Celio Pezza – Crônica # 317 O 1º. Concílio de Nicéia
Em maio de 325 DC, teve início na cidade de Nicéia, perto de Constantinopla, o primeiro evento ecumênico que daria origem à religião católica.
Na época, o imperador de Roma, Constantino, que estava com o império em crise, viu que uma aliança com os cristãos poderia aumentar seu poder e decidiu fazer do cristianismo a religião oficial do império.
Em 313 DC, ele promulgou o Édito de Milão ou Édito da Tolerância, onde acabou com a perseguição religiosa aos cristãos.
Foi o início da Igreja-Estado.
Na época existiam muitos textos religiosos e alguns conflitantes, o que prejudicava a própria expansão da Igreja.
Foi neste ambiente confuso que ele convocou no ano de 325 DC o 1º. Concílio Ecumênico, com o objetivo de criar regras únicas para a Igreja Romana, tomando os devidos cuidados para que estas viessem ao encontro de seus interesses. Era necessário criar uma versão única ou oficial e foi o que Constantino fez. Ele convocou bispos e representantes religiosos de todas as províncias para o palácio de Nicéia e proporcionou toda espécie de mordomias aos participantes. O Concílio se iniciou em 20 de maio com perto de 318 representantes da igreja e terminou em 19 de junho, com menos participantes. Questões doutrinárias foram discutidas como questões de Estado e as controvérsias não eram aceitas. Ali foi definida a divindade de Cristo e da Santíssima Trindade, e os bispos que se opuseram foram exilados. Foi oficializado o domingo como o dia de descanso semanal, ao invés do sábado, como era anteriormente, e mudaram a data de comemoração da Páscoa, que era comemorada na mesma data da Páscoa dos judeus.
Uma das mais importantes mudanças foi oficializar um cânone novo, somente com os evangelhos aceitos como verdadeiros.
Aí nasceu o Novo Testamento, com somente quatro evangelhos, ou seja, Marcos, Lucas, Mateus e João. Consta que, como os bispos não chegavam a um acordo, Constantino ordenou que deixassem no chão todos os evangelhos, se recolhessem aos seus aposentos e ficassem em orações até o dia seguinte, pedindo pela interferência divina. A sala foi trancada e somente o imperador ficou com a chave. No dia seguinte, os quatro evangelhos já mencionados apareceram “milagrosamente” em cima do altar e ninguém podia questionar a vontade divina ou a palavra do imperador. Os outros evangelhos foram considerados apócrifos, hereges, queimados e banidos de todo reino. Quem fosse pego com um exemplar, seria condenado à morte e seus bens confiscados para a nova Igreja-Estado.
Em 1945, foram encontrados, nos Manuscritos do Mar Morto, vários desses evangelhos apócrifos cristãos produzidos entre os anos 100 e 200 DC, que mostram outras versões interessantes sobre este período da História, como o evangelho de Tiago, Tomé, Judas e outros. Neles, Jesus tem um lado bem mais humano, Madalena é uma grande líder e Judas não é um traidor. Um ano após o Concílio, o imperador mandou matar seu filho, o marido e o filho de sua irmã e matou sua mulher Fausta. Ele retardou o seu batismo até as vésperas de sua morte, pois diziam que o batismo o salvaria de todos os pecados cometidos. Após sua morte, em 337 DC, foi enterrado com honras de quem se tornara o 13º. apóstolo. Ele foi representado, na iconografia eclesiástica, recebendo a coroa diretamente das mãos de Deus, tamanha sua bondade para com a Igreja.
Célio Pezza
Junho, 2016