Premiação do I Concurso de Poesia, Desenho e Pintura

Promovido pelo Movimento Criar Arte, o concurso premiou talentos sorocabanos de poesia, desenho amador e profissional e pintura

Logo do Movimento Criar Arte
Logo do Movimento Criar Arte

O Movimento Criar Arte, projeto literocultural idealizado e coordenado pela escritora Laude Kämpos, tem como objetivo incentivar a criação artística, revelar novos talentos e divulgar a expressão criativa de artistas anônimos, contribuindo para a fomentação da arte brasileira e para a formação de uma sociedade mais justa, reflexiva e inclusiva.

No dia 26 de abril, às 14h, a Biblioteca Municipal de Sorocaba ‘Jorge Guilherme Senger’ foi palco da premiação do I Concurso de Poesia, Desenho Amador, Desenho Profissional e Pintura, promovido pelo Movimento Criar Arte, que visou destacar poetas e artistas sorocabanos.

O I Concurso Cultural-Artístico do Movimento Criar Arte foi lançado em quatro categorias: Poesias, Desenho Amador, Desenho Profissional e Pintura. As três melhores obras de cada categoria receberam prêmio em dinheiro, medalha e certificado.

Com quase uma centena de convidados, o evento contou com a presença da diretora da Biblioteca Municipal, Fabiana Campolim; vereador Ítalo Moreira, acompanhado dos assessores Leandro e Dr. Vamir; o Comandante da Guarda Municipal Benedito da Silva Zanin; Fernando Oliveira, representando o vereador Fernando Dini; Hamilton Vieira, Chanceler da Cultura Nacional, pela FEBACLA; o Quarteto da Vila (Luizinho Qxada, Paulinho Moraes, Osório e Joaõzinho); idosos do Recanto da Sabedoria, e, com a expectativa da premiação, os poetas, desenhistas e artistas que concorreram nesta edição do concurso.

A cerimônia, conduzida pelo jornalista Sergio Diniz da Costa, foi iniciada com a composição da Mesa de Honra, composta pela diretora da Biblioteca Municipal, Fabiana Campolim; o vereador Ítalo Moreira; o representante do vereador Fernando Dini, Fernando Oliveira e o comandante da Guarda Municipal, Benedito da Silva Zanin .

Após a execução do Hino Nacional Brasileiro, a escritora Laude Kämpos, agradecendo a presença de todos, reiterou os objetivos do Movimento Criar Arte e recebeu as seguintes honrarias: Votos de Congratulações, subscrito pelo vereador Fernando Dini, pela criação do Movimento Criar Arte, incentivando a cultura em nossa cidade; Diploma de honra ao mérito, da academia de letras jurídicas do Estado do Espírito Santo e Personalidade Social e Cultural 2024, da Academia Capixaba de Letras e artes de Poetas Trovadores, entregues pelo poeta Araken dos Santos.

Ato contínuo, a organizadora do evento celebrou o concurso, oferecendo medalhas às seguintes personalidades: Ana Maria Reis; Beatriz Carvalho Ledier; Beatriz Leite de Oliveira; Claudia Pereira de Araújo; Claudia Pereira de Araújo; Daniel Felipe de Oliveira da Silva; Darci Zampaulo; Dorval Oliveira da Silva; Fábio Gabriel Martins; Felipe A. Monte; George Alberto Franco; Hamilton Vieira da Silva; Jade Devito Martins; Joceli Aparecida de Oliveira; Juliana Vannucchi; Lygia da Silveira Garcia; Maurício Silva do Amaral; Nilza Galhardo; Sara Luana Santos da Silva e Soraya Balera.

Para o registro fotográfico, foram convidados à frente, os patrocinadores do concurso: Araken dos Santos; Benedito da Silva Zanin; Maria Eugênia F. Moraes; José Luiz Peixoto de Almeida e Roberto Pineda.

O evento contou com a declamação de poemas, por parte de Araken dos Santos, com o poema ‘A Menina da Janela’, e Vânia Moreira, com o poema ‘Vasto Mundo’

Foram convidados à frente os jurados, da categoria Pintura e Desenho: Antony Alexandrer Tomaso Nunes; Edélcio José de Camargo Ipanema e Silvaney Vasconcelo; e da categoria poesia: Vânia Moreira; Lígia Resende de Noronha Goulart e Sergio Diniz.

