Jardins de esperança

Pietro Costa: Poema ‘Jardins de esperança’

Pietro Costa
Pietro Costa
Imagem criaada por IA do Grok

O corpo é jardim, cada célula uma flor,
cultivar o cuidado para semear o amor.

O toque é linguagem que salva em silêncio,
ouvir a pele, eis um ato de pertencimento.

Nessa aurora rosa, a esperança floresce,
prevenir traduz um gesto que fortalece.

O peito é morada do sopro vital,
cuidar-se é plantar futuro no quintal.

A vida requer ternura no gesto mais simples,
um exame em tempo é ponte que nos redime.

Outubro ventila candente luz em cada janela,
a consciência é chama, uma oficiosa sentinela.

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De volta ao meu jardim

Verônica Moreira: ‘De volta ao meu jardim’

Verônica Moreira
Verônica Moreira
Imagem criada pela IA do Grok

Estou voltando pra mim
Estive fora por um tempo,
fora das reais prioridades,
encontrei meras vaidades.

Hoje, retorno ao caminho,
àquilo que me é princípio,
início, raiz, compromisso,
o que me faz pulsar e viver.

Volto ao primeiro amor,
retorno às primícias,
aquelas que deixei para trás,
as que me traziam paz.

Voltei para dentro de mim,
encontrei poesias solitárias,
libertei-nas nesta manhã,
quando abri meu jardim.

O jardim das amoreiras,
aquele que outrora cultivei.
Encontrei espinhos e cardos,
e amoras caídas ao chão.

Quanto tempo não sinto
nem doce nem amargo,
o azedo da fruta verde
ou o doce da fruta madura.

Há muito não sinto o cheiro,
nem perfume de flores.
Quanta poesia sufocada,
inúmeros versos perdidos.

Mas hoje, simplesmente,
voltei ao meu jardim,
destranquei sua porta
e degustei suas delícias.

Abracei o passado,
perdoei os animais,
até beijei as lembranças,
as marcas nem vejo mais.

Eu disse em voz alta
aos invasores de outrora:
— Saiam… eu os liberto agora.
Meu jardim voltará a florir.

Eu posso sentir os versos,
eles dançam ao meu redor.
A poesia me abraça forte,
já posso ser dela outra vez.

Verônica Moreira

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O que é que há, João?

Evani Rocha: ‘O que é que há, João?’

Evani Rocha
Evani Rocha
Imagem criada por Ia do Gencraft - 15 de setembro de 2025, às 06:50 PM
Imagem criada por Ia do Gencraft – 15 de setembro de 2025, às 06:50 PM

O que é que há, João?!

Hoje está tão cabisbaixo,

Frustrado e resmungão…

Já olhou o céu, João?

O azul profundo,

Mostrando que não tem fundo,

Não tem parede, nem chão!

O que é que há, João?!

Sentiu a brisa do mar,

A maresia a espalhar,

Um cheiro doce no ar?

Já observou o beija-flor,

Voando de flor, em flor,

Enfeitando o Jardim?

João, nada mais lindo

Não há,

Que ver o nascer do sol

No horizonte sem fim!

Sorver o sabor da vida,

Nos caminhos da estação,

Talvez na última parada, João,

Ainda haverá perfume

Nas suas honrosas mãos!

Evani Rocha

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Meu templo

Evani Rocha: Poema ‘Meu templo’

Evani Rocha
Evani Rocha
Imagem gerada por IA do Canva - 25 de junho de 2025, às 08:30 PM
Imagem criada por IA do Canva – 25 de junho de 2025,
às 08:30 PM

Lembro-me das histórias
Do jardim ensolarado
Dos pedregosos caminhos
Das veredas orvalhadas

Dos ramalhetes amarelos
Pendurados nas janelas
Da saudade impregnada
Nos ladrilhos das calçadas

Abdiquei-me dos detalhes
Das folhas do calendário
Engavetei na memória
O silêncio da verdade

Despedi-me das utopias
Vesti-me de realidade,
Nos ponteiros do relógio
No murmúrio da cidade

Não me apetece conselhos
Planto as minhas sementes,
Aceito minha colheita
Não me doma o espelho
Nem a peleja da lida

Eu sou o meu próprio templo
O tempo em correria
O mover das estações,
As águas em correnteza
Os trilhos e os vagões

Trago as marcas nos pés
Nas mãos o amanhecer
Nos olhos trago a certeza
Dos vales que atravessei
Das flores que eu colhi
E das que nunca plantei!

