A porta

Sergio Diniz da Costa: Conto ‘A porta’

(Contos da adolescência)

Sergio Diniz
Sergio Diniz
Uma porta misteriosa, semiaberta
Uma porta misteriosa, semiaberta
Microsoft Bing – Imagem criada pelo Designer

Todos corriam em direção à porta semiaberta. Dia e noite era sempre a mesma coisa, a mesma correria frenética, incontrolável.

Era gente que perguntava, gritava, implorava para ter sua passagem livre àquele lugar de procura, de angústia e de incerteza.

O que haveria atrás dela? Ninguém sabia, mas todos a procuravam. E a cada dia, mais pessoas chegavam àquela passagem enigmática.

Loucas correrias. Pessoas que caiam e não mais se levantavam. Os mais fortes subjugavam os mais fracos; os mais ricos esmagavam os mais pobres. E tudo, para ter o privilégio de ser o primeiro a transpor o enigma indecifrável. Diante desses fatos, os fracos e os pobres ficavam sempre por último.

Uma multidão acabou se prostrando diante da porta. Em seus rostos via-se o estigma deixado pelo supremo esforço. Rostos encarquilhados, faces emaciadas pela energia gasta na terrível batalha competitiva.

Alguém, do meio da turba, reunindo suas últimas forças, sobressaiu-se e, caminhando em direção à porta, abriu-a. A multidão, arrefecida pelo cansaço, adquiriu novo alento e arremessou-se pelo portal adentro.

Todos cometeram, porém, o mesmo engano: na pressa, ninguém se lembrou de levar alguma coisa consigo, e no interior da porta não havia luz, somente o silêncio de um sepulcro violado.

O terror começou tomar conta daquela gente. Um frio seco se infiltrou no sangue de todos, que passaram a procurar agasalhos e, como nesse local não os havia, os mais fortes atacaram os mais fracos e os mais ricos compraram dos mais pobres.

Ao fim de algum tempo, os mais fracos e os mais pobres pereceram. O frio, no entanto, continuava intenso. E manifestou-se a fome. E não havia alimentos.

Pressionados pela fome, os que restaram começaram a negociar. Entretanto, por mais soluções que tentaram encontrar, nada apagou a lembrança do alimento. Desta forma, como por um acordo tácito, os sobreviventes começaram a se devorar. E, no final, não restou ninguém, pois o último homem se autodevorou.


Sergio Diniz da Costa

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Minhas escritas

Davi de Mattos: Poema ‘Minhas escritas’

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Não sei mais quem eu fui

Me perdi pelo caminho

Que tanto almejava

Pois sou falho

Mas por algum tempo

Não percebi isso

Pensando que iria conseguir

Mas era ingênuo

Não pude perceber realmente

Será que meu caminho era mal?

Já que, com ele, me sentia bem

Se não fosse aquela voz

Me perderia aos poucos

Aos poucos me dominaram

Aos poucos me consumiram

Chega até ser irônico

O que eu pensava ser invencível

Se foi

Derrotado por meus sentimentos pessoais

Davi de Mattos

(Texto orientado  pelo Professor Clayton Alexandre Zocarato, junto com o discente  do Ensino Médio, 2º Ano B, Davi de Mattos, como parte integrante de incentivo à  leitura e escrita  Poética, feito ao longo do  ano letivo  de 2023,  na Escola Estadual de Tempo Integral e Regular ‘Professor Bento de Siqueira’, do município de Marapoama – SP).

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