O público presente foi contemplado com um sorteio de quadros, oferecidos pelas pintoras Soraya Balera; Silvaney Vasconcelos e Edélcio Ipanema.

E coroando o evento, o cerimonial anunciou os Vencedores do I Concurso.

Foi convidado à frente, para anunciar os três vencedores da categoria POESIA, o poeta Araken dos Santos:

Hamilton Vieira da Silva – ‘Mulher, Ignoto Caminho’;
Beatriz Carvalho Ledier – ‘Pintura Abstrata de Mulher em Flor’;
Sara Luana Santos da Silva – ‘São Tantos Nomes’.

Maria Eugênia de Moraes, para anunciar os três vencedores da categoria DESENHO AMADOR:

Daniel Felipe de Oliveira da Silva, ‘O Plantio’*;
Mauricio Silva do Amaral, ‘Malkut’;
Joceli Aparecida de Oliveira, ‘Cidadãos Felizes’.

Obs.: O vencedor do 1º lugar, além do prêmio em dinheiro, medalha e certificado, ganhou um curso gratuito de desenho profissional.

José Luiz Peixoto de Almeida, para anunciar os três vencedores da categoria DESENHO PROFISSIONAL:

Maurício Silva do Amaral – ‘Granfalloon’

Obs.: Pelas regras do concurso, somente os vencedores que estivessem presentes na cerimônia é que receberiam o prêmio.

Comandante Benedito Zanin, para anunciar os três vencedores da categoria PINTURA:

Fábio Gabriel Martins, ‘Gigante pela própria Natureza’;
Ana Maria Reis, ‘Fome’;
Soraya Balera – ‘Fera’

Todos os participantes do concurso receberam *Voto de Congratulações* outorgados pelo vereador Italo Moreira

Fotos

Com os presentes visivelmente emocionados, idosos do lar Recanto da Sabedoria
Com os presentes visivelmente emocionados, idosos do lar Recanto da Sabedoria

Laude Kämpos recebendo Voto de Congratulações concedido pelo vereador Fernando Dini, das mãos do assessor Fernando Oliveira

Homenageada com o Diploma de honra ao Mérito da Academia de Letras Jurídicas do Estado do Espírito Santo e
Personalidade Social e Cultural 2024 da Academia Capixaba de Letras e artes de Poetas Trovadores, das mãos do poeta Araken dos Santos

Jurados do concurso: da direita para a esquerda, Vânia Moreira, Lígia Resende de Noronha Goulart, Edélcio Ipanema e Sergio Diniz, recebendo Certificado de Honra ao Mérito, das mãos de Laude Kämpos

Vencedores do concurso

Categoria Poesia

1º lugar: Hamilton Vieira da Silva

2º lugar: Beatriz Carvalho Ledier

3º lugar: Sara Luana Santos da Silva

Categoria Desenho Amador

1º lugar: Daniel Felipe de Oliveira da Silva

2º lugar: Mauricio Silva do Amaral

Joceli Aparecida de Oliveira

Desenho Profissional

2º lugar: Maurício Silva do Amara

Pintura

1º lugar: Fábio Gabriel Martins

2º lugar: Ana Maria Reis

3º lugar: Soraya Balra

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Movimento Criar Arte: Concursos para artistas sorocabanos

Idealizado e organizado pela escritora Laude Kämpos, visa incentivar a arte sorocabana, revelar novos talentos, e divulgar a expressão criativa dos artistas sorocabanos

Logo do Movimento Criar Arte
Logo do Movimento Criar Arte

O Movimento Criar Arte anuncia o lançamento do I Concurso Cultural de Poesia, Desenho e Pintura para a expressão do talento dos artistas de Sorocaba/SP.

O Movimento Criar Arte, idealizado e organizado pela escritora Laude Kämpos, visa incentivar a arte sorocabana, revelar novos talentos, e divulgar a expressão criativa dos artistas sorocabanos.

O I Concurso Cultural-Artístico do Movimento Criar Arte foi lançado em quatro categorias: Poesia, Desenho Amador, Desenho Profissional e Pintura.

As três melhores obras de cada categoria receberão prêmio em dinheiro, medalha e certificado.