Evani Rocha

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Doce Amora

Virgínia Assunção: Poema ‘Doce Amora’

Virgínia Assunção
Virgínia Assunção
Amora. Foto por Virgínia Assunção

Amora, doce menina que encanta como o brotar de uma flor
Teu sorriso ilumina, sejam dias de chuva ou verão.
Tens nos olhos a terna meiguice e na face de anjo, o dulçor
És amor que floresce no jardim do nosso coração.

Tua risada é melodia, uma canção a nos envolver,
Teu abraço, tão quentinho, afetuoso a nos afagar
És pequenina, porém imensurável universo a crescer,
Cada instante contigo, é o aprendizado do que é amar.

Tua essência é doçura, tuas mãozinhas, aconchego.
Amora, que a todos cativa, és infinita primavera.
Que a vida te guarde em caminhos de luz, paz e sossego
Menina amada, protagonista desta linda quimera.

Que nosso Deus sopre bênçãos em tua direção,
És o presente do criador, nosso tesouro, nossa Amora.
Pequena estrela que ao céu empresta o brilho em profusão,
E as mais lindas e vibrantes cores, ao nascer da aurora.

Virgínia Assunção

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Não vale

Evani Rocha: Poema ‘Não vale’

Evani Rocha
Evani Rocha
Imagem gerada por IA do Gencraft
Imagem gerada por IA do Gencraft

Não vale a pena triturar os ossos
O óbvio, a tudo é sabido
Há quem sonha em viver o ócio
Mas teme ser preterido

Não vale a pena esvair-se por terra
Virar-se ao anverso do reverso
Deixar-se levar por retóricas vazias
Depois, encher a boca de fantasias

Não vale suportar a dor, sem cortar as raízes
Colher a flor sem regar o jardim
Exalar o odor da decepção
Calar nos olhos a contestação

Não vale a pena alimentar o ódio
Ficar a sós olhando o horizonte
Amassar o barro e subir ao pódio
Se não foi capaz de escalar o monte!

Evani Rocha

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Não sei

Evani Rocha: Poema ‘Não sei’

Evani Rocha
Evani Rocha
Imagem criada pela IA do Gencraft
Imagem criada pela IA do Gencraft

Não sei de mim,

Nem dos dias arrastados sob o Sol

Não sei das horas, que correm no tempo

De outrora

Das noites alongadas de inverno

Não sei…

Não sei das flores que murcharam por falta de rega,

E das ervas que cresceram no jardim

Não sei da poeira fina da estrada de terra

Ou do asfalto negro, feito pedra…

Não sei das conversas veladas ao pé do ouvido

Ou do zunido de uma cigarra

Em ecdise,

Não sei…

Não sei se é Lua cheia ou crescente

Ou das explosões solares…

Não sei dos braços abertas a esperar…

Das ruelas vazias ou das janelas floridas

De São Francisco,

Não sei se é isso ou aquilo!

Não sei se penso ou se sorrio,

Não sei…

Não sei dos rascunhos guardados nas gavetas

Dos homens tristes caídos nas sarjetas

Dos sapatos empoeirados por falta de uso

Não sei das fotografias antigas,

Revelando a lisura da tez,

Não sei…

Não sei sobre o que sei, talvez nada saiba

O mundo é uma complexa rede de teias

Entrelaçadas em círculos,

Como uma imensa roda gigante

Dentro de outras rodas

E com outras rodas por dentro.

Então, não sei…

Não sei de você,

Se tem a boca entupida de silêncio

Ou se os olhos profundos

Não podem expressar…

Não sei das estações do ano,

Há muito, deixei de olhar o calendário!

A mim não importa o tempo,

Os anos, os dias…

Não sei…

Dos caderninhos da infância, escritos à mão

Das poesias sem rima, dos versos soltos no ar…

Não sei das filas na parada do coletivo,

Na fase do colegial,

Do uniforme amarrotado,

Do anseio pelas férias…

Não sei dos caminhos trilhados a meio século…

Dos amigos que ficaram no passado,

Daquela palmeira na curva da estrada!

Não sei…

Quantos registros deletei da memória…

Quantas histórias por contar!?

Não sei do amanhã: se faço isso ou aquilo…

Não sei do ontem e nem do agora…

Talvez essa dúvida de não saber,

É o combustível da mente,

Para não morrer,

Antes de tentar, antes de vasculhar as caixinhas da memória,

Antes de se entregar ao fim:

Preenchido de tudo o que o corpo e a alma foram capazes de alcançar!

Evani Rocha

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