Quem sou eu?

Evani Rocha: Poema ‘Quem sou eu?’

Evani Rocha
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Imagem criada pela IA do Bing
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Sou folhagens entre as árvores
Sou gotas a escorrer
Sobre os caules retorcidos
Sobre as folhas do dendê

Sou o vento frio do inverno
O nevoeiro a correr
Sou o cume encoberto
Sou a mão a proteger

Sou as chuvas de verão
O Sol firme a brilhar
Tempestades, furacões
O fruto que a terra dá

Sou o homem, sou a ave
O pé de jacarandá
Os passarinhos nos ninhos
Sou as noites de luar

Sou a águia nas alturas
O Lago Titicaca
O barquinho em dobradura
Sou os gêiseres e as Termais

Sou as roseiras em flor
Os espinhos e a dor
As lágrimas que banham a alma
O peixe e o pescador

Eu sou a brisa do mar
As ondas no vai e vem
As estrofes da poesia
O mar e a maresia

Sou a areia da praia
O oásis e o deserto
Sou o fim que está longe
E o longe que está perto

Sou as folhas de outono
As flores na primavera
O Duomo Di Milano
O pistilo e a antera

Sou o barquinho à vela
E o cargueiro a flutuar
O mundo subterrâneo
A terra mãe no pomar

Sou das rochas, a dureza
Da água, o molejar
No céu todas as estrelas
Na terra o Sol e o ar!

Sou do ‘nada’ a sutileza
A molécula da vida
Do ‘tudo’, sou a pureza
O lirismo e a magia!

Sabes então quem sou eu?
Eu sou a tal natureza!

Evani Rocha

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Não sei

Evani Rocha: Poema ‘Não sei’

Evani Rocha
Evani Rocha
Imagem criada pela IA do Gencraft
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Não sei de mim,

Nem dos dias arrastados sob o Sol

Não sei das horas, que correm no tempo

De outrora

Das noites alongadas de inverno

Não sei…

Não sei das flores que murcharam por falta de rega,

E das ervas que cresceram no jardim

Não sei da poeira fina da estrada de terra

Ou do asfalto negro, feito pedra…

Não sei das conversas veladas ao pé do ouvido

Ou do zunido de uma cigarra

Em ecdise,

Não sei…

Não sei se é Lua cheia ou crescente

Ou das explosões solares…

Não sei dos braços abertas a esperar…

Das ruelas vazias ou das janelas floridas

De São Francisco,

Não sei se é isso ou aquilo!

Não sei se penso ou se sorrio,

Não sei…

Não sei dos rascunhos guardados nas gavetas

Dos homens tristes caídos nas sarjetas

Dos sapatos empoeirados por falta de uso

Não sei das fotografias antigas,

Revelando a lisura da tez,

Não sei…

Não sei sobre o que sei, talvez nada saiba

O mundo é uma complexa rede de teias

Entrelaçadas em círculos,

Como uma imensa roda gigante

Dentro de outras rodas

E com outras rodas por dentro.

Então, não sei…

Não sei de você,

Se tem a boca entupida de silêncio

Ou se os olhos profundos

Não podem expressar…

Não sei das estações do ano,

Há muito, deixei de olhar o calendário!

A mim não importa o tempo,

Os anos, os dias…

Não sei…

Dos caderninhos da infância, escritos à mão

Das poesias sem rima, dos versos soltos no ar…

Não sei das filas na parada do coletivo,

Na fase do colegial,

Do uniforme amarrotado,

Do anseio pelas férias…

Não sei dos caminhos trilhados a meio século…

Dos amigos que ficaram no passado,

Daquela palmeira na curva da estrada!

Não sei…

Quantos registros deletei da memória…

Quantas histórias por contar!?

Não sei do amanhã: se faço isso ou aquilo…

Não sei do ontem e nem do agora…

Talvez essa dúvida de não saber,

É o combustível da mente,

Para não morrer,

Antes de tentar, antes de vasculhar as caixinhas da memória,

Antes de se entregar ao fim:

Preenchido de tudo o que o corpo e a alma foram capazes de alcançar!

Evani Rocha

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Eu e o meu chuveiro

Sergio Diniz da Costa: ‘Eu e o meu chuveiro’

Sergio Diniz
Sergio Diniz
No inverno, uma ducha quentinha. Porém, um pingo de água gelada nas costas!
No inverno, uma ducha quentinha. Porém, um pingo de água gelada nas costas!
Microsoft Bing. Imagem criada pelo Designer

Diga-me, meu caro leitor, por um acaso você já teve ou ainda tem alguma relação de amor e ódio por algo ou por alguém?