Regulamento e Ficha Inscrição pelo site: www.movimentocriararte.com.br

PREMIAÇÃO:
A cerimônia para o anúncio e entrega dos prêmios aos vencedores será no dia 26 de abril (sexta-feira), às 14h, na Biblioteca Municipal ‘Jorge Guilherme Senger’ (Rua Ministro Coqueijo Costa, 180 – Alto da Boa Vista – Sorocaba

O evento será aberto ao público.

Para mais informações e solicitações da imprensa, entrar em contato pelo Instagram @movimentocriararte, ou através do saite  www.movimentocriararte.com.br .

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O voo solitário

Laude Kämpos: Poema ‘O voo solitário’

Laude Kampos
Laude Kampos
"Quantas vezes convidei alguém para voar comigo, para descobrir que para cada vida, o voo é solitário"
“Quantas vezes convidei alguém para voar comigo, para descobrir que para cada vida, o voo é solitário
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Quantas vezes ofereci colo,
Quando, na verdade, queria eu ser consolado.

Quantas vezes ofereci sorrisos,
quando o meu coração estava machucado.

Quantas vezes incentivei o outro,
Necessitando, também, ser incentivado.

Quantas vezes eu disse: vai!
Querendo ouvir um vai, também.

Quantas vezes me silenciei para ouvir o outro,
Quando, também, eu precisava desabafar.

Quantas vezes convidei alguém para voar comigo,
Para descobrir que para cada vida, o voo é solitário.
Que só Deus pode nos acompanhar.

Deus, o que seria de mim
Se Tu não tivesses me sustentando?

Laude Kämpos

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O vizinho encrenqueiro

Laude Kämpos: Conto ‘O vizinho encrenqueiro’

Laude Kampos
Laude Kampos
O galo encrenqueiro
O galo encrenqueiro
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Quando João Cheio de Razão chegou para morar na rua Santa Paciência, mostrou-se uma pessoa de boa convivência; mas, com o passar do tempo revelou-se um confuseiro, obstinado. Logo na primeira semana da chegada ele encrencou com a gata da vizinha que, toda tarde, invadia o quintal dele para tentar comer o passarinho engaiolado. Depois arranjou confusão com o vizinho da frente por causa do cachorro que mijava no pneu do carro dele; mas, o borogodó maior aconteceu quando o revoltado resolveu encrencar com Tiririca, o galo de estimação do senhor Antônio Boa Gente.

Tiririca, que era o xodó do aposentado, comia na mão do dono, e tinha uma cama box, especialmente, feita para ele que embora fosse uma criatura mansa e carinhosa, não sabia ficar calado. Toda madrugada, perto das quatro da manhã, o esperto galo pulava da cama para o pé de jaca e cucuritava escandalosamente.  

O recém-chegado, estressado, foi reclamar do canto do galo para o vizinho.

— O senhor, por favor, faça seu galo se calar a noite; porque se esse desaforado continuar me acordando pelas madrugadas, eu não respondo por mim. — disse o antigalo, ameaçador.

— Seu João que mal o meu galo lhe fez? — perguntou o homem de boa paz.

— Ele está perturbando o meu sossego. Quando começo a pegar no sono esse filho de uma égua, da boca frouxa, me acorda com uma cantoria desafinada. — disse o homem, irritado.

— O senhor me desculpe, mas o que posso fazer se desde que o mundo é mundo, o galo canta?

— Se o galo canta desde que o mundo nasceu, isso não é problema meu. A questão é: ou o senhor cala a boca do seu galo para que eu possa dormir sossegado, ou…

— Ou, o quê? Seu João, sou da paz até a página dois. Se o senhor mexer com o meu Tiririca, o céu vai fechar na sua cabeça. Se não quiser ouvir barulho dos outros, que compre um tampão para os ouvidos; ou, então, se mude para o deserto. Não vou impedir meu galo de cantar só porque o senhor não gosta de música raiz. — disse o apaixonado pelo canto galesco.

O vizinho enfezadão virou a cara e saiu bravo, xingando até os Anjos.

Tiririca, sem saber da confusão, continuou animado cantando pelas madrugadas até seu dono receber uma citação para comparecer à Justiça.

