Educar não é domesticar
José Ngola Carlos: ‘Educar não é domesticar’


às 03:40 AM
Tendo como base a sua etimologia, a palavra educação provém do verbo educar e este carrega em si o sentido de trazer para fora, tornar evidente ou aprimorar o potencial. Neste sentido, educação compreende o processo por meio do qual um educador aperfeiçoa as habilidades de seus educandos, elevando-os para o seu pleno desabrochar.
A título de analogia, o trabalho de um educador é parecido ao trabalho de um camponês ou agricultor e a educação carrega o mesmo valor que a agricultura.
Como se sabe, o agricultor, dentre várias funções, o seu trabalho consiste em cuidar das plantações ou semeaduras para garantir que alcancem o seu mais pleno potencial de amadurecimento e a agricultura, neste sentido, entende-se como o processo pelo qual um agricultor ajuda as plantações a atingirem o amadurecimento.
Considerado o que se disse acima, convém destacar que, assim como na agricultura, onde o agricultor não muda a natureza da planta ou da semente, a educação, no seu verdadeiro sentido, envolve respeitar a natureza dos educandos. Pelo agricultor, o feijão é semeado como feijão, cuidado como feijão, desenvolve-se como feijão, colhido como feijão e posto para consumo como feijão. O agricultor não envida esforços para transformar a natureza do feijão em milho, antes, compreendendo a sua natureza, faz todos os esforços necessários para permitir que, dentro da sua natureza, ocorra o seu pleno desenvolvimento.
O mesmo deve ocorrer com a educação que se preze como educação e não domesticação. O educador não tem o direito de ditar a inclinação vocacional ou natureza dos educandos. A função do educador consiste em ajudar seus educandos, dentro da sua natureza, a atingir o seu mais pleno potencial.
Converter quem, naturalmente, tem habilidades para medicina em mecânico, não é educação, é domesticação.
Mudar quem tem a inclinação natural para construtor em professor, não é educação, é violação da natureza humana da pessoa em causa.
Verdadeira educação é aquela que tem como interesse (1) descobrir a inclinação natural dos estudantes e (2) elevar os educandos ao mais pleno desenvolvimento das suas inclinações naturais.
Kamuenho Ngululia
Malanje, 24 de maio de 2025
Como citar este artigo: Ngululia, K. (2025:5). Educar não é domesticar. Brasil: Jornal Cultural ROL