Se a resposta for um sonoro ‘sim!’, sabe perfeitamente como se dá essa dependência. É, certamente, algo como a dependência por alguma droga: você a consome e ela, com o tempo, o consome, também. Um círculo vicioso. Um horror!

Pois eu tenho, infelizmente, uma relação dessa natureza. E, como o título desta crônica bem o indica, com o meu chuveiro!

Existe algo mais prazeroso do que tomar uma deliciosa ducha, principalmente depois de uma caminhada mais longa, ou uma corrida, ou, ainda, alguma atividade profissional que implique em grande esforço físico? E dormir, então, depois de um banho bem quentinho? Tudo de bom, né?

E, sobre tomar banhos, tem aqueles dos meses de verão e aqueles outros, de inverno.

Os dos meses quentes, impreterivelmente, com água fria. E, os dos meses de inverno… Bem, em primeiríssimo lugar, o ritual para eles já é um pouco mais complicado.

Levantar da cama, depois de uma noite inteira hibernando sob cobertores pesados e quentíssimos, requer uma vontade férrea, um esforço próprio de ‘Os Doze Trabalhos de Hércules’.

E esse esforço é redobrado se, para piorar ainda mais a situação, o dia estiver frígido e chuvoso. Ninguém merece!

Mas, como o dever nos chama, lá vou eu, destemidamente, sair da cama, colocar os pés num par de chinelos gelados e, feito um guerreiro bárbaro, enfrentar o estimulante banho da manhã.

Entro no banheiro e, como meu apartamento não tem o luxo da calefação (próprio de países de regiões frias), tirar o pijama já é outra etapa da façanha heroica. Entretanto, a imagem do guerreiro bárbaro, do chefe viking à frente de seus guerreiros, em pleno campo de batalha, me impele avante.

E, aí, a coisa começa a complicar, pois é preciso anos de prática para se conseguir encontrar o ponto ideal da torneira, de modo que a água não fique nem quente e nem fria demais.

Esse processo se torna mais difícil ainda quando a torneira já é um tanto quanto usada e, por causa disso, mais um tanto quanto emperrada.

 E vira daqui, vira de lá neste processo, e já enregelado, eis que, finalmente, o tal ‘ponto ideal’ da dita cuja é atingido e o calor da água atinge seu ponto ideal! Aleluia!

E lá vamos nós, agora mergulhados numa torrente de água quentinha, acolhedora…

Até que, inesperadamente, bem no meio daquele jato quente, surge um pingo gelado! Bem nas costas! E justamente no momento em que estou com o rosto coberto de espuma!

Rapidamente, retiro a espuma e passo a procurar a fonte daquele infortúnio.

Localizo-o! Vem pelo cano, provavelmente porque, ao colocar o chuveiro, faltou um tantinho de veda-rosca para dar o aperto necessário para fixá-lo.

E ele, o tal pingo inoportuno, a partir daí, passa a fazer parte do delicioso banho quente.

Agora, nesta mescla de prazer e desprazer, resolvo terminar o banho o mais rápido possível.

Fecho a torneira e começo a me enxugar. Como o box é pequeno, fico praticamente embaixo do chuveiro e, mal terminando de enxugar as costas, eis que um pingo vindo diretamente da Antártida cai nelas, já secas.

Solto um mega palavrão! E passo a matutar o porquê de esse pingo aparecer justamente no inverno, nos dias mais frios, no banheiro mais frio, no corpo (e na alma) mais frio…

E, já envolto pelo vapor que sai do chuveiro, entre uma enxugada e alguns palavrões, fico a ‘viajar’ mentalmente. E passo a ver, na torneira, no chuveiro e no cano um conluio maquiavélico, hábil a me infundir um misto de raiva e desespero.

O chuveiro parece ter adquirido vida! E, de súbito, me lembro de Chuck, Hugo, Blade e outros bonecos assassinos.

Em meio ao vapor, que já tomou conta do box, sinto que vou enlouquecer! Até o momento em que escuto algumas pancadas na porta do banheiro.

Para minha salvação, contudo, é apenas minha esposa, perguntando se está tudo bem, pois faz ‘apenas’ 40 minutos que estou tomando banho.

Alívio completo!

Tudo não passou tão somente de um mísero pingo de água gelada…

No meio da água quente havia um pingo gelado. Havia um pingo gelado no meio da água quente…

E que vai durar o inverno todo!