No dia da audiência o que era para ser uma boa discussão jurídica entre os dois operadores do direito, foi uma comédia.

O primeiro a falar foi o advogado do encrenqueiro.

— João Cheio de Razão vem à presença de Vossa Excelência promover a competente Ação Cominatória por perturbação do sossego c/c indenização por Danos Morais em face do senhor Antônio Boa Gente. Excelência, o Autor, desde que se mudou para a rua da Santa Paciência não tem tido um sono tranquilo e seu merecido descanso porque, todos os dias, por volta das quatro da manhã, o galo do réu começa a cantar.

Em seguida falou o advogado do réu.

— Excelência, é lamentável que a Justiça, já tão sobrecarregada, seja onerada, ainda mais, com essa ação sem fundamento.

— Como sem fundamento, nobre colega? Se a Justiça é para reparar o direito de quem o tem, por que não a procurar?

— De fato, a Justiça é o caminho legal para se reparar direitos; todavia, em que pese os argumentos do nobre colega podemos constatar, no caso em tela, flagrante desrespeito ao direito alheio, uma vez que o meu cliente foi citado como réu injustamente. Posto isto, venho requerer a este juízo a extinção do processo por carência da ação…

— Como, assim, carência da ação? — perguntou o recém-formado, atordoado.

— Doutor, nos autos, não consta nenhum documento que prove que o meu cliente participou, direta ou indiretamente, da relação jurídica alegada; impondo-se, portanto, a competente extinção do processo por ilegitimidade passiva ad causam. — disse o experiente advogado defendendo seu cliente com a firmeza de uma navalha afiada.

— Como ele não pode ser réu da ação se é dono do galo? — perguntou advogado, se agitando

— Aí é que está o ponto ‘X’ da questão, nobre colega.  Por acaso o senhor tem algum documento que comprove que o meu cliente é dono do galináceo?

— Não; mas todos os vizinhos sabem que o galo é dele.

— Nobre colega, com o devido respeito, o senhor já deve ter ouvido falar que, no direito, ‘saber não é provar’. Se no processo não há prova de que meu cliente cantou pela madrugada, estimulou o Tiririca cantar, ou é dono do galo, inexiste legalidade para tratá-lo como réu. — disse o brilhante advogado para o recém-formado que ficou com cara de quem perdeu a oportunidade de ficar em casa.

— Excelência — continuou o advogado do réu — tendo em vista a inexistência de prova da responsabilidade do meu cliente no fato alegado, impõe-se, imperioso, a extinção do processo para fazer cessar a flagrante injustiça praticada contra o senhor Antônio Boa Gente que foi acusado injustamente.

— Injustamente, não. Ele só foi citado como Réu por causa do galo dele.

— O nobre colega tem algum documento que demonstre que o meu cliente é proprietário do galo?

— Não. — disse o advogado, meio desenxabido.

— Então, resta inegável que a ação promovida pelo seu cliente contra o senhor Antônio Boa Gente configura uma grande injustiça tendo em vista que ela se amparou numa falsa acusação.

— Falsa acusação, não; se o galo mora no quintal dele o que isso significa? — perguntou o advogado, assustado com o rumo da ação.

— Significa que o meu cliente é amante da natureza e tolerante com os galos que aparecem no quintal dele.

— Isso não tem lógica. — disse o novato advogado, tentando processar a informação.

— O que não tem lógica é o caro colega gastar o tempo da Justiça com uma ação sem fundamento. Uma curiosidade: o nobre colega saberia dizer se o galo Tiririca vive solto ou preso? — perguntou o experiente doutor Júlio, que também criava galos em sua fazenda.

— Solto, soltíssimo. Passei um dia vigiando o galo e percebi que ele é muito agitado. Uma hora ele se aboletou no pé da jaca, logo em seguida pulou no braço da mangueira, e, depois foi se sentar na goiabeira. Não há dúvida que ele é um galo de temperamento forte.

— O senhor está querendo dizer que o meu cliente não consegue dominar o galo?

— Exatamente, isso, doutor! A razão de estarmos hoje, aqui, é justamente pelo fato de seu cliente não ter controle sobre o galo. — disse o advogado se animando para perder a causa.

