O coração

José Antonio Torres: Poema ‘O coração’

José Antonio Torres
José Antonio Torres
Emissários do bem
Emissários do Bem
Imagem criada pela IA do Microsoft Copilot

Ah, coração…
Tu que és tão citado pelos enamorados
Quando vivenciam suas paixões…
Que sofres e te magoas com os desentendimentos e as incompreensões dos amantes…
Que te entristeces com a ingratidão e a injustiça cometidas por filhos, casais, amigos…
Que palpitas em ritmo tresloucado diante de intensa alegria…
Tu, coração, que és o símbolo do amor e da vida, ainda que muitas vezes maltratado e ferido, continuas a amar.
Independentemente do que recebes, transbordas em torrentes de amor.
Mesmo que recebas o mal, transformas esse mal em dádivas amorosas e as entregas, tanto aos que sofrem quanto aos que amam.
Certo dia ouvi algo que me fez pensar (perdoem, não lembro quem disse). Foi algo mais ou menos assim:
“O fígado retém impurezas…
Os rins retêm impurezas…
Os pulmões retêm impurezas…
Os intestinos são impregnados de impurezas…
A pele é bombardeada por impurezas.
Esses órgãos, assim como outros, adoecem e são vítimas do terrível câncer!
O coração não retém impurezas.
Você já ouviu falar de câncer no coração?”
Todo mal que chega até ele é transmutado em algo bom e passado adiante em forma de amor.
O coração não é um reservatório, um poço, mas sim, um canal.
Que possamos cuidar dos nossos sentimentos para irrigarmos o nosso coração com fluidos saudáveis e harmoniosos.
Que sejamos, verdadeiramente, emissários do amor.

José Antonio Torres

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Virgínia Assunção: 'Ingratidão'

Virgínia Assunção

Ingratidão

“Quem põe seus esforços a serviço dos ingratos age como quem lança a semente à terra estéril, ou dá conselhos a um morto, ou fala em voz baixa a um surdo”. 

                                                                                                                                                                       Ibn Al-Mukafa

                                                                                                                                             Pensador persa do século VIII

 

“A ingratidão é um direito

Do qual não se deve fazer uso”,

Escreveu Machado de Assis;

Deveria, então, ser um crime de abuso.

Somos todos frágeis e inacabados

No nosso processo de construção;

Precisamos sempre de alguém

Que nos ajude e estenda a mão.

 

Tendo como princípio basilar

A humildade no coração,

Devemos estar de mente aberta

Para os preceitos da gratidão.

 

Pessoas que a estes não apreciam

Tentam se justificar em vão,

Condenando seus benfeitores

Para atenuar sua ingratidão.

 

Uma pessoa inteligente e sábia

Conserva a memória do coração,

Para não incorrer na fraqueza

De esquecer o que é gratidão.

 

Quem tem o bem por prática

Tem que ser sábio por missão,

Para suportar, porventura, de outrem

O sentimento da ingratidão.

 

Este, parece ser o mal do ser humano

Fazer o bem, confundem com maldade;

Descartam quem um dia foi importante

Parece que ser grato é uma leviandade.

Só homens de caráter pobre

Têm por companhia a ingratidão,

Ficando fadados a um futuro

Da mais miserável solidão.

 

Aos néscios desse sentimento

Fica a máxima punição:

Serem totalmente obliterados

Pela personificação da ingratidão.

 

 

Virgínia Assunção

 mavifeitosa@gmail.com