Sergio Diniz da Costa

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Pertencimento invernal

Ella Dominici: Poema ‘Pertencimento invernal’

Ella Dominici
Ella Dominici
inverno obra de arte de Van Gogh
inverno obra de arte de Van Gogh
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quando a vida te incita
a escolher sazonalidade
buscas o céu e o fitas
procurando verdade
do teu pertencimento

variam nuvens em forma
de sonhos de inverno
são divagações que giram
entre o que se finda
e o que em ti cintila

são folhas amareladas
pelo desbotamento do vento
algumas com queimaduras
da nevada que devasta
passado o tempo
se avermelham como
a pele do teu rosto

cor rósea sem pudor denota
desejo que no frio quer amor
penso se pertenço ao taciturno
inverno onde sou solitude
sem a almejada tua solicitude

invernesso noite geando adentro
sou silêncio invernal da estação
sou nevada flocos aderindo
ao espírito

se calor da paixão derrete a estação
memória resgata definitivamente
o inverno

Ella Dominici

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Uma pitada de sorte

Romance sáfico traz história de duas personagens que se conheceram por um bilhete deixado em um livro no início dos anos 2000

Uma pitada de sorte
Capa do livro ‘Uma pitada de sorte’
Reprodução/ Divulgação

Uma pitada de sorte, publicado pela Editora Naci, é comédia nostálgica que se passa em Buenos Aires e revive detalhes da época como celulares flip, email e blogs

Se você encontrasse um bilhete dentro de um livro que adora com um email escrito, você entraria em contato com a pessoa? Essa é a história de amor de Amélia, uma jovem chef de cozinha que busca sucesso dentro da alta gastronomia. Depois de uma entrevista de emprego desastrosa, ela vê sua coleção de fracassos aumentar, inclusive em outras áreas da vida, como no amor. Essa é a base da história do livro Uma pitada de sorte, escrito por G. B. Baldassari, que acaba de ser lançado pela Editora Naci. 

A história de Amélia muda quando ela deixa um bilhete com seu endereço de e-mail dentro do seu livro preferido e o vende em um sebo. É aí então que ela conhece a garota dos sonhos. O enredo é surpreendente, pois as duas se conhecem de outra ocasião, mas só mais tarde descobrem que ambas já estão conectadas virtualmente e se apaixonando. 

A obra tem como pano de fundo o charme de um inverno em Buenos Aires e a nostalgia do ano de 2007, relembrando aparelhos de celular flip, aquele modelo que abre e fecha, e os saudosos blogs, que fizeram sucesso no início do século. 

Além de toda a história envolvente, essa obra ainda ainda tem conteúdo extra, como receitas dos pratos e drinks mencionados no livro, além de um pôster com projeto gráfico especial que fará o leitor imergir na história e se sentir na capital argentina. 

Quem quiser já garantir um exemplar vai encontrar a obra na Amazon ou no site www.livrariaemcasa.com.br 

Sobre o livro:

Uma pitada de sorte
Autoras: G. B. Baldassari
Editora Naci
296 páginas
Preço da versão impressa por R$ 59,90 e versão digital por R$ 35,90

Sobre as autoras

Gisele e Bruna
Gisele e Bruna

B. Baldassari é o pseudônimo de Gisele e Bruna, um casal que descobriu por acaso que poderia escrever junto. Moram em Santa Catarina e dedicam a maior parte do tempo a fazer o que mais amam: escrever comédias românticas em que a mocinha quase sempre é atrapalhada e invariavelmente termina com outra mocinha.




O inverno

Denise Canova: Poema ‘O inverno’

Denise Canova

O inverno

Mil razões

Viver um sonho

Um amor de inverno.

Dama da Poesia

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Quintal da Cultura conversa com crianças ao redor mundo para saber como é o inverno em diferentes lugares

A transmissão ao vivo acontece no canal oficial do programa infantil no youtube e na página do Facebook da TV Cultura

A live do Quintal da Cultura desta quarta-feira (29/7) traz histórias sobre uma das estações mais odiadas e também amadas no Brasil e no mundo: o inverno. Para isso, Ofélia e Doroteia convidam crianças de várias partes do planeta para entender como elas encaram o frio nesses lugares. A transmissão ao vivo acontece às 17h, no canal oficial do programa no YouTube e na página do Facebook da TV Cultura.

No encontro digital, a turma do Quintal também passa a conhecer algumas curiosidades e peculiaridades do inverno ao redor do mundo, como o “esqui de bumbum”. Além disso, a live conta com a presença de Roberta Martinelli, apresentadora do programa musical Cultura Livre, da TV Cultura, que participa do desafio Cante Uma Canção.

Realização: Fundação Padre Anchieta, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal – Lei de Incentivo à Cultura