 Doutor Júlio, sorrindo da inexperiência do advogado, disse:

— Excelência, com o devido respeito legal, a insensatez jurídica do nobre colega se revelou preocupante. Como o senhor pode ouvir da própria boca do advogado da parte contrária, o galo Tiririca é um rebelde sem causa que vive aprontando suas galices sem que ninguém possa dominá-lo.

— Ah! Isso é verdade. — reiterou, fervorosamente, o advogado abobado.

— Excelência, data máxima vênia, uma vez que o próprio advogado do autor declarou, em juízo, que o galo Tiririca é um indomável e que ninguém tem domínio sobre as vontades dele, resta inegável a flagrante injustiça contra o meu cliente que foi citado como réu, numa ação sem pé e sem rabo.

— O senhor está dizendo que seu cliente não é responsável pelo galo?

— O senhor acabou de dizer para esse juízo que Tiririca vive solto pelo quintal. Se o galo vive livre para ir e vir, como o senhor acabou de afirmar, o meu cliente não poderá ser responsabilizado pelos atos de um galo que só faz o que quer.

O Juiz não se aguentou, sorriu.                              

— Isso não tem lógica. — retrucou o advogado, confuso.

— O que não tem lógica é o nobre colega imputar falso crime ao meu cliente.

— Isso é um absurdo!

— Absurdo, não, doutor; é a realidade jurídica.  Permitir que um galo permaneça livre em seu quintal não significa que você é o dono dele.

—  Se o seu cliente não é o responsável pelo canto do galo, então, quem é? —

O Juiz parou de escrever para prestar atenção nos dois.

— Deus.

— Deus? — perguntou o advogado, perdido.

— Exatamente; mas, se o senhor me permitir um conselho, melhor não o contestar. Se Ele criou o galo para cantar, porque seu cliente vai-lhe querer calar?

O jovem advogado perdeu a argumentação e o processo que foi extinto por ilegitimidade passiva ad causam.

            Seu Antônio Boa Gente deixou a audiência comemorando cada centavo que pagou para o advogado; e, seu vizinho, João Cheio de Razão, voltou para casa sem razão, e, com custas para pagar.

O galo Tiririca, para provocar o vizinho, passou a cantar duas vezes pela madrugada.

Laude Kämpos

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No Quadro do ROL, a Pena de Ouro de Laude Kämpos!

Laude Kämpos é uma exímia esgrimista das letras, em prosa e em versos!

Laude Kämpos
Laude Kämpos

Laude Kämpos, natural de Sorocaba, é bacharel em Direito. Na seara literária, escritora de contos, romance e textos motivacionais.

Autora do livro ‘Registros de Muitas Vidas’, publicando em 2022, sendo eleito o melhor livro de contos pelo concurso Sorocaba de Literatura 2023.  Em novembro deste ano lançou a obra ‘A Verdade de cada um’, pelo qual recebeu Votos de Congratulações da Câmara Municipal de Sorocaba.

Na área acadêmica é membra, dentre outras, da AIEB – Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil; FEBACLA – Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes; AHBLA – Academia Hispano-Brasileña de Ciências, Letras Y Artes e ALSPA – Academia de Literatura São Pedro da Aldeia

Por seu expressivo trabalho, foi agraciada com o título de ‘Consulesa Cultural da Paz’, pela academia William Shakespeare, e recebeu o título de Reconhecimento Profissional, como escritora, pelo Rotary Club de Sorocaba – Novos Tempos.

Laude Kämpos inicia sua jornada literária no Jornal ROL com o saboroso texto ‘DNA do rebuliço’.

DNA do rebuliço

Um homem ranzinza
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Juliano Criquento — o segurança da Rua das Flores — tinha o DNA do rebuliço; nasceu desprovido de gentileza e era cheio de complexos.

Era tão difícil conviver com Criquento que a maioria das pessoas evitava conversar com ele, porque primeiro ele batia para depois assoprar com um pedido de desculpas; mas, de que adiantava o ‘arrependimento’ posterior se a má palavra lançada já havia ferido a vítima?

O filho de dona Maria era um homem tão difícil de comunicação que até os mais experientes vendedores quando conversavam com ele voltavam decepcionados, e sem vender nada.

