possível do inatingível 

desejos são rosas parcas

vontades já diminutas

flores-valores desabrocham

consciência do amor traz marcas 

caridades infinitas

em sorrisos resolutos

de se oferecer condoer doar

a leveza do ser é pluma

consistente macia cheirosa

a toda criatura 

 
alma que habita o homem

é pura e inspira 

virtudes que superam as brumas

do humano 

o invisível se tange com a alma

na canção que sempre se quis ouvir

sonoridade infinita da paz

Tal lírios do campo…

olhai os lírios do campo, como eles crescem

não trabalham nem fiam

nem o mais rico e mais sábio, 

 o que tem mais bens

              hábeis poderes,

podem superar o desafio

de se vestir e ornamentar seu campo,

 assim, tão gentilmente singelem

somos lírios brancos no campo da poesia

lírio é ao poeta delírio 

bem cuidados resvalando no outro

paixão leve em amor-sintonia 

haja vento umidade sol suave

aos sensíveis lírios da vida

que profetizam harmonia

na providência de cada dia

em cada flor sinto o beijo perfumado

são crianças cirandando cachos voam

lado a lado vento entoa celestes canções 

ânimo louro esvoaçante é calmante

 gotas de orvalho que tecem grinalda num lírio 

entregam a jóia da coroa aos filhos irmanados

Lírios, corações da paz!

Ella Dominici

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Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo: 'Trabalhador Determinante para o Progresso'

Diamantino Lourenço R. de Bártolo

Trabalhador Determinante para o Progresso

A sociedade, considerada nas suas diferentes dimensões: política, religiosa, económica, financeira, empresarial, territorial, cultural, lazer e laboral, entre outras, seguramente que não estaria organizada, hierarquizada e estratificada como hoje a conhecemos e analisamos, se não fosse o esforço permanente do ser humano, no estudo, planificação, aplicação de técnicas e tecnologias e avanço progressivo e sustentável para a melhoria contínua da qualidade de vida das pessoas.

Sensivelmente que cerca de metade de todas as pessoas que constituem a sociedade humana organizada desenvolve uma atividade produtiva, colaborando, assim, para o desenvolvimento do todo, tendo por obrigação apoiar aquela faixa etária que já deu o seu contributo, bem como preparar os mais jovens para, mais tarde, eles assumirem as diferentes funções que são necessárias, a fim de que haja uma progressão sustentável do bem-comum e que, igualmente, a felicidade, na sua vertente de satisfação de bem-estar material e espiritual, seja uma realidade.

Será, praticamente, impossível, conceber uma sociedade organizada, em permanente desenvolvimento, sem o contributo daquelas pessoas que exercem funções em diferentes áreas de atividade: da saúde à educação; do trabalho à formação; da política à religião; da cultura ao lazer; da economia à finança; do empreendedorismo ao investimento; entre muitos outros domínios contributivos para o bem-estar e conforto das populações.

Os “Dias Nacionais”, “Internacionais” e “Mundiais”, a propósito de um qualquer evento, sucedem-se, diariamente. O “Primeiro de Maio”, por exemplo, está consagrado ao Trabalhador, qualquer que seja a sua atividade e, acrescenta-se, do ponto de vista do autor, independentemente de estatuto académico-profissional, na medida em que, quem se dedica a uma laboração, sempre acaba por produzir alguma coisa que, mais ou menos, interessa à sociedade de consumo.

E se as instituições, proprietários, empresários e líderes são necessários, assim como os recursos técnicos, tecnológicos, financeiros e infraestruturais diversos, igualmente é verdade que o capital humano se torna imprescindível, por mais máquinas que se inventem e utilizem, porque a inteligência das pessoas é insubstituível e o trabalho por elas realizado é, seguramente, indispensável.

A sociedade mundial laboral em geral e a comunidade portuguesa, em particular, vivem um período conturbado, porque os níveis de desemprego atingem percentuais muito elevados, colocando em causa não só a estabilidade económico-financeira das famílias, como também a consolidação da autonomia e dignidade que devem assistir a toda a pessoa, verdadeiramente humana.

Por outro lado, ainda se verificam situações inaceitavelmente degradantes para muitos milhões de trabalhadores, em todo o mundo, desde logo a começar naqueles que, para escaparem ao desemprego, à fome, à miséria e, no limite, ao suicídio, se vêm obrigados a emigrar, sendo, em muitos casos, mal recebidos, maltratados e, alguns deles, expatriados.

É evidente que a responsabilidade por estas situações de desemprego, que muitas vezes conduzem à desgraça de famílias inteiras, pode ser repartida, quem sabe, em três quotas-partes: a muitos Governos, que deveriam ter melhores políticas sociais de emprego, devidamente sustentáveis; a algumas Empresas que apenas buscam, gananciosamente, lucros exorbitantes, sem olhar a meios, despedindo pessoal, que é substituído por máquinas; finalmente, muitos dos próprios potenciais Trabalhadores que, em muitos casos, não querem trabalhar, embora tenham saúde e capacidades físicas, psicológicas, intelectuais e profissionais, não o fazendo porque, eventualmente, estarão a receber subsídios sociais.

 

 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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