O Segurança, acostumado a se ‘garantir’ com a arma nas mãos, ficou tão viciado em ser obedecido que quando as coisas não saíam do jeito que ele queria, a casa do outro caía. Vaidoso até na alma, sempre queria ter razão em tudo; mesmo que estivesse errado. Quando isso não acontecia, se destemperava e ficava agressivo. Quando voltava à razão, culpava a Diabetes por sua agressividade; mas, logo perceberam que a coitada fora sempre acusada injustamente.

Uma das maiores vítimas do leonino, com ascendente em gêmeos, foi Matilde, a esposa que por anos se submeteu à violência do marido: psicológica, moral e material.

Muitas vezes ele a deixou a pão e água, em casa, para ir gastar dinheiro com mulheres do ‘Barracão da dona Zena’. Coitada dela se reclamasse.

Cansada de ser maltratada, ela fugiu de casa para nunca mais voltar. Quando ele descobriu que foi abandonado pela mulher, revoltou-se e quase quebrou a casa inteira. Depois, desnorteado, pegou tudo o que era dela, juntou tudo no quintal e tocou fogo.

Quando o calor da mágoa baixou ele fechou-se de vez: não confiou mais em mulher e se transformou num sovina incontrolável. Inconscientemente ele acreditava que a mulher votaria correndo para casa quando descobrisse que ele havia ‘enricado’, termo que ele costumava dizer; mas, do outro lado da cidade, Matilde, no auge de sua rica de paz, mesmo enfrentando grandes privações financeiras, não cogitava voltar para o marido.

O sovina, todas as vezes que ia guardar seu dinheiro no colchão, pacientemente descosturava o buraco que havia feito para passar as notas e, em seguida, o recosturava novamente. Ele privou-se tanto para juntar dinheiro, que em pouco tempo o corpo dele exigiu a conta: a imunidade desceu para o pé e uma gripe rebelde subiu para a cabeça dele.

 Após ficar alguns dias, arriado, na cama, o gripado — acreditando que o mal-estar que estava sentindo era fruto de praga de sua ex-mulher — procurou uma benzedeira.

Ao chegar à casa da rezadeira foi logo dizendo:

— Quero que a senhora me benza contra olho gordo da minha mulher. “De mim, aquela safada não leva nada”. — desabafou cuspindo raiva.

Quando a benzedeira, no alto de sua espiritualidade, levantou o galho de arruda para benzê-lo o corpo franzino dela foi tomado por um espírito justiceiro que disse, sem cerimônia:

— Tua doença é fruto de tua ignorância; se queres te curar, entregue o que é dela.

— Nunca! De mim, aquela safada não leva um vintém — disse Juliano com muita mágoa acumulada.

— Teu egoísmo é a porta da tua pobreza; assim, tudo que juntaste não terá valor para ti. — disse o espírito que se foi antes que ele pudesse brigar.

Assim que dona Zilá terminou de benzê-lo, ele correu para casa.

— Gostou da surpresa filho? — perguntou a mãe dele que o aguardava, de surpresa.

— Mãe, o que você fez aqui? — gritou ele perplexo, com a arrumação.

— Contratei as filhas da dona Maria para fazer uma faxina nessa casa que estava parecendo o depósito de lixo da cidade. Agora que tudo está limpo com certeza o seu resfriado vai embora. — disse ela toda orgulhosa.

— O embaixador da chatice correu os olhos pelos cômodos da casa até parar, em choque, quando não encontrou o seu colchão.

— Mãe, cadê o meu colchão?

— Dei para um mendigo e comprei esse daí para você. Aquele era muito velho, devia estar cheio de fungos.

— O antissocial, desnorteado, não teve tempo para brigar; perdeu o fôlego, trincou o coração, e caiu duro no chão para nunca mais se levantar.

Uma semana após a morte do marido, Matilde — para ajudar um mendigo —comprou um colchão velho que ele oferecia. Antes de colocá-lo no lixo sua cadelinha Chimbinha o rasgou e todo dinheiro escondido apareceu escancarado. Com o dinheiro que encontrou dentro do colchão ela pagou as dívidas e comprou uma pequena casa.

Do ex-marido a separada nunca quis se lembrar; mas até hoje, todos os dias, ela agradece a Deus pelo mendigo que só fez lhe abençoar.

Laude Kämpos

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